Ele balançou a cabeça afirmativamente, sem desgrudar o olhar dela. Ela estava certa, ele realmente devia ficar mais calmo.

Abraçaram-se, sendo cobertos pelos raios alaranjados vindos do céu. Estava ficando cada vez mais escuro, eles sentiam o dia esvair-se por completo. Não eram mais duas almas, eram apenas uma. Não, sem o apenas. Era algo muito grande, maior do que eles mesmos.

O “nós” supera o “Natsu e Lucy”.

Porém, eles – ainda – não tinham percebido isso. Mas, já tinham algumas pistas; elas sempre estiveram ali.

Antes, o rio que corria na frente deles estava mostrando a despedida do céu, contudo, naquela hora já mostrava a escuridão imensa da noite. Com as estrelas sendo escondidas pelas nuvens, tudo o que se via era a lua, cheia e brilhante.

Era como um farol tentando dar alguma luz para aqueles dois corações desajustados.

Realmente, dois idiotas.

Nenhum dos dois tinha mais noção alguma das horas. O tempo não importava, nada mais tinha alguma importância.

O corpo da loira estava frio, contrastando com o calor que pulava dentro do seu coração - sua alma estava borbulhante por dentro. Como se o calor dele passasse pelo toque.

O rosado já estava mais calmo; ela o acalmava.

Lentamente, separaram-se – conservando o toque das mãos.

- Obrigado. – disse a voz masculina, rouca, olhando dentro da alma da garota ao seu lado.

- De nada. – retribuiu a feminina, leve, cada vez mais entendendo o quanto aquilo estava sendo importante para ele.

Continuaram seu trajeto. Cada passo era lento, cada segundo importava. Lucy via pela expressão na face dele que, ali dentro, uma batalha, uma confusa e desgastante batalha estava se passando. E, se continuasse assim por muito tempo, os exércitos iriam ser aniquilados.

As coisas estavam confusas, bem confusas, dentro dele.

Uns flashes estranhos passavam em sua mente. Sua infância... seu pai. Estava se lembrando das coisas que Igneel sempre lhe dizia, de como ele sorria orgulhoso ao ver a criança sorrir de orelha a orelha aquele seu sorriso típico que carregava desde sempre. Logo depois, lembrava-se de quando ele tinha ido embora.

Como o vento... agora, tudo não se passava de apenas lembranças.

Por quê? – gritava dentro de si. – E-eu... eu queria que ele estivesse aqui.

O vento teimava em se intensificar cada vez mais na medida em que se aproximavam da floresta. Já podiam sentir o cheiro fresco das folhas e os diferentes perfumes adocicados que as mais diversas flores exalavam. Os diferentes aromas pareciam aliviar o que estava se passando dentro daquela mente; Lucy pôde perceber um leve esboço de um sorriso ser moldado nos lábios do rosado.

Os olhos dele estavam entreabertos. Era tão estranho vê-lo daquela forma, tão quieto. Parecia... parecia outra pessoa. Onde estava o Natsu hiperativo de sempre? Isso a deixava confusa. Onde estava o desajustado, encrenqueiro e invasor da casa dos outros - mais especificamente,  da casa dela -  que ela tinha que conviver com todos os dias?