Wake Me Up When September Ends. escrita por GFN


Capítulo 2
Capítulo 2




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Alice

–Ontem foi meu primeiro dia de aula, tudo deu certo, acho que até fiz um amigo, seu nome é Mark, ele é um ótimo garoto e, sua mãe é um doce de pessoa.

–Verdade querida?

Minha mãe também é uma mãe legal, porém com algumas vagas diferenças: ela não cozinha, não lava, não passa e nem quase se preocupa comigo, ela não é do tipo “carinhosa” como a mãe do Mark, ela é séria e não se importa muito com as coisas. Na verdade ela não se importa com a realidade, ela só se importa com a ficção, afinal ela é escritora.

–Sim mamãe. Ontem fomos fazer um trabalho juntos, fizemos na casa dele, a mãe dele estava em casa...

–Nossa que legal filha!

Ela exclamou vidrada no notebook, seus dedos se moviam com tal agilidade por aquele teclado. Mesmo sentada ao meu lado ela não se deu o trabalho de olhar para mim por se quer um segundo. Larguei o copo de suco dentro da lava louça, peguei uma maçã, beijei seu rosto e sai porta afora apenas dizendo “fica com Deus”.

A caminho da escola encontrei com Mark, ele estava vestindo a mesma camisa xadrez e o mesmo jeans de ontem, eu particularmente gosto do estilo dele, ele é simples como eu.

–Bom dia!

–Oi.

–Que nota será quere receberemos pelo nosso trabalho de inglês?

–Dez se depender daquele texto que você escreveu.

Mark parecia mesmo gostar de mim, ele tinha um lindo sorriso, eu também gosto dele, mas apenas como amigo.

–Obrigada.

–Agora vamos falar de algo menos profissional, vamos falar sobre musica. O que você ouve?

–Hum, Green Day, Nirvana, Paramore, Guns N’ Roses...

–Sério? Que coincidência eu também.

Ele passou a mão nos cabelos, arrumando-os, como se ficasse sem palavras agora.

–É.

–Podia me passar algumas musicas...

Ele chegava cada vez mais perto de mim, parecia querer contar algo, contar um segredo, um segredo soprado em meu ouvido.

–Claro pena que esqueci o celular hoje. Vai até lá em casa hoje à tarde, ai eu aproveito para te apresentar minha mãe. Ela não é tão boa na cozinha como a sua, mas ela é legal.

–Tá bom, que horas eu posso passar lá?

Ele erguia a outra alça da mochila que estava antes pendurada por apenas uma alça.

–Depois da escola, vamos juntos.

–Sua mãe vai estar em casa?

Ele pareceu se preocupar muito com isso, parecia ser um bom garoto, um garoto decente, não aquele tipo de garoto que intrometido, que vive atrás de todas as garotas da escola dizendo que as “ama”.

–Vai, na verdade ela trabalha em casa.

–Sério? Que legal?

Nossos olhos se encontraram por um momento, senti uma pequena vertigem, me segurei em seu ombro direito. Suas mãos encontraram a minha cintura, foi quase como um reflexo.

–Você está bem?

–Sim, estou. Me desculpe, foi só uma vertigem.

Soltei seu ombro e ele automaticamente soltou minha cintura, baixei a cabeça desviando o olhar, não aguentaria mais olhar para aqueles olhos.

–Tem certeza? Não quer voltar? Eu levo você...

–Não, é sério, eu estou bem. Vamos ou chegaremos atrasados.

Cortei qualquer fio de conversa que houvesse entre nós, éramos apenas amigos, não poderíamos jamais ser mais do que isso. Ultrapassar a barreira da amizade seria burrice. Fomos assim, em silêncio, até a escola onde nos encontramos na aula de ciências e mais uma vez nos sentamos lado a lado.

–Oi de novo. Melhorou?

Seus olhos me contemplavam novamente, era difícil segurar a cabeça baixa, era difícil desviar o assunto, era difícil estar ali, sentada ao seu lado outra vez.

–Melhorei.

–Você tem certeza? Sabe, parece que você ficou estranha depois...

Ele ainda não tinha se esquecido do momento em que pegou em minha cintura, na verdade eu também não.

–Obrigada... por me segurar.

–A conversa está mesmo ótima entre o casal.

A professora de ciências parecia sentir o que estava acontecendo entre nós dois. Não sei Mark, mas eu sentia algo mais por ele, mas algo secreto. A turma disparou uma chuva de gargalhadas em nossa direção. Ambos ficamos corados.

–Por favor! Vamos abrir o livro na página 48 e começar a ler. Depois façam suas anotações sobre o capitulo, podem permanecer em dupla, mas, por favor, silêncio.

Seu olhar se voltou para nós dois, pude perceber com o canto do olho, estava com a cabeça abaixada, ainda sentia vergonha pelo comentário da professora.

Aquele tempo se passou rápido de mais, já era almoço e estávamos de novo separados. Escolhi minha refeição, peguei minha bandeja, meu olhar se voltou para as mesas, estavam lotadas, não havia espaço para mim, havia só uma mesa e essa mesa era a mesa dele, Mark. Obrigatoriamente me sentei ao seu lado.

–Oi!

Exclamei sorrindo, queria parecer simpática, afinal ele não podia perceber que eu estava diferente depois do ocorrido, eu não podia chamar sua atenção para mim.

–Oi. Como foram suas aulas?

Ele deu uma garfada na lasca de frango que tinha em seu prato. Falando de boca cheia e me fazendo rir.

–Foram legais.

–Porque você riu?

Ele questionou agora sério.

–Nada.

–Nada? Não se ri por nada...

Ele riu sarcasticamente.

–É que você estava falando de boca cheia.

–Assim?

Mark enfiou outra garfada na boca, ele parecia gostar de me ver sorrir.

–É.

Um sorriso acendeu seu rosto, ele me fez rir, era ótimo dominarmos um sobre o outro essa capacidade. O almoçou passou tão rápido, assim como as aulas que o sucederam.

Fomos novamente juntos para casa, dessa vez gargalhando com suas piadas, caminhávamos em direção a minha casa cercados pela mais bela paisagem pela qual duas pessoas poderiam passear.

Minha mãe estava lá, no mesmo lugar onde eu antes a encontrara, estava digitando no notebook como de costume.

–Mamãe esse é o Mark, meu amigo.

–Olá Mark, tudo bem?

Ela nem se deu o trabalho de erguer os olhos para nós dois, ela apenas digitava freneticamente.

–Tudo.

–Mãe podemos usar a mesa da sala de estar?

Joguei minha bolsa em cima do sofá.

–Podem sim, fique a vontade...

–É Mark, mãe.

–Isso mesmo.

Ela nos fitou por um segundo, largou um sorriso e depois voltou ao que estava fazendo.

Estudamos durante uma hora, na verdade eu o ensinei, ele não se lembrava de boa parte da matéria do ano passado. Nossas mãos se encontraram, quando fui pegar o lápis. E até agora na hora de dormir eu fico lembrando, a imagem não para de vir a minha cabeça.


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