Talvez Seja Você escrita por Yasmim Carvalho, L Escritora


Capítulo 4
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura gente, conversamos lá em baixo. (:



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Capítulo 3

“Pode acabar comigo, mas você é quem terá mais para sofrer

Cidade fantasma, amor assombrado”

(Titanium – Sia feat. David Guetta)

POV:Renesmee

A escola tem uma política diferente das escolas publicas. Nós temos duas horas de almoço, onde podemos sair do campus para ir a algum restaurante ou para casa, se for essa a nossa vontade.

Normalmente, eu vou para casa e almoço com Jessica para depois da uma passada no escritório do meu pai e dar um beijo nele.  Nesse caso, eu tenho que pedir ao motorista para que me leve – mesmo que na garagem esteja parado o meu carro.

Papai e mamãe concordam que não é legal eu ficar dirigindo sozinha por ai – e mesmo que pareça estranho isso vindo deles, não ouso me opor, já que isso faz parte das poucas coisas que hoje em dia eles concordam.

Hoje diferente do habitual, vou almoçar com minha mãe, que disse animada que havia boas novas. Não minto que fiquei preocupada quando ela veio falar sobre essa coisa de boas novas, e minha cabeça começou a trabalhar que talvez meu pai estivesse certo: ela iria se casar.

Paro em frente ao restaurante próximo a escola que ela escolheu. Lá dentro, ela bebe seu vinho nem ligando que todos ao redor olhem para ela admirados. Coloco um breve sorriso em meus lábios e após passar pela recepcionista, caminho em sua direção. Ela abre outro sorriso para mim, assim que me sento.

- Querida, que saudade! – Exclama e aperta a minha mão.

Sei que diz a verdade. Mamãe continua sendo uma boa mãe, amorosa e calorosa, mesmo depois de tudo o que aconteceu. Como ela mesmo gosta de frisar, seus problemas são direcionados ao meu pai, e não a mim.

Deixo minha mochila na cadeira vazia, e volto a olhar para ela.

- Mãe, a gente se viu faz dois dias. – Respondo.

- Bom, mesmo assim eu sinto saudades da minha garota. – Um garçom chega perto e ela pede a nossa comida, já sabendo do que eu gosto. – Se você ficasse dois dias sem vê o seu pai, se jogaria em seus braços gritando mil exclamações de saudades.

- Que exagero. – Reviro meus olhos e me encosto confortavelmente na cadeira. – Falando no papai, ele acha que a senhora vai casar, isso é verdade?

- Seu pai ainda anda de olha na minha vida? – Ela pergunta retoricamente. – Bom querida, eu ia falar com mais calma, mas já que ele estragou toda a surpresa, lá vamos nós. – Abrindo um sorriso verdadeiro, ela aperta minha mão de novo. – Lembra-se do James? – Faço que sim com a cabeça. – Ele me pediu em casamento! Não é maravilhoso? – Faço que sim de novo com a cabeça, mesmo que na realidade, não veja a maravilha de tudo isso. – Estou tão feliz.

- Que bom mãe.

- Você sabe que eu tive você muito nova não é, Resme? – Dou de ombros já preparada para o que vem a seguir. – Eu tinha só 17 anos, e namorava seu pai desde que me entendia por gente. – Coloco-me no piloto automático. – Pensei que nunca mais iria me casar para ser sincera, mesmo que todos afirmassem que eu só tenho 33 anos e meio e que ainda sou nova o bastante para isso.

- Hoje em dia não há idades para se casar mãe, até pessoas aposentadas estão se casando. – Resmungo.

- Eu sei querida... Você não está feliz por mim? – Pergunta finalmente olhando meu rosto.

Preparo-me para abrir outro sorriso não querendo magoa-la. Não é que eu esteja infeliz, eu só não estou pulando de alegria porque sei que isso afetará meu pai como se fosse vários socos no estomago. Como ela não podia perceber isso?

- Estou feliz sim por você mamãe, só ando com uma dor de cabeça muito chata. – Minto.

- Dor de cabeça? E seu pai não te levou ao médico por quê? – Pergunta chateada. – Você poderia vir morar comigo, eu iria cuidar muito bem de você meu bebê.

- Por favor mamãe! – Digo enjoada com a ideia de ir morar com ela e o novo marido e ainda por cima com ela me chamando de bebê.

- Parei. – Abre a mão levantando-a e fazendo sinal de rendição. – Como anda a escola?

- Bem.

- Fiquei sabendo que o filho daquele cineasta, Bille Black está na sua escola. – Ela da um sorrisinho cúmplice. – Você já o conheceu?

- Sim, estamos fazendo um trabalho de artes juntos. – Minha voz sai meio entediada.

- Que maravilha. – Exclama contente. – Ele é um ótimo partido, já pensou em investir?

- Mamãe, a senhora está mesmo mandando eu dar em cima de um garoto? – Pergunto horrorizada.

- Resme minha filha, você sabe que a mamãe não é nenhuma pessoa antiquada. – Ela da de ombros. – Na sua idade eu já era sexualmente ativa, então, por favor querida, sem constrangimentos.

