E eu me encontrava lá de novo,  no meio da tristeza e solidão, segurando com cuidado a alma daquela pequena criança loura nos meus braços e pensando...nela.

Poucas vezes eu havia visto yuuki desde o pequeno incidente com o menino do orfanato, o trabalho havia aumentado e com o chefe é faz ou faz, então eu não pude vê-la...

isso me angustiava.

Yuuki possuía a coisa que eu mais odiava nos humanos...era interessante, e por isso eu sentia tanta vontade de vê-la e de desvendar esse mistério que era a pequena.

Ela ficava presa em um quarto escuro, no breu, ela era presa na tristeza.

Uma tristeza diferente, pois ela não parecia triste, parecia adulta com olhos sábios e a voz arrogante e sarcastica, uma criança com alma de velha.

eu olhei para o menino e suspirei indo embora novamente.

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Lá está ela eu pensei ao ver yuuki sentada no banco de madeira no meio do jardim.

Eu já havia entregado a criança e agora a olhava, yuuki estava ainda mais branca - se isso é possivel- que antes, ao invés da tipica blusa de lã e saia ela usava um vestido de mangas longas preto, não estranhei muito o fato da roupa ser de frio, afinal o inverno já estava vindo...julguei normal.

continuei a observa-la, yuuki era um contraste naquele jardim, várias crianças andando e correndo de um lado para o outro e brincando e rindo enquanto ela ficava sentada no banco de madeira lendo um livro com capa grossa.

mas o que aconteceu eu jamais poderia imaginar...

Yuuki me olhou.

Com seus olhos que pareciam querer criar um vermelho intenso e o mais vivo que eu já vira.

De todas as cores, a dos olhos de yuuki quando se avermelham é a que mais me assustam.

eles me parecem perigosos e ao mesmo tempo misteriosos, algo que dá medo e ao mesmo tempo vontade de chegar perto.

Andei até ela e sentei-me ao seu lado.

ela resolveu ignorar-me e voltar a sua atenção ao livro, que pelo que vi era de matemática avançada em alemão.

surpreendente.

"Fale logo o que quer." arregalei os olhos, yuuki possuía uma voz adulta, sarcastica, arrogante, sábia...isso piora a cada dia que ela envelhecia.

não lembrava nada a voz de uma criança.

"fala a minha lingua?" perguntei assustado, ela revirou os olhos e esperou sua respota.

"venho aqui porque quero." ela suspirou e voltou-se a leitura novamente.

" por que nunca falou para mim?" perguntei fazendo com que ela me olhasse com raiva por ter atrapalhado sua leitura.

"não gosto de falar, me cansa." ela me olhou para falar, nesse momento vi jogarem algo na direção dela, parecia um copo, os olhos de yuuki se avermelharam como se ela soubesse que ia ser atingida e ela se virou olhando para o copo e o mesmo se despedaçar.

então ela sorriu maliciosamente e olhou para as crianças ao redor.

" esquisita!" um menino gritou.

yuuki o olhou com o vermelho de seus olhos e o menino começou a se convulsionar, algumas freiras apareceram para ajudar o menino, yuuki riu alto como se aquilo fosse a melhor cena da vida dela

em seguida ela me olhou séria.

" acredite, sua curiosidade não é a toa, sou um pecado, um segredo, um mistério aonde o preço para descobri-lo é a morte."

e foi a última coisa que ela me disse antes de ser levada para ser chicoteada mais uma vez...