Conexão Seattle escrita por Karmen Bennett


Capítulo 39
O último disparo


Notas iniciais do capítulo

Oi! Em primeiro lugar gostaria de pedir desculpas pelo atraso e agradecer pelos reviews. Eu tinha feito umas notas enormes mas perdi pq a net caiui qd eu ia postar então, espero que vcs gostem do cap mas se não gostarem podem dizer. Ele como toda a fic é dedicado aqueles leitores que, desde que começaram a ler, comentaram em todos os caps seguintes, é graças a essas pessoas que eu estou concluindo em meio a tantas adversidades e ao carnaval. Nos vemos lá em baixo.



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–Hei, o que está fazendo aqui? -Perguntou Olivia do outro lado da porta.

–Willian disse que estavam tendo problemas e me pediu que verificasse se estava tudo bem lá embaixo.

Sam reconheceu a voz de Wendy.

–Você? -Perguntou Olívia desconfiada. -Não importa, faça o que ele mandou e volte ao seu quarto. E caso esteja pensando em sair, lembre-se. Não tem como.

–Ele disse que era pra senhora vir comigo. -Falou gaguejando.

–Se vire sozinha. -Disse abrindo a porta a sua frente.

–Mas ele disse que...

Não teve tempo de concluir. A mulher entrou no escritório e antes que pudesse demonstrar sua surpresa, ao ver alguém ali, foi golpeada na cabeça caindo na mesma hora. Wendy terminou de descer as escadas e parou diante da porta aberta deparando-se novamente com Sam, que segurava uma vassoura e olhava apreensiva para Olívia, temendo tê-la matado. Wendy aproximou-se de Olívia, e se inclinou verificando o pulso dela.

–Não deve demorar a acordar. -Disse Wendy. -O que está fazendo aqui?

–É uma longa história. Resumidamente eu fui sequestrada e agora a gente precisa cair fora daqui.

–Não dá, a rua toda é cheia de gente do Davis as meninas e eu já tentamos e sempre fomos pegas. E apanhamos.

–Vamos ter que tentar. -Ela disse com firmeza pondo se a caminhar, mas após refletir por alguns segundos estacou diante da porta.

–O que foi? -Perguntou.

–Nada disse retomando a caminhada. Vamos embora.

As duas saíram apressadamente do escritório e rumaram em direção a sala que continuava vazia, não diferente da área em frente a casa. Assim que passaram pelo último portão, Wendy sorriu esperançosa, era a primeira vez que conseguira chegar tão longe e Sam aliava a ausência da quadrilha pelo fato de estarem todos procurando por ela.

–É o seguinte. -Disse Sam quando já estavam na rua. -No fim do terreno baldio, depois do galpão onde me deixaram, tem uma estrada de terra que vai dar em num bairro barra pesada, por isso eu preferi ir para rua quando saí. Você seguirá pra lá e então procure ajuda, mas só a polícia, não confie em ninguém.

–Como assim, mas e você? -Perguntou confusa.

–Eu vou até lá com você pra garantir que consiga passar e depois volto.

–Mas por que, Sam? Se ficar eles podem te fazer mal!

–Se eu for, eles não terão mais motivo para se manter em contato com o Freddie e com a sua fuga, certamente não estarão aqui amanhã então os perderemos, mas eles ainda poderão nos encontrar, a todos nós. Precisamos acabar com isso, ou pelos menos tentar.

–Sam...

Sam a ignorou pondo-se a caminhar novamente agora ainda mais rápido sendo seguida pela outra.

–Diga ao Freddie que ele precisa fazer com que a polícia esteja de prontidão no jantar, ele sabe do que se trata, mas eles precisam estar disfarçados.

–Se você ficar, talvez não sobreviva. Você sabe da Olívia.

–Eles precisam me manter bem até o Freddie assinar o contrato. Além disso, eu...

–ELA ESTÁ ALI!!

