Alvo Potter E A Espada Gryffindor escrita por Hogsmeade


Capítulo 1
Capítulo 1 - Terror no Expresso


Notas iniciais do capítulo

A viagem até Hogwarts não promete ser tão tranquila e agradável como disseram que fosse. Perigos estão por vir, e o inimigo não está mais adormecido.
Espero que gostem!!



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-VOCÊ NÃO FICARIA BRAVO se eu fosse para a Sonserina, não é Pai?

Harry já perdera a conta de quantas vezes o filho do meio lhe perguntara isso. Não podia se irritar, afinal, também havia ficado bem preocupado em não ir para a Sonserina. É claro que com o passar dos anos percebera que todas as casas de Hogwarts eram importantes, nenhuma era melhor que a outra, e para ele já não fazia diferença para qual Alvo entraria, continuaria sendo seu filho da mesma forma.

Harry sorriu. Levantou-se e acariciou os cabelos de Alvo. Dos seus três filhos ele é que mais se assemelhava a Harry. Desde os cabelos negros e rebeldes até os olhos verdes, herança valiosa de Lilían. Uma diferença distinta era que Alvo não usava óculos e era ligeiramente mais baixo que o pai quando o mesmo tinha onze anos.

- É claro que não, Al. – respondeu Harry com carinho. – Não importa que casa entre, será sempre nosso Alvo Severos.

O garoto deu um sorriso fraco e focou o olhar para o grande e vermelho Expresso Hogwarts, que parecia querer partir imediatamente, já eram quase onze horas.

- Acho que já está na hora de eu ir, não é? – perguntou Alvo, não escondendo a insegurança e o medo na voz.

- É sim. Melhor embarcar logo antes que parta sem você. – aconselhou Harry.

Alvo suspirou e baixou os ombros. Abriu uma expressão de “não estou com vontade de ir” e abraçou o pai com força.

- Vou sentir sua falta. – sussurrou no ouvido de Harry, como se tivesse medo que alguém mais os ouvisse. – Escreva para mim, tá?

Harry sorriu.

- Sempre.

Alvo retribuiu o sorriso e abraçou a mãe. Gina estava serena, parecia despreocupada com o fato de seu segundo filho iniciar em Hogwarts. Não demonstrou medo ou receio, sempre soube que daria certo. Era como se esse seu lado completasse o de Harry, que ainda estava inseguro em deixar seu filho por um ano.

- Eu te amo, querido. Cuide-se. – falou, ajeitando o casaco de Alvo. - E não apronte como seu irmão, tá?

Gina sorriu descontraidamente e isso pareceu relaxar o filho. O garoto abraçou a pequena Lily agarrada a mãe, essa tinha quase sua altura, o que o deixava um pouco constrangido, já que a irmã era dois anos mais nova que ele.

- Não faça nada divertido sem mim. – pediu a pequena, os olhos castanhos claros brilhando em lágrimas e os cabelos ruivos quase refletindo a luz do sol.

Os três riram e Lily escondeu o rosto na jaqueta da mãe. Gina abraçou a menina.

- Vá, Al. – mandou.

Alvo olhou a família por uma última vez, tentou guardar aquela imagem na mente, para que quando sentisse saudades, pudesse lembrar dela. Acenou e correu para o trem e no momento que seus pés tocaram os degraus, o Expresso tomou velocidade, e a última coisa que Alvo conseguiu ver foi seu pai com uma mão estendida, enquanto a outra envolvia os ombros da mãe.

Mesmo depois de o trem ter feito a curva, ele ficou olhando para o ponto na vidraça onde antes podia ver a família. Bem, só os veria no Natal agora, o que significava que passaria três meses sozinho, ou melhor, sem mãe, pai ou Lily. Bom? É, talvez. Mas mesmo assim sentiu medo. Por mais que o pai não dissesse nada, sabia que no fundo queria que ele fosse para a Grifinória, e ele não estava muito certo que o Chapéu Seletor o mandaria para lá. Antes que pudesse pensar mais alguma coisa, um compartimento foi aberto e alguém o chamou.

