Capítulo II

Um convite curioso

Grissom não podia acreditar em seus olhos. Ali, na sua frente sem mais nem menos, estava sua amiga Ângela Carlton. Angie trabalhara com Gil no laboratório de Minessota ,quando ele ainda era  assistente de legista e ela csi nível 2.

Gil a empurrou para longe de seu corpo,mas ainda segurando a mulher nos  antebraços,como se a quisesse ver melhor. Era uma surpresa agradável ver-la ali.Apesar de uns quilos e um rosto nem tão liso ainda continuava com aquele sorriso radiante.

Angela entrara na vida dele quando ele estava vivendo um momento não muito agradável, sendo a única pessoa a ajudá-lo a superar a fase,mesmo se ele não houvesse pedido.Parando para pensar, sua relação com ela foi mais ou menos a mesma que a com Catherine,embora Gil tivesse certeza que a sua amiga loira era ainda mais abusada que a ruiva parada a sua frente.

-Bom,  uma figura com cabelos de fogo é difícil esquecer.Vem cá,vamos pra minha sala, aqui tem muito curioso.

De fato, todos os trabalhadores que passavam e viam o chefe com aquela mulher o olhavam estranho.Ele não era de demonstrações públicas nem com a sua mulher! Na defesa dele,foi ela quem o agarrou,mas para os fofoqueiros de plantão isso não importava.

Gil conduziu Ângela até a sua sala,encostando a porta assim que entrou. Ângela reparou na decoração exótica da sala e riu.

-Gil,você continua o mesmo...cercado de quinquilharias.

-É,mas são minhas quinquilharias, e sempre tenho um uso para elas- por exemplo,visitas como as de Ecklie sempre eram curtas!

Angie ficou analisando a sala,como era do feitio de qualquer CSI. Seu olhar passou por todos os cantos e ela parecia nervosa.

-Como vai a vida,Gil?

-Felizmente,muito bem.~

-Realmente.A vida de casado deve te fazer bem.Não estava tão relaxado assim da última vez que te vi. Mas também...-ela parou e lhe deu um olhar divertido- não era para ficar relaxado no ato...

Gil sentiu seu rosto ficar vermelho escarlate.

-Ah, eu tinha me esquecido de como essa sua mente trabalhava...

Angie riu, mas depois calou-se e o fitou,como se considerasse algo. Gil que sabia que essa mulher não era nada calada sentiu que tinha algo a mais por trás daquela aparição no meio da noite.~

-Então,mas você não pode ter vindo até aqui só para me constranger não é?

-Não mesmo...Gil... eu preciso lhe falar algo- ela hesitou uns segundos e quando ia começar...

-Chefe, eu tenho aqui os resultados que pediu... fiz questão de serem os primeiros analisados e...

David Hodges, o indigesto mas ao mesmo tempo amável técnico de DNA entrou na sala de Grissom sem bater,seu nariz enfiado nos resultados que trazia.Ele só parou de falar quando olhou para os dois habitantes da sala e percebeu que havia interrompido um momento.

-Deixe-os aqui Hodges.

Assim o técnico fez e ficou esperando que Grissom o apresentasse a sua amiga.Como a única coisa que o chefe fez foi encará-lo com seu olhar mortal ele logo se tocou e saiu rapidinho,murmurando alguma coisa sobre exames pendentes.

Como Angie não fez menção nenhuma de continuar a falar Gil resolveu apressá-la.

-Então,Gi- ele usou o apelido dela quando era mais nova para chamar a atenção- o que você queria me dizer?

Ela saiu de seu devaneio e comentou.

-Ah,Gil.Sinto muito mas isso é muito pessoal para ser dito aqui...eu não sei o que estava pensando... mas esse foi o único endereço que achei de você...

Gil ficou preocupado.Qual assunto pessoal de Angie que podia ser tão importante para ela procurá-lo assim depois de tantos anos sem se ver?

-Será que você poderia me encontra amanhã no meu hotel?Estou aqui para uma conferencia na Universidade de Las Vegas...vou ficar até o fim da semana,mas o quanto antes melhor.

Gil podia sentir que se dissesse sim de cara cairia em uma armadilha na qual sua esposa não ficaria muito feliz.Não que ela fosse possessiva,mas era um pouco ciumenta.Não importava,pois ele também o era.Dela e de sua filha. Mas também não podia dizer não a Angie.

-Olha eu vou fazer o possível para ir tá?Mas...

-Tem que falar com a patroa primeiro não é?

-Isso mesmo.Para não haverem maus entendidos.

Ângela deu o endereço do hotel para Grissom e ele foi a acompanhar até a porta.

-Até amanha Gi

-Até Gil – e deu um beijo na bochecha de Gil,bem na frente da recepcionista.

Gil não pareceu se importar,muito pensativo que estava com a visita de sua velha amiga ao laboratório.Mas a fofoca iria correr solta. E o homem só queria saber o que ela queria.Quando fez menção de voltar para sua sala para pensar melhor Nick apareceu na sua frente e falou:

-Chefe,você não vai acreditar no que eu achei...

Com essa fala a curiosidade de Grissom foi acendida e ele se esqueceu da visita para ir trabalhar em seu caso.

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Gil chegou a sua casa no horário de sempre, as seis horas da manhã.Como sempre seu bairro já palpitava de vida bem na hora que Gil só pensava em sua cama. Ele já deixara de se preocupar com essa ironia faz tempo.