As duas se voltaram na direção do grito e viram Davis e um outro homem correndo na direção delas. Elas fizeram o mesmo rumando em direção ao galpão, e percebendo a lentidão de Wendy, Sam começou a temer que o seu plano desse errado, sobretudo quando ouviu os latidos de um cão.

Quando elas finalmente alcançaram o galpão, Sam viu um pequeno entulho ao lado da construção e parou ao perceber num pedaço de madeira que saia dos escombros.

–Wendy pare de correr, faça o que eu falei. -Ela disse interrompendo a própria caminhada virando-se na direção dos homens - Faça o que eu falei.

A menina assentiu e no instante em que, vencida pela curiosidade se virou a fim de saber o que a outra pretendia, viu Sam golpear o cachorro com força, fazendo o animal cair desacordado a dois metros de distancia. Depois foi a vez do homem com uma tatuagem de cobra, ele se desviou do primeiro golpe, prendeu a garota nos braços, mas não aguentou o chute que a menina lhe deu na perna e a soltou, ao que ela o golpeou na cabeça com o cotovelo. Davis parecia pasmo diante da cena, e hesitou em se aproximar afinal aquele era o seu melhor homem. Ele então sacou o revolver.

Wendy correu em direção a estrada de que Sam falara e a última coisa que ouviu foi um forte estrondo de tiro seguido pelo cheiro da pólvora que se instalou no ar.

Pela manhã, antes mesmo de uma das enfermeiras trazer o café da manhã, Carly relutava com a outra para que a deixasse caminhar um pouco. A nulher dizia que ainda era cedo para que ela começasse a gastar energia, que devia guardá-las para a recuperação total mas a menina não suportava mais ficar na cama. Por fim, ela resolveu esperar a mãe retornar para pedir ajuda a ela.

Mas novamente o coronel Shay e não amanda apareceu por volta das nove horas no quarto da menina e ficou feliz ao ver que ela estava cada dia melhor e mais forte. As vezes o homem sentia vontade de chorar tamanha era a sua emoção diante da rápida recuperação da filha que ficaria sem nenhuma sequela.

–Bom dia meu anjo. -ele disse antes de beijá-la no rosto. -Como se sente esta manhã?

–Eu quero me levantar. -Disse. -As enfermeira não deixam, mas eu me sinto bem, só quero ir até a janela.

–Não ha nada na janela que não possa ver no seu computador. -Disse apontando o objeto na cabeceira. -Aliás, se o tivesse ligado creio que a essa hora já saberia das últimas.

–O que? Não vai me dizer que é outro... -Ela se deteve ao lembrar da enfermeira sentada numa cadeira mais distante. -O que aconteceu?

–O Freddie não estava brincando quando disse que venderia a loja no fim do ano. Ele aceitou a última proposta do Steve, está numa pequena coluna no jornal.

–O que? Não pode ser... -Ela disse atônita. -Mas por que o que aconteceu?

–Ele provavelmente caiu em si e viu que se livrar de algo que não serve pra nada é o mais sensato.

Carly sentiu que havia alguma coisa errada acontecendo, mas não queria deixar transparecer sua aflição. Ela sentiu que aquilo tinha a ver com a falta de notícias de Sam e Freddie, com o seu atropelo, e talvez com o que achara na casa dos Robinson.

–Agora vem uma que vai te deixar muito feliz. -O homem disse sentando na poltrona ao lado da cama. -Sua amiga Wendy apareceu.

–Quando?

–Essa manhã. O pai dela me ligou pedindo ajuda, ela diz ter sido vítima de sequestro. Eu fui até o local onde ela disse que estava, mas tudo o que havia era uma carpintaria. O dono, um homem chamado Carl disse que a viu algumas vezes entrando e saindo de um galpão com um garoto que parecia maltratá-la. -Ele parou de falar e mirou o nada suspirando longamente. -Tenho pena dos pais dessa garota. Ela ainda disse que viu aquela outra, a Sam disse que ela também foi raptada. Agora me diga, quem sequestraria uma garota...

O homem parou de falar ao reparar no semblante da filha.

