Minha Estranha. escrita por Hollow Grave, Shadow Queen


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.



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Depois de um tempo por falta de ar, nos afastamos, vocês não sabem como eu odiei ter que respirar e o oxigênio ser tão importante na minha vida quanto naquele momento. Foi uma coisa automática, sabe quando você está com vergonha e esse sentimento é recíproco? Então, a única coisa que conseguimos fazer no momento foi abaixar a cabeça, e pensar no que falar para o outro.

Ficamos acho que uns 10 minutos calados então eu comecei a falar.

– Foi bom pra você?

– Oi? Hã... Você disse alguma coisa? – ela disse erguendo o olhar e me encarando.

– Eu perguntei se... Hã... Não, não disse nada. – desviei o olhar de seu rosto para uma árvore qualquer em um lugar qualquer. Ela ria baixinho, fiquei confuso mas não iria perguntar novamente.

– Você é muito bobo Andy, é claro que eu gostei e você não precisava disfarçar, e o por que você desviou o olhar para aquela árvore? – ela se levantou parando em minha frente, com as mãos na cintura – Ela é mais interessante que eu? – Eu não agüentei e comecei a rir, de onde veio toda essa coragem na minha ruivinha? Levantei-me e dei um abraço forte nela, não resistir e a beijei novamente.


(...)

Caminhamos até meu apartamento em silêncio, adentramos o local, estava um silêncio perturbador, mais ou menos uns 5 minutos, até que eu criei coragem e iniciei um dialogo:

— Vai ser o que futuramente? Digo, quando crescer?

— Grande, né Andy. — Ela ri.

— Ainda acredita que vai ser alta?

— Tá dizendo que eu sou baixa? – Ela me encarou

— Não, claro que não. Sempre te confundo com um prédio de quinze andares, não sabia?

— Sério?

— Claro, ainda mais na propaganda de Lego, sabe aquela que diz: ” Construa sua própria cidade e sua própria delegacia. ” — Eu comecei a rir. Ela não agüentou e também riu.

— Me humilhou.

— Calma, uma dia você cresce.

— Jura?

— Bom, sabe aquele negócio né. Quem jura mente, então, sim. Juro! - Ela continua a rir.

— Para de ser mal comigo, seu bobo.

— Mas Anabell, você tem o tamanho certo para ser uma coisa.

— Que coisa?

— A minha pequena estranha, sempre. - Ela sorriu, se esticou nas pontas dos seus pés e tentou me beijar. Eu sorri e ia me abaixando, a ajudando chegar até minha boca.

— Viu Anabell? Tem altura até para me beijar.

— Idiota.

— Quer mais o quê?

— Ir na montanha russa. — Ela ri.

— Um degrau de cada vez Anabell, se contente com isso porque montanha russa só usando salto mesmo.

— Idiota.

— Baixinha.

Íamos nos aproximando novamente, para um quase beijo. Mas alguém fez questão de estragar isso.

Era mãe de Anabell batendo na porta, como ela sabia que minha estranha estava aqui? A cada dia que se passa, eu sinto mais medo dessa família.

– Anabell, ande saia daí. Eu sei que você está ai, como esse menino vagabundo que não faz nada além de olhar nosso apartamento, e me contar se nenhuma promíscua entrou. –ela bateu mais forte na porta.- Anabell, eu não vou falar de novo. “ Ela me olhou um pouco triste, me abraçou e cochichou em meu ouvido:

– Amanhã eu voltarei, meu amor. – me deu um selinho. Sorri e a respondi.

– Contarei os segundos para isso. – ela me olhou corada e eu continuei. – Um... Dois... Três... Quatro...

Sim, eu comecei a contar os segundos, ela me deu um tapinha de leve no ombro e saiu de meu lar.

Ah, se ela soubesse o quanto o jeito dela me faz bem...

Balancei a cabeça na esperança de parar de pensar nela, fui até meu frigobar e peguei uma latinha de cerveja. Me sentei no grande, aconchegante e famoso sofá vermelho e voltei a ler aquele tal livro.

