13 de Janeiro de 2011.

          Quando eram 8hrs da manhã eu senti meu celular vibrando debaixo do travesseiro, o peguei e vi que tinha uma mensagem do meu pai:
"Alita comece a se arrumar, você sabe que tem de ficar aqui comigo no trabalho hoje para a gente ir para a casa da Renata depois. Não se atrase, beijos ” mandou meu pai.
          A gente tinha combinado de ir à casa da Renata nesse sábado, então eu iria para o trabalho do meu pai e depois a gente ia direto pra casa dela, em Minas. Meu pai é gerente de um hotel famoso em Copacabana, o que é bem legal, porque quando os artistas vêm pra cá, na maioria das vezes se hospedam lá.    

Renata é a filha da Juliana, a atual mulher do meu pai. Minha mãe e meu pai se separaram quando eu tinha 14 anos, agora eu tenho 17 e o clima entre eles não melhorou nem um pouco. Eu tenho morado com a minha mãe desde então, o que tem me dado muitos problemas. Vamos dizer que não é muito fácil conviver com ela. Então eu resolvi aceitar ir para a casa da Renata só pra ver se conseguia ficar um tempo longe das reclamações, das humilhações e de tudo que minha mãe me fazia passar por. Mesmo assim, meu pai sempre vem aqui me ver. Ele é tão bom comigo, desde pequena ele é a pessoa que eu mais me lembro de estar ao meu lado. Agora que ele se casou novamente e não somos mais como éramos antes minha mãe fica no meu pé o dia inteiro. A Juliana é legal, mas eu acho que nunca vou conseguir gostar dela, porque de certa forma o que ela tem com meu pai estragou a minha vida. Mas tudo bem, se meu pai está feliz, eu também estou.  

Tomei banho, arrumei o cabelo e coloquei um short e uma camiseta, porque estava muito calor e eu quase não estava agüentando. http://www.polyvore.com/cgi/set?id=50010063&.locale=pt-br

  Resolvi deixar um bilhete pra minha mãe avisando para onde eu estava indo, isso ia evitar muitas ligações me xingando.
    "Eu fui me encontrar com meu pai no trabalho dele, como a gente tinha combinado. Eu volto domingo à tarde. Perdi o carregador do meu celular e não vou poder atender ao telefone. Desculpe, beijos, Ali"
Eu tive de mentir porque não queria a minha mãe atrás de mim me ligando a cada 5 minutos. Fechei a casa e depois peguei um ônibus que parava perto do hotel.   

    Uns garotos que vieram pra cá fazer alguns shows se hospedaram lá dessa vez, o que significa que o hotel vai estar lotado do lado de fora e vai ser difícil para eu conseguir entrar.    

    Cheguei ao hotel, e como eu imaginava aquilo estava parecendo um show. Várias garotas com barracas e cartazes, gritando e chorando. Repórteres tirando fotos e prontos para um flash. Graças a Deus eu vi meu pai acenando pra mim de dentro do hotel e os seguranças com muita dificuldade conseguiram me deixar entrar sem mais ninguém passar junto.  

 - Oi pai - dei um abraço forte nele - que sufoco! - Falei ofegante

 - Pois é, esses meninos da One Direction são muito famosos, estão trazendo tantas fãs.

            -  Nossa, eles devem ser bons... - Falei achando aquilo tudo uma besteira.

            - É. Agora você vai lá pra dentro e fica me esperando que em algumas horas eu vou te encontrar, estou terminando de assinar uns papéis, é rápido - Ele disse já saindo do saguão e entrando no elevador. Antes de a porta fechar ele mandou um beijo.   

    Eu não estava nem um pouco ansiosa para viajar. Eu não estava ansiosa para encontrar Renata ou Juliana. Mas eu estava feliz porque ia passar algum tempo com meu pai.

         - O que a gente faz aqui enquanto aguarda? - falei para um homem que trabalhava lá, provavelmente o recepcionista.  

          - Bom, não se tem muitas coisas. Mas você pode ir até a piscina se quiser, seu pai liberou sua entrada por aqui. 

        - Ah sim, então vou ir e esperar meu pai. Obrigada - disse sorrindo.

         - De nada - ele disse sorrindo de volta, e assentiu.

           Entrei no elevador e subi até a piscina. Quando cheguei lá tinha algumas pessoas tomando sol e conversando. Mas ninguém prestou atenção em mim. Sentei em um dos divãs e fiquei lá olhando para o céu e imaginando coisas. Eu fiquei pensando também no Gustavo que tinha ido passar o final de semana em Cabo Frio e iria voltar logo. Eu estava com um pouquinho de saudades dele, a gente já namorava há 2 anos e alguns meses e eu gostava bastante dele, apesar de tudo. O Gustavo é um cara meio estranho, você nunca sabe o que ele está sentindo de verdade, e às vezes eu tenho dúvidas sobre os sentimentos dele. Mas no fim de tudo, ele disse que gostaria de se casar comigo um dia, e a gente se conhece bem o que me faz acreditar que eu posso confiar nele.    