–Eu não devia ter dito isso a você, achei que iria distraí-la, que cabeça a minha.

–Pai, a Wendy não está mentindo. -Afirmou. -E a Sam pode não ter dinheiro, mas ela é namorada do Freddie. E a mim soa no mínimo suspeito o fato de ele resolver vender a loja justo agora.

–Eu realmente não devia ter lhe dito essas coisas. -Disse levantando. -Escute, sua amiga está bem isso é o que importa. E quanto ao Freddie, ele vai ficar melhor sem a Play&Back e sem aquela garota, que provavelmente está aprontando por aí. Nem sei o que ele fazia come ela...

–Pai. -A menina disse tentando manter-se equilibrada. -Na noite anterior ao meu atropelo, eu estive na casa do senhor Robinson e vi documentos que provam que a muito tempo ele vem manipulando informações para obter vantagens comercial. Com o sumiço da Wendy, ele ficou com a empresa do pai dela e está tentando fazer a mesma coisa com a Plaly&Back.

–Carly, por que não me contou isso antes?

–Por que eu não confio em você. -Ela já começava a chorar. -Você mente, papai. O tempo todo. E eu também não pensei que o senhor Robinson pudesse ter qualquer envolvimento com o que aconteceu comigo, mas... Por favor, faz alguma coisa.

O homem a encarou sério por alguns segundos e por fim prometeu que faria o que pudesse para descobrir o que estava acontecendo e tomar as devidas providências. Ele ainda ficou no quarto por quase uma hora conversando com a menina sobre uma viagem que planejava fazer com toda família quando ela estivesse voa. Aproveitaria para contar a toda a família sobre o segredo que escondera por anos.

Os dois dias que se seguiram ao aparecimento de Wendy forma os piores da vida de Freddie. A menina falou sobre a fuga e abriga que vira, mas Freddie sentiu que ela estava escondendo alguma coisa, sobretudo por que Davis parou de fazer qualquer contato. O fato de Sam ter pedido para que houvessem policias no jantar o deixou ainda mais preocupado, mostrava que ela estava resistindo a ação dos criminosos o que era muito perigoso.

A situação se resumia a um pesadelo real que Freddie vivia. Alguns repórteres ligavam ou o interpelavam na rua a fim de saber o que o levava a vender a loja, a mãe discutia constantemente por conta das aulas que o garoto perdia e começava a se preocupar com o comportamento do filho, e os amigos só faziam perguntar por seu estado emocional por conta da “fuga” de Sam. Ele então preferia ficar sozinho.

A família e os amigos da garota estavam desesperados, mas não obtinham grande apoio das autoridades que acreditavam que ela havia fugido com o ex namorado. Freddie se sentia mal por não poder dizer nada a eles, mas aquilo era pra segurança de Sam, ele a envolvera naquele problema e agora a faria sair ilesa.

Não fora fácil pra ele conseguir uma autorização que permitisse a venda da loja com a assinatura da mãe já que ele mesmo só poderia fazer isso aos dezoito anos. Arthur havia feito com que a loja só pudesse ser passada pelo herdeiro legal, aos dezoito anos e caso acontecesse alguma coisa com ele, o patrimônio seria dissolvido e repartido entre diversas instituições de caridade. No fim, o tal Davis estava certo e Freddie e a mãe precisaram de quatro dias finalizar a papelada.

Então na sexta-feira Davis finalmente telefonou.

Freddie estava voltando da lanchonete onde Davis disse que estaria para que ele pudesse falar com Sam, mais uma vez frustrado por não encontrar ninguém, quando o telefone tocou.

–Alô.

–Bom trabalho, Freddie. -Disse o homem do outro lado da linha. -Soube que concluiu o processo.

–Cadê a Sam, o que você fez com ela?

–A pergunta deveria ser ao contrário, mas tudo bem. -Disse sarcasticamente. -Mas ela está bem e caso não acredite, esteja amanhã na casa do Steve para a assinatura do nosso contrato.

–Eu quero falar com a Sam! -Exigiu- agora!

