Golden Wheat escrita por Men In The Dark Sea


Capítulo 2
Golden Wheat Capítulo 02




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Passaram-se apenas dois dias depois do sumiço de Sam, Dean não conseguia sequer comer, estava se sentido sozinho e desamparado, sentindo-se literalmente esquecido pelo irmão mais novo, chorava apenas em ver as lembranças que o mais novo lhe deixara e não conseguia se desvencilhar das mesmas, Sam fazia muito falta, e com ele se fora um pedaço do coração do loiro que ligou desesperadamente para todas as pessoas que conhecia, tentou de todas as formas encontrar nem que fosse uma pista de onde Sam estivera, ou pelo menos saber se ele estava bem, mas não, nem mesmo uma pista, nem mesmo um suspiro, até para o seu pai ele ligou, mas o mesmo não atendia, devia estar em alguma missão ou algo do tipo, ele nunca atendia suas ligações nem mesmo quando ele mais precisava, e encontra-lo era quase impossível, o mesmo nunca deixava pistas, ou sequer falava sobre o seu paradeiro, mas o que estava acontecendo, aquilo só podia ser um pesadelo, mas uma vez sozinho, primeiro perdeu sua mãe, depois seu pai sumiu e agora Sam faz o mesmo, Dean não conseguia suportar, chorava feito uma criança que acabara de perder o seu doce para o chão, ou até mesmo seu brinquedo preferido, Sam era tudo para o loiro, e tudo o que sobrara de algo parecido com uma família, mas de alguma forma tudo o que ele sentia agora era uma imensa vontade de abraça-lo com força, para poder ter certeza de que ele não iria fugir por entre seus braços, mas era impossível, ele não estava ali, o banco do passageiro estava vazio, a cama que estava sempre do seu lado e que antes era preenchida pelo mais novo também se abarrotava agora apenas de solidão, e de lençóis vazios, engomados e devidamente dobrados, algumas vezes o loiro se portou como um desesperado jogando todos os objetos que lhe vinham as mãos nas paredes, no chão, em qualquer lugar que ele conseguisse lançar, quebrando-os e tentando fazer com que esse extravasar de sentimentos o tirasse a dor que estava em seu peito, e em outros momentos apenas chorava, e abraçava as fotos e as roupas que ficaram do seu irmão, não, não conseguia suportar toda a dor que aquela ausência proporcionava, e por diversas vezes se quer tomou banho, seu cheiro não importava, sua vida não importava, queria seu irmão de volta então apenas se deixou levar pela dor. Ele nunca imaginara sofrer tanto, e sim precisava do seu irmão mais do que qualquer coisa, não conseguiria viver por muito mais tempo assim, sem ele.

Naquela noite sonhara com Sam, o chamando o incitando, sua lágrimas se faziam presentes rente ao seu rosto, e o mesmo gritava por ele, pedia que o aguardasse e que nunca o deixa-se sozinho, entretanto quanto mais ele caminhava em sua direção, mais Sam permanecia distante, chorando e exclamando a mesma frase, dentre falhas em sua voz "Você nunca mais vai me encontrar" e com isso Dean se levantou, assustado, desamparado, com sua respiração falhando e com seu peito doendo como se seu coração tivesse sido extraído do mesmo, não estava mais conseguindo se quer adormecer.

O primeiro mês se passou e nada, o loiro ainda conseguiu algumas pequenas pistas de onde o mais novo poderia estar, foi a todos os lugares que lhe foram relatados e nada, Bobby grande amigo do seu pai, e que ajudou a ambos tempos atrás, tentou ajuda-lo, mas foi inútil, e por mais inocente que Sam parecesse agora ele estava sendo até mais calculista do que seu irmão e Bobby juntos, de fato já não haviam mais rotas, mais caminhos a seguir, o único que poderia encontra-lo era o seu pai, eles sempre tiveram uma pequena rixa, e quando o menor fugia, o único que conseguia encontra-lo era ele, seu pai, então assim o fez arrumou suas coisas e partiu, saiu em busca do mesmo mais uma vez, agora sem Sam, mas faria de tudo para encontra-lo nem que tivesse que ir ao inferno, mas iria acha-lo, porque seu amor por seu irmão superava até a barreira da dor, até mesmo a barreira do esquecimento e da solidão.

