Acordei na manhã seguinte com uma dor de cabeça dos infernos, como se estivesse de ressaca, só que bem pior.

Olhei para o relógio do lado da minha cama. Dez horas da manhã.

Eu estava muito cansada, mal conseguia manter minhas pálpebras abertas. Mas também não conseguia parar de pensar em Alec e em Alec.

Ele não sai da minha cabeça, por mais que ela estivesse latejando por causa da ressaca de amor que estava sentindo por ele. Eu mal podia ver a hora de revê-lo.

Meu celular tocou indicando que uma nova mensagem havia chegado. Pela hora, deviam ser as gemes querendo saber do seu encontro com Alec e da ida há Morada da Noite. Mas, para minha surpresa, era um numero desconhecido.

Você ainda não me conhece, então, você (caso queira se dirigir à mim) vai me chamar de Anônimo.

Um “pequena” praga esta matando os novatos da Morada da Noite dessa região. E sim, antes que você fique toda agitada, seu precioso Alec também corre o risco de morrer, com o seu corpo rejeitando a transformação.

Nem pense em avisá-lo sobre esta mensagem ou sobre qualquer coisa sobre este conteúdo!  Se bem que, ele já sabe o que esta acontecendo melhor do que qualquer um.

Apenas estou lhe alertando que se alguma noite o seu namorado não aparecer, pode saber que foi por que ele morreu.

Apaguei a tela do celular.

Tive que obrigar meu cérebro a respirar.

Ele podia morrer?!

Eu não conseguia acreditar. Alec tinha mesmo chances de morrer.

Levantei da cama apressadamente e fui me trocar.

Eu precisava vê-lo.

                                               ***

Cheguei na frente da Morada da Noite ofegando, havia sido uma longa corrida, tanto que o crepúsculo já estava tomando o céu. E eu não seria idiota de entrar pelo portão da frente.

Segundo alguns garotos, havia um muro baixo à leste, perfeito para pular, e eles diziam que nunca eram pegos entrando no campus. E foi exatamente para onde eu fui.

Não era muito longe dos portões, então, pude ir mais devagar do que eu vim.

Eu estava sentindo um aperto enorme no peito, havia um choro silencioso preso em minha garganta, eu esta mais do que desesperada. E pela primeira vez em toda a minha vida eu estava rezando com afinco para que ele não morresse.

Pulei o muro com certa dificuldade, mas quando passei uma perna para o outro lado, já podia escutar as vozes do outro lado.

- Eu não posso acreditar que você fez isso, Erick! – era a voz de Alec.

- Você anda passando tempo demais com ela, cara. Daqui algum tempo você vai se tornar um vampiro por inteiro! Não vai poder ter tempo para essa aí.

- Você não sabe nada sobre ela! – gritou ele. – Você não tinha o direito de mandar aquela mensagem para ela! E agora, ela vai ficar desesperada e vai vir ate aqui.

- Disso você não tenha dúvidas. – disse Erick numa voz calma enquanto eu conseguia descer do muro e me esconder atrás de uma árvore.

- Era esse o seu plano, então? Trazer ela até a Morada? Por quê?

- Ela é só uma geladeira para você, cara!

- Você esta errado! Ela é minha namorada.

- Sua inocente namoradinha que esta escutando toda a nossa conversa. – senti alguém vindo atrás de mim e me agarrar. – Podem trazer ela. – disse Erick enquanto um garoto, provavelmente novato, tentava me manter imóvel.

- Me solta! – gritei, a mão do garoto tapou minha boca, e ele me levou para frente de Alec e Erick.

- Olha só quem esta aqui. – disse Erick tentando parecer surpreso.

- Erick, solta ela. – disse Alec com os olhos cheios de horror fixos em mim.

- Me dê um bom motivo. – disse Erick caminhando até mim, enquanto outro cara vinha por traz de Alec e o segurava, imobilizando-o. Erick colocou sua mão em meu queixo obrigando-me a olhar para ele. – Ela é realmente muito bonita, mas vamos ver se ela tem um sangue bom também. – disse ele dirigindo sua boca ao meu pescoço.

Escutei Alec gritar para Erick parar, mas quanto mais ele gritava, mais fundo Erick cravava seus dentes em meu pescoço.

A pressão que estava em meus braços cedeu e a única coisa que eu sentia eram os dentes de Erick em meu pescoço. Eu sabia que tinha que empurra-lo para bem longe de mim, mas meus braços pareciam não querer obedecer. Erick me segurou pelos ombros e afastou sua boca de meu pescoço.

- Agora eu entendi por que você quer tanto ficar com ela. – disse ele exibindo o sangue de seus lábios para Alec.

- Você é um vampiro morto! – gritou Alec enquanto, finalmente conseguia se soltar do outro cara e ir correndo até Erick.

 Cai de joelhos no chão. Minhas pernas não conseguiam mais aguentar o meu peso. Coloquei a mão no pescoço e puxei-a para o meu campo de visão. Estava vermelha.

Nessa hora, eu já não escutava mais nada, apenas via o vermelho em minhas mãos. Eu não sei quanto tempo depois, Alec pegou minha mão e limpou na própria camiseta.

Ele baixou seus lábios para o meu pescoço.

Eu estava pronta para sentir a mesma pontada que sentira a algum tempo, mas não aconteceu. Senti sua língua sobre o meu ferimento, e depois, nada.

Eu mergulhava para a escuridão.