ISA’S POV

Harry bateu na porta por pura cerimônia, esperando que sua mãe nos atendesse. Eu não estava com medo, pelo contrário, eu queria muito conhecer a Anne.

- Harry! – Ouvi sua voz doce enquanto ela nos recebia. – Como você está?

- Bem, mãe. E você? – Harry perguntou antes de ser puxado para um abraço. – Essa é a Isabela, minha namorada.

Abri um sorriso enorme.

- É um prazer Sra. Cox – Falei, tomando cuidado para não chamá-la de Styles.

- Olá. – Anne disse, seca, e meu sorriso se desmanchou na hora.

O que eu tinha feito? Não, isso só podia ser obra da minha imaginação.

- Entre querido. – Ela disse, diretamente para Harry.

Talvez Anne fosse exatamente assim, tipo, sempre. Harry não pareceu notar sua frieza alguns minutos antes. Balancei a cabeça.

Eu realmente pensei que as coisas iam melhorar durante o dia, mas eu estava errada. Gemma não estava em casa, ou só chegaria para o jantar, alguma coisa assim. Anne me evitou durante todo o tempo, e quando precisava falar comigo, dava respostas curtas, logo voltando sua atenção para o Harry.

Eu me sentia vazia. Não conseguia encontrar alguma coisa que explicasse esse comportamento dela. Tudo bem, podia ser até um ciúmes do filho, sei lá. Mas, eu simplesmente não sabia o que pensar.

- Isa? – Harry me chamou de novo, talvez pela quarta vez enquanto tentava manter uma conversa saudável. – Não é verdade?

- Hã? O que?

- Que nós nos conhecemos no Brasil.

- Ah, é claro que sim. – Tentei sorrir, mas acho que não tive sucesso.

- Sei. O Brasil é um bom país para se viver? – Anne perguntou, olhando pra mim dessa vez. – Não é o que dizem por aí.

Respirei fundo, não perder a calma.

- Na verdade, Sra. Cox, eu gostava de morar no Brasil. Era sim um bom país pra se viver. Eu era de São Paulo, e como a Sra. deve saber, lá é bem desenvolvido.

Harry me olhou com a testa franzida, reprovando minha resposta tão seca. Ele devia me conhecer bem o suficiente que é meio difícil de aguentar desaforos e provocações. De quem quer que fosse.

Conversamos mais um pouco, esperando que Gemma chegasse para o jantar. Ajudei Harry com a mesa enquanto Anne cozinhava. Pelo menos eu não tive que manter nenhum contato direto com ela.

- Pensa rápido. – Harry riu enquanto jogava o papel toalha pra mim.

- Harry! – Ri verdadeiramente pela primeira vez desde que tinha chegado.

- Que bagunça é essa aqui? – Um homem, Robin Cox pelo que pude imaginar, disse, chegando na cozinha.

- Oi Robin. – Harry deu um tapinha nas costas dele. –

- E ai garoto? Finalmente você veio pra casa.

- Estive ocupado com a turnê. – Explicou. – Cadê a Gemma?

- Tá vindo. Ela parou na sala pra terminar de falar no telefone.

- Ah, certo.

- E a sua educação ficou aonde Harry? – Robin perguntou, olhando pra mim.

- Quê? – Ele perguntou de volta, confuso.

- Não vai me apresentar a garota?

- Ah, desculpe! – Harry bateu a mão na testa. – Essa é a Isabela, minha namorada.

- É um prazer, senhorita. – Robin disse, piscando pra mim.

- O prazer é meu, Sr. Cox.

- Me chame de Robin, por favor. – Robin riu. – Não quero parecer velho demais.

Ri também, muito mais a vontade com ele do que com a sua mulher.

- Tudo bem, Robin. – Corrigi.

-Hum, temos uma novata aqui. – Gemma falou, sorrindo pra mim. – Você é a famosa Isabela, então.

- Bem, quanto a parte do “famosa” eu já não sei, mas sim, eu sou a Isabela. – Brinquei.

- E tem senso de humor também! – Gemma passou o braço pelos ombros do irmão. – Ótima escolha irmãozinho.

