Reencontrando A Felicidade escrita por Vênus Salerinean, Noni, Yorihime Frances de Libra


Capítulo 1
Capítulo Único - Reencontrando a Felicidade




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~ Capítulo Único ~

+ Reencontrando a Felicidade +

§ Lady Abel Oblivion Araghon §



— Chihiro — chamou a mulher —, Chihiro, acorda filha, você vai se atrasar — chacoalhou levemente a filha que balbuciou algo impossível de decifrar e virou para o outro lado.


— Só mais cinco minutos… — pediu a voz sonolenta, a mulher suspirou, teria que apelar pelo pior.


— Chihiro, já é 6:30 da manhã — comentou a Senhora Ogino; num pulo a garota deitada levantou e entrou no banheiro —, isso sempre funciona — a mulher sorriu vitoriosa enquanto saia do quarto.


A garota despiu-se rapidamente e entrou embaixo do chuveiro; se ensaboou com pressa, mas num piscar de olhos voltou para o planeta Terra para notar que o céu ainda estava escuro, o que indicava que nem passara das 6:00 horas.


Suspirou deixando que a água molhasse todo seu corpo sem pressa, sua mãe tinha a mania de acordá-la daquele jeito: dizia que a garota estava atrasada fazendo-a se levantar num pulo.


Sorriu de lado, sua mãe nunca mudava. Terminou o banho lentamente e foi para seu quarto; hoje era o primeiro dia de aula, então deveria estar contente, mas não estava.


Estava com a sensação de que algo importante iria acontecer, só não sabia dizer se era algo bom ou ruim. Vestiu a saia de pregas preta e a blusa de botão branca, calçou os sapatos e as meias negras que iam até o joelho.


— Já está pronta Chihiro? — perguntou o pai da garota na porta.


— Não se preocupe Papa, eu vou andando até a escola — respondeu, o homem deu de ombros e desceu as escadas indo trabalhar.


Chihiro sentou na beirada da cama e penteou os longos cabelos castanhos enquanto admirava seu reflexo no espelho. Não se achava linda, mas sabia que não era feia. A pele clara entrava em contraste com os cabelos escuros e os olhos amendoados, fazendo-a ter uma beleza natural.


Depois de se arrumar a Ogino pegou o material necessário e pôs na mochila, arrumou o quarto e desceu as escadas indo na direção da cozinha onde sua mãe tomava o café da manhã vendo o noticiário.


— Não vai comer nada? — perguntou sua mãe quando a viu, na verdade, ela pretendia não comer, mas como sabia que sua mãe não a deixaria sair com o estômago vazio, pegou uma maça na mesa e saiu comendo-a.


Ja ne Mama — gritou já fora da casa, a resposta de sua mãe veio baixa por causa da distância, sendo pouco compreensível.


Os longos cabelos castanhos balançavam conforme o movimento do corpo da garota. Chihiro já era uma moça de 15 anos, cujo corpo outrora infantil se tornara curvilíneo. Seus olhos cor de chocolate eram de tom comuns, mas os dela eram diferentes, tinham um brilho quente, confortante.


A jovem Ogino suspirou fechando os olhos enquanto passava por cima de uma ponte, mas acabou trombando com alguém. Seu corpo foi lançado para trás com o impacto e sua mochila ficou caída no chão.


Itai — reclamou passando a mão no rosto, deveria parar de andar de olhos fechados, sabia que um dia acabaria trombando com outra pessoa.


— Oh gomen! — desculpou-se a pessoa com quem havia trombado enquanto estendia-lhe a mão ajudando-a a levantar-se e recolhia sua bolsa do chão.


— Eu quem peço desculpas, estava distraída — a garota ergueu o rosto e viu, parado em sua frente, um garoto.


