Depois de 13 bebidas, pelo que eu pude contar, Lizzy parecia uma puta louca, doida pra trepar com o primeiro que passasse na sua frente. Beleza. Eu poderia lidar com isso. E adoraria assistir.

 Eu havia bebido também, mas com certeza não estava tão bêbada quanto ela.

– Eu quero wisk com vodka e caipirinha! - gritou Lizzy, subindo em cima de uma mesa.

– Aquela é sua irmã?- perguntou um cara ao meu lado.

 Ele era gordo e tinha uma barba horrível.

Parecia um pouco até selvagem com seu cabelo longo e loiro, e seu sorriso era um tanto exagerado, eu diria até desesperado... Ou apenas um tanto bêbado e talvez drogado. Que se dane, eu não vou transar com o cara, de qualquer forma. Dei de ombros.

– É, ela é minha irmã. Infelizmente. - eu disse fria, olhando Lizzy dançar feito uma vadia, enquanto uns caras gritavam palavrões e a chamavam de gostosa. Não era de se surpreender, eu já a achava uma devassa mesmo.

 – Acho que ela bebeu demais. - disse o cara ao meu lado olhando Lizzy. Ele me deu um sorriso estranho. -  E você? Não bebeu o suficiente para tirar a blusa que nem ela? - ele perguntou, malicioso.

 – Não. - respondi o encarando com meu  melhor olhar de ameaça - E é melhor você calar essa boca, idiota.

 – Uma gatinha arisca! É assim que eu gosto.- ele se aproximou de mim. Seu rosto muito perto, quase me beijando.- Que tal a gente ir para um canto para conversar melhor?- pude sentir o cheiro forte de álcool - O que acha? - ele perguntou.

– Não, obrigada. - respondi, o desprezando.

– Tudo bem então! Eu faço o que quero aqui mesmo! - ele disse, me agarrando com seus braços gordos.

Ele pressionou seu corpo gordo e asqueroso contra o meu, tentado me beijar, enquanto eu desviava meu rosto, respirando seu cheiro de cachaça e suor misturado.

Eu tentava de todas as formas me livrar de seu aperto, mas não consegui. Entrei em desespero quando ele começou a apertar meus seios com suas mãos nojentas. Me debati com todas as forças, mas parecia que isso só o excitava ainda mais.

É claro que eu gritava, mas a música alta não permitia que alguém me ouvisse. E acho que mesmo que ouvisse, ninguém ligaria, parecia que todos estavam bêbados.

Mas de uma coisa eu tinha certeza: quando eu me libertasse, ele seria um homem morto. Um rato morto, é melhor.

 – Solta ela! - disse uma voz masculina. - Solta ela agora, Brend!- mandou de novo, pelo que pude ouvir parecia que a voz vinha detrás de mim.

– Cai fora, Derek! Ela é só minha! - disse o porco, enfiando a língua na minha boca.

Mordi sua língua com força até que senti o gosto de sangue.

– Vadia! - ele levantou a mão em um punho para me bater e por um segundo, fechei meus olhos esperando pelo soco. Mas nada. Nada aconteceu. De repente senti meu corpo livre de seu aperto sufocante e, pude respirar normalmente.

 Olhei ao redor, procurando pelo desgraçado que me agarrara, pronta para mata-lo. Mas fiquei paralisada quando vi ele caído a pouco centímetros de mim. Ele tinha o nariz sangrando e uma poça a baixo de sua cabeça acumulava muito sangue.

Bem feito! Tomara que esteja morto! Pensei sorrindo.

– Você está bem?- perguntou a mesma voz que mandara o idiota me soltar. Me virei para identificar o dono da voz e provavelmente meu salvador.

Perdi o folêgo quando olhei para o cara mais lindo que já vi na vida.

Ele era bem alto, seus músculos bem definidos por trás da camisa branca de gola em v que estava quase transparente por causa do suor, seu peito subia e descia com a respiração acelerada, seu rosto era perfeito. Seus olhos azuis profundos me fitavam com intensidade.

Seu cabelo preto repicado, estava um pouco molhado, os lábios cerrados demonstravam impaciência. Mas o que mais me fascinou foi a cor de sua pele. Tão limpa, tão branca. Eu poderia me perder tentando descobrir até onde iria sua brancura. Eu estava diante de um anjo. Balancei minha cabeça. O que eu estou pensando?

 – Você está bem? - ele perguntou novamente. - Ele te machucou?- senti uma espécie de temor e raiva em sua voz.

