[Fukuya P.O.V]

–Fukuya-chan. Fukuya-chan... Hoje de acordar. -Disse uma voz suave, que era acompanhada da imagem de uma pequena garota que planava. Usava um grande laço branco no cabelo rosado, que o prendia em um rabo de cavalo laterial. Usava uma blusa que se fechava cruzando e amarrada do lado, usava uma saia preta, chinelos tradicionais japoneses. Seus olhos eram rosados, tinha uma luz que a envolvia e seu sorriso era sereno.

–Fukuya, acorde, vai se atrasar assim! -Exclamou minha mãe do quarto dela, fazendo meus olhos se abrir. Era miseramente um sonho. Porém, parecia tão real, como se aquela pequena garota pudesse estar diante de mim.

–Fuku-chan, você acordou. -Disse uma voz semelhante a da garota do sonho, fazendo-me virar minha cabeça lentamente para o lado.

–AAAAAAH! -Exclamei, espantada com o que vi. A garota do meu sonho realmente estava ali, na minha frente, planando e sorrindo para mim.

–Fukuya, que barulheira é essa? -Exclamou minha mãe meio estressada, como é o comum dela.

–D-Desculpa mamãe, eu tropecei no meu chinelo. -Disse inventando a primeira desculpa que me veio a cabeça e me levantando rapidamente.

–O que é você sua coisa, de onde você veio?! -Disse contendo o volume de minha voz, espremendo a pequena garota em minhas mãos.

–Fuku-chan, cuidado, está me machucando! -Disse a pequena garota de cabelo rosa tentando se soltar de minhas mãos. De certa forma, senti um pequeno afeto por ela, e soltei-a lentamente, deixando-a livre. A pequena rosada tomou fôlego, como se fosse dizer alguma coisa importante. -Fuku-chan, eu sou Sakura, a sua suposta eu! -Disse a pequena rosada, me fazendo ficar com aquela típica cara de "Suposta eu? Duh?".

–S-Suposta eu? C-Como assim? -Perguntei, sem compreender o que Sakura queria dizer com aquilo.

–Lembra-se de ontem, quando conversou com a Rikka-chan e disse que queria poder ser feminina, ouvir suas músicas e ser estilosa? Eu nasci a partir disso. E minhas irmãs também. -Disse a pequena rosada apontando para minha cama. Nela, havia um ovo partido, era branco com o desenho de uma flor de cerejeira. Havia outros dois ali, um com um símbolo de um floco de neve, na cor azul bebê e outro branco com desenhos que pareciam rendas, em verde e preto. O ovo partido, supus ser de Sakura, já que ela estava aqui, então, os outros ainda nasceriam...Não é?

–S-Sakura, eu não estou entendendo nada, c-como você pode ter vindo daquele desejo bobo, eu nunca poderei mudar! -Disse completamente confusa, esboçando tristeza em meus olhos.

–Claro que pode Fuku-chan, pode sim. De insegura para feminina, chara change! -Disse Sakura fazendo surgir em meu cabelo uma fita branca como a que ela tinha nos seus.

–Kyah, eu adoro fitas! Acho que esta fita vermelha ficaria perfeita no meu cabelo preto! -Disse, inconsciente do que estava fazendo, como se alguma coisa me controlasse. Peguei as fitas no meu criado-mudo e amarrei-as no cabelo formando uma espécie de tiarinha. -Agora, acho que vou usar essa linda bolsinha cor-de-rosa, tenho certeza que todos na escola irão adorá-la.- Disse feito uma abestada, mas no fundo, estava gritando, pensando o que acontecia comigo. De repente, senti como se tivesse voltado ao normal, a fita igual a de Sakura que tinha nos cabelos desapareceu.

–Está linda Fuku-chan. -Disse Sakura apontando para o espelho.

–AAAAAAH, O QUE VOCÊ FEZ COMIGOOO?! -Exclamei, achando-me extremamente ridícula com aquelas fitas no cabelo.

–Fukuya, está atrasada! -Exclamou mamãe sem paciência, enquanto meu irmão Takashi choramingava, pedindo-lhe atenção.

–AH, ESTOU INDO! -Exclamei, esquecendo de pegar a bolsa comum de escola e sem desmanchar aquele penteado ridículo que Sakura me fizera criar e saí correndo, pegando uma torrada sobre a mesa e saindo com esta presa na boca.

–Acalme-se Fu-chan, está linda para ir a escola, tenho certeza que vão te achar incrível. -Disse Sakura com tranquilidade, como se pensasse que estava realmente preocupada com o que pensariam de mim.

–Sakura, eu juro que vou te matar, eu juro! -Disse mordendo a torrada com força e arrancando metade dela, comendo de qualquer jeito.