A pele levemente bronzeada, os cabelos negros meio esverdeados e os olhos num tom de verde-escuro profundo tornavam-no uma figura intrigante. Tinha a leve sensação de que conhecia aquela pessoa, mas não lembrava-se de onde, deu de ombros pegando sua mochila da mão do desconhecido.


— Está indo para a escola? — o jovem perguntou fitando-a nos olhos, ficaram minutos se encarando, tempo esse que passou lentamente para a jovem Ogino.


— Sim, por quê? — era meio óbvio para onde ela estava indo, afinal, aonde ela iria de uniforme escolar?


— Então acho melhor você correr, afinal, já é 7:45 — comentou olhando para o relógio preto no próprio pulso, Chihiro deu um pulo de susto e no instante seguinte corria desesperada na direção da escola, a garota ainda chegou a dizer algo, mas estava longe demais para que ele ouvisse —, você realmente não mudou nada Chihiro — sorriu e andou atravessando a ponte.






Aquilo era ridículo, por que a diretora chamara-a em sua sala? E por que depois de meia hora sentada esperando, o que ouviu foi: "gomen, acho que não será necessário conversarmos." Ah, mas aquilo a irritara, e muito!


Havia perdido uma parte da primeira aula, o que o professor iria dizer? Parou diante da porta de sua sala, era bom ele não fazer um escândalo ou ela era capaz de voar no pescoço de seu professor de tão irritada que estava.


— Com licença — balbuciou entrando e fechando a porta da sala, os alunos imediatamente encararam a garota.


— Por que está chegando agora? — a voz era calma e suave, mas a rispidez fora notável. Aparentemente o professor estava irritado.


— A diretora me chamou em sua sala — deu de ombros, afinal, sabia que não estava mentindo.


— Ah, ela havia comentado — exclamou o professor suspirando, para logo em seguida medir a aluna da cabeça aos pés lentamente —, sente-se na última carteira que sobrou vazia — mandou com desdém, virando-se para a lousa e escrevendo algo nela.


Chihiro sentou no lugar indicado pelo professor. Era uma mesa dupla, cujo seu par era um garoto de cabelos escuros que prestava atenção em algo interessante fora da sala através das janelas. A Ogino deu de ombros enquanto abria a mochila e retirava o material.






As aulas passaram-se normalmente e finalmente chegara o intervalo. Todos os alunos saíram e ficou apenas ela e seu parceiro de carteira. Não estava tão animada ao ponto de descer para o pátio, na verdade, preferia mil vezes ficar ali do que no meio daquele povo gritando e rindo feito um bando de hienas.


— Não vai descer para o intervalo? — a voz rouca e baixa perguntou ao seu lado fazendo um arrepio percorrer todo seu corpo de forma lenta e prazerosa. Era uma sensação estranha, nunca havia sentido aquilo. Bem, talvez fossem os hormônios.


— Não tem nada de interessante lá para mim — exclamou dando de ombros, Chihiro ergueu o rosto e fitou o garoto, mas ele observava atento a rua —, e você? Não vai descer? — um suspiro pesado pôde ser ouvido e o garoto encarou longamente a Ogino.


— Passo os intervalos na sala — encarou mais atento a garota e notou que era a mesma com quem trombara mais cedo: Chihiro.


— Você é o garoto da ponte — sorriu amavelmente, o garoto retribuiu o sorriso —, mas não sei seu nome — exclamou divertida.


— Kohaku, Nishihayami Kohaku Nushi — o garoto informou sorrindo, uma tontura forte atingiu a Ogino por segundos, então todas as lembranças do passado vieram à tona: o prédio no dia que mudara-se, o caminho errado, seus pais virando porcos, ela trabalhando numa casa de banhos, e o mais importante: o Dragão Branco, o rio em que caíra quando pequena, o aprendiz de feiticeiro —, mas pode me chamar de Haku.


— Sou Chihiro, Ogino Chihiro — sorriu amigável —, mas pode me chamar de Sen — comentou lembrando-se do nome que recebera de Yubaba.