 – Não, eu estou bem.- respondi, tentando voltar ao normal. - Quem é você? E quem é ele? - perguntei, indicando com a cabeça o gordo caído.

 – Meu nome é Derek, e esse é o Brend. Ele é um idiota que adora agarrar meninas indefesas.- ele disse - Eu e Brend trabalhamos aqui como seguranças. Ele vai ficar bem quando acordar. Não foi nada sério, mas provavelmente estaremos demitidos. - a expressão em seu rosto era séria. Muito séria, mas não escondia a raiva burbulhando por baixo.

Seu olhar estava preso no cara caído, mas especificamente no sangue. Algo passou em seus olhos azuis, alguma coisa próxima a desejo. Desejo pelo quê? Pelo...sangue? Ou pela morte? Quem sabe, os dois?

Acho melhor não saber. Derek piscou algumas vezes, antes de olhar pra mim novamente.

– É proibido arrumar briga aqui dentro.- ele disse.- Ainda mais por causa de menininhas indefesas.

Não dei a mínima para o que ele disse depois de "menininhas indefesas"

– Não sou uma menina indefesa.- Afirmei tentando pôr um ameaça na voz - E eu não precisava ser salva por ninguém. Eu daria um jeito nesse babaca.

 – Não era o que parecia. - disse Derek, irritado - Parecia que ele te estruparia sem que ninguém fizesse nada.Você deveria me agradecer, não acha? - sorriu, convencido.

Não gostei de seu sorriso.

– Não.- eu disse - Eu deveria chutar seu saco como faria com esse seu amigo tarado.- falei fria, olhando em seus olhos.

– Qual o seu problema, garota?! Acabei de salva-la. Tem noção que corro o risco de perder meu emprego por isso? - ele perguntou, a raiva vindo a superfície, finalmente. É bom saber que consigo causar ódio até naqueles que não me conhecem.

Sorri. Um largo e petulante sorriso. Desculpe, adoro provocar a ira nas pessoas. É um defeito, eu acho. Tenho dúvidas.

– Quem deveria ter essa noção é você, antes de se intrometer aonde não foi chamado. Agora sai da frente. - passei por ele, esbarrando em seu ombro com violência.

 Não olhei para atrás para ver com que cara Derek ficou. Provavelmente furioso. Marrentinho, filho da puta.

Empurrando alguns bêbados, segui andando, tentando encontrar Lizzy.

A música alta e as luzes estavam começando a me dar dor de cabeça. A única coisa que eu queria, era ir embora e esquecer que conheci esse babaca chamado Derek.

E pensar que eu o achei lindo. Argh! Eu me livraria daquele babaca sem a ajuda dele. Com certeza.

– Lizzy! - Chamei ela que dançava na pista com um cara que passava a mão em sua bunda, descaradamente.

 – Emily! Vem dançar comigo! Eu amo essa música! - Lizzy gritou, jogando os braços para o alto e pulando feito uma garotinha.

I'm gonna marry the night

I won't give up on my life

I'm a warrior queen

Live passionately tonight

I'm gonna marry the dark

Gonna make love to the stark

I'm a soldier to my own emptiness

I am a winner

I'm gonna marry the night

I'm gonna marry the night

I'm gonna marry the night

I'm gonna marry the night

I'm not gonna cry anymore

I'm gonna marry the night

Leave nothing on these streets to explore

Ma-ma-ma-marry

Ma-ma-ma-marry

Ma-ma-ma-marry the night

Ma-ma-ma-marry

Ma-ma-ma-marry

Ma-ma-ma-marry the night.

Atravessei a pista e me aproximei dela.

– Temos que ir para casa, agora! - gritei em seu ouvido para que me escutasse.

– Ah não! - ela disse, rindo - Eu quero ficar! Você tinha razão. Isso é muito divertido! - gritou, cuspindo na minha cara.

Ela estava cheirando a álcool e começou a rebolar até o chão e a rir histéricamente. Eu não estava com a mínima paciência para suportar mais nada nessa noite. E Lizzy usava apenas uma calça jeans e um sutiã.

Eu imaginava que alguém tentasse agarra-la e, embora eu até gostasse da idéia, a única coisa que eu queria era ir embora o mais rápido possível.

Por isso, eu agarrei Lizzy pelos cabelos e a arrastei pra fora da boate até a Mercedes preta estacionada próxima.

 É, parece que meu plano não saiu como eu esperava.

  Continua...