–Para que tanta pressa... Senhorita Joker. -Disse uma misteriosa garota, surgindo de repente diante de mim. Usava um imenso casaco preto, uma blusa preta com um cristal vermelho que parecia sorrir de maneira sombria e sádica e um short preto. Nas mãos, tinha uma enorme foice. Seu sorriso era sádico e assustador, ao ponto de que passava a acreditar que ela queria me causar algo sério. -Ora, parece que você é bem descuidada com suas coisas. -Disse a garota mostrando os outros ovos que tinha em meu quarto, que segurava em suas mãos.

–Os ovos! -Exclamei em coro com Sakura.

–Devolva minhas irmãs! -Disse Sakura investindo em direção a ruiva, sendo lançada de volta a minha direção com apenas um peteleco.

–Insignificante. E pensar que alguém tão fraca pode ser a tal Joker que meu mestre tanto queria que eu destruísse. Morra... Takishima Fukuya. -Disse a garota levantando sua enorme foice, que pareceu se iluminar com uma poderosa aura negra que me lembrava morte, me deixando sem ação.

–GO GO AHIRU-TAN! -De repente, uma voz estranha, parecendo de uma garota, surgiu. Com ela, patinhos de borracha que voavam, rodeando a foice da tal ruiva como se a segurassem.

–Fukuya-chan! -Exclamou uma voz familiar. Me virei espantada, vendo atrás de mim os Guardiões. Porém, pareciam diferentes. Havia uma garota, que presumi ser Yuiki Yaya, a Ás do grupo, vestida como um bebê. Perto dela, Yukizaka Taichi, um garoto da minha sala, que vestia uma roupa de caveleiro e Rikka, junto com um garotinho loiro, que tinham ao seu lado "bichinhos voadores" me lembravam Sakura. Seriam os supostos eu de cada um deles? E qual era a daquelas roupas do Taichi e da Yuiki-san? -Fukuya-chan, tome isso! -Disse Rikka me lançando um cadeado estranho. Apesar de ser de metal, era quente, tinha algum cristal estranho no meio. Realmente estranho.

–H-Hiiragi, quero dizer, Rikka-san, o-o que é isso? -Perguntei, sem entender a razão pela qual ela me entregara aquele cadeado esquisito.

–Esse é o Humpty Lock, um cadeado especial. Ele é uma extensão do seu coração, ele permitirá que você e sua shugo chara lutem juntas. -Disse o loirinho surgindo ao meu lado e tocando meu braço, falando calmamente.

–C-Como assim, lutar juntas? E-Eu lutar? E-Eu? C-Como assim? -Perguntei, sem entender nada.

–Fu-chan, temos que ouvir o que o Loirinho disse. As irmãs da Sakura estão com a garota malvada ali. -Disse Sakura quase chorando.

–Lutar? Lutar? Como eu posso? Eu nem sei como e por que tudo isso está acontecendo. -Disse me agachando no chão e colocando as mãos na cabeça, completamente confusa.

–Deixe seu coração se abrir, Takishima-san. -Disse o loirinho se ajoelhando ao meu lado e me olhando com serenidade, como se soubesse de alguma forma simples para me acalmar.

–Deixar meu coração se abrir... Sakura é parte dele. E os ovos que estão ali com aquela garota também são, eu desejei e elas vieram para me ajudar a descobrir quem eu sou. É isso? -Perguntei a mim mesma, lembrando-me da sucessão de fatos que ocorrera assim que acordei. Eu de certa forma sentia que eu devia ajudar aquelas pequenas criaturas que estavam nos ovos, sentia que os Guardiões estavam ali porque era algo que eu devia realmente fazer.

–Fukuya-chan, abra seu coração! -Disse Rikka como se me estimulasse. Levantei a cabeça, abrindo meus olhos para ver Sakura, que me observava preocupada.

–Sakura... Eu não sei direito porque você ou os outros ovos nasceram. Mas, eu quero abrir meu coração. Rikka-chan, eu abrirei meu coração! -Disse me levantando e fazendo pose de confiante. De repente, senti o Humpty Lock em minhas mãos se aquecer, como se algo mágico acontecesse comigo e meu corpo.

–Fu-chan, vamos lutar juntas. Você abriu seu coração e agora, eu entrarei. -Disse Sakura sorrindo para mim, estávamos envolvidas em uma imensa luz, como se estivéssemos em outro universo, somente nosso. De repente, senti uma luz rosada como os cabelos de Sakura aquecer meu peito, saindo do Humpty Lock, que sozinho, por si só, se prendeu ao meu peito.

–Fukuya-chan...É uma chara nari! -Exclamou Rikka, pelo que pude ouvir de maneira distante.

–Chara Nari: Cherry Blossom. -Disse, vendo-me de repente ao lado de todos, ali, parada, vestindo uma blusa semelhante a de Sakura, com mangas longas e rendas que saim destas. Usava uma saia marrom até a altura da coxa mais ou menos, bufante e rodada, com rendas que saiam dela. Meu cabelo estava preso em maria-chiquinhas com fitas brancas os prendendo, nos pés, tinha sandálias japonesas e usava meias justas que iam até a altura da coxa.

