Conexão Seattle escrita por Karmen Bennett


Capítulo 3
Tigre X Cobra


Notas iniciais do capítulo

Oi gente td bem? Então aqui esta mais um cap da fic espero que gostem. Até onde chega uma pessoa pra conseguir o que quer? Quem realmente são seus amigos? Você sabe mesmo de toda a verdade sobre sua história? Você manda em seu coração? Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/229847/chapter/3

As duas garotas entraram na escola juntas conversando animadamente sobre a apresentação que fariam no sábado, quando um homem alto, de uns 30 anos as deteve.

–Bom dia senhoritas. Senhorita Puckett, queira me acompanhar até a sala do diretor, Franklin por obséquio.

–Claro! – Sam assentiu confusa.

As meninas se olharam desconfiadas, Sam seguiu com a secretária e Shelby ficou parada olhando as duas se afastarem

–Shelby!

A garota se virou e viu Jonah e Brad num canto atrás do armário a chamando.

–Oi, meninos! –Cumprimentou simpática.

–O que houve com a Sam? –Perguntou Jonah.

–Nem faço ideia! -Respondeu a garota.- Vamos ter que esperar ela voltar.

–Aposto que foi a brincadeira de ontem. –Arriscou Brad.

–Não. –Shelby o olhou confusa. -Por que o Benson só faria queixa hoje?

–Vamos ter que esperar ela voltar. –Disse Jonah se pondo a andar.

Freddie e Carly estavam sentados na sala do diretor Franklin quando a loira apareceu. Ela entrou em silencio e sentou numa cadeira entre os dois após o diretor solicitar.

–Samantha, temos muito o que conversar. –Iniciou o direto.

O diretor Franklin, um homem bondoso e inteligente, era o único funcionário da escola que tratava todos os alunos por igual e tinha enorme simpatia com os alunos “economicamente menos favorecidos”. Sabia que eles tinham que usar o medo que os colegas sentiam por eles como arma contra os preconceitos que sofriam, e tentava como podia por limites nas brincadeiras que eles praticavam.

–Sobre? –Perguntou a loira com um sorriso doce e falso.

–Sobre o brinquedo que a senhorita entregou ao senhor Benson ontem.

–O que tem? –Perguntou com ar confuso.

–Para de ser sonsa, garota! –Impacientou-se Freddie ao seu lado.

Sam girou o rosto para olha-lo e sorriu ao vê-lo estremecer sob o peso do seu olhar

–Oi, colega!

–Você vai pra cadeia desta vez! –Exclamou o garoto mesmo com medo.

A garota riu e voltou-se para o diretor novamente.

–O que ouve Frank? Digo.. Senhor diretor... –Perguntou a loira balançando os pés.

O homem segurou o riso.

–Freddie, relate o que você me disse agora a pouco. –Pediu o homem.

–Essa ai me deu uma caixa preta e ameaçou matar a mim e a minha mãe. –O garoto não ousava encarar a amiga enquanto falava firmemente. - Achei que fosse brincadeira, mas minha mãe disse que meu pai recebeu uma porcaria desta antes de morrer e que só as pessoas onde ela vive fabricam aquela droga.

Sam ergueu a sobrancelha. O diretor apontou Sam passando a palavra pra ela.

–É verdade, -Ela adquiriu um ar serio, mas descontraído. -Essas caixinhas são fabricadas la no subúrbio mas não tem nada de ameaça de morte, o garotinho viajou.

–O garotinho é mais alto que você. –Disse Freddie em tom baixo mais audível.

–Devia respeitar minha fala já que eu respeitei a sua, Benson.

–Devia ser presa!

–Já chega... –O diretor interrompeu a discussão com impaciência. –Senhorita Puckett, prossiga.

–Pois bem, -Continuou a loira. -foi só um presente não sabia que o assustaria, quem nesse mundo ainda cai na piada do palhaço de mola pulando da caixa? Mas tudo bem, o garotinho tem problemas psicológicos, não vai mais acontecer...

–E a ameaça procede? –Inquiriu o diretor.

–Claro que não! –Sam se fingiu de chocada. -Só queria me socializar com meus colegas, mas não deu certo, foi mal!

–Eu to aqui como prova. –Afirmou Carly.

–Você não serve, é amiga dele, claro que mente pra ajuda-lo, tem que ser alguém imparcial, não sabia? –Sam fingia sensatez com maestria.