- Eu sei Gem. – Harry concordou e franziu a testa em seguida. – Mas não me chame de irmãozinho, por favor.

Gemma riu alto.

- Não tenho culpa se nasci primeiro.

- Nem eu por ter nascido depois.

- Tá bom crianças. – Robin os separou, já chega. – Hey Anne, quer ajuda com o jantar?

- Seria ótimo.

No fim, Gemma e Robin foram ajudar Anne, então Harry e eu ficamos conversando na sala.

- Parece que a sua mãe não gostou muito de mim. – Falei, ressentida.

Harry suspirou.

- Eu não sei o que deu nela. Mas nós vamos conversar depois.

- Não Harry. – Discordei. – Ela tem todo o direito de não gostar de mim. Sua mãe não tem que fazer isso porque você pediu.

- Mas Isa! Ela nem te conhece.

- E dai Harry? Ela só não foi com a minha cara.

- Tá, depois a gente resolve isso, tudo bem?

- Vai ser meio difícil. – Murmurei, baixo demais para ele entender.

- Quê?

- Nada. Depois a gente resolve.

Robin chegou na sala e nos olhou. Depois deu de ombros, concluindo que não estava atrapalhando nada.

- Venham comer. Já tá na mesa.

Me levantei primeiro, tirando minhas pernas do colo de Harry. Ele pegou minha mão com firmeza e fomos até a cozinha.

Ignorei a cara que Anne fez quando nos viu de mãos dadas. Nada de discussões no jantar.

- Então... o que aconteceu aqui? – Gemma perguntou, cortando o silêncio.

- Do que você está falando? – Harry ficou confuso.

- Parece que nós estamos num velório, e não jantando.

- Hã... não aconteceu nada. É só a fome.

Gemma o encarou por alguns segundos, depois deu de ombros.

- Tudo bem então.

O silêncio voltou a reinar e continuou até o fim.

- Gemma, cuide da louça, por favor.

E com essa frase encorajadora, Anne se levantou da mesa em um impulso. Robin a encarou.

- Eu vou... – Ele limpou a garganta. – Vou ver o que aconteceu.

Gemma suspirou.

- Deixa que eu te ajudo com a louça. – Ofereci e comecei a recolher os pratos.

- Obrigada. – Gemma sorriu pra mim.

- Eu vou arrumar nossas coisas lá no quarto tá? – Harry me deu um selinho.

- Ahan, vai lá.

Fiquei sozinha com Gemma na cozinha e, apesar de não conversarmos, o clima não estava tenso.

- Me desculpe pela minha mãe. – Ela disse de repente.

- Ah, tudo bem. – Falei sinceramente. – Você não tem culpa.

- Sabe Isa... Gemma fez uma pausa. – Posso te chamar assim né?

- Claro!

- Então, você é tão diferente da última garota... quero dizer, mulher, ou o que quer que ela seja.

Percebi de quem ela estava falando. Caroline Flack. Argh.

- E isso é bom, não é?

Gemma riu.

- É ótimo! Você não tem ideia.

Jura? Acho que sua mãe não concorda com você. Pensei.

-  Que bom então. – Sorri.

Terminei de ajudá-la com a louça enquanto conversávamos.

- Tá meio tarde né? – Gemma perguntou, olhando no relógio. – Acho que nós demoramos demais.

- Concordo. – Falei, colocando o pano de prato no lugar.

- Robin já deve ter ido se deitar. – Ela reprimiu um bocejo. – Afe, acordei cedo demais hoje.

Bocejei também.

-Eu não, mas fiquei cansada agora.

- Foi só porque eu bocejei né?

Eu ri.

- Foi.

Caminhamos até a sala e Gemma parou na ponta da escada.

- Acho que você já pode ir se deitar. Se quiser, é óbvio.

- Ah, obrigada Gem. Vou subir já.

- Vem, eu te mostro o quarto do Harry.

Gemma parou na frente de uma das portas do corredor.

- Harry? – Chamei.

- Entra amor.

- Valeu Gem.

- Disponha.

Abri a porta e ele estava sentado na cama.

- Viu? Gemma gostou de você.

Sorri.

- Sua irmã é incrível Harry.