XXX

Apesar dos meses terem passado Dean ainda sofria se perguntado o que acontecera com Sam, a saudade era com fogo, queimava e dilacerava o coração do loiro e quanto mais os dias passavam, mais ele se lembrava do rosto angelical de Sam, seu cabelo castanho, seu sorriso, seu jeito singelo e calmo, seu perfume suave que o levava a lembrar da calmaria do mar assim como seus olhos, ele não conseguia entender o que havia ocorrido com o seu irmão mais novo, se perguntara a mesma coisa desde que o mesmo partiu, e não entendeu por que as palavras da sua mãe o abalaram tanto, realmente ele tinha um segredo isso estava óbvio, mas o que era tão importante a ponto de não permitir que o mesmo se abrisse com ele, o que era mais extraordinário que a amizade dos dois, a ponto de fazê-lo fugir, sabendo que durante meses e anos eles estiveram sempre juntos, em busca de respostas e de certezas, mas Dean não buscava mais por respostas, ele não se importava com elas, ele só queria Sam de volta, ao seu lado e disso ele nunca perdera a esperança, pois sabia que o encontraria não só por ele mais como também por Sam.

No fim ele, Dean estava mais perto do que nunca de encontrar o seu pai, buscou tão fervorosamente como nunca antes tivera feito, recusou pendências que lhe foram mandadas e seguiu apenas almejando encontrar o único que podia enfim trazer Sam de volta, o rastro do seu pai era forte assim como o cheiro de chuva, estava tarde e a lua já se fazia presente no céu, uma lua minguante, bonita, mas que não conseguia mais prender a atenção do loiro que tinha como seu único foco agora achar o seu pai, e lá estava aquele que ele ansiara encontrar por tanto tempo, John estava o esperando, e sim havia deixado vestígios de sua presença apenas para que seu filho o encontrasse, ansiando tanto quando o mesmo e foi com lágrimas que ele pode ver seu filho se aproximando ao longe daquele galpão abandonado, estava enferrujado, entretanto era o lugar mais seguro de ambos se encontrarem, estava difícil enxergar, a noite estava escura e a chuva não facilitou em nada, mas ele sabia que era Dean e tinha certeza de que ele não iria deixar suas pistas para trás, porque ele era seu filho. O mais velho tentou falar alguma coisa quando o viu frente a frente, mas não conseguiu suas lágrimas teimavam em brotar com mais força assim como as do mais novo, e assim se abraçaram , matando toda a saudade que um sentia pelo outro.

Dean tinha tantas perguntas, tanta coisa para contar, mas seu coração estava abalado, a falta que Sam lhe fazia era maior do que qualquer outra e mesmo a felicidade de poder mais uma vez ver o seu pai não conseguiu fazer com que sua tristeza diminuísse, não, seu irmão era muito importante e ele o amava muito para deixa-lo no passado, tinha que o encontra-lo, mas não sabia nem ao menos por onde começar, o mais novo se assustou estava tão absorto que esqueceu que estava abraçado com seu pai, até que uma pergunta o tirou do eixo.

– Onde está Sam? Estou com saudade do seu irmão, ele deve ter crescido desde a última vez em que nos vimos.

O loiro permaneceu calado por um tempo, seus orbes azuis se viam direcionadas as máquinas enferrujadas, sim aquilo lembrava o quanto desgastado seu coração estava, sendo consumido pela saudade assim como aquele lugar estava sendo consumido pela ferrugem e sim John percebeu a melancolia que se encontrava em seu olhar e por um momento se assustou.

– O que aconteceu com Sam?