- Alvo!

Sua prima Rose tinha apenas a cabeça para fora do compartimento. Seus cabelos eram ruivos como os de Rony, mas encaracolados como os de Hermione.  Alvo não sabia com quem ela parecia mais, apesar de que Rose nunca mostrava interesse em quadribol e sim em livros, livros e mais livros. Parecia quase certo que seria como a mãe em Hogwarts: inteligente e brilhante.

Alvo entrou no compartimento. Não era muito grande, um cubículo para ser exato. Dois assentos verdes estofados de cada lado e uma mesinha em baixo da janela. Só Rose ocupava o compartimento, ou melhor, Rose e seus livros. Pelo menos uma dúzia deles estavam espalhados pelos dois assentos. Alvo virou-se para ela:

- Como espera que alguém além de mim sente aqui? – perguntou, empurrando um exemplar de “Hogwars, Um história” para um lado e sentando-se no pequeno espaço vazio.

Rose abriu uma expressão culpada.

- Desculpe. – pediu, juntando os livros e empilhando-os na mesinha. – Queria ler um pouco antes de chegar em Hogwarts.

Alvo revirou os olhos. Não aguentaria sete horas de viagem com Rose lhe falando de livros, que, aliás, eram tantos, que daria para era ler até a Escócia e ainda faltariam alguns para terminar.

- Onde está James? – perguntou.

James, seu irmão mais velho era um dos garotos mais baderneiros de Hogwarts. Era da Grifinória e tinha puxado o lado brincalhão do padrinho de seu pai, Sirius e de seu avô, James. Também havia se tornado muito popular no ano anterior, e provavelmente estaria com os amigos em outro compartimento. “Que não tenha livros”, pensou Alvo mal humorado.

- Não o vi desde que embarquei. – respondeu Rose.

Alvo bufou. Pelo menos com James a viagem poderia ser um pouco mais divertida. Pensou em ir atrás de seus primos, Louis ou Fred II, mas achou melhor não deixar Rose sozinha.

Esticou as pernas no assento e virou a cabeça para a janela. Sua mãe dissera que a viagem para Hogwarts tinha uma paisagem bem bonita, mas até agora a única coisa excitante que Alvo vira fora um rebanho de ovelhas pastando nos campos verdes.

- Com licença – pediu um garoto na porta do compartimento, Alvo não o ouvira bater.

Olhou bem para ele, parecia-lhe tão familiar. Tinha cabelos muito loiros que quase chegavam a ser brancos. Os olhos eram cinzentos e suas feições presunçosas, como se quisessem mostrar superioridade.

- Scorpius Malfoy – adivinhou Alvo, encarando o garoto de olhos semicerrados.

Scorpius ergueu uma sobrancelha.

- Alvo Potter - falou o garoto, sorrindo cinicamente.

Alvo o olhou desconfiado, sabia que os Malfoy tinham feito coisas horríveis no passado, dentre elas, seguir o maior bruxo das trevas que o mundo já vira. Seu pai lhe dissera que Draco havia mudado depois da batalha em Hogwarts, mas Alvo não estava bem certo quanto a Scorpius.

- O que quer Malfoy? – quis saber Alvo, nem um pouco gentil.

Rose repreendeu o primo com o olhar.

- Se sentar é claro.

Scorpius olhou agradecido para a garota.

- Obrigada.

Alvo não tirou as pernas do assento. Scorpius sentou-se ao lado de Rose.

- Sou Rose Weasley. – apresentou-se estendo a mão.

Scorpius a apertou. Alvo não estava acreditando que a prima aceitasse que um Malfoy dividisse o compartimento com eles. E se ele for diferente? Uma voz soprou em sua cabeça. O garoto pensou um pouco, não era culpa de Scorpius se o pai havia sido um Comensal da Morte, ele era de outra época, outra geração. As coisas podiam mudar. Talvez pudesse dar à ele uma chance...

