When I Look At You escrita por AcheleForever


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Eu estou de folga hoje e o cérebro resolveu me encher o saco. Mais uma das minhas viagens que eu espero que alguém leia. Enjoy it.



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Diga-se que meu sábado era para ser completamente tedioso. Não tinha nenhum plano para a noite e Tina me ligou chamando para um programa relâmpago. Meia hora depois ela estava em meu quarto escolhendo uma roupa apropriada para a ocasião a qual eu não sabia onde era. Não me surpreendi quando ela saiu do meu closet com a menor das minhas saias e uma pequena blusa, a qual deixava grande parte da minha barriga á posta. Barriga essa em que Tina insistiu que eu colocasse um piercing. Só que dessa vez eu não cedi, não tão fácil. Mas como sempre, no final ela ganhou. E lá estava eu com um piercing no umbigo.

Não discuti com a de olhos puxados em minha frente. Essas eram as roupas típicas que ela usava, e tentava que eu usasse. Na maioria das vezes eu me vestia mais comportada. Mas era sábado á noite, da minha última semana de férias do Senior Year da escola, e eu havia terminado com Finn na noite anterior. Eu queria me divertir, e era o que eu ia fazer.

Entrei em seu Mitsubishi Lancer preto com o inteiror com detalhes em rosa. Ela gostava de velocidade, mas não deixava de ser menos feminina por isso. Eu também era fã de sentir o vento em meus cabelos. Em menor escala, é claro. Tinha um modesto Lexus IS300 prata.

Eu não sabia por que éramos assim. Nossas famílias tinham dinheiro de sobra. Passávamos as férias em Aspen, o ano novo em Nova York e o natal em Paris. Por lógica deveríamos ter como hobby as compras. Mas desde sempre foi assim. Minha melhor amiga e eu, desde quando crianças, gostávamos de nos fantasiar correndo com carros velozes, fazendo curvas em alta velocidade e vendo pessoas atrás de nós. Tínhamos adrenalina correndo em nossas veias.

Não sei precisar quanto dinheiro perdermos nessas corridas. No começo, quando ainda não tínhamos controle total sobre o carro, era comum perder até mesmo nossos carros. Não que nossos pais se importassem, no outro dia outro era colocado no lugar. Mas era nosso orgulho que era ferido. E depois de pouco tempo, nosso talento aflorou, e começamos a ganhar em vez de perder. Começamos a colecionar algumas raridades em nossa garagem e algumas centenas de dólares em nossa conta compartilhada no banco. Claro que nunca ninguém soube o que fazíamos nas horas vagas. Apenas aqueles que frequentavam os mesmos lugares que nós. E tínhamos aquela regra básica de nunca contar a ninguém sobre o que acontecia nas corridas, era o nosso pacto para que sempre desse certo.

Não que já tivesse encontrado alguém que convivia comigo nesses lugares. Era impossível até de imaginar minhas amigas de escolas atrás de um volante. Isso era coisa para os seus choferes.

- Aonde vamos hoje? – perguntei ao perceber que entravamos em uma estrada que saia da cidade

- Hoje é nos limites da cidade, onde a policia nem sabe que existe uma pista.

- Vamos correr?

- Acho que não. Mike chamou a gangue do outro lado da cidade para correr com eles. Talvez vamos somente assistir.

- Mas se derem brecha...

- Nós corremos – sorrimos

Xxx

Ao chegar ao local iluminado por postes altos e com luzes muito brancas, pude ver que alguns carros já estavam ali, com seus capôs levantados exibindo seus motores preparados. Mike ao nos ver chegar, veio em direção de sua namorada.

- Como está tudo aqui? – Tina perguntou depois de lhe beijar rapidamente

- Quase tudo pronto. Só falta o último corredor do Stacked Deck, o que correrá na pista principal com Puck.

- Corajoso, seja ele quem for. O Aston Martin DB9 dele está quase imbatível – justifiquei

- Acho que quem vem é o chefe – deu de ombros

- O chefe em pessoa do Stacked Deck? Como você conseguiu isso?

- Fontes me disseram que á muito tempo ele quer correr por essas bandas. Foi só soltar o convite que ele aceitou.

- Eu deveria correr com ele.