–Ah, achamos a nossa Joker! Não acredito! -Disse Yuki-senpai pulando sobre mim e chorando como uma criança, me chacoalhando a ponto que estava ficando tonta.

–Yaya, pare com isso, vai matar a Takishima-san! -Disse Taichi me livrando dos chacoalhões daquela maluca. Sorri para ele, um tanto sem graça. Ele retribuiu o sorriso, me fazendo corar, não sabia que ele ficava tão bonito sorrindo. -Vamos Takishima-san, deixe a Sakura te guiar. -Disse ele me fazendo sentir em meu peito os poderes de Sakura, ouvi palavras em meus ouvidos, como se estas fossem meu guia.

–Spring Staff! -Disse automaticamente, com as palavras vindo em minha mente, era como se eu já soubesse o que fazer.

–Death Cutting! -Disse a misteriosa ruiva que pegara meus outros dois ovos, destruindo os patinhos que segurava sua foice.

–Nha, meus patinhos! -Choramingou Yuiki-san, vendo seus patinhos de borracha serem destruídos.

–Agora, é a sua hora, Takishima Fukuya! Death Cutting! -Exclamou a ruiva vindo em minha direção.

–Fu-chan, use o poder que lhe darei! -Disse Sakura, dizendo lentamente algumas palavras.

–Spring...Light! -Disse, posicionando meu cajado a minha frente, fazendo surgir de repente uma imensa luz, como se fosse a luz de um belo dia ensolarado.

–K...KYAH! -Exclamou a ruiva sendo lançada para trás, soltando meus ovos com a força do impacto do feixe de luz em seu corpo.

–Fu-chan, pegue! -Disse Sakura vendo os ovos virem em minha direção.

–Okay! Vines Strings! -Exclamei, fazendo surgir de meu cajado grandes cipós, que pegaram os ovos a tempo, antes que estes caíssem no chão e se partisse.

–T-Takishima Fukuya... Eu voltarei! -Exclamou a ruiva misteriosa se levantando cambaleante e saltando para um lado qualquer, rápida como uma faísca.

–Você foi ótima, Fu-chan! -Disse Sakura saindo de meu corpo, fazendo-me voltar a minha forma normal, sem toda aquela roupa estranha de antes.

–Fukuya-chan, você fez chara nari, foi incrível! -Disse Rikka pegando em minhas mãos e me olhando como os olhos brilhando.

–Hehe, até agora não entendi nem o porque daquilo ter acontecido. -Disse, coçando a cabeça e dando um sorriso envergonhada.

–Takishima. -Disse uma voz familiar, me chamando a atenção e ma fazendo virar para ver de quem se tratava. Era Taichi. Ele agora usava seu uniforme, assim como Yuiki-san, parece que aquilo que estava acontecendo antes também era uma chara nari deles.

–Yukizaka-kun. -Disse olhando atentamente para ele.

–Venha ao Jardim Real com a gente. Acho que lá é mais fácil de falar sobre o que aconteceu. -Disse ele saindo a frente, sendo acompanhado por todos os demais guardiões, somente eu fiquei parada ali, sem dizer nada, quase sem respirar. Quando ele se tornara tão sério, seguro? E por que aquele jeito dele fazia meu coração palpitar? Por que?

–Fu-chan, vamos! -Disse Sakura me tirando do transe.

–O-Okay! -Disse, me apressando para alcançar os guardiões, antes que eles desconfiassem que estava pensativa a respeito do Yukizaka-san ou que eu fugiria deles, como tinha fugido ontem da Rikka-chan.

[Ruiva misteriosa P.O.V]

–Droga... Aquele golpe doeu mesmo! -Disse segurando meu braço, a parte mais atingida, que havia sofrido um corte. Estava agora em minha forma comum, com Hokuto me observando.

–O Mestre não gostará de saber que deixamos a Joker sobreviver. -Disse minha chara, deixando-me nervosa no sentindo de raiva e de apreensão. Eu sabia que alguém pagaria por isso, eu sabia que o mestre puniria minha mãe pela minha falha.

–Hokuto... Precisamos vencê-la.

–Sora-chan, não fique nervosa. A Chiharu-chan vai te ajudar! -Disse uma voz suave, de repente. Quando pude perceber, o outro ovo que tinha, o branco com um desenho de coração, se partiu. Dele, saiu uma meiga garota de cabelos acinzentados, usando um vestido branco de alcinhas, com uma tornozeleira de coração num dos pés e no outro, uma sandália prateada. Seu cabelo tinha imensos laços cor-de-rosa. Era enojante saber que aquilo era meu suposto eu.

–N-Não diga besteiras! V-Você não passa de um erro! Desapareça! -Disse, trincando os dentes de raiva, inconformada de ver que aquele ovo maldito havia nascido. -SUMA! -Gritei e saí correndo, cheia de cólera e desespero por ter deixado uma coisa tão inútil nascer. Estaria eu me tornando tão inútil assim.

–S-Sora-chan... -Disse a pequena coisa, ficando para trás, sem fazer um movimento para me seguir.

Continua