- Gosta de quadribol, Scorpius? – Alvo se viu perguntando rapidamente, era como se não tivesse pensado, simplesmente as palavras escaparam de sua boca.

Scorpius olhou surpreso para Alvo. Há poucos minutos ele estava olhando-o atravessado, e agora puxava papo?

- Sim – admitiu dando de ombros. – na verdade gosto muito, mas quase nunca jogo. E você?

Alvo sorriu. Achava quadribol a melhor coisa do mundo, a sensação do vento batendo no rosto a adrenalina de fazer um gol e de ouvir a torcida vibrando... Ele queria ser apanhador igual ao pai, e isso sempre tinha virado motivo de discussão em sua casa, pois apesar de James querer ser artilheiro, Lily também desejava ser apanhadora.

- Eu vou ser apanhadora, Alvo! – gritava a ruivinha, quase chorando, enquanto o irmão dizia:

- Você é menina, Lily. Sou mais forte que você e mais velho que você. Além de que vou entrar em Hogwarts primeiro.

Lily mostrava a língua e saía chorando para o quarto. A mãe colocava Alvo de castigo, mas de nada adiantava, os dois queriam a mesma coisa.

- Jogo sempre com meus irmãos. – respondeu Alvo orgulhoso. – Quero ser apanhador.

Scorpius balançou a cabeça.

- Não, prefiro ser artilheiro. – afirmou e virou-se para Rose.- E você?

Alvo segurou para não rir. Sua prima jogando? Ela era tão ruim que o dia que ela fizesse um gol choveria sapos de chocolate.

- Bem... – começou, sem jeito.

Alvo a interrompeu.

- Ela não sabe jogar.

Rose o olhou feio.

- Não sei jogar porque não quero aprender, e se quisesse podia ser muito melhor que você, Alvo Severus! – disparou rudemente e Alvo ergueu as sobrancelhas. Scorpius não sabia para quem olhar, os dois discutiam como se fizessem isso a vida toda, o que realmente era verdade.

- O que gosta de fazer, Rose?  - perguntou Scorpius, tentando acalmar a garota.

Ela ainda encarava Alvo de uma forma que lembrava o olhar mortifico de um Basilisco.

- Gosto de ler, jogar xadrez e as vezes jogo computador na casa dos meus avós. – Scorpius ouviu a última parte sem entender. – E agora – continuou ela. – também jogo quadribol.

O queixo de Alvo caiu.

- O quê?

Rose sorriu, irônica.

- Você ouviu. O ano que vem, quando os testes forem abertos para alunos do segundo ano, eu vou fazer. Só para provar que posso jogar.

Alvo olhou para a prima, incrédulo.

- Por quê? Não seja estúpida!

- A decisão já está tomada. Não vai me impedir.

Rose virou o rosto para a janela e Alvo bufou, “Garotas!”. Scorpius não sabia o que dizer, era filho único, não tinha primos e por isso não sabia o que era uma discussão entre parentes da mesma idade. Resolveu aliviar o clima tenso mudando de assunto.

- E então, já foram alguma vez à Hogsmeade?

E foi aí que iniciou-se uma nova conversa, e os três continuaram assim por horas a fio. Scorpius não tinha nada a haver com o que Alvo imaginava, sempre achou que ele seria um arrogante e metido, como o pai. Não só era totalmente o contrário como gostava das mesmas coisas que Alvo gostava, além de ser engraçado e divertido. Imaginou que seriam grandes amigos.

O dia foi passando, e os primeiros anos não pararam de falar por nada, apenas quando uma mulher gordinha passou vendendo doces e guloseimas bruxas.

Rose puxou a alça de uma caixinha e de lá, uma pequena rã pulou para o vidro da janela.

- Uma sapo de chocolate. – comentou Scorpius, enquanto devorava sua segunda varinha açucarada. – Cuidado, ele só pode pular uma vez.

Rose esticou calmamente a mão para agarrar o sapo, e quando o anfíbio de chocolate estava pronto para saltar para fora do trem, a garota o agarrou, fazendo uma cara enojada e ao mesmo tempo deslumbrada.