- Eu não sou que nem a senhora mãe.

- Eu sei né? – Ela revira os olhos. – Todas as filhas das minhas amigas posam para fotos, e ajudam suas mães em suas campanhas... – Ela deixa o resto no ar.

- De novo essa coisa de querer que eu pose mãe? – Balanço a cabeça. – Já disse que não, tenho vergonha.

- Vergonha do que? Querida você é linda!

- Tudo bem mãe, vou pensar, então podemos dar o assunto como acabado? – Ela da de ombros e o garçom chega com a nossa comida.

Depois disso, ela tagarela sem parar sobre como James pediu-lhe em casamento, e como anda os preparativos, e que eu vou ser uma das damas e tudo mais. Pergunta se deve convidar meu pai – o que eu diga com muita enfase NÃO – e assim se segue nosso almoço.

Passamos em uma das suas lojas antes dela me levar para escola e ela faz questão de enfiar um conjunto novo de lingerie na minha mochila – logo depois ressaltando que eu tenho mochilas em melhores estados, e que se eu estiver precisando de alguma coisa é só avisar.

O dia hoje tava intenso, e eu sei que deveria estar feliz por sair do cotidiano, mas a minha mãe às vezes passava dos limites.

(...)

Minha maior preocupação agora era meu pai. A notícia do casamento com certeza era uma bomba pra ele. E eu tinha que apoiá-lo mais ainda. Meu pai durante todos esses anos se lamentava a cada maldito dia pela ida de mamãe. Nenhum progresso havia sido feito, e nenhum momento eu vi a dor em seus olhos diminuir ou amenizar.

A mesma agonia todos os dias e todas as horas. Tentava ao máximo faze-lo feliz nos poucos momentos em que ficávamos juntos, faze-lo tentar enxergar outra coisa que não fosse o passado.

Na verdade isso é algo impossível, porque não é o passado que o perturba e sim as lembranças maravilhosas que ele deve ter dela.

O amor pode ser o seu melhor remédio mais também a sua pior dor. Não existe algo mais inevitável do que isso.

Estava tão perdida em meus pensamentos, tão concentrada que não percebi que quase esbarrei em alguém no corredor da escola. Não fiz questão de olhar pra pessoa apenas murmurei um “desculpe” e continuei andando até ser parada outra vez.

A pessoa que atrapalhava meus pensamentos segurou delicadamente meu braço, e soltou uma risadinha. Então fui obrigada a olhar para aquilo que me proibia de passar. E qual foi a minha surpresa de ver Jacob me encarando com um lindo sorriso brincando em seus lábios carnudos.

- Oi! – falou com a voz rouca que arrepiou até a minha alma.

- Vem cá garoto, você tá me perseguindo ou algo assim? – Perguntei soltando meu braço da sua mão e dando um passo para trás.

Aquilo começava a ficar perigoso. Sorrisos quando bem usados podem ser uma tremenda de uma arma e Jacob sem sombra de duvida usava bem o seu.

- Bom, estamos na mesma escola, então acho que você meio que deveria se acostumar comigo te cercando. – Gracejou.

- Isso é uma ameaça ou uma promessa? – Cocei o pescoço encabulada.

- Depende... – Ele voltou a segurar meu braço e começamos a andar. – Se você gosta da minha presença, então é uma promessa... E se não gosta, bom... – Ele começa a rir e inevitavelmente eu também soltei uma leve risada.

As pessoas estavam olhando para nós, e quando consigo sentir os olhos afiados de Megan sobre mim, tenho o impulso de agarrar mais forte o braço de Jacob. Porém, por mais que eu faça isso, abaixo a cabeça não querendo arrumar confusão.

- Por que você está com a cabeça baixa? – Ele pergunta e começa a olhar ao nosso redor. Solta a respiração de forma irritadiça e levanta a minha cabeça. – Essas pessoas são um bando de idiotas, sinceramente, deveria andar com a cabeça em pé no meio deles.

Começo a rir achando a maior graça das palavras dele. Jacob viveu tempo demais longe desse meio para lembra-se de que aqui, não e tão simples, nós não estamos em nenhum filme água com açúcar, onde de forma extraordinária eu venço meus medos e receios e me torno na garota sexy e popular – estamos no mundo real, onde quem é cruel sempre será assim, e quem é invisível continuará na mesma.

Esse é o meu caso, sou invisível e sinceramente? Já me acostumei.

- Certo, obrigada pela dica.

- Não é só uma dica, isso é a verdade. – Jacob solta meu braço e passo o dele sob meus ombros. – E já que eles gostam tanto de olhar e falar, vamos fazer tudo certo para eles falarem com gosto.

- Jacob, isso pode ser uma diversão para você, mas não é para mim! – Estreito meus olhos. – Isso vai estar nas revistas quando menos esperarmos, em que mundo você vive?

- O mundo onde ninguém tem nada haver com a minha vida.

Parei bruscamente o fazendo olhar pra mim um pouco assustado.