–Que garota cínica, como ainda pode estar solta? –Berrou Freddie diante da perfeita encenação da loira.

–Ok, permita lhe responder. É detido e mantido longe do convívio social todo aquele individuo que infringe gravemente alguma lei e é comprovadamente considerado um perigo a ordem social, ao estado e aos demais indivíduos isoladamente. Não é meu caso.

–Você acabou de se descrever! –Disse Freddie.

–Qual lei infringi?

–Ameaça... –Respondeu Carly como se fosse óbvio.

–Mas é mentira... –A loira fingiu-se de ofendida.

–Não é! –Berrou Freddie.

–Vocês deveriam ler mais o código penal, caros colegas injúria e falso testemunho sim são crimes, presentear os amigos não, vamos sair daqui e ir pra uma delegacia e ver quem sai algemado!

O diretor assistia a discussão aborrecido, e interrompeu após perceber que eles poderiam passar a tarde ali.

–Ok, já ouvi demais garotos. Sam, tem futuro como advogada, mas conheço bem a sua conduta e a do senhor Benson, sei quem costuma mentir por aqui.

Freddie sorriu para Carly e Sam torceu o canto da boca.

–Entretanto, o que vocês narraram esta fora da minha competência, não posso punir a Sam por te dar uma caixa, Freddie você não era obrigado a aceita-la. Sem provas da ameaça, seria arbitrário punir a senhorita Puckett, que tenho certeza não atentaria contra a vida de um colega.

–O senhor não vai fazer nada?-Perguntou Freddie indignado.

–Aconselho o senhor a procurar as autoridades competentes e dar queixa das ameaças, contar a história da caixa e procurar um serviço de proteção ao cidadão.

–Não vai acontecer nada com ela?-Continuou Carly.

– Ah, sim claro! Acho que alguma atitude deve ser tomada aqui. Mas como eu disse a acusação de ameaça esta fora da minha competência, a medida que eu tomarei será apenas educativa e unicamente em função do susto ocasionado pela caixa.

–O que? –A loira sobressaltou-se. –Já disse que não queria assusta-lo!

–A senhorita Puckett –Continuou Franklin firme. -terá que apresentar um seminário sobre convívio e boa conduta escolar, baseada no trabalho da senhorita Shay realizado no ano passado, que até ganhou premiação na feira da cidadania.

Os olhos de Carly brilharam. Sam enrijeceu-se.

–Entretanto, Carly, você e Freddie deverão auxilia-la durante a semana, e cuidar para que ela consiga entender o trabalho.

–É claro que não! –Interrompeu Freddie. – a Carly e Eu não manteremos contato com ela, esta fora de questão.

–Então encerramos por aqui –Disse o homem.

–Eu aceito. –Exclamou Carly.

–O que? –Perguntou Freddie incrédulo.

–Começo a ajuda-la hoje, basta que ela vá até minha casa, o material esta todo la! Ajudo a colega no que for preciso para que ela consiga ser mais... Gentil com todos.

Sam sabia que não adiantaria questionar, e continuou calada com a expressão vazia. Aquela expressão de psicopata assustava Freddie mais do que qualquer outra coisa.

–Excelente! Senhorita Puckett, esta a apartir de agora sob a monitoria do senhor Benson e da senhorita Shay, na elaboração dessa atividade. Não preciso dizer para ser educada, preciso?

–O que acontece se eu não quiser? –Perguntou com a voz fria.

–Leva suspensão. Não pela brincadeira, mas pelo não cumprimento da atividade.

–Da na mesma...

–Sam, estou te dando uma excelente chance de não levar castigo e ainda se socializar com seus colegas. Não era o que queria com a caixa?

–Posso me retirar? –Perguntou a loira educadamente.

O diretor Franklin assentiu preocupado com a expressão da garota.

Sam levantou e saiu da sala como um rojão, ignorando o “Até mais tarde” de Carly.


–Carly, o que esta pensando da vida quer se matar? –Perguntava Freddie assim que saíram da sala do diretor.



–Freddie essa é a oportunidade da minha vida!


–É o que?

–Eu, monitorando a Sam em um seminário, fazendo ela falar de boas maneiras! E baseada no meu trabalho! Agora sim, eu serei a mais popular, a mais respeitada, a mais!