- Não acredito! – exclamou, tomando o cuidado para o sapo não escapar.

- Que sorte! – admirou-se Alvo, animado. – Nunca vi ninguém agarrar um desses!

- O que faço com ele? – perguntou Rose. – Solto? – arriscou.

- Acho que não. – discordou Scorpius. – Minha avó sempre diz que quando conseguimos capturar um sapo de chocolate, devemos guarda-lo conosco.

Rose apanhou uma caixa vazia de feijõezinhos de todos os sabores, e soltou o sapo lá dentro.

- Como vamos chama-lo?

- Que tal Godric? – propôs Alvo.

Rose e Scorpius olharam pare ele sem entender.

- Bem, Godric Gryffindor é a figurinha que veio junto. – explicou, mostrando o papel duro em formato de hexágono.

- Godric. – concordou Rose. – O fundador da Grifinória. Perfeito. 

Scorpius calou-se e Alvo olhou admirado para figurinha em sua mão.

- Não tenho essa. – falou e guardou-a no bolso da calça jeans. – Por falar nisso, para que casa quer entrar, Scorpius? Sonserina? – arriscou, lembrando que seu pai, Draco, deveria querer isso.

Scorpius desviou o olhar para a janela, pelo jeito não gostava de falar sobre o assunto.

- Meu pai quer que eu vá para a Sonserina. – explicou, ainda olhando para fora do trem. – Para mim não faz diferença.

Rose e Alvo estranharam. Durante onze anos falavam sobre qual casa entrariam. É claro que todos na família diziam que iriam para a Grifinória, pois era lá que seus pais tinham estado e onde os alunos e heróis mais brilhantes haviam estudado.

- Sabe – começava Harry pela milionésima vez. – Todas as casas em Hogwarts são especiais ao seu próprio modo. Vejam bem: Cedrico Digory era da Lufa-Lufa, e foi símbolo de amizade e lealdade enquanto estudamos lá. Além de ter lutado bravamente no Torneio Tribruxo. Já minha velha amiga da Corvinal, Luna Lovegood – as crianças caíam na risada quando Harry a mencionava. Conheciam Luna, e ela era de fato, muito esquisita. – entrou no Ministério da Magia e desarmou vários Comensais da Morte. E na Sonserina, Severo Snape – todos calavam-se quando ouviam aquele nome, não o conheciam, mas sabiam que merecia todo o respeito possível. – foi o homem mais corajoso que já conheci.

Isso tirava todas as más conclusões sobre a Sonserina, mas ainda sabiam que vários bruxos maus tinham vindo de lá, inclusive Você-Sabe-Quem. E de jeito algum queriam ser Comensais da Morte ou seguidores do mau, a verdade é que Alvo, principalmente, queria ser um herói como o pai.

- Não me importo para qual casa for – continuou Scorpius -, acho que para vocês seria mais significativo irem para a Grifinória, o que penso que é o que querem, porque seus pais vieram de lá. Mas Sonserina... – ele franziu a testa e fez uma careta. – Bruxos realmente ruins foram da Sonserina, meu avô foi um deles, e está pagando tudo que fez em Azkaban. Minha tia Belatrix Lestrange foi morta justamente. Não quero acabar igual a eles.

Alvo não tinha palavras, não pensava que Scorpius teria um plano diabólico para dominar o mundo, mas também não imaginava que ele assumiria os erros imperdoáveis de sua família.

Rose pegou a mão de Scorpius.

- Você não será igual a eles. – falou gentilmente.

O garoto abriu um sorriso fraco.

- Obrigada, Rose.

A porta do compartimento foi escancarada com violência, o que provocou um estalo altíssimo, fazendo Scorpius, Rose e Alvo taparem os ouvidos.

- Desculpe. – pediu o garoto, verificando a porta.

James tinha cabelos negros como os de Alvo, eram apenas um pouco mais claros e não tão rebeldes. Ele era bem alto para idade, e o que realmente delatava seus doze anos era o rosto maroto, o sorriso erguido, como se escondesse um segredo.