Esbravejou o mais velho, acordando Dean mais uma vez de seus devaneios, ele não sabia o que responder então, relatou todos os detalhes do que havia acontecido e até mesmo quantos dias já haviam se passado, relatou como estava sendo difícil lidar com a falta que seu irmão lhe fazia e sempre que tocava na reles lembrança dos dias em que passaram juntos, seus olhos teimavam em portar a mais agonizante tristeza já vista em seu olhar e sim John não era bobo, percebeu cada mudança de voz, cada alteração em sua respiração assim como algumas lágrimas que quiseram se fazer presente, mas Dean sagazmente às enxugou, sim o mais velho sabia o que deveres havia acontecido e também sabia como ajudar seu filho, do modo mais fácil, em primeiro lugar abrindo seus olhos.

– Quero te perguntar uma coisa meu filho, você por algum momento parou para pensar o porquê do seu irmão ter fugido, ou o que ele estava e está sentindo?

Aquela pergunta não chegou ao entendimento do loiro, "Porque o mais velho lhe perguntara essas coisas?" Dean ficou confuso, e não conseguia se concentrar naquela pergunta, é claro que o mesmo havia pensado no por que do mais novo ter fugido, pensava nisso todos os dias, todas as horas desde que o mesmo partiu e "Saber o que ele estava e está sentindo?" como saber se ele fugiu sem dar rastros, nem ao menos lhe falou o porquê de estar chorando tanto no momento em que a mãe dos dois lhes falou para estarem sempre lado a lado, nada fazia sentido à única certeza que ele tivera naquela hora era a de que precisava dele, mais do que nunca então pediu ou melhor clamou a John para que ele o ajudasse.

– Não, eu me perguntei todos os dias desde que ele partiu o porquê dele ter fugido, mas eu ainda não consigo entender, mais ao mesmo tempo já não me importa pai eu só o quero de volta não consigo se quer pensar em continuar vivendo sem ele, ele que a pouco tinha se tornado tudo pra mim, minha família e a pessoa do qual eu sempre saberia que estaria lá, como um lar em que eu sempre poderia voltar no fim do dia, como um porto que sempre me abarcaria e me ajudaria a seguir em frente, não pai eu não consigo sem o Sam, essa é a única coisa que eu te peço, por favor, me ajude.

John Sorriu, não um sorriso de deboche ou que demonstrasse ao seu filho que tinha achado engraçado tudo o que ele lhe havia dito, não, foi um sorriso compreensivo, um sorriso que o acalmara aos poucos e que o acalentava, assim como um pai que sabia como acalentar seu filho, pois aquele sorriso demonstrava que o mesmo estava disposto a ajuda-lo e era somente dessa certeza que ele precisava, pois sabia que com a ajuda do John ele finalmente o teria de volta, seu Sam, e pela primeira vez depois de meses sorriu aliviado, se deixando levar pelas lágrimas mais uma vez, lágrimas de conforto e de alívio, tão vividas e cristalinas quanto um cristal visto após ter sido regado pela chuva, ele estava feliz, pois agora sabia que teria Sam de volta em seus braços e assim poderia abraça-lo mais uma vez.

– Eu não posso me recusar a te ajudar, mas eu espero que quando você o ver não se precipite, tente entende-lo, pois ele fez isso justamente porque gosta de você e queria te poupar.

Algumas coisas ainda não lhe faziam sentido, mesmo assim Dean ignorou, ele só queria começar aquela busca o mais rápido o possível e cada tempo que o mesmo passava longe de Sam, o matava aos poucos e continuava lhe proporcionando a maior das saudades que o loiro já sentira, afinal ele estivera com Dean por todo esse tempo, o apoiando e o ajudando, o acolhendo, rindo junto consigo e lhe fazendo rir ou então ambos brigando um com o outro, mesmo assim sempre estiveram juntos, então a única coisa que lhe importava agora era tê-lo ao seu lado.

– Filho, você se lembra da casa que tínhamos a beira de um riacho? Uma casa branca, com o chão amadeirado e que íamos sempre nos veraneios.