–Ela vai nos matar!

–Não vai não! Ela sabe quem é meu pai e ela não teria escapatória!

–Não brinca com aquela criminosa...

–Freddie, sinto que agora sim, nem as lideres de torcida serão tão populares quanto eu!

O garoto revirou os olhos e seguiu a amiga que sequer lhe dava ouvidos. Monitorar Sam num trabalho de boas maneiras, era a ideia mais descabida que o diretor poderia sugerir.


Sam chutava os armários com força. Sentou encostada a prede quando os pés começaram a doer. Um jovem alto de cabelos castanhos sentou ao seu lado rindo da fúria da amiga.



–Avisei que podia ser castigada.


–Calado, Brad. –Disse ríspida.

–O que aconteceu? –Perguntou o garoto ainda rindo.

–Vai acontecer. Vou matar o Benson e a Shay.

–Por que?

–Acredita que o Franklin disse que aqueles parasitas vão ter que me dar aulas de boas maneiras? E eu vou ter que fazer um seminário sobre isso?

–Podia ser pior, imagina tomar suspensão. E te conhecendo como te conheço sei que você vai tirar essa situação de letra. Eu posso te ajudar

Sam riu.

–Hei! Acho que estou tendo uma ideia...

–O que?

–Vou fingir que aceitei e fazer uma surpresinha durante o seminário! Só vou distorcer o trabalho da Shay e ridicularizar ela!

–Pode ser expulsa, esse é o colégio que conseguimos permanecer mais tempo juntos, cuidado.

–Relaxa, no máximo levo uma suspensão e ainda apronto uma daquelas que o pessoal tanto gosta... Esse dois vão provar do próprio veneno, e fala pro Griffin preparar os ovos que na saída quero ver se pego aqueles dois.

Ela deu um beijo no rosto do amigo e se levantou.

–Vou comer alguma coisa que isso tudo me deixou com fome.


Sam caminhava com um sorriso perverso em direção a lanchonete quando encontrou Freddie e Carly sentados. O sorriso se desfez automaticamente.



–Sam, -Carly a chamou educadamente.- Esteja la em casa hoje, ás 18:00 se não se importa. Aqui esta o endereço.


A garota pegou o papel, e olhou friamente pra Carly.

–Você não mora no prédio do Griffin? Obrigada pelo telefone, por que o seu endereço eu sei bem onde é. –A garota se afastou sorrindo pela provocação.

Carly estava em visível estado de fúria.

–Tem certeza que vai levar isso adiante? –Perguntou Freddie

–Absoluta. Vou ter prazer em mostrar ela falando do meu trabalho na frente de todo mundo. Vamos ver ela continuar com essa pose.

–Carly, não pode por essa sujeita na sua casa, ela pode lhe roubar. –Alertou Missy.

–Relaxa, vou dar as aulas a ela no sótão, ta limpo la é mais seguro. O elevador para direto la e ela não vai ter que passar por nenhum outro cômodo.

–Carly não sei onde vai te levar essa sua obcessão por popularidade. –Afirmou Jeremy.

–Calado! Todos vocês. -Não cansam de serem intimidados por essa garota?

–Achamos que deixar ela pra la é a melhor solução. –Disse Gibby.

–Então eu estou sozinha nessa? –Perguntou Carly decidida.

Todos ficaram calados.

–Eu to com você. –Falou Freddie hesitante.

Missy quebrou o canto da boca e revirou os olhos. Wendy sussurrou um “O que o amor não fizer” inaudível.

–Eu até estaria, Carly, mas essa garota me da ânsia de vomito. –Afirmou Missy.

Jeremy e Wendy confirmaram com a cabeça. Gibby fingiu estar lendo um livro.

–Ótimo. Então Freddie, vamos pra casa preparar a aula da Samantha. Quero aquela patife mansa como um coelhinho na sexta. Ridicularizada e dominada por mim na frente de todos!

A garota levantou arrastando Freddie com um brilho meio lunático nos olhos.


A tarde, uma chuva fina caiu na cidade fazendo Sam chegar no moderno apartamento um pouco molhada. Anunciou-se na portaria e o porteiro a conduziu ao elevador privativo dos Shays.



–Que chique... –Balbuciou Sam dentro do elevador.