- Então seja bem vindo ao seu atual mundo, onde o que você faz ou deixa de fazer, vai parar nas revistas de fofoca. – tomei fôlego - E que pessoas como eu são invisíveis e que pessoas como você não são. Se não quer sujar a sua imagem faça um favor, fique longe de mim.

Me sentindo extremamente chateada pelo modo como ele ignora a realidade de onde ele vive, dou as costas para ele sego o meu caminho.

Essa amizade por mais que tenha me feito sentir uma coisa gostosa na barriga, é perigosa demais e totalmente surreal. Vou sair dessa situação antes que esteja presa a ponto de não poder fugir mais.

POV: Jacob

Algumas regras da sociedade nunca mudam, realmente. Me deparar com uma menina realmente linda mas que se sentia tão inferior no meio desses idiotas era a prova viva disso. Era bem provável que o meu pensamento fosse esse por causa da minha criação, e isso só me levava a pensar que eu era um cara de sorte.

Riqueza, beleza e poder eram apenas coisas superficiais que gente que não pensa da valor. Não vou ser hipócrita, gosto de ter dinheiro e de gente bonita, mas se eu não tivesse essas condições não ficaria infeliz por isso, vive uma boa parte da minha vida em uma reserva indígena e sei como é ser simples.

Renesmee tinha tudo isso e mais um pouco. Em seus olhos era possível ver uma estória de vida um pouco mais conturbada. Algo como alguém que já sofreu demais e só precisa de um tempo – mesmo que esse tempo pareça uma vida inteira de solidão.

Ela finalmente sai do meu campo de visão e eu me encosto no muro. A escola e totalmente diferente da outra que eu estudei, já que a minha outra escola era na reserva. Lembro-me de que as pessoas lá eram realmente leais e que quem meu pai ou a minha mãe eram, nunca importou realmente.

Sinto uma mão se enroscando em meu braço e uma risada fingida, e sem nem precisar olhar, já sei quem é.

- Jake. – Ela sussurra meu nome de forma sensual.

Não posso negar que a menina que está ao meu lado é realmente bonita, mas quando tento enxergar algo além dessa beleza, não encontro nada. Ela é vazia.

- Oi Megan. – Respondo me afastando um pouco dela.

Seu olhar em minha direção não é algo aprovador, como se estivesse tentando desvendar qual é o meu problema por não desejar ela. Ela solta uma risada meio estranha e respira fundo, como se estivesse se controlando.

- Bem, agora que você a... – Ela faz uma pausa dramática como se não soubesse o nome da Nessie. – Aquela lesada. – Diz como se esse de fato fosse o nome dela. – Bom, como agora você já está livre dela queria te convidar pra ir a festa na casa do Newton. Vai ser amanhã, ele mora no mesmo condomínio que você, posso te mandar um e-mail com o endereço certo. – Parecendo perceber que ta tagarelando ela para e sorri para mim, olhando dentro dos meus olhos com seus belos olhos azuis expressivos. – Você vai, certo?

- Só se a Renesmee puder me acompanhar. – Respondo dando de ombros.

Por uns segundos ela parece realmente ofendida com o que eu disse, mas sinceramente eu não ligo. Não sou um dos caras que mais sai por ai em festas e se eu for, quero pelo menos poder ficar conversando com alguém menos idiota.

- Você não vai querer chegar lá com ela, escuta o que eu estou te dizendo. – Megan responde ainda com uma cara ofendida. – Digamos que ela não é a sua melhor escolha de amizade Jake. Eu sou, na realidade. Posso fazer você ser querido nessa escola, nessa cidade. Renesmee não pode fazer isso.

- Não quero ser querido em lugar nenhum, estou bem desse jeito.

- Tudo bem então. – Ela me da às costas. – Avisa a lesada que o nome dela vai estar na lista de convidados, mesmo que eu duvide que você consiga tira-la de casa.

Megan começa a andar para a direção que há poucos minutos Renesmee tinha percorrido. Continuo olhando aquela garota andando até que ela some da minha frente. Talvez ela tenha razão, Renesmee não me parece o tipo de garota que iria a festas.

Passo a mão em meus cabelos bagunçando-os um pouco. Meu pai de fato iria adorar Megan com esse jeito rico e esnobe. Porém ele nunca foi um homem muito sábio. Minha mãe com toda certeza preferiria Renesmee, e como sempre, eu concordo com ela.

Eu sabia que o meu primeiro dia aqui seria cheio de emoções, mas conhecer aquela menina ultrapassou minhas expectativas. Meu Deus, o que está acontecendo? Afinal de contas, eu não sou assim, não gosto de garotas logo após conhecê-las... Ou não gostava.


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Notas finais do capítulo

Obrigada pelos reviews gente, fico muito feliz (eu e a Leka na verdade né).
E ai o que estão achando? Essa Megan é um pé no saco, o menininha infeliz! O pior de tudo é que existe muitas "Megan" pelo mundo.
Bom, logo tem mais post, beijoos.
Yasmim.