–Até amanhã, Freddie.

Ele desligou o telefone na cara do garoto que ficou ali sozinho, de pé encarando o aparelho. Freddie sentiu os olhos marejarem tamanha era sua raiva e agonia. Ele ainda achava que era Steve Robinson quem estava por trás daquilo tudo, mas estranhava cada vez mais a atitude do tal Davis que de uma hora pra outra surgia causando tanto estrago.

Freddie acabou indo pra casa onde passou a maior parte da noite acordado, pedindo a Deus que Sam estivesse bem, mas por volta das duas acabou sucumbindo ao cansaço físico e emocional que sentia e dormiu.

Steve Robinson transformou o jantar num coquetel para mais de 150 convidados, a casa do homem foi toda decorada elegantemente em tons alaranjados com flores brancas sobre as mesas e luminárias que pareciam candelabros de cristal. Os convidados começaram a chegar cedo e o elogiavam a todo o momento pelo seu sucesso nos negócios. Ele ficou surpreso quando por volta das oito da noite, Arthur Benson chegou ao local sozinho, e o cumprimentou cordialmente desejando-lhe sorte.

–Muito obrigado. -Robinson disse sorridente. -Sabe, eu precisarei de alguns conselhos seus, Arthur espero poder contar com sua colaboração.

–Não pode não. -Respondeu se afastando.

Missy que observava a cena de uma cadeira no jardim não pôde deixar de sentir ainda mais desprezo pelo próprio pai que de tão feliz já se tornava ridículo. Ela só estava ali por que a mãe a obrigara e agora mais do que nunca dependia dos pais já que não podia contar com Tomy, não com todos dizendo que ele estava vivendo com o Wendy e maltratando-a.

–Oi. -Disse uma voz atrás dela.

Ela virou o rosto deparando-se com Gibby.

–Oi. -Respondeu entediada.

–Posso me sentar?

Ela deu de ombros observando distraidamente a piscina.

Gibby sentou em frente a menina e sorriu observando a sua volta.

–Seus pais sabem mesmo dar uma festa. Olha só toda essa gente... Olha só como a Wendy está bonita, não achei que ela viria. Será que ela e o Jeremy podem voltar?

–Do jeito que ele é idiota... Ah que ótimo! -Disse olhando por cima dos ombros de Gibby. -Aí vem a Sam, agora essa imbecil ainda vai ser o contro das atenções!

Assim que viu a menina entrar trajando um vestido verde escuro e com um coque no alto da cabeça, Griffin correu ao encontro dela enquanto alguns conhecidos a olhava atentamente se perguntando o que ela fazia ali.

–Meu Deus, Sam onde você esteve? -Ele perguntou abraçando-a.

A menina tentou dizer algo, mas viu Olívia se aproximar deles sorrindo.

–Sam, querida estávamos todos muito preocupados. -Disse ela. -Já esteve em sua casa?

Sam a fuzilou com os olhos e procurou se lembrar do momento em que a golpeara com força no crânio.

–Espero que tanta preocupação não tenha te dado dor de cabeça. -Disse a garota gentilmente. -Onde está o Freddie, Griffin?

Ela perguntou correndo os olhos pelo jardim, e após reconhecer alguns rostos viu o garoto caminhando em sua direção e sentiu vontade de chorar. Era difícil descrever a fisionomia dele, mas não devia ser diferente da sua. Havia alívio, medo, aflição, raiva, tudo em uma só expressão. Mas antes que ele pudesse se aproximar, viu a mãe da garota entrar acompanhada de um homem de boa aparência que naquele momento pareceu bastante familiar.

–Boa noite. -Davis disse dirigindo-se a Olívia. -Me chamo Davis e essa é a senhora Hunter. Vocês devem ser amigos da Sam, eu a encontrei há poucos dias em Los Angeles, estava sem dinheiro pra voltar pra casa e ficou com vergonha de pedir ajuda.

Sam cerrou os punhos com força e se distanciou deles indo em direção a Freddie. O garoto tentou abraçá-la mas ela o deteve.

