A Verdadeira História De Emma escrita por SeriesFanatic


Capítulo 17
Gancho




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Enchanted Forest, 28 anos após o nascimento da princesa Emma.


Sala do Rumpelstiltskin no Dark Castle. O céu estava laranja, ele podia ver a carruagem partir rumo ao reino Swan.

– Se importa em me explicar o que aconteceu com a princesa Emma? – Hook perguntou sem paciência.

O mago olhou para ele com o rosto calmo. Quase parecia uma pessoa normal.

– Assim o farei. Mas antes você terá de me contar sua história, capitão.

– Minha história não é importante. A vida da princesa é!

Rumple prestava atenção em cada detalhe. Cada trinca de mandíbula, a dor nos olhos do homem, a raiva em seu rosto... não precisava ser um gênio para notar que ele não havia esquecido o amor que sentia pela princesa.

– Tudo ao seu tempo, pirate. – ele sorriu malicioso. – Por que não começamos com a sua história? Estou muito curioso para saber como foi que você ganhou um gancho como mão.

Hook notou que não ia conseguir nada antes de contar a história da sua vida. Rumple sentou em sua roda de fiar e começou a tecer ouro; o pirata já havia visto de tudo que nem ficou surpreso em ver alguém transformar palha em ouro.

– Quando meus pais morreram, era só eu e meu irmão mais velho. Liam estava na marinha e sempre fazia minha cabeça para me alistar... – a voz dele era pesada, quase como se carregasse o peso do mundo. – Emma e eu crescemos brincando, eu não me importava se ela era uma princesa e ela não ligava se eu era um camponês.

– E os pais dela?

– O rei James era um pastor antes de casar com Snow White. Eles não ligavam se eu não era da realeza. Obviamente que Emma tinha amigos que eram realeza de berço, eles sim faziam a cabeça dela para que ela parasse de sair com os plebeus, mas ela nunca lhes deu ouvido.

Rumple olhou para o homem com o canto do olho. Ele estava apoiado no parapeito da janela, encarando o céu, perdido em pensamentos. Pensamentos dolorosos pelo que o mago conseguiu identificar.

– Tivemos que lutar por todas nossas vidas contra pessoas preconceituosas que acham que pessoas de classes diferentes devem interagir. Nós conhecemos o preconceito do mundo desde muito pequenos. Mas não nos importávamos com que os outros pensassem ou o que eles diziam. Erámos amigos e tivemos uma infância feliz.

– Mas? – disse calmamente.

– Mas crescemos. – ele falou com tristeza.

Rumple sabia sobre Neverland, Peter Pan e sobre Hook. Mas queria ouvir do rapaz seu lado da história, por mais chato que fosse. Era até irônico o Capitão Gancho dizer que crescer era algo ruim.

– Quanto mais crescíamos, mais nos apaixonávamos. Até que chegou uma hora que ficou impossível conter o que sentíamos e nos entregamos à paixão e...

– Por favor, eu não quero imaginar uma criança que eu ajudei a nascer fazendo sexo. – ele fez uma careta.

– Não foi isso que aconteceu. – Hook parou de encarar o céu.

– Ainda bem. – disse Rumple. No fundo ele ficou feliz por não ter ninguém no castelo fora eles. A última coisa que ele precisava era Belle e Annabelle fazendo piadinhas após descobrirem que ele tinha um lado sensível.

– Nos declaramos, começamos a namorar, mas nunca passou de beijos. – Hook disse estranhando o comportamento de Rumpelstiltskin. Ele podia não conhecer o homem, mas algo lhe dizia que ele não era do tipo sentimental. – Então nós fizermos dezoito anos. – respirou pesadamente. – Havíamos combinado de nos casar, mas meu irmão continuava insistindo que eu entrasse na marinha. Então a guerra contra os ogros piorou e os jovens foram convocados... Liam mexeu uns pauzinhos e me colocou na marinha. Eu nunca tive coragem de falar para Emma que eu havia sido obrigado a abandoná-la por causa de uma lei que os pais dela criaram.

Rumple QUASE sentiu pena deles. QUASE.

– Ela não sabia da guerra porque os pais sempre foram muito super protetores e eu tinha que partir logo para ajudar na guerra. Então deixei uma carta dizendo que havia me alistado por causa da morte de meus pais, que Liam era minha única família e que eu deveria ficar com ele. – havia muita dor e remorso em sua voz.

– Como é que alguém se alista na marinha para ir para a guerra contra os ogros e termina virando um pirata com uma mão e delineador?

– Durante a guerra, o nosso navio foi atacado por uma tripulação de piratas. Todos nós lutamos bravamente para derrotá-los, mas eu fui o único que sobreviveu. Barba Negra disse que só poupava um membro de cada navio que ele atacava e que aquele era meu dia de sorte. Eu tentei matá-lo e terminei perdendo a mão. Me prenderam no porão do navio junto com outros prisioneiros durante vários anos. Éramos tratados como escravos e obrigados a viramos piratas. Boa parte dos prisioneiros era gente honesta, com família, pessoas de bom coração que eram contra a pirataria. Mas se não fizéssemos o que ele queria, éramos mortos. E não da forma rápida. – tirou um frasco das vestes de couro e bebeu o que parecia ser rum.

– Já ouvi falar desse cara. É o temor de todos os reinos na costa. Por onde passa só deixa corpos e os sobreviventes geralmente cometem suicídio de tanto trauma... alguns dizem que a tripulação é amaldiçoada.

