– Então...você é irmã da Lizzy Mitchell. Sabe, eu ouvi alguns boatos sobre você...- Ele começou, de novo.

– Olha, eu só quero saber aonde fica a porcaria da sala, tá legal? - eu dissse, ríspida o cortando.

Eu já estava com minhas pernas doendo de tanto andar ao lado desse garoto insuportável, que para meu azar foi o primeiro a quem fui pedir informação. David Collins é o nome desse ser incrivelmente corajoso.Pois ele foi o único que não saiu correndo quando via que eu me aproximava.

O que descobri mais tarde é, que, sua prestatividade é devido a sua curiosidade inabalável.

Já que esse é o vigésimo fora que lhe dou e mesmo assim ele não desiste do seu relatório de perguntas. Estou quase o mandando se foder.

– Nós já estamos chegando, não se preocupe.- David disse, sorrindo simpático - Mas então,...você e Lizzy são tão diferentes...

Reprimi um palavrão bem cabeludo. Respirei algumas vezes. Não vou mata-lo, não vou mata-lo, não vou mata-lo,...Eu dizia a mim mesma.

– Sabe, obrigado pela ajuda, mais acho que posso me virar sozinha a partir daqui - falei sem paciência.

– Mas...- David tentou argumentar.

– Você disse que é no prédio 03 C, não é? Olha é aqui! - eu disse - Acho que consigo achar a sala sozinha. - tentei um sorriso - Foi um prazer conhece-lo, David.- agora eu estava sorrindo falsa.

Ele pareceu meio decepcionado.nDei as costas sem me importar de está sendo ou não seguida pelo loiro efeminado.

:

:

:

Finalmente achei a maldita sala. Me apresentei ao professor, um homem de 40 e poucos anos de cabelos preto tingido, olhos castanho atrás dos óculos, e rosto com algumas rugas já aparente. Sro. Michael.

Ele logo mandou que eu me sentasse em uma carteira.

Claro ouvi alguns ''Olha o que ela fez com o uniforme'' '' Que esquisita'' ''Ela até que é gatinha'' ''Coitada da Lizzy ter que conviver com uma louca em casa e agora no colégio também''.

Olhei em volta procurando pelo autor da fala, pronta para soca-lo e foi aí que vi Lizzy encolhida, claramente constrangida por minha presença na mesma sala que ela e com todos os seus ''colegas'' sussurrando coisas a meu respeito. Não pude deixar de sorrir com isso.

E eu que achava que o colégio era uma merda, agora as coisas vão ser bem mais divertidas.

:

:

:

Consegui assistir a quase todas as aulas sem esbarrar com David e mais nenhum outro enxerido. Algumas aulas foram juntas das de Lizzy, o que me destraíu, já que eu não prestei atenção em porra nenhuma do que a professora falava.

Simplesmente não conseguia parar de encara-la quando suas amiguinhas lhe faziam perguntas sobre mim.

Eu tinha que me segurar para não cair na gargalhada com suas respostas idiotas. Claro que alguns curiosos tentavam puxar assunto, mas logo desistiam, já que eu os ignorava.

Quanto ao meu uniforme, não tive nenhuma reclamação seja de professor ou diretor. E isso tem uma simples e óbvia explicação:

Por eu ser filha de Elizabeth e John Mitchell, o casal mais rico e influente, quem em sã consciência vai implicar com a roupa da filha do homem que pode fechar sua escola num instalar de dedos?

Eu poderia ir até pelada que ninguém ligaria.

Pensando seriamente em por essa idéia em prática, ouvi o último sinal soar indicando que já está na hora de ir embora dessa porra chamada colégio. Como bandidos fugindo da forca, todos começaram a sair da sala.

Pego minha mochila, me levanto da carteira, e vou saindo da sala, quando, esbarro em alguém.

– Ora, sua esquisita! Olha por onde anda! - disse uma loira alquisigenada de voz estridente e perfume doce enjoativo.- Olha o que você fez! Derrubou meus livros no chão! Pegue-os agora! - Ela ordenou, cruzando os braços, me encarando com seus olhos azuis raivosos. - O que está esperando?! Pegue-os agora!!!

Ai, ai, ai,..Quem essa vadia pensa que é pra gritar comigo?

– Se quer seus malditos livros, pegue-os você mesma! - Eu disse dando as costa, passando por ela.

– Ei!! SUA GRANDE VACA! VOLTE AQUI!!!! - Ela gritou em minhas costas - QUEM VOCÊ PENSA QUE É?!!! - ela me alcançou, colocando suas mãos em meus ombros.

Me virel para olha-la de frente.

– A pergunta é: Quem você pensa que é pra tocar em mim?.- eu disse, entre dentes.

– Eu sou Kelly Hawvar, filha do diretor desse colégio - ela sorri - e se você não voltar lá , pegar meus livros e implorar por perdão, eu farei sua vida um inferno, entendeu garota? - Kelly sorriu, convencida.

– Eu não vou pegar merda nenhuma e tô pouco me linchando para o que você vai fazer.- lhe dediquei um sorriso debocahdo - Então vê se me deixa em paz para o seu próprio bem. E só mais uma coisinha : VAI PRO INFERNO! - Gritei na cara dela.

Kelly ficou pálida de uma forma que foi impossível não rir.

Mas acho que isso só piorou a situação já que há deixei ainda mais furiosa.

– SUA IDIOTA! - Kelly gritou enraivecida.

Seu rosto ficou vermelho e ela fechou os punhos. Eu apenas a encarei em desafio, esperando que ela explodisse.