- E por que, posso saber? – riu de lado

- Mike, todo mundo sabe que eu sou a melhor daqui – disse sem modéstia

- Desculpe, Big Star, mas dessa vez você não tem chance. Ele exigiu que fosse com Puck.

- Por que ele preferiria correr com um inferior do que com a melhor? – indaguei

- Acho que Puck estava se gabando demais por ter ganhado suas últimas corridas e comprado um carro novo.

- Ele vai colocá-lo no seu lugar – concordei com a cabeça – Bem, espero que ele não manche o nosso nome.

- Mesmo que o faça, eu sei que você vai elevá-lo novamente – sorriu

- Preciso ficar com ciúmes? – Tina se manifestou

- Claro que não, Tina. Ele só esta dizendo a verdade.

- Modesta como sempre, não é?

- Acho que ele chegou – apontou para nossas costas

E ao longe, eu vi seu Audi Le Mans Quattro azul claro estacionar no meio de toda a pequena multidão. As pessoas se calaram, e somente duas pessoas de seu clã se aproximaram do seu carro. O vidro foi abaixado somente o necessário para seus olhos se encontrarem e depois voltou a se fechar.

Seus olhos. Por um breve segundo eu vi seus orbes de um verde cristalino. Diria que seu olhar se cruzou com o meu, mas acho que foi coisa da minha cabeça. Seu carro se posicionou na linda de largada, e seus dois companheiros vieram até nós.

- O chefe chegou e disse que quer terminar com isso logo. Onde está o idiota de moicano? – o loiro mais alto falou

- Está ali – Mike apontou para Puck encostado em seu carro cantando algumas garotas

- Avise para ele se apresentar – ainda o loiro continuou – O chefe quer uma pequena mudança nos planos.

- E qual seria? – Mike disse não muito agradável

- A garota que dará a largada terá que ser essa – apontou para mim

- Eu? – apontei para mim mesma – Por que eu?

- Ordens do chefe.

- Rachel? – Mike se virou para mim

- Eu não costumo fazer isso, e você sabe o que eu penso sobre garotas que fazem isso.

- Só dessa vez Rachel. Se ganharmos, toda a costa leste será nossa.

- Se vocês ganharem do chefe – o moreno baixo de cabelos com muito gel se pronunciou pela primeira vez

- Rachel – Tina entrou em meu campo de visão – Faça isso. Só dessa vez.

- Tina... – ela sorriu – Ok, eu faço.

Os dois rapazes do outro clã saíram em direção á seu chefe enquanto Mike ia em direção á Puck. Tina deu alguns pulinhos em minha frente e começou a sorrir. O carro de Puck parou ao lado do seu concorrente e eu soube que era hora de fazer o que tinha que ser feito.

Caminhei até parar entre os carros. Mike falava alto sobre as regras da corrida e sobre o preço a ser pago pelo perdedor. Eu só sabia ignorar Puck e sua pose de macho alfa, e de vez enquanto encarava a janela escura do meu lado direito, imaginando como seria o seu condutor e porque ele me escolhera.

Para minha surpresa, o vidro insufilmado deu uma leve abaixada apenas para me fitar com seus olhos que carregavam uma aura enigmática.

- Por que me escolheu? Você poderia ter qualquer uma que está gritando agora na sua cama. Por que justo eu?

- Vou ganhar para você – voltou a fechar a janela

Alguma coisa me dizia que aquela voz era doce demais para o chefe do clã rival ao meu, e que possuía toda a costa leste da cidade, que era repleta de cassinos e bordéis. Parecia-me calma e segura de si, o que eu ao menos imaginava era que seria convencida e prepotente.

Mike saiu de seu posto e eu assumi seu lugar. Dois sinalizadores foram colocados aos lados dos carros sinalizando que onde eles estavam parados nesse momento, também seria o final da corrida. Levantei meus braços juntos ao meu corpo, contei mentalmente até três, e os abaixei rapidamente, vendo os dois carros passarem por mim fazendo um barulho muito alto.

Voltei a ficar de pé e olhei para a pista, vendo os dois disputando à dianteira. Mas já na primeira curva, Puck havia ficado alguns metros para traz.

Suspirei alto e me postei ao lado de uma Tina sorridente, que olhava entusiasmada para o lugar de onde eles haviam partido á poucos segundos.

