Atashi To Tenshi To Akuma escrita por Mel Devas


Capítulo 15
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Desculpa pela demora!!! Espero que não tenha ficado ruim, achei que ficou sem emoção Ç.Ç Bem, boa leitura >///



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Era difícil saber quem estava mais espantado, Jim ou a estranha garota de olhos incrivelmente azuis.

Os dois se entreolharam e a garota ficou pensativa, tentando imaginar o que fazer. Rapidamente tomou uma decisão: saiu correndo. Jim, estupefato, demorou a reagir e saiu correndo atrás com uma grande desvantagem.

- Ei, ei, mocinha!!! – Ele gritou, arfando. – Está tudo bem? Não está perdida?

Ela correu a clareira inteira, rápida, e quando Jim finalmente foi se aproximando ela se enfiou na floresta, ele foi atrás, mas a perdeu de vista. O jovem, não percebendo mais a presença da garota, estacou, com as mãos apoiadas nos joelhos, recuperando suas forças.

- Mas que porr- – Ele falou pra si mesmo, num tom cansado, mas se interrompeu quando percebeu a garota olhando-o por detrás da árvore.

Ela percebeu que ele correspondia o olhar e se escondeu novamente. Jim riu baixinho pra si mesmo, pensando na estranheza da pequena. Com cuidado, contornou a árvore, silencioso, e viu a garota tentando achá-lo pelo outro lado. Com uma leve risada ele cutucou o ombro dela gentilmente, para não assustar.

- Então... Você está perdida? – A menina se sobressaltou, encarando-o, fazendo que ele percebesse mais ainda seus traços delicados e jovens.

- Ah, não, não... Tenho vivido aqui a um longo tempo. – Ela respondeu depois de alguns minutos e depois da frase olhou para o nada, sonhadora.

- E você consegue sobreviver aqui? – Estranhou, tinha água, mas não percebeu nenhum sinal de vida, talvez uma plantação...

- Sim, por que não? – Ela perguntou, estranhando.

- É que não vejo nenhuma comida aqui...

A menina riu-se.

- É porque não sou humana. – Olhou para os lados.

Aí tudo fez sentido pra ele. A coisa caída do céu. Não humana. Perdida na floresta de 10.000 passos de distância.

- Entendo!!! Então você é um E.T.!!! – Falou com entusiasmo.

A garota, por sua vez, não gostou tanto. Irritada, deu um soco fraco na cabeça dele.

- Isso não é coisa que se diga para uma garota! – Reclamou, cruzando os braços.

- Desculpa, desculpa, menina. – Jim gargalhou, esfregando a cabeça onde ela tinha batido. – Me chamo Jim, sou arqueólogo, e você?

A jovem o olhou desconfiada, mas por fim deu de ombros e se apresentou:

- Sou Mitsra, afinal, qualquer coisa é melhor do que “menina”. Sou uma “anja”.

Divertido, Jim embaraçou o cabelo da recém conhecida.

- Vem, andar no deserto deve ter te dado uma insolação, vou te levar à base de pesquisa. – Começou a andar, como que estivesse guiando.

- Insolação só você e essa sua cabeçona!! – Protestou. – Sou uma anja mesmo!!! Vim trazer paz a esse mundo.

- Vejo que está sendo muito efetiva, hein? – Jim zoou.

- Posso fazer o quê se me largaram no meio do nada? Há um tempo tinham até uns carinhas engraçados que vinham aqui falar comigo, mas nunca fui junto. Curiosos eles, ficavam enfaixando mortos.

Com uma cara de quem descobriu o mundo, ele pegou a garota pela cintura e a levantou, girando-a.

- Achei!!! Finalmente achei!!! – Gritou que nem louco. Não demorou muito para que Mitsra ficasse furiosa novamente, dando uma voadora no Jim.

- Que raios você acha que está fazendo, pervertido???

- Estou comemorando minhas descobertas, sua velha!!  - E não falou nada de errado, pelo que constava, Mitsra havia presenciado os egípcios.

- Aí está outra coisa que não se fala para uma mulher. – Deu outra voadora. Ele já estava ficando dolorido.

- Sim, mas posso te usar como minha pesquisa?

- Como assim??? Claro que não!! – Ela continuou com seu tom de voz ríspido. – Vim aqui trazer paz!!

- Desculpa, querida, mas já está 5.000 anos atrasada. Você passou esse tempo todo aqui e nem percebeu?

