Doce Emily escrita por LittleMonster


Capítulo 2
Capítulo 2 Família Feliz


Notas iniciais do capítulo

Segundo capítulo aqui. Espero que gostem e deixem riviews.^^



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Boto minha cabeça em seus ombros e desmancho o sorriso em uma cara de nojo.

Eu e Elizabeth ainda estávamos em frente a clínica, e eu já estava quase agarrando seu pescoço.

Pois ela não me largava!

– Emily, você está tão linda! - ela diz, me abraçando novamente - Eu acho que vou chorar! Minha filhinha está tão grande! - disse ela, me livrando de suas garras.

Eu juro que se não formos embora agora, eu a mato aqui mesmo.

– Mas deixe disso! Nada de choro! - ela diz - Eu já estou velha de mais para isso. - ela pega um lenço de dentro da bolsa e assoa o nariz.

A minha vontade é de enfiar esse lenço goela a baixo.

Ela segura minha mão, me guiando feito uma criança.

– Vamos! - disse, limpando uma lágrima imaginária - Seu pai e sua irmã não puderam vir te buscar comigo, mas estão tão anciosos pela sua chegada! Joseph! - ela chama o motorista, e sai do carro um cara de uns 62 anos com cabelos grisalhos e sem expressão facial. Legal. Beleza.

Parece mais um robô. É a convivência com os Mitchell,s.

 Ou você fica louco, ou vira um robô sem vida social e sem personalidade própria, pronto para servir as ordens de Elizabeth.


 Ele abre a porta da limosine e nós entramos. Ele entra também, deixando minhas malas lá fora. Fico puta da vida com vontade de bater com sua cabeça contra o volante.


 – Você esqueceu minhas malas.- digo de forma ameaçadora, tentando controlar minha vontade de arrancar sua cabeça.


 Ele me olha pelo espelho no teto do carro como se eu fosse louca.



 – Querida, - diz Elizabeth - comprei roupas novas pra você! Não vai precisar daqueles trapos.- diz a cadela, com deboche estampado na cara.



 Piranha! Cadela! Filha de uma puta arrombada!



Eu queria xinga-la, mas me controlei.


– Agora, ligue logo esse carro, Joseph! Tenho certeza que a Emily está louca para chegar em casa, não é querida?! - pergunta Elizabeth, toda sorridente.

Sim, estou tão louca que poderia matar você, o motorista, e assumir o controle do carro, só para chegar mais rápido em casa e não ouvir mais nenhuma palavra que saia dessa sua boca nojenta nos próximos 20 minutos.

 – Sim, mamãe.- respondi, lhe devolvendo o sorriso falso - Estou ansiosa para voltar para casa.



Falsidade por falsidade. Sempre funciona.


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 Depois de mais de meia hora me controlando para não enfiar meu grampo de cabelo na garganta de Elizabeth, o carro parou em frente á uma linda mansão.




 Lembro-me de mim matando e enterrando o gato da vizinha nesse mesmo jardim. A faixada não mudou nada, continua o mesmo branco e amarelo catarro.

O portão da frente da mansão é aberto e o a limosine entra.


A limosine estaciona, o motorista abre a porta e Elizabeth sai me arrastando junto. Ela abre a porta da mansão e nós entramos.

A casa mudou por dentro. Agora há uma escada enorme em frente a porta principal. Quadros antigos nas paredes, vasos com pinturas estranhas, sem falar dos móveis de cores escuras. Parece uma mansão assombrada, daqueles filmes antigos, onde o Drácula possivelmente moraria.

Assustador, e eu já passei por coisas nessa casa, que se as paredes falassem, elas deporiam a meu favor. Ou contra mim... Tanto faz. Dei de ombros.

Logo que entro John e Lizzy veem me dar as boas vindas.

 John não mudou muito, só os cabelos que eram pretos, agora estão castanho tingidos. A cara quase caindo de tantas plásticas.


Lizzy mudou um pouco. Seu cabelo loiro claro cacheado, igual a de um anjo: agora está liso até a cintura. Bem, mas para mim, ela está com mais cara de devassa do que nunca.

Ela usa um vestido rosa tomara - que - caia, que me dá vontade de rasgar só de olhar, e John um terno preto elegante que me fez lembrar as surras que ele me dava quando pequena.

Ele odiava sujar seu terno com o sangue que escorria das minhas coxas quando eu apanhava de cinto.

Eu apanhava duas vezes: Uma por ter feito merda, e a outra por ter o feito sujar seu terno novo.

 – Emily, fico feliz que tenha voltado pra casa.- diz John, tentando disfarçar a amargura e a insatisfação em sua voz. Não funcionou. Mas sorrio mesmo assim.


– Seja bem vinda, filha. - ele me abraça de leve, com medo de abarrotar seu terno.