Abrindo a porta de casa Gil a encontrou como esperava.Banhada apenas pelos raios de luz que vinham de fora,transpassando pelas frestas da janela que iluminavam a sala de estar. Seu fiel companheiro Hank acordou com o barulho de sua pasta sendo depositada na mesa de vidro e o tilintar das chaves. O cão foi até seu mestre,vagarosamente,tendo acabado de acordar e se esfregou por entre suas pernas. Gil abaixou para acariciar seu fiel companheiro.

-E aí amigão...voce tomou conta da casa direitinho foi? Mamãe ainda está dormindo?

O cão nada respondeu a não ser para resmungar quando Gil parou de fazer carinho nele e se levantou. Gil seguiu então para o corredor a direita, que dava para os quartos da casa.Passou primeiro pelo banheiro do corredor e depois seu escrtorio.Só se deteve ao chegar no quarto de sua princesa,Cássia, que dormia o sonho dos inocentes,povoado provavelmente por Moranguinhos e pôneis dançantes. Gil sorriu para si mesmo e foi em direção ao quarto do casal.Como sua filha,sua esposa dormia profundamente.Gil foi então em direção ao banheiro para um banho rápido.Colocou a parte de baixo do pijama e foi direto para a cama.Entrou em baixo dos lençóis e se aconchegou para perto de sua mulher,dando um beijo em seu pescoço e juntando-se a ela na terra dos sonhos.

Ao acordar as três horas da tarde, a casa estava novamente vazia.Sua esposa trabalhava no horário da manhã,como todos as pessoas normais.Normalmente, uma hora depois que ele chegava ela acordava,preparava o café para ela e Cássia, a arrumava e a levava para a creche antes de ir trabalhar. Gil ficava encarregado de buscar a pequena quando ela saísse e assim poderia passar uma tarde agradável brincando com a filha.Cássia amava as tardes dela com o pai e ficava muito aborrecida quando Gil não podia ficar com ela.

O único problema dessa rotina era o fato de que não podia  passar tanto tempo como queria com sua mulher. Desde os 3 anos da vinda de Cássia , Gil via seu tempo com sua morena ser constituído apenas de momentos roubados pela semana e seus fins de semana,é claro. O problema é que não era a mesma coisa de quando eles estavam juntos sem filho. Não que o casal não amasse sua filha, ela era a jóia da vida deles. Mas com os dois em turnos diferentes e tendo uma filha pequena para cuidar,o tempo deles como casal era muito limitado.

Então,qual não foi sua surpresa ao ser acordado com uma sensação muito boa.Algo quente e molhado acariciava suas costas e chegava e seu pescoço,plantando beijos molhados no local.Gil gemeu e se virou de súbito,ainda com os olhos fechados,mas com um grande sorriso no rosto.

-Eu espero que não seja o Hank subindo na cama de novo!

Foi presenteado então com o som maravilhoso daquela risada que era capaz de levantar seu espírito nos piores momentos de sua vida.

-Ah,ainda bem que eu não sou um ser peludo e quadrúpede!

Gil abriu os olhos e deixou se envolver por aqueles lindos olhos marrons, que sorriam tanto quanto seu sorriso. Gil então num movimento rápido inverteu as posições, deixando a morena por debaixo dele e correndo suas mão pelo seu corpo delgado.

-Hum,não sei não... Acho que vou ter que correr uma investigação própria para averiguar a veracidade de sua afirmação. Sabe como são os cientistas...

-Ok senhor cientista- ela disse divertida- o que tenho que fazer para comprovar o que eu disse?

-Nada,só me deixe colher as evidencias...-Gil passou a mão pelo corpo da amada -humm...macia e lisinha...definitivamente não é o Hank!

Gil ouviu a mulher rir e depois de dar um beijo em seu pescoço se ajeitou ao lado dela,para admirá-la melhor.

-E aí...gostou da minha surpresa?

-Sim,amei...mas diga,como você conseguiu estar aqui a essa hora?

-Terminei meu caso mais cedo...o chefe ficou feliz e me dispensou

-Esse seu chefe não é muito bom das ideias...se eu ainda fosse seu chefe nunca te dispensaria...- ele ganhou um beijo quente- Hummm, Sara...

Os dois passaram o tempo matando a saudade um do outro.~

Sara não mais trabalhava no turno da noite. Os dois estavam casados há um tempo quando Sara ficou grávida. O casamento,que até então era um segredo foi revelado logo e trouxe grandes mudanças para o turno de Grissom. Ecklie dissera que não poderia mante-los no mesmo turno. Teria sido diferente se eles tivessem falado a verdade desde o início,mas como isso não foi o que aconteceu Grissom não teve espaço para negociações. Sara trabalhava agora no turno do dia, o que de fato era bom para sua filha.Cássia sempre tinha um dos pais em casa para tomar conta dela. Enquanto para os pais,como um casal,significava menos tempo de qualidade para os dois. Então, quando surgiam oportunidades assim os dois não deixavam de aproveitar.

Quando deu o horário de pegar Cássia na creche, os dois foram juntos,querendo fazer uma surpresa para a filha. E não deu outra. A garota ficou tão feliz ao ver os pais ali juntos com ela em um dia de semana que não conseguia ficar quieta. Gil então levou suas meninas para o parque perto da escola para que Cássia gastasse a energia excessiva. Os três brincaram por um bom tempo,só saindo de lá quando começou a escurecer. Foram para  casa jantar e colocaram um filme para a pequena ver.

Foi só na hora de sair para o trabalho que se lembrou de sua amiga e do convite curioso que ela fizera.Resolveu que iria encontrá-la na próxima tarde sem falta.