–Eu ainda não esqueci o que você fez. -Ela disse. -Eles estão aqui?

Freddie levou alguns segundos para lembrar dos policiais e só então assentiu. Fora preciso dizer que recebera cartas de ameaças dos comparsas de Crawelt e forjá-las para que as autoridades aceitassem ir.

–Temos pouco tempo. -Continuou ela. -A quadrilha inteira consiste em seis pessoas duas estão aqui, duas estão lá fora dando cobertura e duas estão no esconderijo. Eu vou por uma coisa na sua blusa e você vai entregar a polícia.

–O q...

Sam pôs os braços em volta do pescoço de Freddie e o beijou enquanto retirava o que estava escondido na pulseira e jogava dentro da roupa de Freddie. Ele não sabia se a beijava ou se prestava atenção no que acontecia mas antes que pudesse se decidir, ela o saltou e foi embora.

–O que estava conversando com o garoto? -Perguntou Davis puxando-a. -Não acha que já me aborreceu o suficiente? Passou a semana tentando fugir, quase quebrou meu braço e agora quer tramar contra mim? Acha que pode?

–Deixe de drama, meu caro em breve você se livrará de mim. -Disse ela. -E agora por que não me deixa em paz?

–Nem pensar, meu bem ficaremos juntos a noite toda, afinal eu a salvei então você é muito grata a mim. Pode chamar o Freddie se quiser, aliás pra onde ele foi?

Ela deu de ombros e se deixou levar pelo homem até a mesa onde estava Pam. Não deixou de notar o olhar aflito que Wendy lhe lançou quando a viu. Ela estava numa outra mesa com os pais e Olívia.

Sam respirou fundo e disse a si mesma que tudo daria certo, que não passara a semana simulando fuga a troco de nada.

Na mesma noite em que Wendy fugira, toda a quadrilha saíra do sobrado levando tudo o que tinham e em poucas horas o lugar se transformou na casa de um idoso solitário.

Eles se instalaram num outro imóvel de aparência comum e Sam continuou a simular tentativas de fuga na qual aproveitava para vasculhar os documentos do escritório e o computador de Olívia. Como Wendy dissera, não foi possível acessar o aparelho então Sam recorreu a outras provas e acabou descobrindo as rotas de fuga da quadrilha. Por causa da rede que usavam para espionar outros computadores, eles tinham lugares fixos pra ficar, o que totalizava seis esconderijos para onde eles iam sempre que alguma suspeita era levantada. Apenas dois eram fora de Seattle, um deles fora do país ficava no México e fora usado uma única vez: 1995.

Sam então anotou a rota e marcou qual seria o próximo lugar onde eles provavelmente se encontravam naquele momento, enrolou num pedaço de papel e cobriu com um plástico que naquele momento estava dentro da roupa de Freddie. Tudo o que precisava fazer agora era retardar o jantar até que o coronel voltasse.

Freddie hesitou em procurar ajuda temendo por Sam em risco, mas após ver as anotações da menina passou a acreditar no plano dela que era tão simples quanto bom. Além disso não havia como ter certeza que Davis os deixaria em paz depois daquela noite. Ele saiu do banheiro com as anotações no bolso e foi procurar o a gente mas foi interpelado pelo coronel Shay que falava com alguém ao telefone.

–Espere um momento -Disse para a pessoa do outro lado da linha. -Freddie, que bom que o encontrei. Não pode levar isso adiante acabo de conseguir um mandado de prisão pro Steven Robinson.

Pam parecia deslumbrada por estar ali, saboreava as bebidas, conversava com todos que se aproximava e não cansava de chamar Davis para dançar, como se não percebesse os secos “nãos” que homem lhe respondia. Então quando começou a tocar uma música mais animada ela foi dançar sozinha.

–Aposto que achou que a noite não podia piorar. -Disse Davis olhando para Sam.

–Como não, você vai me matar.

–Ah é. -Disse displicentemente.

