JU’S POV

- Quer dizer que você é brasileira? – Jay perguntou e eu ri.

- Eu sei que é meio surpreendente, mas sim, eu sou.

Ela franziu a testa enquanto mexia na panela.

- Mas Louis...

- Não, nós não nos conhecemos lá. – Interrompi. – Nos conhecemos na França. Quando eles estavam em turnê.

Jay assentiu, compreensiva.

- Acho que o jantar vai sair um pouco tarde hoje. – Ela comentou.

Olhei o relógio. 21h.

- Desculpe Jay... acho que a culpa é minha. – Falei, envergonhada. – Não devia ter tentado te ajudar, sendo que só atrapalhei.

Jay riu, se divertindo com a minha vergonha.

- Não se preocupe querida. Está tudo bem. Só falta essa última panela.

Assenti, sem saber o que falar. Decidi colocar as coisas na mesa então.

- Olha que linda essa minha namorada. – Louis disse, descendo as escadas. – Ajudando com a janta.

Senti aquele típico frio na barriga quando escutava ele me chamando de “sua namorada”.  Essa era a ideia original, mas eu não podia evitar toda aquela vontade de que isso se tornasse verdade. Pelo menos por um dia.

- Claro né. Já que o folgado do filho mais velho não ajuda. – Eu ri.

Louis riu também e me abraçou pela cintura.

- Está pronto crianças. – Jay anunciou. – Venham jantar.

Minhas bochechas ficaram vermelhas quando Fizz apareceu na cozinha, murmurando um “finalmente”.

Sentamos todos juntos. Jay na ponta, Louis do meu lado, Fizz na outra ponta. Daisy e Phoebe comiam em uma mesinha separada, mas ao nosso lado. Lottie estava na frente de Louis. Comemos em silêncio por um tempo, só apreciando o sabor da comida. Jay realmente sabia como cozinhar.

Estava tudo na maior paz e harmonia, quando Louis bateu na mesa com força, assuntando todas nós.

- O QUE É ISSO? – Ele gritou. – O QUE É ISSO NA SUA MÃO LOTTIE?

Olhei pra ele e procurei saber sobre o que ele estava falando. Consegui ver o problema antes que Lottie pudesse esconder a mão direita. Ela usava uma aliança de compromisso.

Lottie não disse nada, apenas encarou Louis por um tempo, e depois desviou o olhar para sua mãe, desesperada.

- Louis... filho. – Jay tentou falar. – Calma.

Ele olhou pra ela, e se levantou da cadeira.

- Calma? CALMA? – Ele bufou. – Não é possível que uma garota de quinze anos tenha que usar uma ALIANÇA DE COMPROMISSO.

Louis começou a despejar toda sua raiva em palavras. Lottie abaixou a cabeça, decidida a não contradizê-lo. Percebi o quanto ela estava preocupada, para não dizer apavorada. Então, num gesto de desespero, Lottie me encarou, procurando por ajuda.

Fiquei de pé também.

- Louis. – Chamei, sem sucesso. – Louis. – De novo. – Louis, por favor. – Não obtive progresso. Fechei os olhos uma vez antes de pronunciar a próxima palavra. Respirei fundo e coloquei minhas mãos no seu rosto. – Amor?

Não sei se foi a surpresa ou o fato de eu ter desviado seu rosto de Lottie, mas Louis me encarou. Suspirei, aliviada.

- Louis, pelo menos escuta o que ela tem a dizer. – Pensei melhor. – Vamos conversar.

Olhei pra Jay, pedindo permissão para sair da mesa. Ela assentiu.

Puxei Louis pela mão, andando com ele até a parte dos fundos da casa. Apesar de estar escuro, eu podia enxergar tudo com clareza, graças às lâmpadas que ficavam instaladas lá. Não falei nada, só me sentei ao seu lado na grama.

- Não é possível que isso esteja acontecendo. – Louis falou depois de um tempo. – Ela só tem quinze anos!

- Lou. Ela já tem quinze anos. Não é mais uma garotinha que brinca de boneca.

Ele apoiou a cabeça nas mãos.

- Mas usar uma aliança de compromisso? Não acha que isso é demais?

- Não é como se ela fosse casar! Lou, você tem que deixar a Lottie viver a vida dela.

Ele me olhou, triste. Então, deitou a cabeça no meu colo.

- Mas Ju. Ela é minha irmã. Como posso saber que tem um cara se aproveitando dela e não fazer nada?

Passei a mão pelos seus cabelos.

- E se ele gostar realmente dela? Já imaginou o quanto pode magoá-la só por se interferir?

Ele parou, pensando nas minhas palavras. Suspirou.

- Eu só não consigo imaginar isso.

- Promete que vai conversar com ela igual um homenzinho?

- Pode ser como irmão mais velho?

- Não. Não pode. – Louis me olhou confuso. – Tem que ser como amigo.

