Krytus escrita por Isabella Lopes
10 de janeiro de 1927
Amortecida a cabeça com um travesseiro, me encontro em minha
cama. Já amanheceu. Não me lembro de nada após aquela noite terrorista, para meus pensamentos. O que foi tudo aquilo? Será que aquilo fora apenas um sonho tenebroso? Meu corpo doía como se tivesse sido golpeado por vários dos guardas do prefeito.
- E o que você acha que deixou seu corpo assim? Um tom irônico de uma voz feminina, acompanhadas de gemidos como se forçasse a fala. Jess.
Espere! Eu não disse absolutamente nada. Ele leu meu pensamento?
- Jess? Forcei a voz. Meu peito doía. – Jess? Como você está?
-Com dores pelo corpo todo, Jay.
Um silêncio apareceu por alguns segundos enquanto tentávamos nos levantar de nossas camas. Dormimos no mesmo quarto. Curioso, questionei-a:
-Como você soube?
-Soube do que? Perguntou enquanto levantava sua cabeça para me
observar.
- “...Meu corpo doía como se tivesse sido golpeado por vários
dos guardas do prefeito...”. Repeti. – Como você sabia que eu estava pensando?
Sem saber como me responder. Ela também estava confusa.
-Não sei. Eu senti uma dor aguda na cabeça e... Esse pensamento
me veio na cabeça, mas como se fosse você falando comigo!
-Você acha que os guardas do prefeito que nos bateram?
Aquele clima suspeito invadiu o quarto. Achei melhor tomar uma
ducha para aliviar as dores do corpo.
- JAAAAY!!
Sai imediatamente do banheiro. Jess estava... ah, estava...cheia
de hematomas: Marcas rochas, arranhões, cortes. E suas roupas, as que usavamos na noite passada: Rasgadas e manchadas de sangue. Corri novamente para o banheiro. Parei em frente ao espelho e tirei a camisa. Meus músculos estavam avermelhados, meu peito arranhado, o corpo todo com arranhões, cortes e machucados.
Rhrhrhrhr... zzrhhrhrz...
O rádio da cozinha estava ligado. Fomos caminhando
silenciosamente para que ninguém percebesse que tínhamos acordado:
“Para todos os moradores, estas são medidas que devem ser respeitadas por todos. O caso que temos em mãos é de extremo perigo e devido aos acontecimentos da noite passada, estas são as seguintes ordens: Todos os moradores deveram estar em suas casas às 20h, com as portas e janelas trancadas e em nenhuma hipótese, deveram sair até
o amanhecer. Agradecemos a todos e estamos investigando as causas de todas as mortes...”.
Mortes? Esta palavra ecoou em minha cabeça e várias imagens horríveis apareceram em minha mente. Era um animal atacando moradores da cidade, pequenos trechos, mas todos como se... como se eu fosse o tal animal assassino.
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