POV Harry

Eu não hesitei nem um segundo e a beijei, segurando seu rosto enquanto ela mexia em meus cabelos, cada movimento delicadamente... Estava sendo perfeito. Sabe aquelas cenas de filmes? Não vou tentar explicar, por que é só pensar em um casal se beijando em frente a roda gigante de um parque totalmente aceso, tirando as partes das crianças com algodão doce passando correndo e brincando atrás deles. Éramos apenas eu e ela. Apenas nós dois. Sem nenhum pedido para parar, sem ninguém a nossa volta, se tivesse, eu nunca iria reparar.

O beijo teve que parar, ela olhou pra mim sorrindo com seus olhos cheios de lágrimas, por que ela estava chorando, eu ainda não sei, mas só espero que tenham sido lágrimas de felicidade. Por que a esse ponto, eu estou chorando por dentro de felicidade.

[...]

POV Anna

Três dias depois

_Então, como assim? Você voltou com Harry? Ah, não, espera, me belisca Anna, não estou entendendo, ainda mais por que você não me explica o que está acontecendo... Anna, presta atenção em mim! – Hanna disse pegando o celular da minha mão.

_Hanna, me devolve!

_Não até você me dizer, como assim?! Não fica me contando as coisas em partes, eu tenho que saber de tudo, poxa, não sou sua melhor amiga? – Ela disse ainda com o braço estendido para que eu não conseguisse pegar o celular.

_Hanna... É lógico que é, mas eu já expliquei, eu só...

_Senta. E me explica, ou não tem celular mais. – Ela disse fazendo sinal para eu me sentar.

_Ah, ótimo. – Disse me sentando e cruzando meus braços como um criança que estava prestes a ficar de castigo.

_Me diz... O que aconteceu naquela noite?

_Nada de mais Han... Sabe... Eu só... EupossoterficadocomoHarry. – Disse rápido e baixo para que Hanna não escutasse.

_O que?! Fala alto que eu não estou escutando.

_Eu posso... Ter... Talvez, sabe... Ficado...

_Ah meu Deus! Você ficou com o Harry?! Não acredito, Anna, como você não me contou isso antes?! Ah sua... Vadia. – Ela disse me estapeando.

_Hanna! Para – Disse com dificuldade mas ela parecia não me escutar. – Hann...

_Ai! Por que você fez isso?! É golpe baixo pegar no meu pescoço, você sabe que é meu ponto fraco! Gorda!

_E você não não deveria ficar me estapeando e nem me interrompendo, e quem disse que foi com o Harry? Quem disse que não foi com o Gustavo? Quem disse que não foi com outro menino?!

_O Quê?! Você ficou com o Gustavo então?! Anna, sua puta, não acredito nisso! – Ela voltou a me estapear.

_Não, Hanna, para!

_Ah! Será que você pode parar de pegar no meu pescoço?!

_Será que você pode parar de me estapear?! Eu não fiquei com nenhum deles, só estava supondo por que você me interrompeu, burra!

_Ah, você queria que eu adivinhace com o jeito que você falou parecia mesmo que você tinha ido rodar bolsinha no parque...

_Hanna, fica de boca fechada se não quiser dormir no banco do parque durante os próximos dias. E agora, será que dá pra me devolver o celular?! Eu já disse.

_Não, você ficou com um deles, quem foi?

_Por que quer tanto saber? Não importa mesmo Hanna!

_Fala logo, senão eu jogo seu celular pela janela e você sabe que eu jogo mesmo, não é brincadeira.

_Hanna!

_Fale.

_Como você é insuportável... 

_Nada de celular até você me dizer, com quem foi que você ficou aquela noite?

_Hanna... Ah, Harry.

_Eu sabia! Sabia, por que o Gustavo me contou, ah, eu sabia Anna, sua vaca!

_Se já sabia por que me estapeou e... Espera, como assim o Gustavo te contou? Ele nos viu? Hanna, como assim?!

_Ah... Pode ser que... O Gustavo tenha ido procurar vocês e visto alguma coisa... Talvez, alguma parte... Talvez, não sei, pergunta pra ele...

_Por que você está com medo de me contar? O que ele te disse? Que não era pra me contar? Vamos, me diz.

_Não é nada, Anna, só achei que seria deslealdade da minha parte, já que é lógico que você iria me contar. Só estava esperando pra ver se você não iria mentir pra mim... – Me levantei e fui ao quarto do Gustavo antes que ela terminasse de falar.

Fui percorrendo aquele enorme e extenso corredor que iria me levar ao quarto de Gustavo com o olhar totalmente assustador, querendo quebrar aquela porta com meu olhar. Como assim, ele fica vendo as coisas por ai e ainda tem a coragem, a cara de pau de contar as coisas para a minha melhor amiga, sendo que isso era algo tão pessoal, que nem ao menos eu gostaria de contar à Hanna e...

_Ai! Não vê por onde anda... – Cai no chão sem noção alguma do que estava acontecendo.

_Desculpa, você está bem?

