O Benefício Da Dúvida ! escrita por ro_dollores


Capítulo 1
Capítulo Único




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Enquanto ele distribuía os casos, ela parecia distraída o suficiente para ele perceber.

E não tinha sido apenas aquela noite. Ela estava estranha, talvez fosse aquele tempo longe, com casos transbordando nas folgas, e qualquer outro momento que pudesse ficar juntos.

E ele sentiu como se alguma coisa rasgasse seu coração.

Os últimos momentos com ela tinham sido quase perfeitos, apenas sua falta de tato para lidar com aquilo é que o incomodava.

E se ela tivesse se dado conta de que era pouco ?

Mas não era. Ele simplesmente tinha esse jeito e não conseguia mudar. Ela se entregava da maneira mais linda que uma mulher poderia fazê -lo.

Com as divisões formadas, eles saíram, um a um e ele percebeu que ela quis se demorar um pouco mais.

_Grissom … podemos conversar, quando puder ?

_Sim … mas o que aconteceu. Você está bem ?

_Não gostaria falar sobre isso aqui !

_Tem certeza ? - Ele tinha aflição em seus olhos, mas não queria demonstrar.

_Sim, tenho !

Sara não estava somente aérea , estava triste também.

Ele se sentiu arrasado, mas também não demonstrou. Apenas ia aguardar.

_Está bem … hum … vá para o seu caso, podemos nos falar depois, ok ?

Aquele turno parecia nunca terminar.

Eles se encontraram algumas vezes para que ela lhe inteirasse do caso, mas em nenhum momento ela o encarou. Nem ao menos ousou espiar pelo canto do olho, como era hábito.

O desgosto foi aumentando na medida que as horas avançavam.

Ela ia terminar com ele ! Ele sabia !

Não era a primeira vez que algo como aquilo acontecia em sua vida. Mas era a primeira vez que estava se importando, que ficaria arrasado.

Mas por que ?

Qual seria o motivo ?

Ele sabia. Todos os seus medos vieram à tona. E ele acreditou na premonição de seu próprio destino.

Céus, estava apavorado de verdade. Mas tinha que vestir a máscara fria e dura da irrelevância.

Não conseguiu mais se concentrar.

Mesmo com casos tão complexos. Um Grissom que não era Grissom !

Mais algumas horas de angústia e por fim, eles iriam para casa.

_Pode me dar uma carona Grissom, estou sem carro !

Ele não sabia até que ponto aquilo seria verdade.

_Claro … vamos !

Dentro do carro, ela confessou que viera de táxi, apenas para que pudesse fazer a oportunidade de estar com ele.

_Podemos para em algum lugar ?

Ele estava suando frio tinha medo de olhar para ela e descobrir que toda aquela loucura era mesmo verdade. Ele seria um homem só, novamente. E assim seria, não ia querer saber de mulher alguma, nunca mais ! Ela lhe dera a vida, e agora iria tomá - la de volta !

_Onde quer ir ?

_Vamos parar no Café Express, acho que preciso de um, bem forte !

_Como quiser.

Ele estacionou minutos depois, e eles entraram.

Grissom olhou para o grande relógio na parede, logo abaixo dele, a data daquele dia.

Aquele ia ser o pior dia de sua vida, a pior hora.

_E então ?

Se ela tinha que falar, que fosse sem mais demora !

_Gris … eu … não sei como dizer isso …

_Apenas diga, por favor !

Ela arregalou os olhos com a insensibilidade dele, o que ele esperava que ela dissesse ?

Agora não tinha tempo para joguinhos. Tinha que falar com ele sem rodeios.

_Meu ciclo está atrasado em três semanas !

Ele piscou devagar, tentando assimilar o que ela estava dizendo.

_Você … - Ela não ia dispensá – lo ?

_Posso estar grávida, Gris !

Outra surpresa. Aquilo o chocou igualmente. Mas não era pior do que não tê -la mais em sua vida. Era apenas …. “Oh Deus !” Um bebê ? Pai ? Na altura dos seus quase cinquenta ?

_Grávida ?

_Isso mesmo ! E ...não sei o que fazer !

E ele não sabia o que dizer. Se pulasse de alegria, talvez a assustasse, mas se ficasse ali com cara de pateta não ia ajudar em nada, além dela pensar que ele era um insensível. Resolveu optar pela sinceridade.