A garota chegou ao apartamento e se surpreendeu ao ver que parara em um sótão onde Carly a aguardava com um sorriso falso. O sótão era enorme. Apesar da cor escura, estava elegantemente decorado com puffs e uma mesa de estudos na qual Freddie e Carly estavam sentados em volta aguardando-a.

–Samantha, queira sentar. –Convidou Carly gentilmente

Freddie estava sentado na mesa com o olhar amedrontado no notebook e não ousou voltar-se pra loira quando ela sentou como um caminhoneiro.

–Sam, aqui esta o trabalho. –Carly lhe entregou uma pilha de papéis. -Ele foi lido até em algumas universidades, sabia?

–Não. –Disse a loira seca.

–Mas foi. –continuou. -Eu vou te explicar basicamente do que se trata, você levará uma copia pra casa, vai ler e ensaiaremos a palestra amanhã e na sexta. Tem que estar afinada para o sábado.

Carly ficou tagarelando quase meia hora sobre conduta escolar, integração, respeito aos docentes e outras coisas que provocavam forte sono em Sam. Esta permaneceu o tempo todo na mesma posição que sentou olhando friamente para ela. Não deixou de notar todos os olhares amedrontados de Freddie.

–Tem certeza que quer continuar Shay? –Perguntou assim que Carly deu o assunto por encerrado.

Freddie olhou para Carly que estava com a sobrancelha erguida.

–É uma ameaça? –Perguntou Carly.

–Não. –Respondeu em tom gélido. -Mas por que perder seu tempo comigo?

–Não custa tentar ajudar uma colega... -Disse com um meio sorriso falso.

–Como ela é boazinha... Agradeço. Bom, já vou indo, espero que tenham uma boa noite.

A loira se levantou entrou no elevador.

–Acredita mesmo que ela vai fazer essa palestra?-Perguntou Freddie assim que o elevador desceu.

–Vai sim, por que viria se não fosse fazer? E sabe do que mais? Você vai filmar essa palestra e é óbvio eu vou ficar ao lado dela, como a dona do cachorrinho bravo amansado e vamos por isso na internet, tudo ao vivo.

–Carly, para por ai, vamos desistir enquanto é tempo. A garota é fria, calculista, mórbida SUBURBANA!! Você ta ficando louca?

–Não, mas vou ser a mais popular da escola na segunda-feira!

Sam chegou em casa com um sorriso no rosto.

–Oi, Shelby.

–Oi, e ai como foi?

–Normal. Consegui me controlar. Coitada.

–Eles não te trataram mal?

–Não. A Carly é uma idiota. Quer se aparecer as minhas custas. Vou mostrar a ela.

–Vai mesmo fazer isso? Todos os professores vão estar la.

–Perfeito.

–Pode ser expulsa.

–O Frank não vai me expulsar por causa disso. Não me expulsou por coisa pior... E se isso acontecer, juro por tudo que a de mais sagrado que pago os caras do fim da rua pra raspar o cabelo da Carly!

A morena gargalhou.

–Super apoio!

–Como foi o ensaio? –Perguntou Sam sentando no chão.

–Uma droga sem você.

–E o trabalho como foi?

–Normal, servindo hambúrguer, e limpando aquela lanchonete imunda... Se as pessoas vissem aquela cozinha não comiam la!

–Argh! Vou pro quarto decorar essa droga e amanhã dou um fim nesses encontros com os nerds.

Sam foi para o seu quarto que não era nada espaçoso. A casa toda era pouco maior que o sótão de Carly. O beliche ficava perto da janela, e na outra parede ficava o enorme guarda-roupa que ela dividia com Shelby. Subiu na cama de cima onde a claridade era maior e começou a ler o trabalho de Carly, precisava fazer a morena acreditar que ela faria um excelente seminário.

Leu o trabalho todo em uma hora e o dominou em pouco tempo. Sam era muito inteligente, e não era uma CDF devoradora de livros, apenas pegava tudo com facilidade. Era extremamente criativa, o que facilitava as coisas como fizera mais cedo na sala do diretor.


 

No dia seguinte, Sam permaneceu na companhia dos amigos ignorando os olhares interrogativos acerca do que Carly espalhava. Era difícil aguentar os comentários sem poder socar os colegas, mas achou melhor esperar até sexta para dar a resposta.