_Sim, é só que... Harry? – Ele estava ali agachado ao meu lado, e, meu Deus... Tem dias que o Harry deixa seu cabelo bagunçado, como se tivesse acabado de acordar (E obviamente, a essa hora, ele acabou de acordar) que me mata.

_Não fica correndo por aí, baixinha desastrada. – Ele riu estendendo a mão me ajudando a levantar. – Aconteceu alguma coisa? – Ele falou coçando a cabeça.

_Ah, não, nada. Só que eu tinha que falar com o... Gustavo! Vem aqui. – Disse indo em sua direção, que tinha acabado de sair do quarto, de pijama. Com o cabelo também bagunçado. Diferente de Harry pois seu cabelo era menor. Mas de um jeito... Igual só que diferente. (?)

_Bom dia flor do campo.

_Está animadinho por que?

_Nada... Apenas acho que esse seja o jeito que uma dama como você deve ser tratada. – Ele disse e senti minhas bochechas corarem e meu corpo ficar quente.

_Obrigada... Mas, pare de me paparicar com elogios ridículos, nós temos que conversar.

_Na frente do cabeludo? – Ele disse sorrindo olhando para Harry e ele apenas desviou o olhar sem sorrir.

_O "cabeludo" como você diz, não fala português, querido.

_Querido? Linda, finalmente me tratando como antes.

_Engraçado... Agora me escuta. Por que você contou à Hanna que me viu beijando... Harry? E por que me viu beijando Harry?

_Bom, tudo uma pequena coincidência, eu fui ao parque pra comprar pipoca doce por que eu e Hanna estávamos com vontade e já muito cansados para procurar vocês dois. Então eu entrei e comprei, fui andando até a saída e desviei, para um caminho onde passava pela roda gigante, e lá os encontrei, lindos, se beijando, achando que eram os únicos desse planeta – Senti minhas bochechas pegarem fogo – Mas, tudo bem, eu só disse que vocês se beijaram à Hanna, nada mais, nenhum detalhe que ela não precise saber, e que você não vai contar à ela.

_Como assim? Que detalhe? – Disse o seguindo, que agora, descia as escadas – Gustavo, eu não fiz mais nada com Harry! Tudo o que você viu, foi tudo, não aconteceu mais nada.

_Será? Não acredito muito em você.

_Gustavo! – Eu disse e ele ria – Ah, entendi, está querendo tirar uma com a minha cara, quanta maturidade, Gustavo, quanta maturidade.

_Bom dia Anna, bom dia Gustavo, e... Harry, certo? – Nossa empregada, que era a única pessoa desta casa que no momento não estava me fazendo passar nervoso, veio ao nosso lado, ela nos olhava sorrindo, e retrubui o sorriso. – Anna, sua mãe deixou um recado para você...

_Minha mãe?! Ela ela vai voltar mais cedo? – Disse com esperança, mas já sentindo que não era isso pela cara que ela fez.

_Na verdade... Ela vai ter que ficar mais um mês fora.

_Um mês?! Como assim?! Não pode ser... Quando ela te disse isso?

_Pow, gatinha, na sua cara, vai ter que ficar comigo mais um mês, seus amigos não podem perder aulas... – Ele ria e me zoava.

_Cala a boca Gustavo! Deixe-a falar.

_Sua mãe me ligou essa manhã, e está muito ocupada, e ela pediu, delicadamente, para que você não tentasse matar ela por suas decisões. Foram precisas, e não foi ela quem escolheu isso... Por ela, ela estaria aqui descansando. – Ela ria e eu tentava rir mas eu estava desesperada por dentro.

_Mais alguma coisa? – Diga não, diga não, diga não!

_Na verdade... – Droga – Essa notícia foi ótima, e básica até agora. – A pior parte é: Gustavo e Harry estão aqui do meu lado, escutando tudo – A pior parte, é que durante esse tempo que sua mãe ficará fora... Você e Gustavo, terão de ir para Londres. – Arregalei os olhos e gritei junto com o Gustavo um alto "o quê?!"

_Como assim? Por que? A casa não é nossa? Como assim, não, eu tenho que ligar pra minha mãe... E, ótimo, meu celular está com a Hanna.

_Não adianta ligar pra ela, ela não irá atender, está ocupada com o trabalho... Mas relaxe! Você só vai ficar um pequeno mês em Londres, depois você volta para a França, e ficará aqui até quando você quiser. – Ela sorria e passava a mão pelo meu ombro tentando me acalmar, mas nada estava adiantando.

_E onde eu vou ficar?

_Na sua antiga casa. O inquilino que está na sua casa de alguel virá para cá, e vocês pra lá, durante esse mês.

_Espera, como assim "nós"? Eu não vou ter que ficar na mesma casa que o Gustavo não é? Como assim?!

_Na verdade... Sim, em sua antiga casa, vocês vão ter que dividir a casa, exatamente como está sendo aqui, só que sem seus amigos em sua casa. – Ela sorria. – Bom, acho que já dei a notícia, se precisar de algo, me chame. – Ela sorriu e saiu.