_Sara … eu não sei o que dizer.

Ela abaixou a cabeça e se abandonou ás lágrimas.

“Grissom você é um estúpido. Você a ama ! Qual o problema ?”

Ele se sentou ao lado dela em segundos, quase apavorado de novo. Agora por outros motivos.

_Sara … querida … não chore, por favor.

Ele a abraçou com força e ela continuou com os braços estendidos.

_Qual o problema ? Você não quer ?

_E você, quer um bebê ? Isso é … complicado, Grissom, não vê ?

Ela continuou com sua lágrimas, molhando a camisa dele. Ele ajeitou os braços dela em torno dele e revelou.

_Isso foi um choque para mim, mas sempre vou querer um bebê ! Não importa as circunstâncias.

Ela não conseguia parar de chorar.

_Senhor, está tudo bem ? Sua esposa está bem ?

Esposa, aquilo soou quase agradável, se fosse realidade, ela não estaria chorando daquele jeito. Se ele tivesse se decidido há mais tempo … um tempo justo, agora eles estariam comemorando.

_Sim, obrigado … eu preciso de um grande copo de água , por favor … dois !

Ele a embalou e esperou que ela se acalmasse. Os copos chegaram.

Ele estava precisando era mesmo de uma boa dose de uísque !

_Tome querida e … procure se acalmar.

Sara enxugou os olhos com os dedos e bebeu todo o copo em apenas uma virada.

Ele segurou em suas mãos e a fez encará - lo.

_Sei que não tenho sido … exatamente … o que você merece … mas o que te fez pensar que não queria um bebê, Sara ? Nosso bebê ?

_Como vão ser as coisas, Gris … as nossas vidas vão virar de cabeça para baixo. O que acha que Ecklie vai fazer a respeito ?

_E o que importa a opinião dele em relação ao meu filho !

Aquelas palavras o atingiram em cheio. “Meu filho”

_Você fez algum teste ?

_Ainda não.

_Então está apenas supondo ?

_Mas eu sei … acho que alguma coisa deu errado com minhas injeções.

Ele piscou devagar. Não usavam preservativos, porque ela tinha essa segurança. Além do mais, ele odiava aquela coisa entre eles !

_Mas pode não estar.

_Mas e se estiver ?

_Vamos ter uma família !

Ele quis sorrir, mas sentiu uma sensação estranha.

Os pedidos de café chegaram e eles pediram para embrulhar para viagem.

_Vamos para minha casa, no caminho podemos parar em uma farmácia.

_Não !

_Mas Sara … não podemos ficar com essa dúvida.

Ela queria saber mais sobre as opiniões dele, queria saber os prós e os contras de estar ou não.

E ter a resposta só ia lhe dar mais insegurança.

_Posso fazer o teste amanhã ?

_Por que ?

_Por favor, Gris, ainda temos muito o que conversar.

Ele obedeceu e fizeram o trajeto em silêncio. Ele segurou sua mão o tempo todo.

Iria ter uma família, naquela altura de sua vida ! Ele a amava demais, mas as consequências ia ser bastante complicadas, tinha que admitir.

Grissom ajeitou a mesa e eles se sentaram, novamente.

_Sara … eu jamais vou fugir de minhas responsabilidades, sei que meu tempo é avançado para … para … formar uma família, mas é o que tem que ser feito.

Ela ouviu bem quieta, tomou um gole do café, que mais amargou sua boca do que fez bem.

_Sente alguma coisa ? Quer dizer os sintomas comuns ?

_Apenas um desconforto, eu … você sabe, sou bastante regular.

_Hum … vamos partir da ideia que você … que … nós vamos mesmo ter um bebe. - Ele fazia parte daquilo, ela o geraria, mas aquela criaturinha era ele também. _O que acha de nos casarmos ?

_Casar ?

_Podemos … morar juntos, fazer o que você achar melhor, mas temos que fazer. Em algum momento, nós teríamos que avançar.

_Eu não sei …

_Sara ? Nós vamos ter essa criança ! Nem pense o contrário.

_Não … Gris … isso jamais passou pela minha cabeça. Eu … tenho dúvidas, não quero que ele seja motivo para que faça o que … talvez … não queira !

Foi aí que ele começou a entender, era isso. Ela tinha dúvidas do seu amor por ela. Que grande idiota era ele ?