– Seja bem vinda de volta, Emily.- diz Lizzy, vindo me abraçar.

Sorrio e dou um puxão em seu cabelo. Ela se afasta rápido e assustada.

– Que lindo! Finalmente nossa família está completa! - falou Elizabeth, emocionada, com lágrimas nos olhos.

Idiota! Se ela soubesse que voltei apenas para destruir sua ''família'', ela realmente teria motivos para chorar....

– Muito bem, já chega. Vamos deixar Emily conhecer seu novo quarto.- disse John e depois se virou para Lizzy. - Lizzy, filha, leve sua irmã para o quarto dela e a ajude a escolher alguma roupa. Depois desçam as duas para o jantar.- mandou, já querendo se livrar de mim.

– Sim, papai - Lizzy se vira para mim, com receio.- Vamos, Emily?

Dou meu melhor sorriso e subimos as escadas juntas.

(...)

Passamos por quatro portas até chegar na última, no final do corredor.

Lizzy abre a porta e entra. Entro em seguida.

O quarto é grande. Tem um guarda-roupa branco de seis portas, uma TV de plasma em frente a cama e uma penteadeira das antigas só que conservada, bem próxima a porta. Uma escrivania perto da janela, que está ao lado da cama. E eu com certeza a usarei para fugir no meio da noite

 Afinal, eu vou fingir ser uma boa menina .Não vou ser uma boa menina de verdade...


 – Olhe, tem algumas roupas que a mamãe comprou.- Lizzy diz, abrindo o guarda-roupa e jogando alguns vestidos em cima da cama. - É claro, se você não gostar de nada, amanhã nós podemos ir comprar mais roupas...- ela sorriu, meio insegura.


Para mim está claro que Lizzy não quer passar tempo algum comigo. Garota esperta.

 – Não, tudo bem. - eu digo - Eu vou tomar um banho e já desço.- falei, a empurrando pra fora do quarto.

(...)


 Tomei um banho quente e coloquei um vestido simples. Passei um brilho de morango na boca, escovei meu cabelo e o prendi para atrás com uma presilha de borboleta.


Me olho no espelho e vejo uma menina inocente e senssível. Adorável.

Por que essa é a imagem que quero passar para esses desgraçados que me colocaram na porra de um hospício.

Viu, eu estou perfeitamente bem. Vamos ver até quando...

(...)

 Depois de três batidas na porta do quarto eu a abro. Era Lizzy.


 – Emily, papai disse que é pra você descer...- Lizzy parou o que estava dizendo, surpresa comigo. - Você gostou dos vestidos que a mamãe comprou?- ela pergunta - Achei que você não gostava de vestidos - disse, me avaliando de cima a baixo.



 Gosto de vestidos tanto quanto gosto de você.


 Ou seja: odeio vestidos.


 – Porque você acha isso, Lizzy?! Eu sou uma menina e meninas gostam de vestidos, não é? - perguntei, cínica.


Lizzy ficou com uma cara confusa.

Vai ser tão fácil brincar com a cabecinha dela. Tão burrinha.

 – É, tem razão.- ela confirma - Eu só estou te achando diferente, sabe? Mais...tranquila. Você está mesmo bem, Emily? Quero dizer, você acabou de sair de um..hospício, entende? Você não deveria está revoltada e com raiva do papai e da mamãe por eles terem-lhe colocado lá? - ela pergunta.

Sim, e estou. Penso, mas não digo.


– Lizzy, você não passou pelo o que eu passei naquele inferno.- eu disse á ela e sorri - A última coisa que se pensa quando se está lá é vingança. A única coisa que se pensa, é sair de lá.

 Foi por isso que eu tentei fugir seis vezes e agora que sai, a única coisa que quero é destruir suas vidas, miseráveis!


– Desculpe, Emily. - diz ela se desculpando - Eu não queria ser intrometida - Mas foi cadela!

 – Tudo bem, Lizzy - sorri cínica.- Eu sou intrometida o tempo todo e não peço desculpas por isso.- disse, passando por ela.


 Ela não percebeu que eu a chamei de intrometida! Mas é muito burra mesmo!



(....)

Eu e Lizzy descemos as escadas e assim que Elizabeth me vê abre um enorme  sorriso.

Estou quase quebrando seus dentes.

 – Emily, você está...- Elizabeth se levanta da mesa - Linda! Meu bem! Eu estou vendo direito?! Emily, você está usando um vestido?!


 Ela me olha pasma sem tirar o sorriso irritante.



John entra na sala e me lança um olhar surpreso, mas depois volta para mesmo olhar frio e desinteressado de sempre.

– John querido, a Emily está usando vestido! Olhe! - ela me faz dá uma rodadinha. John nem se dá ao trabalho de erguer o olhar.