Carly tagarelava por toda a escola sobre o seminário na sexta-feira, mas quase ninguém acreditava. O que só a deixava mais animada. Missy escondia sua inveja, não só por Carly ser a única a não ter medo de Sam, como por Freddie ficar do lado dela. É certo que na primeira oportunidade puxaria o tapete da amiga.


Na segunda reunião, Sam chegou comend um hot dog duplo e entregou o trabalho a Carly. Estava com uma roupa mais largada, não sentiu a menor vontade de se arrumar para olhar pra cara daqueles dois.



–Aqui, Shay, -Falou de boca cheia.- fiz um resumo do trabalho e acho que podemos encerrar por aqui.


–Mas hoje ainda é quarta-feira. –Contestou Carly confusa.

–Mas eu já sei o que vou falar, ensaiamos hoje e pode ter certeza que vai dar tudo certo na sexta. Um dia só não vai fazer diferença.

Carly ficou pensativa. Foi retirada dos seus pensamentos por um grito de Spencer.

–Espera ai, eu já volto.

A menina saiu pela porta apressadamente para ver o que o irmão queria.

Sam sentou de frente pra Freddie que olhava nervoso para o computador. Lhe deu uma forte vontade de socar a cara do garoto ou ameaçar sua vida novamente, mas sabia que eles poderiam estar monitorando tudo e conteve-se.

Gosta dela, né? –Perguntou a loira com um riso demoníaco.

Freddie continuou navegando calado com uma mão no queixo.

–Todo mundo fala que você é gay e usa a Carly pra disfarçar, por que sabe que ela nunca vai te querer, é verdade?

–Todo mundo você e seus amigos asquerosos? –Perguntou sem levantar o rosto.

–Hum... Quanta coragem, -Falou ironicamente.- qual é ta me gravando?

–Você ofende, mas não gosta de ser ofendida? –Ele a olhou furtivamente.

–Olha, pra você não dizer que nunca fiz nada por você, -A garota adquiriu um tom cúmplice.- Sei de um cara assim como você também, ele é bem discreto, se quiser o numero dele...

–Faça bom proveito.

–Não da, ele é gay.

–Então vê se seu pai não quer... –Disse o garoto aborrecido.

–Ele é casado... –A loira encarou os olhos dele. –Quer mesmo falar de pai, Freddie?

O garoto ficou em silencio.

–Pode me deixar em paz ou ta difícil?

–Só to querendo ser legal

–Ta, eu não sou gay, eu não gosto da Carly e você não tem nada a ver com isso agora cala a boca e me deixa em paz.

–Colega, não tem nada de mais em ser gay, pode se abrir comigo! –A garota continuou a provocar.

–Como assim você é? –Perguntou irônico.

–Se eu fosse não estaria te aconselhando a sair com homens...

Freddie voltou a ficar em silencio.

–O nome dele é Philip ele tem 18 anos, é boa pinta, juro que não conto a ninguém. Vou falar de você pra ele, ta?

–Não obrigado.

–Quer falar com ele agora, eu posso ligar.

–Não obrigado.

–Qual é, colega o importante é ser feliz, já disse que não conto a ninguém.

–Samantha eu sou hetero. –Disse se controlando como podia.

–O Philip fala isso o tempo todo.

Ele voltou a ficar em silencio.

–Cara, eu to tentando te ajudar! –A garota fingia um tom solidário cutucando ele com a unha.

–Não, ta tentando me aborrecer. –Disse calmante se desvencilhando olhando o notebook.

–Então ta, mas quando você estiver pronto, eu estarei aqui. Com o telefone do Philip.

–Sabe que dizem que quando uma garota pega muito no pé de um cara é por que ela tem uma queda por ele?

–De um cara hetero, certo?

–Exatamente.

–E o Philip?

–O que tem?

–Quer que eu ligue pra ele?

–NÃO! Agora cala boca.

–Cara precisa de um namorado, to tentando te ajudar, sei que no começo é difícil, mas quando você estiver nos braços do seu homem vai ver que...

–CALA A BOCA AGORA SUA SUBURBANA NOJENTA!

Quando Carly voltou, Freddie estava gritando para Sam parar de bater nele. Carly entrou no meio da briga tentando tirar a garota de cima do amigo, mas sem sucesso. Spencer tinha acabado de sair, e ela levou quase cinco minutos pra conseguir controlar a fúria da menina.


–Sam, que diabos você pensa que esta fazendo?-Perguntou atônita.



