– Soube que ele esta voltando... É verdade?

–Sim.

–E o que ele quer?

–Vingança.

Ele estava voltando e queria algo. Vingança.

–Porque?

3 meses atrás

"O crepúsculo chegava e o clima esfriava em Montreal quando avisei a Alexander que iria caçar:

–Estou saindo.

–Vai caçar?

–Sim... Soube que chegaram novos vampiros na cidade, quero saber o porquê.

–Sim, mas Claire falou que seria um trio, não é, mas inteligente ir acompanhada?

–Você sabe, eu trabalho sozinha. E dispenso as suas ordens.

 Sai apressada. Minhas botas de couro faziam um barulho frenético contra o piso de madeira. Logo cheguei a um elevador com tecnologia avançada  que possuia grandes botões de diferenciadas cores que levavam a uma das muitas salas escuras e claustrofóbicas do prédio. Destravei a porta com proteção e a porta abriu-se, para fora em um beco sem saída, escuro e úmido. Assim que sai daquele lugar, fui ate à calçada e firme olhei para os lados quando vi um grupo de pessoas se aproximando, três na verdade as olhei de cima a baixo. Cheiro de... Vampiro.

Eles pareceram não me notar. Eu estava às espreitas, subi pelas lixeiras até o topo do pequeno prédio vizinho de três andares. De cima planejei um ataque. Se eu atacasse o mais forte provavelmente lutaríamos intensamente já que, ambos somos fortes então os outros dois fugiriam... O outro também, este parecia ser realmente forte e bom lutador, seus músculos definidos estavam à mostra na blusa e jaqueta de couro que usava. A única chance de ir ao ponto seria se eu atacasse a mulher, talvez eu estivesse errada, mas geralmente eu não sou muito racional, sou impulsiva.

Ataquei a mulher a direita, ela pareceu já esperar, estava alerta, provavelmente já tinha sentido a minha chegada. Nós lutamos por alguns minutos, mas eu sai vencedora. Eu esperava os dois outros do grupo para lutar, mas não, me surpreendi quando vi o vampiro de olhos escuros, pele clara partir ao lado da mulher morta, olha-la e dizer:

–Eu voltarei. Eu quero vingança.

O outro apenas o olhou de longe e fez sinal pra que fossem embora. Eu tentei ir atrás, mas vi que não incomodariam, mas... Por enquanto.”

Sabe até hoje eu não entendo o porquê daquele estranho vampiro querer vingança. Pensei em muitas possibilidades, mas essa foi a mais provável e maluca hipótese “eu havia matado alguém que ele amava.”

Se é que criaturas repulsivas como os vampiros são capazes de amar.

–E então? Porque ele quer vingança? – Perguntou Alex Pensativo enquanto retirava alguns livros da mesa na qual se sentaria-.

–Deve querer vingança por eu ter matado aquela garota ao seu lado no dia do confronto. – Sentei em uma poltrona a sua frente-.

–Acho pouco provável, mas temos que analisar cuidadosamente a situação um vampiro com sede se sangue não é bom, um com sede de vingança...

Se eu estivesse certa, eu sabia o que ele sentia perder alguém que ama é como se tirassem sua vida e depois achassem que foi pouco e recolocassem-na sem a parte mais importante, a parte que te faz querer viver só pra ver o quanto você sofre. Só pra vê suas lagrimas. Um dia eu me senti assim, me senti assim como ele.

Minha mãe morreu quando eu era apenas um bebê e nunca a conheci, toda minha vida passei aqui, neste lugar melancólico no subsolo de Montreal, neste prédio com milhares de outros caçadores, morando aqui na cede da Ordem. Nunca frequentei a escola Alexander e os outros caçadores me davam aulas de tudo que eu deveria saber, aqui dentro. Nunca sai a não ser pra caçar, nunca vi nevar, nunca fiz amigos acho que nunca vivi de verdade.

Eu posso dizer que já me senti como ele porque, quando eu nasci minha mãe morreu, ela era uma humana e meu pai um puro sangue, gravidez foi complexa a deixou fraca e sem forças. Uma noite, alguns dias após meu nascimento meu pai veio na cede procurar pela minha mãe, claro que na época não tinham toda esta tecnologia que possuem hoje e considerando que meu pai era um vampiro forte, conseguiu entrar aqui e matar a minha mãe.

Ela normalmente teria lutado, mas estava fraca demais, e ele sabia disso, quando tentava me matar os funcionários da Ordem chegaram e o mataram antes que ele me tirasse a minha vida. O porquê de o meu pai querer nos matar é bem simples: Ele achava que teria feito errado em me gerar com a minha mãe e se não nos matasse o seu “ancião” provavelmente o mataria.

É incrível como o ser humano e os vampiros são parecidos. Ambos egoístas e frívolos, frios e calculistas. Era isso que no final nos éramos, todos iguais.