– É, eu já vi. - ele diz, se sentando em sua cadeira á mesa - Agora sentem-se logo que Gloria irá servir o jantar.- diz, da forma mais fria possível.

 Cuidado com suas ordens, papai. Posso fazer sua língua de jantar.


Todos nós nos sentamos na grande mesa de jantar como uma linda família feliz.


(....)



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O jantar foi uma merda! Elizabeth não parou de falar em o quanto eu iria adorar o colégio no qual me matriculou.

John ficou me encarando, esperando que eu atacasse alguém com a faca. Lizzy Lesada, ficou calada com aquela cara de bunda. Provavelmente com medo de dizer alguma coisa e o ''papai'' não gostar.

Estou numa grande merda tediosa.

De repente a empregada entra na sala e diz alguma coisa no ouvido de John que se levanta e sai da mesa com uma cara nada boa.

(....)

Terminei de jantar e John ainda não havia voltado.

Já estava saindo da mesa, quando ele aparece com a cara pior do que com a que saiu.

– O que foi, querido? Aconteceu alguma coisa? - pergunta Elizabeth.

John vem pra cima de mim, agarra meus braços com força e me olha feito um louco.

– FOI VOCÊ! EU SABIA QUE NÃO DEVERIA TER TE TIRADO DE LÁ! VOCÊ É LOUCA! É UMA PRAGA! - gritou o filho da puta, me sacudindo e apertando ainda mais meus braços.

 Elizabeth se levanta em meu socorro.


– John, o que aconteceu?! Largue Emily e explique! Você a está machucando! Solte ela John! - grita ela, segurando os braços de John, tentando faze-lo soltar meus braços já com suas unhas fincadas.

John vacila o olhar e respira fundo, soltando meus braços.

Ele se apoia na mesa, tentando se acalmar.

Lizzy fica parada em frente a escada olhando a cena, assustada.

 – Eu vou dizer o que ela fez. - ele diz, respirando com dificuldade - Ela de alguma forma causou um incêndio na clínica! - gritou, me acusando - A policia me ligou e disse que a clínica pegou fogo e que todos morreram. - ralhou, me olhando com ódio e continuou: – Disse também que eu deveria ir até lá tentar reconhecer o possível corpo da Emily.- ele respira fundo.


 Elizabeth olha pra mim com uma cara confusa.


– Mas aí, eu disse a ele, que a minha filha recebeu alta hoje. Exatamente hoje! - John ri sem humor - Quando que de alguma forma misteriosamente a clínica inteira pega fogo! - virou o rosto para me encarar - Agora eu lhe pergunto, Emily: você teve alguma coisa haver com isso? - perguntou me encarando com ódio e certeza.

John sabe que foi eu. Está na hora do meu ''teatrinho'' começar.

 – Eu não fiz nada, papai! - eu digo - Como eu posso ter causado um incêndio, se eu estive o tempo todo aqui? Eu saí de lá a menos de 24 horas, não tem como ter sido eu. Eu não sou mais aquela menininha que aprontava. Eu mudei...eu...jamais...faria..isso....- Deixei as lágrimas molhar meu rosto.


 Elizabeth vem me abraçar e diz:


– Ela tem razão. Ela esteve o tempo todo aqui! Ela jamais faria isso.- Me abraçou com mais força.

Estou com nojo no momento. Quase a empurrando, pegando a faca na mesa e enfiando no peito de John. Mas vamos ver onde até isso vai...

 – Mas eu perguntei ao policial qual poderia ter sido a causa do incêndio, e ele disse que pode ter sido causado pela eletricidade ou um problema na fiação elétrica...Então ela pode muito bem ter....- John tentou argumentar. Seu olhar é louco, desvairado. Como se procurasse desesperadamente algo que me encrimine.


Pois não vai achar! Não vai achaaaar! Zombei dele mentalmente.

 – Já chega! - disse Elizabeth - Você consegue se ouvir?! - perguntou ela á John - Será que consegue enxergar o quanto está sendo ridículo?! - Elizabeth me defende - Está acusando sua filha de uma coisa que ela não fez. Isso não tem sentido nem fundamento! - agora ela estava gritando.



 John parece surpreso por Elizabeth gritar com ele.





 Ele fecha os punhos e trinca o maxilar



– Lizzy e Emily, subam agora! - Manda Elizabeth nervosa.

 Lizzy sobe correndo enquanto eu continuo parada olhando os dois se encararem furiosos.



 – Emily, faça o que mandei e suba agora para seu quarto! - manda Elizabeth de novo.





 Subo correndo. Mas antes pude ouvir um ''Como ousa me enfrentar na frente das minhas filhas?!'' e mais um ''Você é louco, John! Ela mudou!''





 É eu mudei. De ruim pra horrível.





 Continua...


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Notas finais do capítulo

Se alguém ler, por favor comente *-* S2....