Ele sorriu. Aquele sorriso encantador e puro, que só podia vir dele.

- Vou chamar ela aqui. – Falei e fiz menção de me levantar, mas Louis não permitiu. Franzi a testa.

- Você é incrível sabia? Não sei o que eu faria sem você.

Senti minhas bochechas esquentarem. Mas Louis ainda não estava satisfeito.

- Sabia que eu posso estar me apaixonando por você?

Disfarcei minha vergonha com uma risada.

- Sabia.

- Nossa. – Ele colocou a mão sobre o peito. – Eu esperava um “eu também”.

Ri de novo.

- Vai nessa Tomlinson.

Levantei dessa vez e caminhei em direção à casa. Jay descia as escadas.

- Phoebe, Daisy e Fizz já dormiram. – Ela anunciou.

Sorri e procurei por Lottie. Ela ainda estava sentada na mesa da cozinha.

- Lottie. Louis quer conversar com você. – Avisei.

Ela me encarou, assustada.

- Prometo que ele vai ser bonzinho. – Sorri confiante.

Lottie começou a caminhar em direção à porta dos fundos, mas ela correu e me abraçou pela cintura.

- Obrigada. – Falou, com a voz abafada.

Retribui o abraço.

- Não tem de quê, querida.

Sorri enquanto via ela se afastando. Me virei para Jay.

- Vou esperar o Louis lá em cima. – Disse e depois fiz uma pausa. – Se não tiver problema.

- Claro que não Ju! Fica a vontade.

Subi as escadas e abri a porta dele.

Me senti um pouco desconfortável por estar ali. Quero dizer, sozinha. Ontem, acabamos dormindo nos sofás da sala, por isso não precisei pensar no quão embaraçoso seria dividir uma cama com Louis.

Tentei deixar o desconforto de lado e encostei a porta, girando a tranca em seguida. Peguei meu pijama e o vesti. Destranquei a porta e fui em direção ao banheiro, escovando meus dentes.

Voltei ao quarto e comecei a olhar as fotos que estavam em cima da cômoda. Fiquei tão absorta que não percebi quando Louis entrou no quarto.

- Obrigada por hoje. – Ele falou, perto do meu ouvido.

Me virei, um pouco assustada.

- Melhor você se acostumar. – Sorri. – Você tem mais três irmãs.

Ele colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.

- Desde que você esteja aqui pra me ajudar.

Não soube o que falar, ou melhor, não tive forças para fazê-lo. Limpei a garganta.

- Eu durmo no sofá Louis.

- Tá louca? Essa cama é suficiente pra nós dois.

Eu só não queria ter que ficar tão perto dele, sentindo meu coração bater mais rápido só por saber que ele estava na mesma cama que eu. Não vou negar, eu jamais falaria não para Louis, mesmo que fosse só algo físico. Eu o queria demais para rejeitar qualquer oportunidade. E se essas palavras fossem ditas em voz alta, eu negaria até a morte.

- Tudo bem então. – Falei e caminhei até lá, deitando em um dos lados. – Boa noite Louis.

Escutei-o suspirando e caminhando até o outro lado. Senti seu peso na cama, mas não me virei. Eu iria ignorar todo esse desejo que me consumia. ARGH.

Fiquei em silêncio e imóvel, tanto que parecia que eu estava dormindo. Não sei quanto tempo se passou até Louis quebrar o silêncio.

- Ju?

- Sim?

- Me dá um beijo?

Senti minha barriga gelar. Minhas mãos começaram a ficar molhadas e meu coração acelerou. Louis se mexeu, passando um dos braços por cima de mim. Encarei seus olhos.

- Me dá um beijo Ju?

Como eu disse, não conseguiria negar nada a ele.  Só deixei que sua boca encostasse na minha.

LOUIS’S POV

Quando meus lábios encostaram nos dela, um turbilhão de sensações passou por mim. Não era como se eu já tivesse feito isso algumas outras vezes. E pela primeira vez, pude imaginar nós dois juntos, como um casal de verdade.

Acho que graças aos momentos embaraçosos de hoje a tarde, alheios a brigas e implicações, eu pude ver como seria se nós estivéssemos realmente juntos. O jeito que ela lidou com as minhas irmãs, até mesmo com Lottie, que não mostrou nenhuma forma de afeto por ela desde que chegamos. Isso fez com que ela conquistasse uma parte do meu coração que nunca tinha sido tocada por alguém.

E foi quando eu percebi. Não havia mais ninguém. Não havia Eleanor. Nem nenhuma outra garota como Ju. Tão importante quanto ela pra mim. Era por ela que meu coração batia mais forte.

Mas estava mais do que claro que ela não sentia o mesmo por mim. Ju havia deixado isso mais do que claro hoje. Ela não me amava, e não pensava nessa possibilidade.

Então, por que ela estava retribuindo meu beijo com tal intensidade? A urgência dos seus lábios não negava toda a vontade que ela estava sentindo. Minha vontade e a dela trabalhavam juntas, impossibilitando que eu me separasse.

