Got My Heart In Your Hands escrita por Julia


Capítulo 174
Quem será?


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura. *-*



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A festa na casa de Pierre e David continuou... Fizeram churrasco, apesar da neve. Por sorte, havia um telhado sobre a churrasqueira.

Comeram muita carne, tomaram banho e depois pensaram em ir a uma boate. Jay já estava sóbrio, pois havia tomado café e um banho quente para cortar o efeito do álcool.

─ Jay, você está mesmo sóbrio? - Indagou Jeff que caminhava em direção à sua van, abrindo a porta do motorista e sentando-se ao banco.

─ Sóbrio como um neném. - Jay respondeu indo até a porta traseira, onde abriu e sentou-se sobre um dos bancos.

Pierre foi ao banco da frente, e os outros foram à parte traseira. Passaram o cinto de segurança em volta do corpo e Jeff girou a chave na ignição. O motor fez um barulho sinistro... Indicava que a van precisaria de alguma reforma.

Jay saiu da van do Jeff, após quinze minutos de estrada, e começou a andar de um lado para o outro feito um idiota. Um idiota legal, claro... Mas talvez este dia na boate não fosses uma boa idéia.

Enfim chegaram lá, e muitas pessoas dançavam ao ritmo da música eletrônica que tocava. Era um remix das músicas da Rihanna. David, que era muito fã, foi para o meio da pista e começou a mexer todo o seu corpo, em uma dança um pouco... Diferente. Todos o olharam com cara estranha.

─ Que foi, pessoal? Isto aqui é uma boate, é para dançar. Vão ficar aí de braços cruzados? - David gritou e continuou a dançar.

─ Você está dançando que nem um gay. - Pierre, que se aproximava, disse próximo ao seu ouvido, em voz alta por causa da música.

David ignorou Pierre e continuou dançando.

─ Eu vou buscar algo para beber. - Disse Pierre que voltava em direção aos amigos.

─ Não faça como o seu irmão... Saia daqui sóbrio. - Ordenou Avril.

─ Mas quem tem que fazer isso é o Jeff, ele que vai dirigir.

─ Nada disso... E se ele passar mal? Você será o motorista. - Respondeu ela.

─ Está bem... Eu vou pegar uma Sprite.

