Wake Me Up When September Ends. escrita por GFN


Capítulo 4
Capítulo 4




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Querido diário. Na quinta houve um baile na escola, o baile de outono, tudo correu bem, mas olhar para os olhos de Mark e ver um mar de tristeza não têm sido fácil. Desde o dia em que nos beijamos Mark tem me olhado de um jeito diferente, parece querer falar comigo, mas eu não faço questão disso, não quero estragar nossa amizade.

Bem, falando em baile, aquele foi um dia muito importante para mim e para minha mãe, ela ficou tão feliz quando contei sobre o baile que correu comprar um vestido, queria que eu estivesse divina nesse dia que é tão importante para ela. Vesti um lindo vestido branco, ele se alongava até altura do joelho, era de um branco mágico que me fez parecer um anjo.

Eu estava pensando aqui em meu quarto, sozinha, pensando em ligar para o Mark, ele merece uma resposta perante tudo que aconteceu naquele dia, merece saber o que sinto e merece saber o que faremos agora.

Oh diário, você é meu único e fiel amigo, o único em quem realmente sei que posso confiar de olhos fechados. Minha mãe anda tão triste e tão só, depois de passado aquele dia ela parece ter voltado a ser aquela mesma pessoa depressiva de antes.

Vou almoçar diário, já esta na hora, ainda bem que hoje é sábado e eu posso ficar em casa e descansar, refletir sobre todas essas coisas que perturbam a minha mente.

Alice desceu as escadas em um ritmo acelerado, mesmo sabendo que não encontraria sua mãe ou a mesa servida para o almoço ela ainda tinha esperança de que um dia voltasse a ver sua mãe cozinhando diante de um fogão.

Ao contrário disso Alice encontrou um lavatório cheio de louças e uma mesa abarrotada de xícaras e copos, ela teria de fazer todo o serviço de casa novamente, sem a ajuda de ninguém.

O telefone tocou, era seu celular, deveria ser algum de seus colegas fazendo perguntas sobre a lição do dia anterior. Ela enxugou as mãos no pano da louça e foi até o celular que estava em cima do gaveteiro de talheres, ao seu lado.

–Alô!

Uma voz amigável encontrava a sua do outro lado da linha, parecia-se com a de Mark, mas ela ainda não tinha certeza.

–Oi, Alice? É você?

–Sim, sou eu... É o Mark?

Reconheci a voz, parecia agitada, urgente.

–Alice, você pode vir para cá? Por favor, eu não estou me sentindo bem.

Mark parecia ter engolido alguma coisa que tinha ficado presa na garganta, ele estava exausto e triste, triste como eu jamais o tinha visto. Ele estava mesmo precisando de mim, de um ombro amigo ao lado.

–É claro Mark... Mais o que aconteceu? Você parece aflito...

–Alice, vem pra cá...

Ele desligou o celular, pareceu desligar porque estava chorando, só pude ouvir um soluço no fundo. O que será que acontecera com ele? Será que sua mãe não estava passando bem...

Eu não sei o que houve, só sei que irei até lá agora mesmo, não posso deixa-lo sozinho em um momento tão difícil como esse que ele está passando. Alice correu até sua bolsa e gritou num aviso para sua mãe, queria avisar que sairia. Corri pelas ruas, o céu estava nublado e um vento gélido jogava meus cabelos para frente.

–Mark!

Arfei ao vê-lo entrando em desespero, ele estava encolhido sentado de costas para a parede, a porta estava encarada, ele protegia o rosto. Será que acontecera ali um assalto?

–Alice...

Finalmente tirou as mãos do rosto largando as ao lado do corpo, suas olheiras eram visíveis assim como sua falta de voz. Me sentei ao seu lado e não pude esperar...

–O que houve Mark? Responda! você esta tão triste, parece doente...

Ele se voltou para mim por um momento e depois voltou a baixar a cabeça.

–Meu pai... ele esta morto. Morto!

Ele desabou em lágrimas, juntei-me a ele, estávamos os dois sentados no chão, os dois haviam perdido os pais, os dois sofriam por uma injustiça do destino.

–Calma, vai passar... Sei como é, e sei também o quanto é difícil superar isso, mas você é forte e vai conseguir. O tempo vai se encarregar disso, tenho certeza.

–Ainda bem que você veio Alice. Não sei como superaria isso sem você...

Ele segurou minha mão, seus dedos eram frios como seu olhar, ele não se vestia bem, não vestia roupas suficientes para superar o frio, o frio daquele terrível dia de outono. Houve um espaço de tempo em que ficamos em silêncio, apenas aproveitamos um o calor do outro.

–Minha mãe foi ao velório, eu não pude ir, não tive condições para isso. Alice que tipo de pessoa eu sou? Me diga! Qual o monstro que não vai nem ao velório do pai...

Ele socou o chão com a mão livre, senti o calor em sua face, senti a raiva tinir em seu rosto. Era raiva de si mesmo, a raiva que um dia já senti de minha mãe e até de mim mesma.

–Não, Mark! Não faça isso com si mesmo, não sinta raiva de si, isso é normal... Eu também não tive coragem... Não fui ao velório do meu pai, não fui porque preferi não ver, se não visse não ia crer...

Agarrei sua mão com ainda mais força, o que provocou nele uma reação linda: um sorriso, acanhado, mas um sorriso.

–Agora, vamos nos levantar e seguir em frente. Vá até seu quarto e coloque um casaco, hoje faz muito frio...

Empurrei-o num modo brincalhão, queria que ele levasse as coisas por outro lado, pelo lado bom que ainda existe na vida. Às vezes esse lado se esconde, mas depois torna a aparecer.

Passaram a tarde juntos, sorrindo, estavam quase felizes. Podia se jurar que eles eram um casal, pois formavam um lindo casal. Cada palavra dita era compreendida e replicada pelo outro, assim formando uma melodia, aquilo mais parecia uma musica do que uma simples conversa entre dois adolescentes.

–Alice?

Era a voz de sua mãe batendo a porta, Alice podia vê-la por entre as cortinas floreadas azul turquesa que se amontoavam em cima da soleira branca da janela.

–Mãe?

–Oh, sabia que estaria aqui. Vamos para casa, preciso da sua ajuda com a faxina...

Ela declarou sorridente abrindo por si a porta. Por um momento minhas veias ferveram borbulhando sangue com raiva, ela sorria daquele modo como se fosse me ajudar em alguma coisa.

Sem questionar obedeci à ordem apenas desejando força a Mark que respondeu com um forte abraço. Mark não se importava com minha mãe, pelo contrário gostava dela, e me abraçar em sua frente não era um grande problema para ele.







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