Era bem cedo quando Alice acordou. Kurt não estava mais ao seu lado. Sentou, esfregou os olhos, ainda se acostumando com a luz que saia da janela. Levantou, saiu do quarto e desceu as escadas. Foi até a sala, pegou a mochila que havia trazido na noite seguinte e subiu de volta para o quarto. Sentou na cama, abriu a bolsa e tirou de lá roupas limpa e uma escova de dentes. Dirigiu-se ao banheiro, que ficava ao lado, para tomar um banho e escovar os dentes.

Enquanto isso, Kurt estava na cozinha. Havia notado que Alice já havia acordado, mas permaneceu onde estava sentado na mesa. Levantou-se, caminhou até a sala e se sentou no sofá, ainda com a caneca de café que tinha em mãos. O intervalo entre os goles que dava na bebida eram relativamente grandes, estava pensativo. Não que isso não fizesse parte do seu estado de espírito natural. Mas, dessa vez, tinha uma ponta de preocupação em seus pensamentos. A ideia de fugir que Alice havia proposto... Esse era o motivo de sua preocupação. Temia por ela que as coisas não ocorressem como esperavam. Não podia deixa-la ir sozinha... Foi então que ele a ouviu descer as escadas, perdendo a linha de pensamento.

– Então, está pronto? – Ela perguntou, sentando ao seu lado e colocando a mochila que trazia no colo.

– Sim. – ele sorriu.

– Então... Vamos?

– Sim, claro! – Ele tentou parecer seguro, sem muito sucesso. Como melhor amiga, ela o conhecia melhor do que ninguém. Notaria o que estava sentindo, com certeza.

– Kurt... O que houve? Você não quer ir? Posso ir sozinha. – ela falou, o olhando nos olhos.

– Não é isso, Ali... Acontece que... Sei lá...

– Vai dar tudo certo, eu já disse! Não se preocupe. Vou tem a mim e eu a você. É tudo o que precisamos. Eu te amo. – ela disse, confortando-o.

– Também te amo... – Alice sorriu e o abraçou. Aquele abraço fazia muito bem a ele. Talvez fosse o que precisava para que se sentisse seguro para continuar. Aliás, o que poderia haver de tão mal em L.A.?

***

Caminharam até a rodoviária em silêncio. As ruas estavam vazias, pois ainda era muito cedo. O único som que se podia escutar era o dos pássaros cantando. Era uma melodia pacífica, agradável... Talvez por isso, o tempo que levaram para chegar pareceu bem curto.

Ao contrário das ruas, na rodoviária, havia pessoas. Não era uma multidão, mas uma quantidade generosa de pessoas, amontoadas esperando o próximo ônibus.

– Alice, sente-se ali naquele banco enquanto compro as passagens. Não saia de lá por nada, nem fale com estranhos. – Kurt disse sério.

– Tudo bem, pai. – ela respondeu num tom irônico e riu.

– Engraçadinha.

Ela se dirigiu ao banco, sentou-se e ficou observando o movimento. Em alguns instantes Kurt estava de volta. Sentou ao lado da menina e colocou a mochila no colo.

– O ônibus vai chegar daqui a pouco.

– Ótimo... – ela respondeu.

Não esperaram muito. Logo estavam na estrada rumo a L.A. Era uma viagem longa. Sendo mais exato, 1 dia e algumas horas. Alice não via a hora de chegar. Mas, depois desse longo tempo, Kurt e Alice finalmente chegaram ao destino.

Ao descer do ônibus, tudo era muito diferente da pacata Aberdeen. Eram 13 horas da tarde, a rua estava bem movimentada e barulhenta.

– Tem alguma ideia de para onde ir? – Kurt perguntou.

– Sim! – a menina sorriu. Estava radiante.

Caminharam pela Sunset Boulevard até chegarem a um Apart-Hotel, não era luxuoso. Tudo bem simples. Quando digo simples, pode-se considerar uma forma educada de classifica-lo como um cortiço. Comentários a parte, Ali e Kurt subiram até o 3º andar do edifício. Entraram no hall do andar, havia seis apartamentos. Alice caminhou até a porta do apartamento 302 e tocou a campainha.

– Espero que ela ainda more aqui... – sussurrou para si mesma.

– Ela quem?

Então alguém abriu a porta. Era uma garota. Baixinha, cabelos longos e castanhos, usava um short jeans curto, uma camiseta dos Beatles. Parecia ter acabado de acordar.

– Mas quem diabos ousa a me acord- ALICE!

– FERNANDA! – ambas gritaram, se abraçaram, pularam... Depois voltaram a si.

– Estava dormindo a essa hora? – Alice perguntou sorrindo.

– Fui dormir as 5 da manhã! O que queria? Mas e aí, quem é seu amigo? - Fernanda perguntou olhando Kurt da cabeça aos pés e sorrindo.

– Ah! Desculpe! Kurt, essa é Fernanda. Uma amiga de infância, ela é brasileira!

– Prazer em conhecê-la Fernanda – disse Kurt com um sorriso tímido.

– O prazer é todo meu Kurt! – ela respondeu – Mas e aí, vamos entrar gente!

– Quem é aí hein? – surge atrás de Fernanda um cara alto e loiro, cabelo na altura dos ombros, estava sem camisa. Usava apenas uma calça de couro.

– Amor, esses são Alice e Kurt! Gente, esse é Duff, meu namorado. - a morena disse, apontando para os recém-chegados.

– Prazer em conhecê-lo – Kurt disse sorrindo, apertando a mão de Duff. Alice sorriu e acenou.

– Então, como eu ia dizendo, vamos entrando! Sejam bem-vindos! – Fernanda disse simpática, entrando no apartamento. Alice e Kurt a acompanharam.