Era isso que eu queria, uma boa briga para descontar minha raiva. E Kelly parecia prestes a me socar, quando olhei por sobre seu ombro, e vi Lizzy vindo em nossa direção.

– O que está acontecendo? - perguntou Lizzy, me olhando em acusação.

– Tá acontecendo, que a bruxa da sua irmã acabou de assinar sua sentença de morte! - gritou Kelly, apontando o dedo na minha cara.

– Emily o que você fez? - disse Lizzy se voltando pra mim.

Sério que ela se acho no direito de ter alguma resposta minha?Argh! Lizzy está ficando cada vez mais abusada.

Acho que eu deveria amarrar uma coleira em seu pescoço e começar a adestra-la. Mas, por enquanto, acho que tenho que agir como uma boa menina.

Ou quase...

– Sem querer eu esbarrei nessa garota escandalosa. - respondi - E agora ela acha que eu tenho que me desculpar. Coitada! - debochei.

– Emily...- Começou Lizzy em tom brando - Tenho certeza que você vai se desculpar com a Kelly, não é ?

– É, você vai se desculpar, não é, Emily? - perguntou Kelly, sorrindo feito uma sirigaita.

Argh! Como eu odeio essa garota! E o pior é que eu não posso arrebenta-la na frente da Lizzy.

Provavelmente John ficaria sabendo e a última coisa que eu quero é estragar meu disfarce. Nossa, isso soa como uma fala de algum filme onde a mocinha se infiltra em terra inimiga disfarçada.

Claro, eu não sou a mocinha. Sou a vilã.

Bom, voltando a questão como surrar alguém sem parecer má.

Não sei porque Lizzy está defendendo ela, mas tenho uma leve noção, provavelmente é por causa da sua popularidade.

Lizzy não quer ser excluída do circulo social adolescente do colégio só por que sua irmã em um ataque de fúria desfigurou o rosto da garota mais popular e influente do colégio.

Bem, de qualquer jeito, eu ainda quero arrebentar Kelly.

Cortar sua língua porque me xingou de vaca.

Depois enfiar meus dedos em sua cabeleira loira e arrancar uma boa quantidade de fios com um puxão bem violento. Depois pegar seu fino pescocinho em um aperto sufocante, e também...Mas não há como fazer isso. Não com a Lizzy por perto. Sem falar nas pessoas em volta.

Sinto que se eu começasse a surra-la provavelmente se formaria um circulo de pessoas em volta, incentivando a briga.

E eu não gosto de platéia.

Saindo de meus desvaneios, voltei minha atenção as duas loiras á minha frente.

Kelly parece impaciente batendo o salto, com os braços cruzados, e de cara amarrada. Lizzy me olhando com seus intensos olhos azuis na expectativa.

Respirei fundo forçando um sorriso e disse:

– Me desculpe, Kelly. Vou pegar suas coisas agora mesmo, está bem ?

Dei as costas as duas e voltei a sala. Me agachei e peguei as coisas espalhadas ao chão.

Voltei até elas e sorrindo entreguei tudo nas mãos da presunçosa Kelly.

– Acho bom mesmo! - Disse ela, e sem tirar o sorriso do rosto se voltou para Lizzy - Sabe Lizzy, você deveria ensinar boas maneiras a sua irmã. Não é todo mundo que está disposto a perdoar atitudes idiotas. Da próxima vez eu não vou ter nenhuma consideração por você, e levarei isso a meu pai, está entendido?

– Claro, Kelly. - disse Lizzy - Não haverá próxima vez. Emily é muito explosiva, acaba falando sem pensar, não é, emily? - perguntou Lizzy tentando soar amigável.

– Sem dúvida não haverá próxima vez. - sorri cínica para Kelly.

– Argh! Que seja! Bom, então tchau! - Kelly disse, nos dando as costas.

A vadia ainda teve a cara de pau de jogar a cabeleira loira na minha cara enquanto passava por nós.

Resistindo ao impulso louco de agarra-la pelos cabelo e sair arrastando-a até fazer feridas em suas pernas, me voltei para Lizzy.

– Meu Deus, Emily! O que você tem na cabeça?! - Começou Lizzy quase desesperada - Arrumar briga no seu primeiro dia de aula logo com quem?! Kelly Hawvar! Tem noção de como isso vai me afetar! Você não sabe o quanto eu...- Continuou ela, mas eu já não estava prestando atenção.

Agora quem detia minha atenção era Kelly que acabara de entrar no banheiro feminino...sozinha.

– Lizzy! - chamei sua atenção - Eu acho que esqueci uma coisa na sala. Por que você não vai na frente e me espera no carro? Eu prometo vai ser rápido, está bem?

– Emily, nós temos que ir, Joseph disse que a mamãe quer que passemos no shopping para comprar algumas coisas para você e eu.

– Escuta, eu vou ser rápida! Não demoro nem 05 minutos! Vai me espera, pode ir vai! - Insisti, empurrando Lizzy pelo corredor.

– Tudo bem! Mas não demore! - disse Lizzy.

– Ótimo! Não se preocupe, vou ser rápida! - eu disse me afastando dela.

Seguindo pelo corredor olhei por sobre o ombro para me certificar que Lizzy já houvera partido.

Parei em frente a porta aonde vi Kelly entrar, e com uma olhadela pelos lados, não vi ninguém.

Abri a porta do banheiro feminino, entrei, e a fechei com um baque silêncioso.

Continua....