Vais Ser a Minha Salvação? escrita por AnnieKazinsky


Capítulo 11
Verdade.


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora;)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/23100/chapter/11

 

Draco ergueu o olhar cinzento. Hermione estava sentada à frente da janela, enrolada num lençol branco. Estava linda. Olhava à sua volta com um ar perdido. Aqueles ‘olhos castanhos de encantos tamanhos’ eram realmente o maior dos seus pecados... tinha os cabelos revoltos e os canudos desfeitos.

“Um galeão pelos teus pensamentos...” murmurou ele, e ela fitou-o com ar desanimado. Encolheu os ombros e abanou a cabeça negativamente.

“É demasiado dinheiro por um pensamento oco...” disse olhando de novo para a janela. O tempo tinha mudado. Chovia torrencialmente. Parecia estar em harmonia com os seus sentimentos.

“Tu? Com pensamentos ocos? Conta-me outra Hermione...” murmurou ele com ar insinuante, sentou-se na beira da cama; ela não lhe respondeu. Draco tentava esconder a sua inquietação. Apesar de tudo, nada lhe parecia correr como deve ser. Estava extremamente chateado com o fracasso do seu plano.

Ron Weasley tinha falhado o encontro.

Aquele maldito ruivo incompetente.

Aquela teria sido uma boa maneira de convencer Hermione de que Ron estava em maus caminhos.

Levantou-se da cama. Vestiu as calças.

“Agora és tu que não estas cá....” disse ela. Draco esboçou um meio sorriso.

“Nada de importante... só a pensar em como tudo é tão difícil...”

“Tu complicas, Malfoy...”

Draco revirou os olhos. Lá vinha ela com as suas teorias...

“Quero facilitar Draco... mas tu tens de me ajudar... tens de falar com o Harry...”

Draco fitou-a. Não queria falar com o Santo Potter... apesar de não saber qual o fim dos planos de Ron, tinha um objectivo naquela história...

“Não... falar com o Potter não... ele odeia-me... depois de tudo o que se passou, eu não acredito que ele possa ser objectivo...” justificou.

“Não o conheces, Draco... o Harry é uma pessoa fantástica que...”

“Sim, sim, sim, sim...” disse interrompendo-a impacientemente “Acredito que o Gajo-que-sobreviveu-mil-vezes seja o máximo! O Santo Potter... mas... não… eu não vou encontrar-me com ele...”

“Teimoso...” acusou. “Vais-me dizer onde te tens escondido?”

“Não...”

“AHÁ!! Finalmente admitiste que estas escondido!!” exclamou triunfante. Ele revirou o olhar, encolheu os ombros.

“Mudei de casa... sim... sei de umas coisas que não deveria saber... mas não estou envolvido... totalmente...” admitiu.

“Totalmente?” repetiu ela descrente.

“É fácil duvidar de mim.... não é?” disse sarcástico. Ela lançou-lhe um olhar irónico.

“Tenho cantos a limar Hermione... assuntos pendentes...”

“Como é que eu sei que não voltas a fugir?”

“Dou-te a minha palavra que na hora certa te conto tudo...”

“A palavra de um Malfoy é confiável?” disse erguendo uma sobrancelha divertida. Ele riu-se.

“Não sei... mas pode-se tentar, para ver no que dá...”

“Ah, está bem... quando te volto a ver?”

Ok, estava a dar um passo em falso. Estava a admitir que tinha algo com ele. Draco ficou parado com a camisa enrolada nas mãos.

“Hermione...” disse num tom calmo e baixo “Eu acho que nos...”

Lá ia ele fazer dela uma simples coisa descartável... Hermione baixou o rosto.

“Ok... ok... fazer o quê?... És o devorador da morte e eu a sangue de lama...”

Ele assentiu; não a estava a ver a aceitar assim tão bem, e não estava a gostar. Na verdade, queria que ela lutasse só um pouco mais.

Deu-se de conta que ela já estava farta de lutar... tinha de baixar a guarda.

“Ron Weasley...” disse ele, ela virou-se rapidamente para ele, como se tivesse levado um choque.

“Quê?!” disse confusa. “Que tem o Ron?”

“Podes investigar e pedir ao Sant... ao Potter para estar de olho nele?”

“Tu estás a acusar o Ron de quê? De matar muggles??” disse incrédula. Draco suspirou, pois, quem é que iria acreditar que ele tivesse envolvido?

“Não, eu não disse isso... só estou a pedir um olho nele... confias em mim?”

Ela estava com um ar estranho, abanava a cabeça não acreditando nas palavras dele.

“Não sei Draco... eu não sei mesmo...”

“Eu vou confiar em ti...” murmurou ele estendendo-lhe a mão. Ela ergueu a sua como reacção, agarrando no papel enrolado que ele lhe dera. Draco Malfoy deu meia volta e saiu do quarto. Hermione parecia ter sido atingida por uma tempestade. Ele tinha esse dom, de a fazer perder-se em segundos... Desdobrou o papel e viu escrita a letra dele, uma morada. Uma morada altamente improvável.

 

Beco Zurzidor, nº 7

 

Quando o papel ardeu sozinho percebeu porque é que ele não lho dissera em voz alta. Um Fidelus Veritas só poderia ser transmitido por escrito.

 

**

 

Ginny estranhou a visita da amiga numa hora tão tardia - ela e Harry estavam para se deitar. Aliás, Harry já roncava no sofá quando Hermione chegou.

“Desculpa, Ginny... eu preciso mesmo falar com o Harry...” disse parecendo atormentada.

“Sim Hermy... sem problemas... eu vou chamá-lo...” estranhou Ginny.

“Eu estou aqui... ouvi as vozes...” disse Harry entrando na cozinha molemente. Estava mais despenteado que o normal e com olhos de sono.

“Ohhhhh, desculpa Harry...” pediu ela mordendo o lábio inferior desconcertada.

“Que se passa?”

“Estive com o Draco...” disse num disparo. Harry passou de sonolento para atentamente desperto, e ela sentiu-se cúmplice do inimigo.

“E?... Onde é que ele anda?..” disse Harry com ar ansioso. Hermione sabia que ele queria apanhá-lo, - afinal, fora ele quem perdoara a família Malfoy. Por sua culpa, Draco anda à solta.

“Vi-o na Londres muggle, mas não sei onde ele reside... já não é na Diagon-Al...”

“Sim... isso já eu sabia...” disse ele impaciente.

“O que é que ele fez quando te viu?” perguntou uma Ginny curiosa. Hermione deixou descair os ombros, cansada.

“Ele deu meia volta, mas eu fui atrás dele... ele anda realmente escondido... mas diz que não teve nada a ver com os ataques aos muggles...”

“Então porque é que ele anda escondido?” disse Harry batendo na mesa com o punho fechado, fazendo com que Ginny lhe metesse uma mão em cima do ombro no sentido de o tentar acalmar.

“Ele disse-me que... sabia demais... mas não me explicitou nada...”

“Claro que sabe demais! Ele sabe sempre demais! Sempre foi assim... qual é a surpresa?”

“Calma, Harry... deixa a Hermione falar...” disse Ginny com voz calma “O Draco disse-te algo importante?”

“Sim... disse-me que era fácil apontá-lo como inimigo em primeira opção... e disse-me para...” agora vinha a bomba... aiai suspirou “Para metermos o Ron debaixo de olho.”

Harry soltou uma gargalhada de escárnio bem alta “Ora deixa-me rir...”

“Eu só estou a transmitir o que ele me disse...” disse Hermione rapidamente. Mas a expressão de Harry tinha suavizado e o rosto de Ginny estava desconfiado.

“Acreditaste nele, Hermione?” perguntou Harry, não parecia nem uma acusação, nem uma crítica: apenas uma simples pergunta. Ela hesitou. Olhou para o tecto procurando forças.

“Não sei Harry... eu não consigo pensar que... não me parece que...” suspirou “ O Draco parecia tão...” desistiu, calou-se. Harry ficou em silêncio, com os olhos verdes perdidos na janela da cozinha.

“O Ron tem metido o pé na argola... tem sido imprevisível... mas daí até matar... ou mandar matar muggles... não me parece... o Ron está muito estranho, sim senhor... mas não acho que... ele é o meu melhor amigo...”

Ginny parecia ter engolido um garfo de tão direita que estava na cadeira. Fitava Hermione intensamente, com ar enigmático. Harry olhou para ela quando a ruiva falou:

“Mete o Ron debaixo de olho na mesma, Harry...” Harry fez um ruído descrente “Espera, ouve-me... tu mesmo viste o Ron a ameaçar o Malfoy com a varinha no ministério...”

“Nós fazíamos isso na escola, Ginny... quase todos os dias eu ou o Ron lhe apontávamos a varinha!...”

“Sim, mas...a situação é outra... a Hermione namora com o Draco... e ela não tem razões aparentes para duvidar dele...”

Harry James Potter ficou mais branco que Sir. Nick-Quase-Sem-Cabeça, o fantasma dos Gryffindor. Olhou chocado para elas, e alternava de rosto em rosto à espera que uma delas dissesse “Dia 1 de Abril! Dias das mentiras!” mas para seu desespero nada disso aconteceu.

“Tu andas com ele?” disse numa voz estridente. Hermione encolheu os ombros atrapalhada. Mal pudesse, iria estrangular Ginny. “E tu sabias?!?” acusou Ginny, que estava serena, quase divertida com a reacção dele.

“Sim, Harry... ela é a minha melhor amiga... lógico que eu sabia...”

“Então tu sempre soubeste onde ele estava!!!” acusou apontando para Hermione.

“Claro que não, Harry... lembras-te que ele se despediu?” murmurou triste.

“Sim...” a voz dele estava contrariada.

“Nós... eu... ele...” gaguejou.

“O que ela que dizer, é que ele se despediu porque eles se evolveram... o rapaz é complicado e chatearam-se... e foi hoje que vocês se viram?...” disse Ginny calmamente. Hermione só confirmou com a cabeça. “Fizeram as pazes?...”

“Mais ou menos... nem por isso, ele... uffff...”

“Eu não acredito!! Estamos a falar do Malfoy?” exclamou Harry perplexo. “Fogo, mas que reviravolta Hermione... nos odiávamos o Malfoy... tu tinhas uma raiva imensamente raivosa dele... que se passou?”

“As pessoas mudam, Harry... ele não é assim tão mau... ou pelo menos eu tento convencer-me disso...”

“Oh, sim!! Agora ele pede-te para pores o Ron, que nunca fez mal a uma mosca, sob vigia porque ele é o novo devorador da morte?... Pelo amor de Merlin... nunca achei que fosses tão ingénua Hermione...” disse Harry levantando-se da cadeira, batendo com a porta da cozinha.

“Ok... foi demais... certo?” murmurou Hermione.

“Sim, demais para a cabeça dele... mas tens de ver que é um pedido duro para o Harry... o Ron é o seu melhor amigo...desde os tempos de Hogwarts...” hesitou “Tu acreditaste mesmo no Malfoy?”

“Não sei... não faço a mínima... ele disse-me aquilo e eu não sei no que acreditar... e depois como o Draco me disse que estava meio envolvido...”

“Meio?” estranhou Ginny.

“Sim, ele disse que sabia da situação… que sabia de mais mas que não estava envolvido totalmente...”

“Precisas de tirar isso a limpo...” aconselhou Ginny “Eu falo com o Harry, está bem?”

“Agradeço... desculpem a maçada...”

“Não faz mal... mas diz-me... ele ainda está na tua?...Ou...”

“Ginny!!” exclamou a morena completamente vermelha.

“Ohhhhh, não me venhas com pudores dona Granger... quero detalhes!!!”

 

**

 

Saiu da casa dos Potter com um peso nos ombros. Harry devia estar a pensar horrores sobre ela... mas fazer o quê? Ele tinha de saber a razão de tudo. Mas sentia-se insegura... confiar no Malfoy?... Estaria ele a fazer birra? Então porque não estava a tentar tramar Harry também? Era certo e sabido que a rivalidade principal era com Harry Potter e que Ron Weasley estava na história por ser o seu melhor amigo...

Que situação...

Que confusão... tinha de falar de novo com Draco, e tinha de ver Ron... analisar, tentar perceber se havia nele algo de estranhamente diferente.

Quer dizer… há algum tempo que algo estava mal com ele... afinal, desde a Guerra final que ele tinha mudado. Tinha perdido o irmão Fred, e o pai, Arthur... quem é que se recuperaria facilmente de algo assim? Mesmo Hermione sentia falta de ambos... e quando via George, irmão gémeo de Fred, sentia um aperto no peito... todos os irmãos Weasley tinham ficado devastados, mas Ron foi o único que acabou por fugir a realidade (pelo menos aparentemente) … Charlie teve de regressar para a Roménia e Ron foi com ele… Sim, agora lembrava-se de ter mandado uma coruja para Ron e ter sido Charlie a responder qualquer coisa do tipo: “Não vejo o Ron há duas semanas... ele não voltou a Londres?”

Pensar naquilo era estranho, pois não lhe tinha dado importância no momento... Se Ron não tinha voltado para Inglaterra… onde tinha ido ele?

Entrou no Três Vassouras. Era tardíssimo, mas não estava com vontade de ir para casa. Pediu um café forte; o bar estava quase vazio. Olhou em redor enquanto madame Rosmerta a servia. Viu uns rostos conhecidos e alguém bateu na sua mesa ao passar por ela.

“Hei!” exclamou Hermione incomodada. A mulher olhou para ela com ar altivo. Boa… era mesmo daquilo que estava a precisar: encontrar Pansy Parkinson...

“Oh... Granger!” disse com desdém. Hermione baixou os olhos para a chávena de café mas a outra puxou uma cadeira e sentou-se à frente dela com ar agora curioso.

“O que foi Pansy?...”disse baixando os ombros desalentada. Não lhe apetecia nada ouvir parvoíces. Já não bastava a chatice da sua vida e ainda tinha de encontrar a antiga namorada de Malfoy... suspirou.

“Nada... só te queria perguntar uma cena... deste mesmo emprego ao Draco?” disse com voz baixa. Hermione tentou não revirar os olhos.

“Sim, dei...”

Pansy assobiou baixinho. “... Então é mesmo verdade...” deu um risinho irritante “Isso foi pena dele, mesmo após estes anos todos, Granger?”

“Não... eu precisava de alguém para trabalhar no Departamento e ele precisava de emprego, logo...”

Pansy fitou Hermione em silêncio. Era obvio que não acreditava numa só palavra.

Hermione analisou a situação: estava num café sentada numa mesa com Pansy Parkinson e a falarem civilizadamente? Surreal!

“Não acredito...” murmurou a outra.

“Porquê?” perguntou Hermione já irritada.

“ Foi pena, Granger... confessa...” disse ela mordendo o lábio inferior, com um olhar diabólico - ela adorava ser mazinha.

“É claro que não...! Pena? Porque seria pena, Parkinson?”

A Loura de olhos verdes encostou-se as costas da cadeira, fazendo um ar de desdém.

“Não é obvio? Quer dizer... ele é um Slytherin... fez a tua vida miserável em Hogwarts... agora perdeu toda a fortuna da família e a mãe suicida-se...e tu dás-lhe emprego? É no mínimo estranho...”

“Já disse que eu precisava de alguém no Departamento e ele precisava de emprego... foi só por isso...”

“Quando a Eleanor me contou que o tinha visto lá... eu fiquei admiradíssima... o Draco no ministério?...”

“Descansa... ele já se despediu...” respondeu Hermione tentando lembrar-se quem é que raio era Eleanor.

Pansy faz um ar presunçoso de quem já esperava algo do género.

“Notei que algo estava estranho... primeiro encontrei o teu Ruivo Weasley em Hogsmead que me perguntou por onde andava o Draco, e depois passado dois dias sei que ele está a trabalhar contigo no ministério... oh, meu Merlin!... Muitas vezes me perguntei o que se passava com ele... enfim...” ela acabou por se levantar num salto deixando Hermione sozinha.

A morena ficou estática na cadeira.

Teria Parkinson falado a verdade?

“Hei! Pansy?!” exclamou Hermione. A outra olhou para trás com um ar admirado. “Tu tens visto o Malfoy?”

“Não...” disse ela parecendo honesta “Desde a batalha final que fui proibida pelos meus pais de andar com ele... sabes, pelo facto da família dele ter sido perdoada...” e virou-se de novo para se ir embora de vez.

Hermione sentiu um formigueiro no peito.

O que se estava a passar?

Merlin...!

Ron Weasley tinha algo a explicar... E tinha de explicar muito bem...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

comentemmmmm... va laaaaaaaaaaaaaaaaaaaa pleaseeeeeee!!!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Vais Ser a Minha Salvação?" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.