–Ele me xingou!


Carly olhou para Freddie que se rastejava para a parede tomando distancia de Sam. Parecia ter visto o demônio na frente dele.

–Ta, agora já chega, amanhã falarei com o diretor e você vai levar suspensão. –Sentenciou Carly.

–Ele me xingou! –Repetia a loira revoltada com ar inocente.

–Freddie por que xingou ela?

–Ela me chamou de gay!

–Não, eu perguntei se voce era.

–Tentou me empurrar um cara.

Os dois começaram a discutir ao mesmo tempo e Carly teve que ser rápida quando Sam avançou novamente em direção ao garoto, berrando.

–Agora já chega! Peçam desculpas um ao outro, agora! –Carly gritava no limite das suas forças.

–Ele primeiro.

Freddie relutou, mas não era do tipo que não gostava de se desculpar.

–Me desculpe por ter te chamado de suburbana nojenta.

Carly arregalou olhos. “Depois fui eu quem perdi a noção do perigo”, pensou. Esse era o tipo de coisa que Sam não perdoava.

–Sam, pedi desculpas a ele.

–Não!

–Agora! –Gritou Carly impaciente. - Se não quiser ser suspensa!

–Desculpe por ter te batido, e ter tirado alguns tufos do seu cabelo. –Falou sem olhar o garoto.

–Ótimo. –Disse Carly fingindo tranquilidade. - Agora voltaremos a estudar como se nada disso tivesse ocorrido.

–Não. –Falou Freddie se levantando. –Eu vou pra casa.

–Por que? –Perguntou Carly.

–Por que acho que deslocaram minha clavícula, Carly e pelo menos pra mim ela é mais importante que sua popularidade.

O garoto desceu a fortes pisadas deixando as duas sozinhas no sótão.

–Então é por isso, Shay? –Perguntou Sam se recompondo.

–Como se não soubesse. –Carly se deixou cair no chão. -Mas agora deixa pra la vamos cancelar essa droga toda. Pode ir se considerando suspensa.

Sam riu e sentou ao lado da garota.

–Sabe Shay, eu li seu trabalho, ele é bom. Não somos tão diferentes quanto você pensa.

–Do que esta falando?

–Você age em função de status, assim como eu. Respeito, admiração, tudo o que nos faz ser menos infelizes no miserável ambiente escolar. Cada um usa o que tem.

–Esta enganada.

–To não e você sabe. Se você quiser, apresentar, vai ser do meu jeito, e pode ser divertido. E continuaremos juntas no topo da escola. Atrás apenas das lideres de torcida.

–Não vou trair meus amigos ficando do seu lado.

– É por eles também que fazemos isso. Alias, você pesa que eu não sei que o Benson foi o único a ficar do seu lado nisso tudo? Não se faça de santa Carly, precisamos ser respeitas, é sobrevivência. Como acha que eu seria tratada se todos não tivessem medo de mim? Já assistiu “Todo mundo odeia o Chris”? Seria mais ou menos daquele jeito.

–Você é loira.

–Mas moro num bairro muito pobre. Ta, sei que não chega tanto, mas é só pra você ter uma ideia... 

–Tirou tudo isso do meu trabalho?

–Mais precisamente do tópico “Convívio escolar e integração”. Tudo muito bem subentendido. E juntei com umas coisas a mais. Quer ver o que eu realmente iria apresentar?

–Não ia apresentar o que eu tava mandando?

–Claro que não! Quer ver ou não? –Perguntou pegando a mochila.

Carly assentiu. Ficou impressionada com o que Sam tinha feito. Estava tudo distorcido. Riram como se não fossem inimigas a anos, e Carly se sentiu tentada em fazer o seminário do jeito que Sam sugeriu. Ela se sentia meio traíra socializando tão bem com aquela garota mas não imaginava que ela fosse tão divertida.

–Então, Shay, vai fazer um showzinho comigo ou cancelar o seminário, e admitir que não conseguiu me vencer? Estou propondo um bom acordo.

Carly mais uma vez se pôs a pensar. Tinha medo de perder a amizade de Freddie, mas Sam não parecia ser tão ruim e cancelar o seminário depois de tanto ter se gabado seria prejudicial a ela.

–Tudo bem. Mas só se o Freddie concordar.

