Na cidade grande,

Muita gente não vive.

Sofre, se mata,

Vivem de aparências.

Despertam ao chegar da madrugada,

Nas ruas as luzes estão apagadas,

São apunhalados nos ossos pelo vento gelado,

E tudo isso, para o início de uma nova jornada.

São transportados por grandes caminhões de lixo

Mais conhecidos como ônibus urbanos,

Deserdados do mundo, herdeiros do anonimato,

De que te valem mil olhos se nem mesmo um consegue enxergar?

"Grampeado dentro de um mundo exterior,

E eu estou firmemente amarrado!

Bizarro, mas de qualquer forma confortável.

Claustrofóbico!

Se fechando e eu sou

Catastrófico!

De novo não!"

Quanta mentira exposta.

Futuro do meu passado,

Presente do meu futuro.

Bons tempos aqueles,

Em que o aluno,

Ao mestre tributava.

Mas as salas de aulas atuais,

Apenas advém choro e sofrimento

E desigualdade.

Atravesso a passos ligeiros,

Os paralelepídedos que vestem a estrada.

Nem mesmo sei se a trilha é correta, ando,

A cata de um sol tardio.

Eu estou preso no trânsito

Não há ir e vir

Não serve habeas corpus

Não há liberdade

Estou num recôndito

Não saberei como agir

Que ânsia de vômito

Estou quase a cuspir

Falta-me o tônus

Que incapacidade

Estou tão atônito

A cabeça a zunir

Por que tanto ônus

Que enorme cidade...

"Trancado em desespero...

Largado em algum lugar...

Prenda o fôlego...

Ouça!"

Aos berros o homem perde a paciência,

E inicia mais uma de suas revoltinhas repugnantes.

Uma bomba-relógio andando silenciosamente por entre nós,

Dignamente, eu deixaria

Que este homem se revela-se para o mundo,

E fosse destrancado de dentro do meu coração.

Nem precisaria ser hoje,

Mas tinha de ser agora!..

Tudo é fúria,loucura e desilusão.

Eu nada posso ver,

Eu nada posso ouvir, a não ser minha prória respiração fungando.

O véu denso de loucura está cobrindo-me,

Os corvos estão voando,

Esperando pela minha desgraça.

Os fantasmas estão zombando de mim,

Dizendo que eu não posso escapar,

Eu não posso ouvi-los,

Mas sei que estão aqui,

Torcendo pela minha morte...

"O meu final...

Isso justifica os meus meios

Tudo o que eu só sempre faço é atrasar

O meu esforço contínuo para fugir...

Terminará sempre ao fim da estrada e para o meu final!

Isto justifica os meus meios!

Tudo o que eu só sempre faço é atrasar...

O meu esforço contínuo para fugir...

Ao final dessa estrada!"

Eles vão esperar,

Pacientemente,

Cheio de desejos perversos,

Malignos,

Vitoriosos.

Porque sabem eles que sempre irão ganhar.

Eu ainda estou caminhando,

Mas sei que vou cair.

Logo, eu vou cair para sempre, e ninguém poderá me levantar...

Preso sem algemas,

É prisioneiro de sua própria mente.

Seguirá a partir de agora,

Nas trevas,

Meu antigo lar.

Até o fim.

Escravo de sua loucura,

Agora é a minha vez de caminhar por entre o finado mundo.

E está decretado, que agora nós jamais seremos os mesmos...

Novamente...

"Eu sou um verme antes de ser um homem!

Eu era uma criatura antes que eu pudesse andar!

Eu vou me lembrar antes que eu esqueça...

Antes que eu me esqueça!

Eu sou um verme antes de ser um homem!

Eu era uma criatura antes que eu pudesse andar!

Eu vou me lembrar antes que eu esqueça...

Antes que eu me esqueça disso!.."