- Prefere ela do que eu, né?

- Claro. – Falei, séria. – Ela não é uma garota mimada.

- Tonta. – Harry me puxou pela cintura.

- Sei que você me ama.

- Convencida! – Ele me beijou, mas alguém bateu na porta. – Quem é?

- Harry, nós podemos conversar? – Era a Anne.

- Hã... claro mãe. – Ele respondeu, confuso. – Tô saindo.

Meu coração acelerou quando ouviu a voz dela. E mais ainda quando Harry fechou a porta atrás de si. Abracei meus joelhos, tentando me manter no lugar, mas minha ansiedade não permitiu.

Fui até a porta silenciosamente e percebi que eles conversavam no corredor. Encostei minha orelha, tentando ouvir o que eles falavam. Sou intromedida? Foda-se.

- Harry, e se ela só quiser o seu dinheiro?

- Mãe! – Harry protestou. – A Isa não é assim.

- Você disse o mesmo da tal Flack.

- Por que você sempre tem que voltar nesse assunto? Ela foi um erro.

- E quem garante que essa Isa não é?

­- Nós estamos juntos há quase um ano! Acho que dá pra perceber que ela gosta de mim. E eu gosto dela.

- Você sempre gosta das pessoas Harry. Principalmente das garotas.

- Mãe, até quando nós vamos continuar com isso?

- Eu só quero garantir que você não vai se machucar dessa vez. Na última, você se apaixonou pela Flack e ela te dispensou.

- Dá pra pelo menos esquecer da Caroline? Não é dela que nós estamos falando.

- Você não pode confiar nas pessoas facilmente, ainda mais por ser famoso.

-Você tá querendo dizer que a Isa só está comigo por interesse? Você nem a conhece!

- Mas eu conheci todas as outras,  Harry!

- Dá uma chance pra ela, pelo menos isso! Por mim.

Escutei Anne suspirando.

- Tudo bem Harry. Mas só porque você está me pedindo.

- Obrigado mãe. Você não vai se arrepender. A Isa é uma garota incrível.

Corri de volta pra cama quando percebi que a conversa tinha acabado. Harry abriu a porta.

- Que foi?

- Seu sorriso é tão lindo. – As palavras saíram da minha boca sem permissão.

- Você é linda.

Sorri timidamente enquanto Harry se sentava na minha frente. Encarei sua boca por alguns segundos antes de acabar com o espaço entre nossos lábios. Harry sorriu com a minha atitude e se deitou sobre mim, acariciando minha barriga. Passei minhas mãos pelos seus ombros, levando a jaqueta dele junto. Sorri maliciosamente.

- Sua mãe já não gosta de mim, se a gente fizer isso aqui...

- Não consegue ficar quietinha? – Ele perguntou, beijando meu pescoço.

- Você sabe que não. – Respondi. (n/a.: espero que vocês tenham entendido a indireta aqui).

Harry riu e se levantou, indo até o guarda roupa. Pegou uma calça de moletom e se trocou, sem se importar por eu ainda estar no quarto. Revirei os olhos e fui até o banheiro, me trocando também e escovando meus dentes.

Voltei para o quarto e Harry já tinha se deitado. Me aconcheguei no peito dele.

- Boa noite Harry.

- Boa noite, meu amor. Amanhã vai ser melhor do que hoje tá?

- Não se preocupa com isso. – Respondi baixinho, já sentindo meus olhos fecharem.

***

Abri meus olhos e Harry não estava na cama. Franzi a testa e chequei as horas no celular. Nove horas. O que diabos esse garoto fazia acordado tão cedo?

Me levantei e troquei de roupa. Fiz minha higiene e desci, encontrando Gemma na sala.

- Bom dia Gem.

- Bom dia Isa! – Ela sorriu pra mim. – Dormiu bem?

- Ahan. E você?

- Gostaria de ter dormido um pouco mais.

Eu ri.

- Sem trabalho hoje? – Perguntei.

- É. Dia de folga.

- Cadê o Harry?

- Tá lá na cozinha com a minha mãe. – Respondeu. – Aproveita e toma café com eles.