–O Benson é traumatizado pela morte do pai ele vê em qualquer pessoa do subúrbio o rosto do Ronald Crawelt. –Contestou a loira. -Não pode se deixar levar por isso.

–Também acho isso. -Disse num tom vago. -Tudo bem, fazemos o seminário invertido na sexta, e só, encerramos isso.

–Perfeito.-Sam sorriu diabolicamente. - Não vai se arrepender.

–Sam... –Disse hesitante. - é verdade que já dormiu com o Griffin?

A menina gargalhou.

–Que mente poluída... Já sim, eu e a banda toda, mas não do modo que você ta pensando. Ficou tarde e como a casa dele era a mais próxima, fomos dormir la. Ainda gosta dele, Carly?

–Claro que não, era só curiosidade.

–Sei... Carly, você esta sozinha na sua casa comigo. Metade dos meus parentes estão na cadeia, e eu também já estive. Não tem medo?

–Não. Deveria?

–Deveria achar que deve.

Carly riu.

–Mas não acho. –Disse rindo pensativa.

–Era um tigre, né? –Perguntou Sam depois de pensar um pouco. -Dentro da caixa que o pai do Freddie recebeu.

–Não, ele me disse que era uma cobra. –Respondeu Carly confusa.

–Uma cobra?

–É por que?

–Nada, deixa pra la. Era só curiosidade.

–Sabe que vai ter que falar agora. –Carly a olhava irredutível.

–Sei la é besteira, mas cada coisa que você encontra na caixa significa uma coisa. O tigre é vingança, como ele morreu por rixa... Devia ser um tigre ou uma águia que é ódio.

–O que a cobra significa?

–Traição.

Carly sentiu uma coisa estranha, como se soubesse que devia perguntar mais mas pensou que poderia ser outra brincadeira de Sam.

–Vamos voltar a estudar, vai ver que nem tinha nada a ver... –Disse encerrando o assunto.

–É, era só curiosidade. –Respondeu Sam sem jeito visivelmente arrependida de ter perguntado.

O desconcerto de Sam deixou Carly ainda mais confusa. Se fosse provocação ela insistiria, isso Carly já conhecia nela.

As duas voltaram a estudar.


Terminaram de escrever o texto, Sam se despediu de Carly e desceu pelo elevador. Na portaria, uma mulher alta, de cabelos castanhos a encarava. Parecia aguarda-la.



–Puckett? –Chamou assim que ela se aproximou.


–O que? –Respondeu a garota com ar poucos amigos.

–O que disse ao meu filho? –Perguntou ríspida.

–Quem é sue filho?

–O Freddie, e você sabe disso.

–Nada sabe bem que a gente não se fala. –Respondeu dando de ombros.

–Escute aqui garota, Você já arrumou muitos problemas pra ele na escola, não vou admitir que o infernize aqui também!

–Dona... Tenha uma ótima noite, sim?

A loira saiu ignorando os gritos de “fica longe do meu filho” da mulher e se dirigiu ao ponto de ônibus.

No ponto, Sam viu um rapaz sentado e teve uma ideia.


Freddie estava sentado no sofá de casa ainda chorando de raiva. Como alguém podia ser tão má?



A mãe sempre dizia que as piores pessoas são as que ferem com as palavras, pois dores físicas passam, mas certas coisas ficam presas na nossa mente. E no caso de quem sabe machucar e bem das duas maneiras?


A mãe entrou no apartamento e sentou ao seu lado passando a mão em volta de seus ombros.

–Enquanto a Shay estiver com essa garota, fique longe dela, sim meu anjo?

–Ta.

Deu um abraço na mãe e se levantou.

Freddie foi pro quarto decepcionado com Carly. Nem ao menos fora atrás dele pra perguntar como estava. O celular tocou. Ele atendeu esperançoso de que fosse Carly.

–Alô, Freddie? –Falou uma voz masculina do outro lado da linha.

–Quem é?

–É o Philip! Como vai?

–Ligou errado.

Freddie desligou o telefone e o atirou na cama com ódio.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gente, eu ja acabei de fazer essa fic mas to pensando seriamente em deleta-la não sei se vai ter boa repercussão. Acho que vcs podem não gostar, mas em fim... Bjos até mais!! Espero coments, heim? No prx cap, o seminário e o surgimento o Conexão Seattle,e claro um momento mais cute de Sam e Freddie, não tão cute assim...