O café esfriando, as rosquinhas intactas.

Ele se levantou e a levou para o sofá, depois a puxou para ele, com carinho.

_Eu te amo, Sara ! Tanto que … que …

Ela olhou para ele, com uma aparência cansada, na verdade, estava esgotada !

_Tanto que … quando falou comigo, eu … - Ele tinha que dizer, eles iam viver uma vida juntos, não cabia mais dúvidas e incertezas. _ … Eu imaginei que ia .. me deixar !

_Oh !

_E ... não gostei da sensação !

_Grissom. - Ela se agarrou a ele, suas sensações causando uma reviravolta em seu estômago.

_Eu te amo … muito ! - Ele repetiu._Vai ficar tudo bem … - Sempre ficaria.

….......

Ele cuidou dela, esteve por todo tempo ao seu lado !

No almoço, no banho, no jantar, na cama, apenas ao seu lado … zelando, cuidando, cúmplice ! Apenas ao seu lado e nada mais …

Poucas foram as palavras, ele precisava pensar em uma maneira de provar .. não a si mesmo, ele sabia o que ia em seu coração.

Mas ela precisa de certezas, e ele as daria !

Sara sentiu sua presença, muito mais que todas as vezes …

Cada vez que se virava, ele estava ali ! Para ela.

Estava frágil, com medo, perdida … mas olhava para o lado e encontrava seus olhos azuis.

Eles não fizeram amor, não o amor carnal, físico, mas o amor com gestos, com presença, apenas presença. E era tudo o que mais precisava. Sua presença.

E a manhã chegou, ela tinha que fazer o que era certo. Ter certeza.

Logo mais à noite, estaria de volta ao seu mundo, ao mundo deles, cadáveres, sangue, perguntas, respostas … e ela tinha que saber, ele merecia saber.

_Sara …

Ela se virou para ele, e o encarou.

Deitado ali, de lado, com os braços na altura do peito, os olhos a encarando também.

_Não vamos fazer isso !

_Como é ? - Aquilo significava muitas coisas.

_Venha cá.

Ele bateu com sua mão na cama, e ela obedeceu, engatinhando até ele, e de joelhos, o encarou

Grissom se virou para frente e pegou suas mãos.

_Não quero saber qual vai ser o resultado !

_Eu … acho não estou entendendo.

_Isso quer dizer … podemos fazer isso depois … se você estiver se sentindo bem …

_Mas eu estou bem … nós precisamos …

_Não importa o resultado … querida … ele não vai mudar o que sinto por você !

Sara piscou devagar … tentando assimilar sua atitude e percebeu a grandeza de seu gesto.

Pela primeira vez na sua vida, ele se deu ao luxo de deixar seu coração conversar com ela. Abandonou a razão, apenas a emoção, talvez nunca mais conseguisse fazer aquilo, ou talvez virasse um hábito.

Não importava como, mas o porque !

_Eu preciso de um tempo … nós precisamos. Quero andar com você, pelas ruas, pelo parque, quero te levar para jantar, ... segurar a sua mão, sem me importar que alguém … possa nos ver. Quero esquecer os encontros ás escondidas, não … o que eles são para mim, mas como são … eu quero ser homem por inteiro para você, Sara ! Mesmo que isso implique em mudanças, mesmo que isso signifique que não serei mais seu supervisor. Não importa. Se existir um bebê … Oh Deus, um bebê, ele vai estar entre nós, vai ser amado, como eu fui, vai ser alguém maravilhoso, como você é… e vai saber que ele foi bem vindo e não um motivo para que eu tomasse uma atitude. Ele vai o fruto … de nós dois. Se não existir, se for algum engano, ou … apenas … uma reação de seu corpo, devido ao estresse, quero que saiba que tudo o que quero, tudo o que tenho que fazer vai continuar ali, porque eu te amo, e não precisa de um positivou ou … negativo entre isso, entre nós dois. Eu te amo com o bebê e te amo sem ele, e se … ele não estiver aqui … - Grissom pousou sua mão em sua barriga suavemente. _Podemos providenciar para que um dia esteja, nós sabemos o caminho.

E ela chorou …

Ela entendeu …

E não se importou, que viessem todas as implicações, ou não … ela estava ali dentro do coração dele, onde sonhou por uma vida toda !



FIM



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