Suas mãos desceram pelas minhas costas, me causando arrepios. Senti quando Ju sorriu satisfeita, por ver o que conseguia provocar em mim.

Eu não ia deixar isso barato. Desci minha boca para o seu pescoço e seus dedos enroscaram nos meus cabelos. Ju suspirou.

- Louis... – Ela disse com a voz fraca.

- Diz que você não quer. – Falei, sem desviar os olhos do seu pescoço.

Ju não respondeu, só puxou minha boca para a dela. Minha mão desceu para a sua perna, apertando sua coxa de leve. Ju fez menção de tirar minha camisa e eu ajudei, me separando só por um segundo. Ela passou a mão pela minha barriga, me fazendo arrepiar de novo.

Eu sabia o que ia acontecer ali, e eu queria que acontecesse. Eu queria Ju mais do que tudo agora.

- Louis? – Alguém me chamou na porta.

Ju me olhou, assustada.

- Quem é?

- Lottie. – Ela fez uma pausa. – Posso entrar?

Suspirei e me afastei de Ju.

- Pode.

Lottie abriu a porta e entrou.

- Desculpe, mas... mamãe pediu pra perguntar se vocês vão embora amanhã.

- É, nós vamos logo cedo.

Lottie encarou o chão.

- Ah, tudo bem.

- Qual é o problema?

- Hã... nenhum. É só que... – Lottie procurou as palavras certas. – Foi bom ter vocês aqui.

Ju sorriu.

- Ah, Lottie. Não fica assim. Nós vamos nos ver de novo tá?

- Promete?

- Claro! Quando der eu volto.

Lottie sorriu e nos deu as costas.

- Boa noite. – Ela disse antes de fechar a porta.

- Boa noite. – Ju respondeu. – Boa noite Louis.

Ela se virou para o outro lado e eu fiquei sem reação. É claro que foi por causa do que aconteceu ali. Ou melhor, do que iria acontecer.

***

Abri os olhos e me surpreendi ao ver que Ju já não estava na cama. Suas coisas já estavam guardadas no canto do quarto, junto com a minha mochila.

Fiquei deitado pensando no que tinha acontecido ontem, e eu cheguei a conclusão de que eu precisava falar com ela. Talvez no carro quando tivéssemos voltando.

- Estou só esperando você levantar e nós já podemos ir. – Ju avisou, entrando no quarto. – Bom dia.

Sorri pra ela, meio sem graça. Ju tentava manter o clima normal entre nós.

- Bom dia. Já estou levantando.

Me arrumei tão rápido quanto eu pude e desci, já levando as coisas lá pra baixo. Todas me esperavam na cozinha.

- Não querem nem tomar um café? – Lottie ofereceu.

- Não, nós comemos alguma coisa no caminho.

- Pelo menos uma bolacha. – Minha mãe sugeriu.

Olhei pra Ju e ela assentiu.

Nós tomamos café bem rápido também. Não entendi direito toda essa minha urgência.

Na verdade, eu entendia. Eu queria ficar sozinho com a Ju. Pra falar o que eu precisava.

Terminamos de comer e nos despedimos.

- Volte sempre que puder Ju.

- Pode deixar Jay. Eu volto.

- Você é um garoto de sorte Louis.

- Eu sei mãe. Eu sei. – Sorri enquanto a abraçava.

Entrei no carro e Ju entrou também. Ela evitava meu olhar. Tanto que eu não estava aguentando mais. O clima entre a gente tinha voltado a ficar estranho. Mas eu não ia aguentar se continuasse assim.

- Ju... sobre ontem a noite... – Comecei a falar.

Sua mão apertou o banco com um pouco de força.

- Olha Louis... eu não sei o que aconteceu.

- Mas eu sei. – Interrompi. – Nós dois queríamos.

Ju limpou a garganta.

- Não pode acontecer Louis.

- Por que não? – Perguntei, triste.

- Porque tudo aquilo foi uma mentira. – Ela disse de uma vez. – Nós não estamos juntos Louis!

Ju estava certa. Nesse meio tempo, eu tinha me esquecido da desculpa que eu tinha dado. Quero dizer, não era exatamente uma desculpa. Eu só queria passar mais tempo com a Ju, para ter certeza do que eu sentia por ela.

- Ju, quero te pedir uma coisa.

- Outra? Desde que não me envolva em nada preocupante.

Sorri.

- Na verdade, não.

- Você sabe que eu não consigo negar, então pede logo. – Ela disse. – Mas antes para o carro se você precisa de tanta concentração.

Respirei fundo. Me preparando pelo que estava por vir.

- Julia. – Esperei que ela me olhasse. –Ju, olha pra mim.

- Fala logo Lou! Está me deixando nervosa! – Pediu, olhando nos meus olhos.

- Julia, você quer ser oficialmente minha namorada?