Gostoso? Ouvi certo? Ele realmente achava que era isso? Se achava bonito, ou sei lá o que? Devem ter dado um espelho enfeitiçado a ele, para ele pensar que tem algum tipo de beleza, ou algo assim. Era meio estranho estar ali, ao lado dele. Principalmente numa aula em que eu tinha que agir civilizadamente, porque o professor poderia tirar oitenta pontos da minha casa, só por respirar um pouco mais pesadamente. Eu tinha certeza que a pessoa que estava ao meu lado não ia se comportar tão, uh, bem como eu. Eu veria que estava errada.

- Podem começar as poções – Snape disse. – Granger, o seu livro não está aberto. Menos 10 pontos da Grifinória.

Mas que raiva. Olhei para o lado, e Malfoy sorria triunfante. Ele lia as instruções da poção, e pude notar que era uma poção simples. Se o Malfoy cooperasse, nós terminaríamos em uns quinze minutos, mas eu não tinha certeza que o Malfoy iria ser legal ao ponto de me ajudar em qualquer coisa.

Ao contrário do que eu pensava, Malfoy não era um completo inútil, ele era bom em Poções, e isso me impressionou um pouco. Eu achava que ele se dava bem nessa matéria, apenas porque o professor Snape era o diretor da sua casa. O que aconteceu foi que nós fizemos a poção juntos. Sim, juntos. Sem nenhum xingamento, ou estresse. E pude jurar, que a certo ponto da aula, quando terminamos a nossa poção, Harry, Rony, Neville, e todos os Grifinórios presentes naquele lugar, me olhavam como se eu tivesse pirado ou enlouquecido. E, também pensei nisso. Não me peguei pensando em nenhum minuto, em como a minha mão ficaria perfeita dando um tapa na cara do Malfoy, ou algo parecido. O que eu tenho a dizer, é que, o que não saía da minha cabeça era o chocolate, que Fred havia me oferecido, e eu, espertamente, recusei. Mas a curiosidade me dilacerava.

- Tenho que admitir que você é bom em poções, – Isso foi uma tentativa de elogio vinda do Malfoy? – Sangue-ruim.

Antes, eu ficava extremamente incomodada quando ele falava isso. Me sentia um lixo. E o que eu podia fazer? Nada. Sim, nada além de ficar calada e aceitar os xingamentos. Como minha mãe dizia, isso só pode significar uma coisa: É amor platônico, enterrado por uma camada muito forte de raiva. Talvez fosse isso mesmo.

Nesse momento, o sinal tocou, anunciando o término daquela aula. Não respondi ao Malfoy, não deu tempo. Ele já estava ao lado da linda de Pansy, rindo sobre algo que ela havia dito. Ouvi algo como “Sangue-ruim”. Ignorei. Como eu tinha um tempo vago antes de História da Magia, eu resolvi ir para o salão comunal, a fim de estudar um pouco e terminar alguns trabalhos. Enquanto caminhava até lá, pude ouvir vozes vindas de uma sala. Um fato sobre mim: Sou uma pessoa extremamente curiosa. As duas vozes eram extremamente parecidas, o que me fez perceber que eram gêmeos. E que eram extremamente familiares. Eram os gêmeos mais engraçados que eu havia conhecido.

- Jorge, a gente tem que tentar outra abordagem – Fred disse. –Ela não aceitou o chocolate, o que significa que não vai aceitar nada facilmente.

-Você acha que eu não sei disso?

-Acho. E temos que fazer isso o mais rápido possível. Acho que ela pode estar caindo pelo Malfoy filhote de comensal.

- Para mim, você está muito desesperado. Tá afim dela, cara?

-Não, quero mantê-la fora de perigo.

- Aham, tá certo.

Ouvi passos, e tive que me esconder rapidamente.

Mas a dúvida ficou na minha cabeça.

Quem seria tão otária de se apaixonar pelo Malfoy?