–Eu não entendo. Por que não fez isso antes, digo usar alguém que o Freddie gosta pra fazê-lo vender a loja?

–Nunca quis fazer algo tão desesperado e jamais imaginei que daria certo. Vocês trouxeram isso até aqui quando resolveram bancar os detetives tudo o que eu pretendia era fazer justiça.

–Posso te fazer uma pergunta?

Ele a encarou inquisitivo.

–Você sabe quem matou o pai do Freddie?

Por alguns segundos pareceu haver algum sentimento no rosto do homem, mas logo ele voltou a ser frio. Sorriu e mirou as pessoas dançando enquanto estudava cuidadosamente a situação.

–Steven Robinson. -Disse. -Ele sempre foi invejoso e péssimo nos negócios então pagou o Petter para convencer o Crawelt a dar um susto no líder da campanha contra os assaltos, o Frederik. Mas o plano do Robinson era eliminar o cara.

–Uau. -Ela disse surpresa. - Coitado do Freddie achei que a mãe fosse a única cobra perto dele.

–Ah não é não. Tem o coronel que convenceu o Frederik a levantar a campanha, o Arthur que se aproveitou do envolvimento do irmão com causas sociais e o tirou do controle dos negócios e agora ele tem você. Suas perguntas são tão precisas que eu poderia jurar que você sabe mais do que deveria. Diga-me Sam, teria fugido se quisesse, não é?

–Por que o senhor Shay o convenceu a fazer isso? -Perguntou ignorando as últimas palavras dele.

–O Frederik começou a desconfiar que a mulher tinha um segredo então o coronel que a acobertava lhe deu uma distração disfarçada de grande propósito. O idiota caiu.

–Idiota mesmo. -Disse Sam. -Como alguém pode confiar numa mulher como a senhora Benson? A Olívia me disse que ela sacaneou a melhor amiga!

–Ele não sabia disso.

–Tá, mas ainda assim olha a cara de pistoleira daquela mulher não é possível uma coisa dessas!

–Ok, Sam chega de me enrolar, vamos a pergunta principal. Como eu sei de tudo isso?

Ela o olhou de relance e desviou rapidamente o olhar ao reconhecer o sorriso que havia no canto dos lábios dele.

Foi estranho perceber que de todas pessoas perigosas que cercaram Freddie a vida toda, a pior delas nunca lhe faria mal algum. Mas não era possível afirmar a mesma coisa das outras, sobretudo de Robinson que naquele momento se dirigia a mesa no centro do jardim, reservada a assinatura do contrato.

Sam sentiu o próprio rosto gelar ao ver Freddie acompanhar o homem com um ar resignado, demonstrando que não conseguira executar o último plano do Conexão Seattle a tempo.

–Sabe Sam. -Disse Davis levantando. -Do jeito que o Crawelt odeia os Benson não seria estranho se ele agisse hoje. Foi um prazer conhecê-la.

Ele riu novamente e se encaminhou a mesa da qual os convidados se aproximavam. No instante em que ele ganhou distancia, Wendy correu até Sam chamando-a.

–Então esse era o seu grande plano? -Perguntou. -O Davis vai passar a perna nos outros três e ficar com tudo! E ainda vai nos matar!

–Você falou ao seus pais sobre o Davis? -Perguntou.

–Eu não sabia que os meus pais o conhecia, não tive coragem de contar agora. Sam, eu estou com medo. Eu vou fugir.

–É, aproveita e vai com o Tomy de novo eu o vi lá fora com aquele brutamonte. -Ela olhou apreensiva para Freddie mas ele continuava cabisbaixo enquanto Robinson discursava. -É, talvez a gente tenha mesmo que fugir.

–Bom, pelo menos você tentou e isso é o que vale.

Sam fitou a outra de relance e sentiu um aperto no coração ao pensar noque aconteceria nas próximas horas. Passara a semana tentando convencer a si mesma que nada daquilo seria em vão, que tudo ficaria bem, mas naquele momento percebia que estava apenas se enganando, fazendo valer o que poderia ser os seus últimos dias da vida e por isso não estava arrependida. Mas estava triste e beirando o desespero.

