Já era uma hora, quando bateram fortemente à porta de minha casa. Acordei assustado, pois só tinha cochilado um pouco na poltrona.
Fui logo abrindo a porta, e dei de cara com aquele senhor de terno preto e chapéu que fazia sombra sobre sua face.
Ele queria meus serviços como detetive e me deu as pistas para o caso. Só um anel de diamante era um caminho para o Egito e a solução do mistério.
O senhor tinha cabelos grisalhos que chegavam até os ombros. Ele me entregou um anel de diamante e saiu correndo. Eu gritei:
- Senhor, por que me entregou este anel?
O senhor apenas respondeu:
- Vá ao Egito, e resolva esse mistério. Não posso dizer mais nada, Robert.
Me assustei quando ouvi o senhor me chamar pelo nome. Aliás, eu ainda não me apresentei. Meu nome é Robert Derrie. Sou um francês, criado em Londres. Sou um detetive. Mas, como aquele estranho senhor sabia o meu nome? Eu nem havia me apresentado.
Fechei a porta e me sentei na poltrona. Estava realmente muito cansado. Olhei para o anel em minha mão. Era de diamante puro. “Isso com certeza é uma relíquia...”, pensei. Me levantei da poltrona e subi as escadas em direção ao meu quarto.
Abri a porta do quarto e senti uma leve brisa, vinda da janela entreaberta. Coloquei o anel em cima do criado-mudo e fui até a janela. Estava sendo uma noite calma. O calor impedia todos de saírem para festejarem alguma coisa. A rua estava escura. E deserta.
Fechei a janela e saí do quarto. Desci as escadas e fui até a cozinha. Me lembrei que ainda não havia jantado, e estava com muita fome. Preparei um sanduíche e me sentei em uma cadeira para pensar um pouco sobre o que estava acontecendo.
Era realmente estranho resolver um caso como aquele. Confesso que várias vezes eu pensei em deixar o anel de lado e esquecer o mistério. Mas a cada vez que pensava nisso, me lembrava do misterioso senhor de cabelos grisalhos. Ele era a chave de tudo.
Terminei de comer o sanduíche e voltei para o meu quarto. Tirei o meu paletó e me deitei na cama. Peguei o anel em cima do criado-mudo e também uma lupa que estava ao lado. Comecei a examinar o anel. Sempre gostei de ficar falando coisas para mim mesmo, e, já acostumado, comecei a murmurar:
- Diamante puro, lapidação perfeita...
Virei o anel e examinei a base. Havia pequenas escritas na base do anel.
- Hieróglifos. – murmurei, ao descobrir o que eram.
Fiquei mais alguns minutos examinando o anel. Depois, coloquei o anel e a lupa novamente em cima do criado-mudo e me levantei. Tirei a roupa e fui para o banheiro. Tomei um demorado banho frio. “Londres está virando um inferno com esse calor. Maldito aquecimento global.”, pensei, enquanto me secava e vestia meu pijama.
Pendurei a toalha na porta do quarto e me dirigi à cama. Passei em frente ao espelho e fiquei mirando a minha imagem por alguns minutos, embora eu não gostasse de espelhos. Meus cabelos negros estavam quase chegando aos ombros. Eu odeio cortar o meu cabelo. Meus olhos verdes faziam contraste com o negro do meu cabelo. Certa vez, uma amiga me disse que o meu charme estava nos meus olhos verdes. Acho que nunca havia ficado tão corado quanto eu fiquei.
Deitei na cama e relaxei os músculos. Adormeci após alguns minutos.
No dia seguinte, estava pesquisando algo sobre o anel de diamante. Ouvi a campainha tocar e me levantei. Abri a porta e vi minha amiga Mily parada em frente à porta. Eu disse:
- Bom dia, Mily. Como vai?
Mily olhou nos meus olhos e notou algumas olheiras. Ela entrou e disse:
- Melhor que você, pelo jeito. Estava em alguma balada ontem, Robert?
- Eu não sou você, Mily. Eu trabalho muito.
- Eu também tenho trabalho Robert. E é o mesmo que o seu.
Mily sorriu. Eu sorri também. Mily era uma mulher linda, embora pensasse como uma adolescente de 17 anos. Eu disse:
- O que veio fazer aqui, Mily?
Mily se sentou e me disse:
- Saber se precisa de ajuda em algum caso.
Não me surpreendi ao ouvir aquilo. Quase sempre Mily me ajudava a resolver algum caso. Eu disse:
- Você deve ter um sexto sentido, Mily. Sempre que estou com um caso difícil nas mãos, você aparece.
Mily riu. Eu mostrei a ela o anel de diamante e expliquei o que havia acontecido. Após ouvir tudo, Mily me perguntou:
- E o que você pensa em fazer, Robert?
- Primeiro, vou descobrir o que está escrito no anel. Depois, acho que vou fazer um pouco de “turismo” no Egito.
- Eu estou incluída nesse pacote de viagens? – Mily me perguntou, interessada.
Não pude conter o sorriso malicioso que surgia no canto da minha boca. Eu disse:
- É claro, Mily. O que eu faria sem a sua ajuda?
Mily sorriu. Eu devolvi o sorriso. Havia achado um lado bom nesta investigação. Dois dias depois, eu e Mily estaríamos viajando para o Egito. A nossa aventura estava começando.