- Por que eu perceberia? Fiquei dormindo... Um cochilo é sempre bom...

- Um cochilo de 5.000 anos?

- Ah, não tinha nada pra fazer...

- E a sua proposta de missão de paz?

- Ah, é mesmo. Valeu por lembrar. – Ela parou pra refletir. – Me ajuda na minha missão?

Passaram mil coisas na cabeça de Jim nesse momento: “Deus deve ter se drogado pra escolher essa menina.” “O que ela acha que vou fazer? Ela não tem nenhum senso de noção?” e o mais importante: “O que eu faço?”

Na realidade, sentia-se dividido, ali, na sua frente, estava um objeto de pesquisa, uma prova que viraria o mundo de ponta cabeça. Mas ele queria continuar trabalhando como arqueólogo, explorando tumbas, traduzindo hieróglifos.

- Mas eu quero usar você pra fazer um relatório sobre as explorações, não como companheira de viagem.

- Exigente. – Bufou. – Não basta uma linda e formosa menina te acompanhar em uma viagem, ela também tem que servir de cobaia de laboratório? Não, obrigada.

- Que cobaia o quê?? Vou escrever um trabalho sobre você e todas as coisas englobadas (sabe, li sobre você nas antigas casas dos carinhas que gostavam de enfaixar) e mandar pra uma editora, tentar ganhar fama entre os arqueólogos e cientistas. É o meu sonho.

- E como provar que isso é verdade, só me mostrando, certo? – Mitsra rebateu. – Eles vão querer me analisar, e eu não admito isso.

Jim parou pra pensar. Ela não falava nenhuma mentira, bem, ia ficar bem perto dela enquanto pensava em como resolver esse problema.

- Está bem, eu te acompanho, mesmo sem fazer o relatório. Mas você vai ter que esperar um pouco. Eu ainda tenho trabalho e teria que tirar licença. Na verdade, amanhã meus companheiros vêm aqui. Eu vim antes por curiosidade, mas é melhor ou você se esconder ou fingir que é uma arqueóloga também.

- Trato feito. – Ela estendeu a mão e Jim apertou-a.

- Mas o quê você prefere? Se esconder ou se passar de arqueóloga?

- Arqueóloga, não gosto de me esconder.

- Então por que fugiu de mim?

- Sei lá se você era um pedófilo ou algo do tipo! – Ela fez um muxoxo.

- Mas você é mais velha do que eu!!! – Reclamou.- E você não tem nenhum poder assim pra se proteger não?

- Eu sei voar...

- Então por que nunca saiu daqui?

- É que é constrangedor, minha forma real usa fraldas... A moda no céu não é a das melhores.

- Falando em moda, temos que ver suas roupas. – Olhou para o vestido de renda branco de Mitsra, imaculadamente limpo, o que era estranho.

Ele abriu sua mochila e vasculhou lá dentro. Será que tinha algo do tamanho da garota? Ele tinha uma bermuda que acabaria ficando mais como uma calça muito larga pra ela. Decidiu só colocar nela uma capa de viagem, aquelas grossas pra evitar areia. Cavucou por entre seus pertences e tirou de dentro da mochila a capa longa, estendendo para Mitsra.

- Não tinha nada melhorzinho não? – Ela fez cara de nojo.

- Nada que não fosse deixar você com cara de palhaço de circo, e aí seria óbvio que as roupas eram minhas e você uma impostora.

- Vou deixar essa passar.

E assim anoiteceu, fazendo um frio dos infernos (?), Jim acendeu uma fogueira e ele e Mitsra ficaram cozinhando e depois dormiram aquecidos ao lado dela.

A equipe chegou por volta do meio dia, liderado por Victor, onde o sol encarava-os com desdém, forte, e realmente estava muito calor. Jim apresentou Mitsra para seus amigos, contando sua mentira cabeluda. Eles estranharam, afinal, a garota tinha cara de tudo, menos arqueóloga, e ela deveria sofrer muito no deserto com uma pele tão branca, devia tomar banho de protetor solar. Enfim, ela ficou amiga de todos, apesar de sua personalidade rebelde.