— Chihiro — o garoto sussurrou aproximando os rostos.


Chihiro não sabia o que fazer, reconhecera ele no momento em que lhe fora informado seu nome: Kohaku. Mas, ele estava perto, perto até demais.


A garota fechou os olhos quando sentiu lábios mornos encostarem nos seus com leveza. Seu estômago se embrulhou e o chão sumiu, tudo o que conseguia pensar era que Haku estava lhe beijando. Beijando-lhe. Parecia algo tão inédito, impossível.




Esperou ele por tantos anos, ele havia prometido que ela voltaria a vê-lo, esperou tanto tempo por nada. Então desistira, desistira e escondera num canto escuro de seu cérebro o episódio naquele outro mundo e o garoto.


Viveu sua vida como uma garota normal, embora tivesse sonhos estranhos onde um dragão branco aparecia. E depois de tanto tempo trancadas à sete chaves, suas lembranças vieram à tona apenas ao ouvir o nome do garoto que tanto amava.


Sim, amava Haku desde sempre e agora ele estava lhe beijando. Havia voltado e cumprido a promessa, o coração da jovem se aqueceu de felicidade no momento em que envolveu o pescoço do garoto com seus braços enquanto o beijo era aprofundado por ele.


O ósculo foi calmo, doce, cheio de amor e saudade. Não se importavam com o mundo, no momento eram apenas os dois e nada mais, nada mais importava. O importante era o agora, ele.


— Haku — sussurrou ela depois do beijo, levantou a mão lentamente e tocou o lábio com a ponta do dedo, ainda sentia a quentura dos lábios dele nos seus —, você vai sumir de novo? — o garoto a encarou por segundos, mas depois sorriu amavelmente para a garota que corou.


—Você quer que eu suma? — o sorriso nos lábios morreu, mas o brilho travesso nos olhos não. Haku queria ver a reação de sua amada diante de tal pergunta. Chihiro hesitou por segundos encarando longamente os orbes esverdeados dele.


— N-Não — balbuciou baixo, mas o garoto ouviu perfeitamente.


— Prove — um sorriso divertido brincou nos lábios finos do rapaz, Chihiro corou, como assim: "prove"? Hesitante encarou o melhor amigo e secreto amor, ele queria que ela fizesse aquilo?


Reunindo o pouco de coragem que tinha e unindo com sua força de vontade, virou e sentou no colo do moreno. O que ela pretendia fazer? Chihiro mergulhou seus dedos nas mechas esverdiadas do rapaz e aproximou os rostos.


Haku sorriu divertido, então ela estava disposta a vencer a timidez? Quando os lábios se tocaram pela segunda vez, as mãos grandes do jovem correram por toda a cintura fina da Ogino causando-lhe arrepios.


Chihiro não ficou para trás, passou as unhas de leve na nuca masculina de forma travessa, um gemido rouco e baixo escapou dos lábios de Haku fazendo a garota gargalhar divertida.


— E então? — perguntou Chihiro ainda ofegante por causa do beijo —, você vai sumir? — Haku sorriu, sentira tanta saudade da garota que seu peito doía quando pensava nela. Sumir? Não, não conseguia viver sem ela.


— Não, vou ficar aqui com você — o sorriso que a garota abriu foi amável. Finalmente viveria ao lado de seu amado.


Nunca o esquecera, nunca se apaixonara por ninguém, nunca teve olhos para outro homem, apenas ele poderia fazê-la feliz.


— E então? Namora comigo? — os olhos de Chihiro se arregalaram, as lágrimas escapavam de seus olhos enquanto ela gritava sim e se jogava por cima do namorado beijando-o.


Estavam tão compenetrados um no outro que não viram os alunos entrando na sala e os encarando, confusos, sem entenderem nada. Mas quem disse que eles ligavam? Estavam felizes demais para notarem detalhes como uma plateia de alunos observando-os.


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