    Fiquei alguns longos minutos presas nos meus pensamentos. Eu acho que já estava quase cochilando quando resolvi me levantar, o sol estava me queimando. Fiquei andando por ali, quando meu pai me chamou.

          - Filha, a Juliana me ligou agora dizendo que a Renata caiu ou alguma coisa assim ela vai ter que ir para o hospital, então a gente não vai mais viajar. Fica para a próxima. - meu pai disse e por alguma razão, e era óbvia a qual, eu dei graças a Deus mentalmente. Eu sentia muito por Renata, e por meu pai que estava ansioso com essa viagem, achando que iria "nos unir como uma família", mas a verdade é que não éramos uma família. Eu e meu pai éramos uma família, os outros não estavam incluídos. 

           - Poxa pai, eu sinto muito mesmo por ela. Deixa para outro dia então. Ela está bem? - eu perguntei verdadeiramente preocupada.

          - Sim, mas vai ter de colocar gesso ou alguma coisa assim - ele explicou - Juliana viajou para ir vê-la.

          - Fala pra ela que eu desejei melhoras, ok?

            Eu abracei meu pai, e ele me chamou para ir comer alguma coisa no restaurante do hotel já que eu estava esperando ele fazia horas, e a gente não iria viajar porcaria nenhuma. Meu pai me contou como foi o dia dele, e eu contei como foi o meu. O que significa que eu contei a ele que fiquei o dia inteiro sentada a beira da piscina esperando ele, depois caminhei até o terraço.    

  A gente se sentou em uma mesa perto da janela que dava para a rua. O restaurante ficava no 5º andar então quem estava lá embaixo não podia nos ver, mas eu via aquelas garotas. Elas os amavam de verdade, era fácil de ver, e eu queria saber o porquê. Pra mim eles eram apenas mais uma boyband sem graça, mas enfim, eu não sou ninguém para julgá-los, se elas gostam, deve ter uma razão.   

    O telefone do meu pai tocou e ele teve de sair novamente para falar com Juliana, parece que Renata teve alguma complicação.  

     Eu tentei ir atrás dele, mas ele disse que era para eu ficar. Fiquei aguardando então.   

      Alguns minutos depois e um garoto alto e bonito entrou no restaurante. Ele estava acompanhado por uns 3 seguranças. Ou ele era alguma pessoa muito importante ou ele era um membro da banda.     Pelo cabelo desarrumado, all star, óculos pretos, calças caídas e blusa com botões abertos, só podia ser membro da tal banda.   

      Eu fiquei olhando para ele enquanto ele falava com a recepcionista, ele sorria o tempo todo e ela também, fiquei tentando descobrir se ele estava sendo simpático ou eles estavam MESMO flertando. Acho que ele sentiu meu olhar porque ele se virou e olhou pra mim. Eu fiquei envergonhada e desviei os olhos rápido, então não sei se ele continuo me olhando.    

     Comecei a fingir estar mexendo no celular para parecer ocupada. Acabei indo as minhas mensagens e percebi que tinha 2 novas.
     "Amor eu volto na terça. To sentindo muito sua falta, me liga assim que puder eu tentei ligar pro seu telefone e não consegui :\"

     "Ali atende o telefone menina. To tentando falar contigo o dia inteiro, já chegou na casa da sua madrasta? Qualquer coisa é só me ligar ta amiga? Te amo muito."
Uma era do Gustavo e a outra da Kethury, minha prima e melhor amiga.              Depois vi que também tinha várias ligações perdidas, algumas da minha mãe também. Provavelmente querendo saber se eu já cheguei em Minas, se eu tinha comido muito e estava ainda mais gorda, essas coisas. Eu não tinha dito que perdi a porra do carregador? E no momento também não estava a fim de falar com Gustavo, eu não sei porque.    

    Abri o meu twitter pelo celular e fiquei lendo algumas coisas quando vejo que alguém se sentou na minha mesa, olhei para cima pensando ser meu pai.
           - Oi, eu posso me sentar com você? - Falou o garoto que estava comendo a recepcionista com os olhos. Ele deu um sorriso que eriçou meus pelos do braço. Ele tinha covinhas e o cabelo dele era lindo. Tinha alguma coisa nele que me fazia rir que nem boba. Poderia ficar olhando para ele durante muito tempo, mas não queria parecer uma boba. 

            - Meu nome é Harry Styles - ele continuou dizendo quando viu que eu não respondi - você está sozinha?