– Não sei nada sobre maldição nenhuma. Mas viajamos por vários mundos. Com o tempo ele começou a confiar em mim e me mandou para Neverland atrás de um tesouro que ele tinha guardo. Terminei comprando guerra com o Refúgio das Fadas inteiro, um garoto que podia voar e cacarejava para chamar os amigos e bem... quase morri tentando pegar a porcaria do baú. Quando ele abriu, descobriu que alguém tinha pego o tesouro e não sei porque, ele cismou que tínhamos que ir para Wonderland. Alguma coisa sobre a Queen of Hearts. Quando chegamos ao castelo da rainha, eles fizeram um acordo. 30 escravos pelo tesouro, foi aí que eu terminei preso em um calabouço cheio de chapéus e tendo um maluco como companheiro de cela. – virou o frasco novamente.

– Quanto tempo você passou sobre os domínios de Cora?

– Uns cinco anos. Eu acho. Perdi a conta depois do mês que passei sendo torturado por ajudar o Knave a fugir ajudando Alice. Nem sei se passou um mês, acho que foi mais tempo que isso. Fiquei preso em um lugar fechado, sem luz, sem comida e com soldados que iam me acoitar três vezes por dia. Se não fosse os insetos que eu achava e a água que caia do teto, eu não teria sobrevivo.

E Rumple achando que Baelfire teve uma vida difícil.

– Já contei minha história. Que tal agora contar o que aconteceu com a princesa?

– Após você ir com seu irmão naquele navio, ela ficou noiva do meu neto. Derek é um bom homem, mas um completo imbecil. Pelo que Annabelle contou, ela fingiu se apaixonar por ele para ver se conseguia te esquecer. Terminou se apaixonando por ele, mas sem nunca esquecer seu verdadeiro amor. Só que Derek namorava Regina antes de ficar noivo de Emma.

– Regina? A Evil Queen?

– Ela mesma. Regina então jurou vingança contra Derek e Emma. Um dia a princesa simplesmente desapareceu. Todos achavam que ela havia morrido, até que Annabelle descobriu que ela estava viva. Regina a transformou num cisne e criou o filho dela com Derek, Henry, como se fosse seu.

Rumpelstiltskin não conseguia identificar o rosto do homem. Havia raiva, ódio, dor e alívio, mas não sabia exatamente o que ele estava pensando. Se estava com raiva de Emma por ter tido um filho com outro homem ou se estava com ódio de si por tê-la deixado.

– Annabelle... ela é especial. Eu tenho quatro netos, sabe. Meu filho mais velho, Baelfire, se casou com a princesa Morraine e teve três filhos. Elizabeth, a irmã gêmea de Annie, ela herdou meu lado das trevas. Derek herdou a burrice do pai. Não me leve a mal, eu amo meu filho, mas ele não é exatamente uma pessoa inteligente. Annabelle herdou a beleza da minha ex-esposa. A bondade e a ternura da mãe. E minha magia. Ela controla os quatro elementos e é muito mais poderosa do que eu, só que ela não sabe disso ainda. Ela é tão poderosa quanto Emma.

– Emma nunca gostou muito da própria magia, foi difícil fazer com que ela aceitasse seu dom.

– Pessoas que nascem com magia quase nunca as aceita. Minha filha menor, minha e de Belle, Jenevieve, é um amor de pessoa. Ela casou com um camponês, Julian. Ele é um homem bom e faz bem para ela. Eles nunca conseguiram ter filhos e terminaram adotando Sebastian. Ele é um bom garoto, não me entenda mal. Corajoso, leal. Um pouco lesado, mas tem um bom coração. Eu amo minha família, mas Annabelle... ela é muito especial.

– Meus parabéns por sua família. Mas será que há algo que eu possa fazer para ajudar a princesa Emma? – ele disse impaciente.

– Ah sim! Claro! – Rumple sorriu. Ele precisava comprar uma escova de dente. – Elizabeth exigiu um baile no castelo de meu filho e isso acontecerá em dois dias. Annabelle, Sebastian e eu combinamos um plano. A maldição de Emma só pode ser quebrada com um beijo de amor verdadeiro. Essa semana é lua cheia, a única semana do mês em que Emma volta à forma humana. É só ela ir para o baile e beijar seu amor verdadeiro e a maldição será quebrada.

– Me parece um bom plano. – ele disse sem emoções.

– E é aí que você entra, capitão. – Rumple estralou os dedos e ele ganhou uma roupa de príncipe. – Nós vamos para o reino de Snow Falls convencer todo mundo a ficar sóbrio e a ir para o baile. Quando chegarmos lá é só seguir com sua parte do plano.

– Que é...?

– Oras! – Rumpelstiltskin revirou os olhos. – Quebrar a maldição! Só porque Emma e Derek tem um filho não quer dizer que ele é o amor verdadeiro dela!

O rosto de Hook ficou pálido, mas suas bochechas estavam rosas.

– Você vai nesse baile e vai quebrar a maldição. Se quiser ter um final feliz com ela aí depende de vocês. – deu de ombros.

– Por que está fazendo isso? Você não tem cara de fada madrinha.

– Meus netos são importantes para mim. Mesmo que Emma e Derek não tenham um futuro juntos... é meu dever como avô garantir que ele não se case com uma mulher que é perdidamente apaixonada por outro homem.

Hook encarou Rumple. Ele não acreditou em nenhuma palavra que o homem disse, mas para ajudar Emma, terminou topando.


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