- O quê ele te disse? E não me venha dizer que não foi nada, que todo mundo percebeu que ele falou com você.

- Disse que ia ganhar essa corrida para mim – disse sem muita importância

- O quê?! Como assim o chefe de um clã rival disse que ia ganhar por você? – parecia perplexa

- Eu também não sei, está tudo muito confuso agora. Isso não deveria estar acontecendo.

- Eu sei! Ele deveria querer te ver fora daqui. Você é a melhor que temos, seus corredores geralmente perde terras pra você. Como ele pôde simplesmente chegar aqui e dar em cima de você?

- Essa história não esta bem contada... – olhei por todos os lados

- E, além disso, ele é o único chefe que não dá as caras. Ninguém nunca viu seu rosto, me parece muito enigmático.

E um barulho ao fundo pode ser ouvido. Os motores fortes faziam um barulho alto enquanto se aproximavam do local. As pessoas falavam exaltadas e excitadas para ver quem realmente ganharia essa. Os dois carros fizeram a última curva sincronizados, e logo vieram para a última reta. Minha esperança me dizia que Puck, ainda que um completo idiota, ainda poderia ganhar e salvar o nome do nosso clã. Mas assim que os carros aumentaram sua velocidade para os últimos metros, o carro azul abriu uma pequena distancia do vermelho. Assim que passaram pelos sinalizadores, os carros desaceleraram até que estivessem completamente parados. Puck saiu xingando em todas as línguas que conhecia seu carro, e o outro condutor, apenas ficou dentro do seu carro.

O garoto de moicano jogou suas chaves para Mike que prontamente as entregou para o loiro alto que estava sorridente ao seu lado.

- Dissemos que se vocês ganhassem... Mas não ganharam – saiu andando até o carro azul

Ficou a conversar com a pessoa que se encontrava dentro e logo voltou para nosso lado, com um pequeno sorriso de canto de lábios em seu rosto.

- O chefe quer falar com você – se dirigiu á mim

- Por que especificamente? – cruzei os braços

- Quer falar a todos que sua vitória foi para você.

- E como ele fará isso de dentro de um carro? – zombei

- Ele vai sair. Pra falar com você.

- Pensei que ele não mostrava as caras.

- E não mostra. É a primeira vez que faz isso – e saiu andando

Respirei fundo e olhei para Tina. Ela tinha um olhar apreensivo, assim como Mike. Também pensava que poderia ser algum tipo de armadilha pra me tirar do seu caminho, mas a curiosidade estava me consumindo. Eu queria e iria pagar pra ver a cara de quem acha que pode fazer o que quer nas minhas terras.

Andei calmamente para o carro, que ainda permanecia de vidros e portas fechados. Cruzei os braços e bufei, odiava ficar esperando.

Um clique pode ser ouvido vindo do carro, e a porta devagar foi se abrindo. Primeiro revelou um bota rasteira, que eu diria que tinha o estilo country. Depois pernas brancas e magras, porém musculosas, cobertas parcialmente por um short jeans. E depois a pessoa saiu por inteiro do carro, me deixando com a boca levemente aberta de espanto. Na parte de cima de seu busto poderia ser visto uma camiseta regata marrom, onde poderia ser visto seu sutiã rosa claro nas beiradas. Por cima um pequeno colete preto aberto e algumas pulseiras nos braços. Seus cabelos eram loiros e curtos, e pareciam que tinham sido secos pelo tempo, deixando-os com um ar muito sexy.

Não sei se meu espanto era por ela ser tão bonita que me fazia parecer uma pessoa na multidão que ao menos era notada, por ter sido ofuscada por sua beleza, ou pelo chefe de toda a costa leste era uma mulher. Deus, uma mulher.

Todos ao nosso redor seguraram o ar em seus pulmões, com a mesma reação que eu. Todos os homens dessa cidade temiam á ela. E ela parecia tão frágil encostada em seu carro desse jeito.A música baixa que vinha de dentro do automóvel poderia ser reconhecida como pop, mais precisamente Miley Cyrus. Ela era feminina e não escondia. Só queria saber como ela conseguia o respeito de todos aqueles que seguiam suas ordens ao pé da letra.