– Claro que sim, aquela que você vendeu para financiar suas viagens em busca desses casos sobrenaturais, claro que eu lembro, o Sam ficou revoltado quando você a vendeu, e até fugiu de casa por uns tempos.

– Sim exatamente isso, as pessoas para quem eu vendi a casa praticamente não foram lá, algumas poucas vezes, e depois a abandonaram, como você sabe Sam era louco por aquele lugar, então continuou indo em segredo, e quando o mesmo fugia devido a todos os problemas que tínhamos, era lá que eu o encontrava me admira você não ter pensado nisso.

– Sim eu não pensei porque você nunca havia me dito para onde ele fugia quando vocês brigavam, então nem me passou pela cabeça que ele estaria lá, mas agora nada disso importa, já posso tê-lo finalmente de volta ao meu lado... Vamos?

– Não posso, vim apenas encontra-lo porque o Bobby havia me contado sobre o que estava ocorrendo entre vocês, então como eu te conheço bem sabia como você estava se sentindo e por isso resolvi ajuda-lo, mas agora tenho que partir, meu trabalho aqui já foi feito e já é hora de pegar o barco e zarpar dentre o mar sem fim que é a vida.

– Você não pode, eu ainda tenho tantas perguntas para te fazer, tanta coisa para entender, por favor, não me deixe agora, eu procurei por você por todo esse tempo e agora que eu posso estar nem que sejam alguns minutos com você, você vai embora e mais uma vez sem deixar rastros.

– Dean eu não posso, você tem que escolher você pode vir comigo se quiser, mas eu não posso ficar aqui por muito tempo então? O que você escolhe...

Dean não tinha dúvidas sobre qual caminho seguiria, a resposta estava clara assim como o motivo que o levara aquele lugar, esperaria o tempo que fosse preciso para vê-lo mais uma vez, mas não poderia passar muito mais tempo sem seu irmão, então deu a John a única resposta que o mesmo poderia lhe dar naquele instante.

– Desculpa pai, eu queria muito ir contigo, mas eu não consigo continuar mais tempo sem o Sam, sem o meu Sam, ele estivera comigo todo esse tempo, passamos por todas as dificuldades que o senhor possa imaginar sempre juntos, sempre lado a lado encarando o medo de frente e sem pesar, já não posso esquecê-lo e seguir como se o "nós" nunca houvesse existido, somos irmãos e acima de tudo melhores amigos, não posso e não vou deixa-lo, espero que o senhor entend, e quando ele estiver mais uma vez comigo, iremos mais uma vez a sua procura.

– Eu te entendo Dean e fico feliz pela sua escolha, faço das palavras da sua mãe as minhas, eu tenho certeza que juntos, vocês sempre estarão bem, pois eu percebo o quanto vocês se amam, então, por favor, cuide bem do Sam e de você também, porque agora eu preciso mesmo ir, te amo meu filho.

E assim John o abraçou, o tomando em seus braços, o acalentando e matando mais uma vez a saudade que sentira do seu filho por todo esse tempo em que estiveram separados, mas aquelas palavras que ele pronunciara deixaram seu filho mais velho deveras confuso "Pois eu percebo o quanto vocês se amam..." amor de irmão de certo, na verdade nem mesmo Dean sabia agora o que ele sentia, a falta que Sam lhe fazia ultrapassava até mesmo a barreira da sanidade, e por noites o mesmo sonhara com seus cabelos castanhos, com seu olhar azulado direcionado para o dele, compreensivo e inocente como sempre, o seu Sam, o Sam que sempre estivera do seu lado. E assim rodeado de pensamentos que se faziam a espreita se despediu do seu pai, aquele que junto com seu irmão, estiveram procurando há tempos, viu a chuva o molhar e o mesmo entrar em um carro preto, que deveras parecia com o seu, e assim John partiu dentre a chuva forte e a escuridão que se fazia presente, o deixando para trás, tomando o rumo da estrada e sumindo ao horizonte que já não podia ser visto, o abandonando ali, naquele galpão esquecido pelos humanos e pelo tempo, absorto em seus pensamentos.

Continua...


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