Respirou fundo, olhou para o céu, buscando por respostas. Não havia nenhum... Olhou para Alice, ela olhava para o nada. Estava pensativa. Kurt se aproximou dela e a abraçou, ela correspondeu de imediato. Era o seu melhor amigo, o amor de sua vida, aquele abraço já havia a ajudado a seguir em frente, sempre que tinha um problema.

– Você quer ir? – ele perguntou.

– Claro que não... ficar longe de você é a última coisa eu iriar querer nesse mundo.

Kurt largou o abraço para olhar nos olhos de Alice. Em breve não poderia mais olhar naqueles belos olhos com a mesma frequência que o fazia.

– Passe a noite comigo – ela disse.

– Sim – ele respondeu. Não havia como esconder a tristeza na voz de ambos.

Caminharam em silêncio até a casa de Kurt.

***

Alice estava sentada no sofá, ainda pensativa. Ansiava por uma forma de não ter de ir com seu pai. Não podia simplesmente deixar o seu melhor amigo para trás. Então, de repente, uma solução aparentemente irracional surgiu.

– Vamos fugir. – Ela disse. Havia certa fúria em sua voz.

– O que? – Kurt respondeu, estava sentado ao seu lado, olhando para a TV enquanto passava os canais freneticamente. Mal prestava atenção no que fazia, o que Alice disse o fez “voltar” para o mundo real.

– Vamos fugir! – Ela se levantou num salto, parecia certa de o que dizia.

– Está louca? Para onde vamos?

– Não sei, não sei! Não pensei nisso. Podemos ver no caminho!

Kurt não falou nada, olhava para ela meio assustado. Só podia ser brincadeira. Dois adolescentes desamparados andando pelos Estados Unidos sem rumo. Não podia ser sério!

– Ah! Qual é Kurt? Você sempre quis fugir de casa, saí por aí sem destino. Liberdade! Vamos!

– E o seu pai?

– Ele nunca foi com a minha cara. Não vai sentir minha falta. No mínimo, alívio.

– Não diga isso, Alice. Ele pode ficar preocupado.

– Não. Não pode. Agora, vamos! Podemos partir amanhã bem cedo.

Ele levantou. Andou até a cozinha. Deu algumas voltas, abriu a geladeira, pegou um copo com água que havia lá. Sentou-se à mesa, que ficava bem ao lado e ficou olhando para a parede. Alice foi até ele, sentou-se na cadeira ao lado.

– Nossa... Que parede interessante Kurt. – Ela sorriu.

– Não posso pensar? – Ele a olhou indiferente, depois sorriu. – Tem ideia de o que acabou de me propor?

– Sim. O propus liberdade. Total liberdade. Vamos Kurt! Faça isso por mim.

Ficaram em silêncio por alguns instantes.

– De onde tirou essa ideia? Você chegou aqui triste, agora está radiante com uma ideia maluca na cabeça! – Ele indagou

– Ora... Só achei a solução para o meu problema. Agora aceite isso, e partiremos amanhã bem cedo para L.A. – Ela se levantou, se dirigiu a sala e subiu as escadas que davam no único quarto da pequena casa. Kurt a seguiu.

– E desde quando decidiu que vamos à L.A.?

– Vamos ganhar a vida em L.A., Kurt. Não seremos mais adolescentes desamparados.

Ele a olhou confuso.