- Devia ser mais cuidadoso, James. – repreendeu Rose, num tom que fez Alvo lembrar de sua tia Hermione.

James a ignorou. Entrou afobado no compartimento e logo se apossou de um bolo de caldeirão.

- Procurei vocês por toda a parte – falou de boca cheia. -, estava lá no começo do trem... – ele parou de falar ao baixar o olhar para Scorpius. – O que ele faz aqui?

- Não seja grosseiro, James! – disse Rose na defensiva.

- O conhecemos aqui. – explicou Alvo com calma. – Algum problema? – ele não gostava nada quando James dizia-lhe o que fazer, estava só esperando para dar-lhe uma cortada.

James olhou de Alvo a Scorpius, depois, para a surpresa de todos, deu de ombros. “O açúcar deve ter alterado sua cabeça”, pensou Alvo.

- Tudo bem. Está tendo meio que uma festa lá atrás. Querem ir? – convidou, mas os três só conseguiam olhar pasmos para James.

Rose levantou-se e encostou o dorso da mão na testa do primo.

- Você está bem?

James revirou os olhos.

- É claro que estou. Não se preocupem comigo, deviam mais é se divertir. – falou, olhando com arrogância para Scorpius. – Estou indo. Ah! – ele puxou Rose para peto dele. – Se esse cara incomodar vocês... – sussurrou, batendo uma mão fechada na outra aberta. – falem comigo.

Rose o encarou, impaciente.

- Vai logo, James. – murmurou.

O garoto saiu as pressas do compartimento. A menina olhou equivocada para Scorpius e Alvo.

- As vezes eu não o entendo. – declarou, sentando-se novamente, o olhar vazio foi em direção ao teto.

- Não é a única. – murmurou Alvo balançando a cabeça.

- Desculpe por isso, Scorpius. – pediu Rose, envergonhada. – James é cismado às vezes.

O garoto deu de ombros.

- Tudo bem. – falou Scorpius sorrindo despreocupadamente. Ele recostou-se no assento e suspirou. – Também desconfiaria de um garoto que é filho de um ex- Comensal da Morte.

Alvo e Rose entreolharam-se com culpa.

- Você não tem nada haver com eles. – alegou Rose. – Você é Scorpius Malfoy...

-... e isso faz toda a diferença. – completou Alvo.

Rose sorriu para o primo em aprovação, as vezes ficava surpresa em como combinavam ou sabiam exatamente o que o outro iria falar.

Um rangido alto fez os três aguçarem os sentidos. O Expresso freou bruscamente. Alvo bateu com a cabeça na vidraça e em seguida caiu no chão. Rose colidiu com Scorpius, apertando-o contra a parede do trem. Alvo sentiu uma dor intensa na cabeça e apalpou o lugar que logo, se formaria um galo.

As luzes apagaram-se, um silêncio momentâneo e assustador tomou conta da atmosfera. Só o que Alvo conseguia ouvir eram as batidas de seu coração.

Um grito.

Os três levantaram-se rapidamente, e instintivamente sacaram as varinhas. Alvo foi o primeiro a sair do compartimento, seguido por Scorpius e Rose.

- Vá embora! – suplicou uma voz de garota aos prantos, vinha do final do trem. – Não me machuque! Por favor!

- Crucio!

Uma voz maligna sibilou a maldição imperdoável de uma tal forma, que fez as veias de Alvo congelarem. A garota gritou a pleno pulmões e naquele momento, três alunos mais velhos passaram correndo por eles.

- Saiam da frente! – mandou uma voz feminina e Alvo a reconheceu sendo de sua prima mais velha, Victoire.

Espremeram-se contra a parede, e foi aí que Alvo viu que não eram somente os três que estavam fora do compartimento, praticamente todos os alunos estavam encolhidos ali, nenhum avançou ao lugar em que Vic e os colegas correram, o medo e a voz metálica os impediu.

- Avada...