            - Meu pai trabalha aqui e eu estou esperando ele para a gente almoçar. Na verdade eu nem sei se isso vai acontecer. Alguma coisa me diz que ele foi embora e me esqueceu aqui - eu tinha certeza daquilo.

           - Que pena. Mas como tudo acontecer por uma razão, eu vou almoçar com você. - ele disse.    

   Tentei formular alguma coisa interessante para dizer. Qualquer coisa. 

            - Ok. - Isso foi o melhor que eu consegui.

            - Tudo bem então - ele se sentou na cadeira em frente a minha e apoiou os braços na mesa. - Então, você ainda não me disse qual é o seu nome. 

           - É verdade. Meu nome é Alita Refaeli. Não é um nome muito comum. - eu ri enquanto pensava o quanto meu nome era ridículo, contente por ter descendência Árabe, Francesa, Italiana e tudo demais que fez meu nome ser essa combinação medonha. 

             - É um nome bonito - ele olhou para mim e piscou - porque você está rindo?

            - Eu não gosto do meu nome, mas tudo bem. 

           - Ainda acho que é um nome incrível - ele disse - eu acho que combina com você.  

     Eu corei. Estava segurando o celular com força na minha mão e ela estava suando. Coloquei o celular na mesa e comecei a esfregar elas no short. 

               - Bom, o seu nome combina com você também. Styles... Você tem estilo. - eu disse tentando fazer uma piada que não saiu muito bem, eu não tinha talento para humor. Ainda assim ele riu e eu fiquei me achando menos ridícula.

              - Você vai fazer shows aqui amanhã, certo? - perguntei tentando puxar assunto, eu não tinha muita para dizer.

              - Não, eu e os meninos vamos dar uma tarde de autográfos sábado - ele explicou - e sábado mesmo nós vamos embora.

              Por alguma razão ele ter dito que iria embora em alguns dias me deixou meio triste. Eu não sabia o porque, mas de alguma forma eu me senti mal. 

             - O que você vai fazer depois daqui? - ele indagou.
Mas antes que eu pudesse responder o garçom trouxe o nosso pedido. Eu contei que nós tínhamos pedido uma porção de arroz, feijão, bife e batatas fritas?    

     Assim que o garçom saiu eu respondi:

             - Nada. Na verdade, eu ia viajar com o meu pai, mas ele foi embora como você pode ver. - Ele ficou confuso e eu expliquei - A filha da mulher dele sofreu um acidente e ele foi cuidar dela ou algo do tipo. Ele se importa muito com a Renata - eu disse e aquelas palavras me machucaram.

             - Você pode assistir um filme comigo, se quiser. - ele sorriu novamente e comecei a ficar nervosa de novo. Minhas pernas e meus dedos tremiam e minhas mãos não paravam de suar. O que está acontecendo com você Alita? Eu hein.     

    Eu queria dizer não a Harry. Existiam milhões de razões para que eu recusasse aquilo. As garotas lá fora que gritavam feito loucas, os fotógrafos que começariam a inventar coisas se descobrissem que eu estava com ele. Gustavo... Mas existia uma única razão para que eu dissesse sim: Harry Styles.

               - Quero sim. - eu disse. Eu precisava ficar com ele mais um tempo para não pensar em besteiras. Eu tinha comido várias porcarias e não estava me sentindo mal. Eu nem pensei na minha mãe, nem em meu pai. Ou em como eu estava gorda hoje. O sorriso de Harry me fazia pensar só nele, e isso era uma coisa boa.   

       Eu e Harry caminhamos até o quarto dele seguidos pelos 3 seguranças. A área era restrita e uma mulher me revistou antes de eu entrar lá, dá para acreditar?    

       Ele me apontou 4 quartos. O de Zayn, Niall, Louis e o de Liam. Tentei memorizar os nomes para que se talvez eu os conhecesse pelo menos soubesse alguns nomes, apesar de não saber quem é quem.    

       Chegamos ao quarto do Harry. Ele abriu a porta para mim e porra... eu pensava que a minha casa era legal, que o meu quarto era legal, mas aquilo era demais. Tudo bem que tinha roupas jogadas por tudo quanto é lugar.    

        Eu não conhecia Harry, eu realmente não o conhecia, mas alguma coisa me dizia que aquilo tudo ia ser incrível. Eu me sentia de uma maneira diferente quando estava com ele, de um jeito que eu acredito nunca ter me sentido antes... Como em mágica. Fiquei esperando toda aquela "mágica" passar e as coisas começarem a dar errado. Eu parar de me sentir daquela maneira e voltar a sentir dor, a sentir coisas ruins. Enquanto eu olhava para Harry sorrir me esperando para decidir qual filme nos assistiríamos, eu fiquei esperando a realidade começar a fazer efeito.