- Você me deixou curiosa, diz logo. – disse Fernanda sentando-se no sofá. Alice fechou a porta pela qual a amiga acabara de passar e sentou-se ao lado dela.

- Bem, antes que você me condene, o arrependimento está me matando. – disse a ruiva fitando o chão, evitava o contado visual com Fernanda.

- O que merda você fez? – preocupação com uma pequena parcela de raiva, era o que se podia notar na voz dela.

- Calma... Não piore as coisas. – Alice finalmente encarou a amiga. – Eu beijei o Axl.

Não houve resposta. Fernanda olhava para Alice, mas não emitia nenhuma expressão, isso só aumentava o desconforto entre as duas.

- Quando foi isso? – disse por fim.

- Ontem... No acampamento. – a menina respondeu cabisbaixa.

- Tenho certeza que não fez isso por livre e espontânea vontade, pelo menos é o que espero.

- Não. Ele disse que se fizesse isso, me deixaria em paz...

- Ele passou a viagem toda te olhando! Estava esperando por algo mais! Você tem mais coisa para me falar não tem?

- Aí que está... Eu acho que sinto algo por ele.

- Ai meu Deus, Kurt não merece isso sabia? – Fernanda balançou a cabeça negativamente em repreensão. 

- Você fala como se a culpa fosse minha! – Alice aumentou o tom de voz.

- E não é? Aceitou ser namorada dele sabendo que isso poderia acontecer!

- Eu não sabia!

- Então deixou com que acabasse acontecendo, mostrou para Axl o quanto é fraca!

- VOCÊ FALA COMO SE FOSSE A MAIS MADURA DO MUNDO, SOUBESSE TUDO O QUE FAZER E NÃO FAZER E AS CONSEQUÊNCIAS ANTECIPADAMENTE!

- Pare de gritar!

- PARE DE DAR UMA DE MÃE PARA CIMA DE MIM!

- Caramba, porque está tão estressada?

- Não sei... – Alice desabou em lágrimas.

A princípio Fernanda permaneceu imóvel observando a menina, tentava entender o que acabara de acontecer ali.

- Ali, está na TPM? Sei lá... O que houve?

- Eu já disse que não sei... – a ruiva enxugava as lágrimas em meio a soluços.

- Você quer ficar sozinha? – Fernanda perguntou preocupada.

- Não... – Alice levantou a cabeça ainda passando a mão no rosto.

- Ainda quer continuar a conversa?

- Uhum... – murmurou.

- Então... O que pretende fazer?

- Quero deixar as coisas com estão.

- Já falou com Kurt sobre o que aconteceu.

- Não sei se vou falar... Certas coisas são melhores não ditas. Ele não vai se machucar se nunca souber.  – disse Alice pensativa, olhava para o nada.

- Faça o que achar melhor então...

- Me desculpe ter gritado com você Nanda... Todas essas coisas me deixaram estressada. – a menina disse sem jeito.

- Não se preocupe Ali... – Fernanda sorriu. – Mas, me diz uma coisa, onde está o Kurt?

- Saiu um pouco antes de eu te ligar, não me disse aonde ia.

- Estranho...

- Já estou acostumada com isso. – Alice riu de leve. – Mas espero que ele volte logo, o tempo está fechando.

As meninas pediram comida chinesa para o almoço e passaram o resto do dia falando sobre assuntos aleatórios. De vez em quando Alice olhava o relógio, visivelmente preocupada com o sumiço de Kurt.

No final da tarde Fernanda teve de ir embora, Duff iria leva-la para jantar essa noite.

- Ali, você vai ficar bem sozinha? Se quiser eu desmarco com o Duff...

- Não, não precisa! Eu vou ficar bem, não quero que deixe de se divertir com ele por minha causa – Alice a interrompeu.

- Tudo bem então... Se cuida OK? – disse seguindo até a porta principal. Alice foi bem atrás dela, se despediram com um abraço e um beijo no rosto, então Fernanda saiu.

Depois de tranca a porta, a ruiva deitou no sofá, encarava o teto, pensativa e um tanto preocupada, já haviam se passado horas desde que Kurt saiu. Ela gostava de ficar sozinha, mas não de sentir-se sozinha, desejava com fervor que ele chegasse logo, precisava da sua companhia mais do que nunca. Isso a levava a uma questão “O que sentia por Axl?”, e se não fosse nada, na verdade. Mesmo se sentisse algo, não era ele quem ela queria agora. Não era dele que ela precisava nos momentos difíceis.

Depois de alguns minutos refletindo sobre tudo o que estava acontecendo, resolveu tomar um banho. Foi direto para o banheiro, preparou um banho morno e entrou na banheira. Saiu de lá por volta de cinquenta minutos depois. Enxugou-se, soltou os cabelos e enrolou a toalha no corpo.

A casa estava bem escura quando Alice saiu do banheiro, o Sol estava sumindo no horizonte. Ela caminhou lentamente até a cozinha. E havia alguém lá, em frente para a geladeira. A princípio ela se assustou, até perceber quem era.

- Não ouvi você entrando... – ela sorriu e se aproximou. Kurt deu o último gole na bebida desconhecida que havia no copo e colocou o mesmo em cima do balcão. Olho para ela e sorriu. Aproximou-se, diminuindo drasticamente a distância entre eles. Afastou os fios de cabelo que cobriam os alvos ombros de Alice, beijou-os de leve, sentindo o doce perfume da pele dela. Alice se arrepiou ao sentir o toque dele. Seus lábios logo se encontraram, num beijo lento, porém cheio de desejo. Alice colocou os braços em volta do pescoço de Kurt, deixando a toalha cair no chão. Não parecia se importar com o fato de estar despida na presença dele. Ele também não pareceu surpreso com a nudez dela, abraçou sua cintura, trazendo-a o mais próximo possível.

A campainha tocou. Enceraram o beijo com selinhos. Entre os quais Kurt pôde ouvir Alice resmungar “Droga!”. Ele riu e se abaixou para pegar a toalha que ela havia deixado cair.

 - Vá se vestir, eu atendo a porta. – disse entregando a toalha para ela.

                Alice pegou a toalha e beijou o rosto dele.

                - Eu te amo – sussurrou. Então saiu em direção ao quarto. 

                Kurt saiu da cozinha, seguindo até a porta principal. Abriu-a.

                - Nanda? O que aconteceu? – perguntou surpreso com o estado da menina.