Terminaram de explorar a floresta, achando umas plantas novas e nada mais, claro, o mistério da floresta estava ajudando a procurar junto com eles. Marcaram o lugar no mapa, e, frustrados, voltaram às escavações, onde o resto do pessoal aguardava ansioso. Com a falha da missão, um clima de “deprimência” se abateu em todos os arqueólogos, que faziam seus trabalhos sem empolgação. Mitsra, percebendo que o motivo é não terem a achado, saiu fazendo piadinhas e brincadeiras, enquanto fingia saber trabalhar no ramo.

Depois de uma semana, Jim pediu pra se desligar um pouco da pesquisa, Victor ficou confuso, mas aceitou, sabia que o amigo tinha seus motivos. Então, Jim e Mitsra saíram para realizar a missão da garota.

Aproveitando que já estavam na África, lutaram para resolver conflitos internos, Jim impressionou-se de como a menina sabia mesmo o que estava fazendo. Não demorou muito pra diminuir um pouco os conflitos daquelas regiões, ainda sobrando vários, só que tendo mais urgentes pra resolver, afinal, os humanos sempre começarão a brigar de novo, mas um dia, talvez, aprenderão com os anteriores como não.

Passaram pelo Oriente Médio, outras partes da Ásia, como China e Índia. Depois foram pra América do Sul, lutando contra o governo e depois viajaram pros países “desenvolvidos”, cada um com seus problemas.

Aos poucos, as coisas continuaram a melhorar, mas era óbvio que ia ser um trabalho de centenas de anos. Para Mitsra não tinha problema, mas ela percebia que esses anos já estavam marcando o rosto de Jim, que nem voltou às escavações, vendo os grandes ideais da missão da garota.

--x—

Barraco em Afeganistão, 3 anos depois do começo das viagens.

- Ei, Jim... – Mitsra perguntou enquanto penteava seu curto cabelo branco.

- O que foi? – Ele perguntou enquanto arrumava umas coisas e preparava alguns remédios que usava em civis feridos que poderiam vir a qualquer momento.

- Você não se cansou de me acompanhar por aí? – Ela largou a escova e encarou seu companheiro preocupada, ela pôde notar através dos anos como ele gostava de arqueologia.

- Por que isso agora? – Ele riu, com um rosto nostálgico. – Eu amava o meu trabalho, mas isso não quer dizer que eu não goste do que estou fazendo agora. – Pousou as mãos no ombro da garota, que ainda mantinha a mesma aparência jovem, enquanto ele envelhecia. Ainda era a Mitsra de 3 anos atrás.

A lembrança de todos os anos com Jim passaram rápidos e insistentes em sua mente. Sem conseguir conter as lágrimas, abraçou Jim, enterrando o rosto em seu peito e começou a chorar descontroladamente.

O homem abraçou-a de volta, passando a mão nos cabelos de sua parceira de tantos anos. Não conseguia reprimir o amor que sentia por aquela pequena. Mas ela era um anjo, não poderia fazer nada, as duas espécies não poderiam se misturar. Ou poderiam? Não importava, na verdade só de estar ao lado de Mitsra estava feliz.

Ele sentiu a garota se mover entre seus braços, e viu ela se esticando, enlaçando o pescoço dele. Ela encarava-o séria, mais séria do que nunca, e, lentamente fechou seu grandes olhos azuis, aproximando-se do rosto do companheiro. Jim correspondeu, fechando os olhos também, os dois se beijaram, e ficaram assim por um longo tempo.

Foi bom e doloroso, o homem sentia como se pudesse fazer qualquer coisa, mas sabia que não podia fazer nada além disso com a menina. Mitsra também sabia, mas mesmo assim não pôde deixar de amar um humano. E continuaria amando, o resto não importava.

- Eu te amo, Jim. – Disse, com lágrimas rolando livres por sua face. O homem era sua âncora, que a prendia na Terra.

- Também te amo, Mitsra. – Disse com a voz embargada pela emoção. – Você realmente um anjo que caiu do céu, querida.

Os dois riram de leve, era uma pura e triste verdade.

- Jim... – Sussurrou-lhe ao ouvido. – Não me importo não ser humana, quero ficar junto de você...

- Mas...

- Não me importa mais. – Deixou seu costumeiro vestido branco cair aos seus pés. Jim segurou-a pela cintura.

Para eles foi a noite mais importante. Mas quem assistia de cima não deixaria isso passar impune. Não mesmo.


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Notas finais do capítulo

Mitsra!!!! T^T Bem, espero que tenham gostado, era pra ter saído bem melhor, mas eu não tenho jeito mesmo...