“Peguem suas cadeiras e sentem-se. Se ajeitem bem, se concentrem. Estou decidida, estou pronta. Estive a anos escondendo o que realmente sou, e interpretando outros papéis. Cansei dessa carreira de atriz falsificada, preciso que descubram minha verdadeira face. Prestem a atenção em todos os meus tipos de olhares, eles irão dar inúmeras pistas. Prestem atenção nas pequenas e grossas gotas de suor que surgem na minha testa, elas provam o quão difícil isso será. Aposto que todos vocês não esperavam por isso. Justo eu, dando minha cara a tapa nesse exato momento. Deixando minhas grandes emoções serem arrancadas de mim, sem piedade alguma. Justo eu, tão quieta, em meu próprio mundinho, sem lugar para mais ninguém, resolvi gritar para que todos possam ouvir. Está sendo uma luta constante, está sendo difícil de se seguir. Mas eu estou aqui, em pé e de cabeça erguida, na frente de todos aqueles que nunca souberam realmente a pessoa que sou, e que sempre fui. Pode ser que não seja de interesse da maioria dos telespectadores desse assombroso espetáculo, mas eu preciso que me conheçam de uma vez por todas. Que saibam que sempre enganei a todos. Observo pessoas confusas. Consigo até imaginar grandes pontos de interrogações brotarem em suas cabeças. ‘Mas que diabos esta menina está falando? Está enlouquecendo?’. Devo dizer, senhoras e senhores, enlouqueci a tempos. Tentando com todas as minhas forças me encaixar nessa sociedade - que até então eu nunca enxerguei o quão idiota fui por achar que isto seria uma boa idéia - que nunca me aceitou. Vocês, queridos homens robóticos, se comportando não como gostariam, mas como devem, como os outros sugerem. Vocês, que só por verem ao longe um alguém com traços diferentes, os descartam como se ele fosse um monstro que podem te devorar. Estou aqui para esfregar na cara de todos vocês, humanos estúpidos, que sim, eu não me importo mais com a aceitação de ninguém. Pois já sofri em suas mãos, já sofri com suas palavras. Durante toda a minha pobre vida, estive a disposição de quem fosse se aconchegando. E quer saber? Isto, nunca mais. Não quero ver ninguém se levantando, eu ainda tenho coisas a dizer. Não se aguentam nas cadeiras, não é mesmo? Querem fugir do espanto que eu formei nesta sala escura. Não querem aceitar, não querem enxergar. A menina doce que vocês achavam que conheciam, é na verdade a menina amargurada, solitária, magoada e revoltada - não com o mundo, mas do modo como os seres humanos o controlam - que nunca será de outro modo. Ela que permanece ali na frente de todos vocês, com um olhar triste e olheiras profundas, por ser o resultado de muitas noites sem dormir, sempre será anti-normalidade. Sempre será contra a forma que vocês todos costumam rotular a palavra normal. Ela, meus queridos, está com o espírito apodrecido. Não vê mais salvação no mundo, ele está acabado. Assim como ela, o mundo não tem mais concerto. Vocês querem acrescentar algo em meu discurso? Não darei autorizações. Não tenho mais ouvidos a vocês, agora quem dará a última fala será eu. Podem se retirar, estarei aqui, no mesmo lugar, se alguém resolver se juntar a mim. Se alguém estiver cansado, assim como eu, dessa sociedade que nos puxa para a normalidade podre e sem brilho. Não queria admitir, mas ainda há rastros de quem quer ajudar ao próximo, dentro de mim.”

Pierre afastou-se e foi até o balcão comprar Sprite. Pagou um dos atendentes e abriu a garrafa na mesa, colocando a Sprite em um copo e bebendo logo em seguida. David aproximou-se devagar, cansado de tanto remexer o corpo na pista de dança.

─ Dançou tudo o que tinha que dançar? - Pierre perguntou rindo.

─ Dancei.

─ Agora é minha vez...

Pierre e David foram até uma pista de dança, e Bouvier acabou esquecendo o seu copo, que ainda estava cheio.

Uma pessoa com a roupa preta aproximou-se da mesa deles e colocou um pequeno pó no copo de Pierre, e depois saiu disfarçadamente... Ninguém percebeu.

Trinta minutos depois...

─ Vamos dar uma pausa. - Disse Pierre enquanto tomava um gole de sua Sprite.

Em poucos minutos, Pierre começou a sentir dores de cabeça, enjôos, e seu corpo imóvel e molengo... Sua pele estava ficando pálida e seus olhos vermelhos. A vista estava escurecendo, e quando os amigos perceberam que Pierre não estava bem, levantaram-no e puseram-no sentado sobre uma das poltronas.

Todos da boate perceberam que Pierre estava passando mal, inclusive o DJ, que imediatamente parou de tocar as músicas para acudir Bouvier. Mas, de repente, ele desmaiou...

Carregaram-no até a van de Jeff e ele dirigiu até o hospital mais próximo, que ficava apenas cinco minutos da boate. Chegando lá, Pierre foi rapidamente atendido. Tomou soro na veia, e acabaram descobrindo que Bouvier havia ingerido uma quantidade muito grande de drogas.

─ Drogas?! Pierre, você está se drogando?! - Gritou Jay desesperado.

─ Eu acho que alguém colocou algo em minha bebida... - Ele disse ainda um pouco tonto, depois de ter acordado do desmaio. A todo o momento fitava a sua bolsa de sangue, e os pingos d’água que caíam, na esperança de que enchesse logo.

─ Mas quem? - Perguntou Carol.


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Notas finais do capítulo

Moral do capítulo: divirta-se, mas fique alerta! Tudo pode acontecer.



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