Ela procurou a mãe em meio aos convidados e ao vê-la, decidiu ir até ela e abraçá-la, mas antes que pudesse se aproximar, um grupo de homens armados entrou no jardim cercando as pessoas em volta da mesa.

Todos olharam espantados, sem entender o que estava acontecendo até que o coronel passou a frente dos policias e tratou de fazer as apresentações. Robinson pareceu indignado com a invasão, mas Davis e Olívia pareciam tranquilos.

–Steve, desculpe por atrapalhar. -Disse o coronel. -Essa na verdade nem é mais o meu departamento mas como amigo venho lhe informar sobre a sua prisão por estelionato, sequestro, cárcere privado, tentativa de homicídio, espionagem e formação de quadrilha.

A maioria dos convidados pasmou diante daquilo, ouviam-se “Ohs” espantados por toda a parte, a esposa do homem desmaiou e Missy correu pra ajudar a mãe. Por alguns segundos, Steve permaneceu estático olhando para o coronel e depois riu incrédulo.

–Ficou louco, Charles?

–Algemem ele. -ordenou. -E também aquele outro e aquela mulher.

Ele apontou Davis e Olívia que entreolharam-se confusos.

–Não pode fazer isso, Charles. -Gritava Robinson. -Você ficou louco!

Sam vibrava de emoção, mal acreditava que conseguira. Ela correu em direção a Freddie mas a mãe do garoto a deteve puxando o filho e indo com ele pra perto do coronel que naquele momento pedia a atenção das pessoas ali presente.

–Infelizmente não poderei dar grandes explicações, temos que levar essa quadrilha, mas resumidamente, essas três pessoas mais as outras que capturamos graças a ação de um grupo... Um grupo de operações especiais, são na verdade uma perigosa quadrilha que vem agindo ha muito tempo nessa cidade. Amanhã daremos mais detalhes através dos meios de comunicação.

–Não esqueça de informar. -Disse Robinson aos berros. -Sobre a filha do Frderick que você roubou.

–O que? -Freddie perguntou a mãe. -Do que ele está falando?

–Depois conversamos, querido vamos embora daqui.

–Não! Coronel Shay, por favor deixe-o continuar. -Pediu Freddie. -Do que você está falando?

–Seu pai teve uma filha com uma ex namorada por quem o soldadinho de chumbo aqui era apaixonado. Ele nunca soube e quando a mãe morreu, a Marissa o levou pra adoção. Agora eles escondem a menina por aí.

–Já chega! -Sam gritou puxando Freddie pelo braço. -Acabou, Freddie vai com a sua mãe depois vocês resolvem isso!

As pessoas assistiam a cena perplexas, Marissa chorava copiosamente, Griffin ao lado do pai, encarava a mãe esperançosos de que essa tentasse se defender mas ela permanecia em silêncio olhando para o chão. Steve continuava a gritar suas acusações enquanto era levado por dois policiais quando causou o grito apavorado de uma mulher causou pânico.

Davis conseguira se desvencilhar e portava uma arma apontada para Sam.

–Largue isso, senhor. -Pediu um dos policiais.

–Ok, parece que eu andei subestimando as loiras -Disse. -Não cometerei esse erro novamente.

–Um erro a mais, um a menos não faria diferença na sua vida. -Respondeu. -Podia ter sido diferente se você quisesse.

–Thau, Sam.

Um gritou seguiu-se ao disparo da arma no instante em que Freddie se atirou contra Sam tentando protegê-la. Um corpo caiu no chão sem vida, algumas pessoas correram e uma forte rajada de vento fez os papéis que estavam sobre a mesa voarem pelo jardim.


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Notas finais do capítulo

O cap acaba com sweet dreams na versão do Marly Manson. Acredito ter esclarecido o mistério, a maioria acertou se tiverem dúvidas é só dizer. Sinalizem erros. Obrigada e até mais! Bjos!