Alvo viu Rose tapar os ouvidos com as mãos e agachar-se no chão, abraçando a cabeça entre os joelhos. Ouviu seu choro, como ele, também sabia o que aquela maldição significava. Scorpius se encolheu ao lado dela, e a abraçou, procurando, inutilmente, confortá-la.

Gritos altos e desesperados ecoaram pelo trem.

- Expeliarmus!

Outra voz bradou, dessa vez, Alvo tinha certeza não ser inimiga. Apertou a varinha entre os dedos, tomou coragem e correu para escuridão, de onde vinham os gritos.

Passou por vários rostos amedrontados e duas vezes quase tropeçou em alguns pés. Enfim, chegou num compartimento em que a porta de vidro estava quebrada em milhares de pedaços espalhados pelo carpete. Uma garota inconsciente estava esticada no chão dentro do compartimento, dois garotos verificavam seu pulso e Victoire estava à janela, apontando a varinha acesa para baixo.

Manchas de sangue marcavam as paredes o que fez Alvo sentir náuseas.

- O que houve aqui? – perguntou ele, com tanto medo na voz, que essa soou trêmula.

Victoire virou-se, os cabelos loiros brilhavam intensamente iluminados pela lua. Ela estava mais pálida do que de costume, os olhos pareciam que iriam explodir em lágrimas de desespero e as mãos tremiam tanto que mal conseguiam empunhar direito a varinha. No susto, ela a apontou para Alvo, mas vendo que era apenas o primo, a garota correu até ele e o abraçou.

- O que está fazendo aqui? – a voz a apesar de demonstrar confiança, ainda era falha e chorosa, Alvo não podia culpa-la. – Precisa entrar no seu compartimento e ficar lá, está me ouvindo?

Mas Alvo estava tão assustado quanto ela. Ele apontou para a garota no chão.

- Ela está...? – teve receio de perguntar, pois tinha medo de saber a resposta.

- Não. Só desmaiou. Desarmei-o antes que fizesse... – Victoire fez uma pausa, não recitaria o feitiço. – Ele sumiu na noite, aparatou provavelmente.

As luzes do trem voltaram a acender e começaram a sair do lugar novamente. Alvo olhou para a garota. Seu aspecto era terrível. Tinhas cortes nas bochechas e nas mãos, além de ter hematomas por todas as partes visíveis do corpo.

- A maldição Cruciatus – murmurou o garoto loiro agachado junto a menina. -, quem poderia... – ele murmurou um feitiço no braço da garota, Alvo não entendeu o que era, mas imaginou que isso a ajudaria a recompor os sentidos.

- Ei, Vic – chamou o outro garoto, com a voz atemorizada. -, acho melhor ver isso aqui. – ele estendeu a manga da veste da garota, e ali encontrava-se um corte imenso e profundo que sangrava intensamente, ia do pulso ao ombro, mas isso não era o pior: o corte em sua pele, formava uma mensagem macabra.

AS TREVAS SE REERGUERÃO, VOCÊS IRÃO AJOELHAR DIANTE DO MAL.

Victoire levou as mãos a boca. Alvo não conseguia piscar e segurou-se para se manter de pé.

Aos poucos, foram chegando mais pessoas a porta da cabine, tentando espionar seu interior. A reação de todas era a mesma: terror e medo.

O trem parou novamente, mas dessa vez Alvo conseguiu reconhecer as luzes de Hogsmeade. Enfim tinham chegado. Agradeceu a Merlin mentalmente, foi quando houve uma explosão na porta de entrada do trem.

Mais gritos. Mas dessa vez, quem vinha era o corpo de professores, liderados por uma velha bruxa, que Alvo reconheceu ser a Profa. McGonogall . Seus olhos verdes foram de Victoire para garota desmaiada, seguidamente para o seu braço.

Alvo viu terror em seu rosto.

-Monitores, levem seus alunos para fora do trem – ordenou, com o olhar fixo no braço da garota. – Chamem o Ministério. Temo que meus pensamentos possam estar certos.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam?