Imitation Of Life escrita por Kah Paradiso


Capítulo 2
Andante


Notas iniciais do capítulo

Primeiro capítulo. Espero que gostem :)
Capítulo inspirado na música "Andante" do compositor Bach:
http://www.youtube.com/watch?v=Dl32FXRl59A&feature=related
Essa melodia foi, inclusive, utilizada na bellísima música "Céu de santo amaro" de Caetano Veloso e Flávio Venturini, também vale a pena conferir:
http://www.youtube.com/watch?v=AyQdpN3poO0
Boa leitura :)



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Los Angeles, Califórnia –



Estava deitada em sua cama enquanto tentava diluir mais uma recusa que recebera desta vez fora a orquestra filarmônica de Nova Iorque, disseram que não tinha experiência em relação a tocar para grandes públicos.



– Elisa! – ouviu alguém chamar-lhe. Lentamente levantou-se da cama, desligou seu Ipod e saiu de seu quarto



Desceu as escadas em direção a sala sem nenhum a pressa. Sentou-se no sofá ao lado do irmão e em frente ao pai.



– Que cara é essa filha? - perguntou


– Cara de fracasso - ironizou agarrando uma almofada


– O que aconteceu? - quis saber - Não passou naquele teste, não é? – arriscou


– É...disseram que eu não tenho experiência - disse desapontada


– Hey, não fique assim, você é uma ótima violinista, sua hora ainda vai chegar – falou tentando animá-la


– Então, qual é a razão dessa reunião familiar? – questionou na tentativa de mudar de assunto


– Bem, vocês sabem que desde que nos mudamos para cá, passamos por momentos difíceis de adaptação– disse lentamente enquanto escolhia as melhores palavras para se expressar – A questão é que nesses dois anos em que estamos aqui na Califórnia eu fiquei sem nenhuma companhia e...


– E nós? – perguntou Felipe, um tanto confuso olhando o pai


– Ele está se referindo a uma mulher Lipe – explicou Elisa ao irmão mais novo


– Ahh, mas o senhor não precisa de mais ninguém, já tem nós dois – falou tranquilamente


– Eu sei filho, mas nos últimos meses, eu venho tentando reconstruir minha vida sentimental. Encontrar alguém para compartilhar as alegrias e as tristezas...Enfim, o que eu quero dizer é que arrumei uma companhia – disse calmamente, porém era visível o seu nervosismo



Elisa e Felipe olharam-no surpresos.



– Não me olhem assim, pensei que ficariam felizes por mim – desabafou


– Ahm...só estamos surpresos – respondeu Elisa. Não queria magoar o pai. Após a morte da mãe tudo o que mais desejava era ver seu pai feliz novamente e, ao que tudo indicava, era isso que estava acontecendo


– Nós já estamos juntos há alguns meses e, bem, quereremos oficializar nosso relacionamento. Combinei de levá-los amanhã na casa dela para um almoço


– Não vou poder ir - respondeu rapidamente


– Por que não? Amanhã você não trabalha, além do mais não será tão ruim perder um dia de aula na faculdade - replicou o homem encarando-a


– Não posso faltar, amanhã tenho uma prova e depois preciso passar na Ong para ajudar no recital que estão preparando


– Hum, então seremos só eu e você Lipe – disse olhando para o filho – Iremos amanhã depois que eu terminar de criar alguns projetos para a empresa


– Eu vou dormir, amanhã preciso acordar cedo – falou já se levantando – Boa noite – disse por fim


– Boa noite – ouviu o pai dizer



Voltou para seu quarto. Fechou a porta atrás de si e jogou-se na cama. Acabara de mentir para o pai, não teria prova na faculdade e nem precisaria ir na Ong onde era voluntária.

Há algum tempo percebera a mudança de humor de seu pai, que sempre andava cabisbaixo e triste. Estava feliz por vê-lo retomar sua vida, porém não estava pronta para conhecer a mulher que substituiria o lugar que um dia fora de sua amada mãe.




Dia seguinte -


Los Angeles Music Academy


Cantina –


– Seu pai arrumou uma namorada? - disse Hannah surpresa – Já a conheceu? Ela é bonita? – Perguntava a amiga em seu típico estilo “metralhadora”


– Não conheci ela ainda, hoje meu pai vai levar o Lipe na casa dela


– E porque você não vai? – perguntou confusa


– Eu não sei...acho que ainda não estou pronta para conhecê-la


– Hum, espero que ela seja legal – refletiu a garota – E ai, já viu o resultado da audição da filarmônica de Nova Iorque?


– Já...não passei – disse num tom frustrado – Quer saber? Há várias orquestras tão prestigiadas como essa; Berlim, Viena, Los Angeles, Londres, São Paulo...


– Ahm...eu passei – disse Hannah preferindo encarar sua lata de refrigerante – Não fique brava comigo


– ´Tá brincando?! Claro que eu não vou ficar brava, pelo contrário, parabéns Hannah – disse sinceramente



Ao contrário de Elisa, Hannah tocava piano desde sempre, já tinha, inclusive, tocado em eventos oficiais e estudado fora do país, o que lhe dera uma grande experiência profissional.



– Obrigada amiga, sabia que podia contar com você – respondeu a colega


Desde que deixara o Brasil, há exatos dois anos encontrou-se totalmente perdida naquele lugar estranho. Nunca pensara em seguir carreira na área musical, porém após a drástica mudança em sua vida encontrou refugio no violino. O instrumento, que antes era apenas seu passatempo, transformou-se em sua válvula de escape no qual podia se transportar para outro mundo onde estaria, de alguma forma, próximo a mãe.


– Perai...isso significa que você vai embora – refletiu Elisa


– Ahh isso só vai acontecer no começo do ano que vem quando começará a montagem da próxima temporada de apresentações


Ao ouvir aquilo a garota suspirou aliviada, Hannah era sua única amiga. Não gostaria de vê-la partir.



Voltou para casa. Como era de se esperar não encontrou ninguém. Dirigiu-se até a cozinha em busca de algo para comer. Encontrou apenas comida congelada. Como era a única pessoa naquela casa que sabia cozinhar o pai e o irmão só sobreviviam com aquele tipo de alimento quando ela não estava por perto.


Preparou um sanduiche, subiu as escadas rapidamente dirigindo-se ao seu quarto. Sentou-se na beira da cama. Após comer seu lanche seus olhos passearam pelo cômodo até pousarem no porta retrato que ficava em cima do criado mudo. Fitou a fotografia por alguns segundos.


– Ahh mãe, eu sinto tanto sua falta – sussurrou. Involuntariamente lembrou-se do momento mais triste de sua vida. O dia em que a mãe falecera por conta de uma longa batalha travada contra um câncer no pâncreas, repentinamente vira sua vida transformar-se.

O pai, transtornado com a situação, aceitou uma proposta de emprego como engenheiro civil na Califórnia. Mesmo a contragosto resolveu acompanhar o pai. Não queria deixar seu irmão, Felipe, sozinho. O garoto tinha apenas nove anos, com certeza precisaria da irmã por perto.



– Lisa, cheguei! – exclamou o garoto já entrando no quarto e se jogando na cama da irmã


– É, estou vendo – disse fitando o menino enquanto afastava seus próprios pensamentos – E ai, como foi o almoço? – perguntou curiosa deixando seu sanduiche de lado


– Foi muito maneiro! – respondeu animado – A casa dela é enorme, tem até piscina!


– E ela é legal? –questionou curiosa


– Uhum...ela perguntou por você, disse que quer marcar um jantar para nós conhecermos os filhos dela



Elisa apenas suspirou fundo em resposta.



– O pai disse que ninguém vai substituir a mamãe – falou o garoto como se quisesse ter certeza daquilo que acabara de dizer


– Eu sei – sussurrou


– Então porque você ´tá triste?


– Estou sentindo saudades da mãe...também sinto falta da nossa casa – admitiu encarando o irmão


– Eu também


– Sabe, todo dinheiro que eu ganho como meu trabalho eu estou guardando... Acho que daqui há um ano podemos ir embora daqui e voltar para casa – disse esperançosa


– Sério?! – disse o garoto com brilho nos olhos


– Sério...quando voltarmos podemos ficar na casa da nossa avó até conseguirmos um lugar só para nós dois


– E o pai? – perguntou


– Ele não pensou em nós quando resolveu vir pra cá, então... – disse dando de ombros – Mas não se sinta pressionado a ir comigo, tudo bem se você quiser ficar aqui – disse num tom meigo enquanto acariciava os cabelos do irmão


– Não, eu vou com você! – falou abraçando a moça. Desde a perda da mãe, Felipe acabou se apegando muito a irmã, principalmente por conta da ausência do pai. Via nela a única pessoa que podia contar os problemas e dúvidas comuns na vida de todo garoto de onze anos.


– Tudo bem então – respondeu – Mas é o nosso segredo, tá? – disse baixinho


– Uhum – concordou abrindo um sorriso radiante


–Vamos ter a nossa vida de volta - disse sorrindo como o irmão



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Notas finais do capítulo

Então, gostaram?
Até mais :)



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