Nós estávamos perto, bem perto. Meio passo e meu corpo encostaria-se ao seu. Ela respirou fundo, olhou em minha direção e deu um sorriso torto, que me fez ouvir todas as meninas ao redor se derreterem ao vê-lo.

- Essa corrida foi para você – disse baixo, mas com o silêncio que se instalou depois que ela saiu do carro, todos puderam ouvir claramente

- Obrigada. Mas... posso saber o por quê disso? – falei simpática

- Eu resolvi dedicar uma vitória para a mulher mais linda que já vi na vida – sorri

- Mas você vive em Lima, não creio que tenha visto muito mulheres.

- Sou capaz de apostar que não existe beleza nesse mundo que se compare á sua – dei o mesmo sorriso torto

Abaixei a cabeça para que ela não visse o sorriso enorme que tinha tomado meu rosto. Eu não queria que ela soubesse que eu estava feliz ao ouvir seu elogio.

- Qual seu nome? – lhe encarei – Não que eu já não saiba, mas quero ouvir sua voz.

- Rachel – sorri – Mas eu não sei como se chama.

Ela sorriu fraco e se levantou do capô do carro. Deu um passo ficando bem perto do meu corpo e segurou com uma das mãos minha cintura. Colou sua boca em meu ouvido e sussurrou.

- Me chamo Quinn – voltou a se encostar-se ao carro me puxando junto

- Como sabe meu nome?

Agora eu estava em frente seu corpo, podia sentir seu perfume com a aproximação. Nossas pernas estavam se encostando, me fazendo sentir leves choques que saiam daquele ponto em especifico.

- Digamos que não é a primeira vez que eu olho pra você.

- Já havia me visto antes?

- Muitas vezes. Nas corridas, nas fugas, na escola...

- Escola? – puxei em minha mente alguma coisa – Quinn Fabray – falei convicta – Tínhamos algumas salas juntas no ano passado.

- Exato. Depois que terminei meus estudos e não conseguia mais te ver, fique sabendo que frequentava esses lugares. Foi então que entrei pra esse mundo. No começo era apenas para conseguir te ver, mas tamanho foi meu espanto quando percebi que eu era boa nisso – rimos juntas – E agora eu estou aqui. Assumi o lugar do meu primo no começo desse ano.

- E como consegue fazer com que todos esses homens te obedeçam? – fitei seus olhos

- É só uma questão de se impor, de saber o que quer – me puxou mais para ela

- E o que você quer agora? – coloquei meus braços em seus ombros

- Agora? – tocou meu pescoço com o nariz – Eu quero você.

Em câmera lenta eu senti um beijo ser depositado em meu pescoço, e depois logo mais acima, na minha mandíbula. Quase torturantemente, ela apenas tocou nossos lábios, para depois umedece os lábios e me beijar de verdade. Nossas línguas dançavam sincronizadamente e eu podia sentir que meu corpo se esquentava com seus toques. Separamos-nos apenas em busca de ar.

- Sabe quanto tempo eu espero por isso? – neguei com a cabeça – Á muito tempo...

E quando íamos nos beijar novamente, a sirena alta do único carro de polícia de Lima pode ser ouvida. Pessoas correndo e carros arrancando era o que acontecia á nossa volta. Olhei em volta assusta e me preparei para correr para o carro de Tina, que já estava com a porta aberta me esperando.

- Espere – a loira segurou meu braço – Nos veremos de novo, Rachel?

- Talvez, Quinn Fabray. Talvez – falei olhando em seus lindos olhos verdes

Sorri o mais verdadeiramente possível e recebi um sorriso cálido em resposta. Saí correndo pelo meio da multidão e olhei algumas vezes para traz. Só depois que eu já estava na segurança do carro que Tina agora colocava em movimento, que vi a loira mais linda e charmosa que já conheci entrar em seu carro e olhar novamente para mim. A correria ao nosso redor pareceu parar por um segundo, e eu estava rezando que nos víssemos novamente. O mais rápido possível.


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Notas finais do capítulo

Essa história é uma one, mas TALVEZ eu faça somente mais um capítulo de continuação, mostrando como seria o reencontro delas. Mas não prometo nada.
Obrigada por lerem. Bjos ♥