Senti um frio na barriga, me preparando para ver Anne e suportar toda a sua frieza. Caminhei até lá e vi Harry na pia, preparando seu café ou o que quer que fosse. Anne estava do seu lado

- Bom dia. - Falei sorrindo.

- Bom dia, Isa. – Harry sorriu de volta e me deu um selinho.

- Bom dia, Isabela. – Anne também sorriu pra mim, me surpreendendo com a gentileza. – Você não quer preparar seu café?

- C-claro. – Gaguejei.

- Fique a vontade então. Harry, ajuda ela.

Harry sorriu pra mim e me entregou uma xícara. Coloquei só café e o segui até a mesa. Anne nos esperava, ainda sorrindo.

- Então, Isa... Posso te chamar assim, não é?

- Fique a vontade, Sra.Cox.

- Então... por que você veio pra Londres?

Não havia crítica em seu tom, só a curiosidade. Decidi responder verdadeiramente.

- Minhas amigas estão trabalhando em um jornal de Londres. E eu vim pra cá com elas. Mas não foi de repente, era nosso sonho.

- E você não trabalha?

- Por enquanto não. Mas meu pai tá construindo a filial da empresa dele aqui, e eu vou ficar pra cuidar das coisas.

- Entendi. – Anne piscou pra mim. – Garota de negócios, não é?

Eu ri.

- Bem, é.

- Desculpe por ontem, querida. Eu te julguei mal. – Anne confessou.

- Tudo bem. – Sorri pra ela. – Entendo a sua preocupação com quem estava cuidando do bebê aqui. – Baguncei o cabelo do Harry.

- Ei! Eu não sou bebê. – Ele fez bico.

- Ah não, magina.

- Mas agora eu sei que ele está em boas mãos.

- Eu nunca me aproveitaria do seu filho, Sra. Cox. – Falei sinceramente. – Eu nem gosto dessa ideia de fama, nem nada desse tipo.

- Isa sofre de perseguição constante. – Harry disse, rápido demais para que eu pudesse impedir. Minhas bochechas esquentaram quando Anne riu.

- Não é isso. – Discordei. – Eu tenho medo do que pode acontecer. Sabe, ameaças de morte, pessoas sabendo onde eu estou e o que eu estou fazendo. É estanho.

- Eu sei como é.

- Finalmente as ladies se acertaram. – Gemma riu, chegando na cozinha.

Anne mostrou a língua pra ela.

- Eu disse que Isa era uma boa garota. – Gemma provocou.

- Pela primeira vez o Harry fez a escolha certa.

Ele revirou os olhos.

- É incrível o quanto vocês me apoiam na minha vida amorosa.

- Nós estamos te apoiando, bestão. – Gemma revirou os olhos também. – Nós gostamos da Isa e ponto.

Harry apertou meu nariz.

- Dessa vez é pra valer.

Ignorei o “awn” que a Gemma soltou e dei um selinho nele. Eu não podia aprofundar as coisas bem na frente da minha sogra. Sogra, que palavra estranha. Mas até que soava bem quando se referia a Anne.

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- Vocês não querem ficar até amanhã?

- Não, mãe. Nós precisamos mesmo ir.

Anne fez uma carinha triste.

- Tudo bem. Eu vou sentir sua falta. Te amo. – Anne abraçou Harry.

- Também te amo mãe.  

- Voltem sempre que puderem. – Anne se virou pra mim. – Inclusive você viu?

Sorri.

- Venho sempre que o Harry quiser me trazer.

- Você pode vir até sem mim. – Ele me encarou, cético. – A Gemma te ama.

- Ciumento. – Eu ri. – Vamos?  Tchau Sra. Cox. Muito obrigada por tudo.

- Obrigada você por cuidar do meu garotinho. E por me aguentar também.

- Imagina. Eu amo demais esse garoto.

Nos despedimos e fomos até o carro.

- Eu disse que ia dar tudo certo. – Harry falou, convencido.

- Depois deu tudo certo.

Ele riu.

- O que importa é que deu certo, não é?

- É.

- Então pronto.

Harry estava certo. O que importava era: a família dele me aceito. Eu era mais do que oficialmente a namorada de Harry Styles.