Li algumas páginas seguidas, até que achei uma parte que realmente foi marcante:

Cathy: "Os meus maiores sofrimentos neste mundo têm sido os sofrimentos de Heathcliff; e eu vi e senti cada um deles desde o princípio, a minha grande preocupação na vida é ele. Se tudo mais desaparecesse e ele ficasse, eu continuaria a existir. E se tudo o mais ficasse, e ele fosse aniquilado, eu ficaria só num mundo estranho, incapaz de ter parte dele. O meu amor por ele parece-se com as rochas eternas que ficam debaixo do chão; uma fonte de felicidade pouco visível mas indispensável. Nelly, EU SOU Heathcliff! Ele esta sempre, sempre, na minha cabeça. Não como um prazer - porque eu também não sou um prazer para mim própria - mas como eu mesma. Portanto, não fales outra vez na nossa separação, pois é impossível.."

Heathcliff: "Porque me desprezaste? Porque é que traiste o teu coração, Cathy? Amaste-me; que direito tinhas de me deixar? Porque nem a miséria, nem a degradação, nem a morte, nem nada que Deus ou o demônio pudessem infligir-nos nos teria separado, mas tu fizeste-o de livre vontade! Não fui eu, mas sim tu quem despedaçou o teu coração; e ao fazê-lo destruíste também o meu. Tanto pior para mim, que sou forte. Quero por acaso viver? Que vida será a minha quando...Meu Deus! Gostarias de viver com a tua alma enterrada?"
" Pois faço uma prece, hei de repeti-la até que minha língua endureça; Catherine Earnshaw, que não encontres a paz enquanto eu estiver vivo! Disseste que te matei, assombra-me então! Os mortos costumam assombrar os seus assassinos. Acredito, sei que andam almas penadas pela terra. Fica comigo para sempre, toma a forma que quiseres, enlouquece-me! Mas não me deixes neste abismo onde não te posso encontrar! Oh, meu Deus! É inexprimível! Não posso viver sem a minha vida! Não posso viver sem a minha alma!"
"Não tenho medo, nem esperança de morrer. Contudo não posso continuar assim! Tenho que me lembrar de respirar, de manter o meu coração a bater! A luta tem sido longa e desejo tanto que acabe em breve!"

Estava cansado de ler, e a cerveja já havia esquentado, não iria tomá-la. Não mais. Fui até meu quarto, tirei minhas botas, contei até três e dormi.

Acabei sonhando com Anabell, sonhei que ela me chacoalhava e dizia em meu ouvido: “ Acorde Andy, anda. Acorda. Por favor. “ Eita, que sonho mais sinistro, quase acreditei que era verdade, mas por via das duvidas resolvi abrir os olhos, e me assustei ao me reparar com dois olhos verdes me fitando.

– Não, eu já acordei ó. Já pode ir embora espírito da Anabell, eu estou falando sério. Ó. – me levantei da cama e comecei a fazer polichinelos.- Viu? Se eu estivesse dormindo não iria estar fazendo isso. – o espírito começou a rir, que medo.

– Andy, pare de ser idiota, eu não sou meu espírito. – ela fez cara de confusa – Quer dizer, hm.. Ah, você entendeu, que eu sou a Anabell. Né?

– Claro, só estava te testando, quem acredita em espíritos por aqui? Puff. – Rezarei para que ela tenha acreditado, pois se não serei zoado para a vida toda.

– Eu acredito Andy, eu acredito. – ela tentou não rir, suspirou e continuou. – Então, eu briguei com a vaca da minha mãe, e dessa vez eu decidi sair de casa. Então, eu queria te pedir um favor...

– Diga-me.

– Eu posso passar uns dias aqui com você? Digo, claro que se eu não for incomodar. – Ela sorriu sem humor.

– Eu adoraria minha baixinha. Seria mais que um sonho, você, aqui, morando comigo. – Fui até ela, a peguei no colo e a girei, estávamos rindo, até ela bater os pés na minha cama e soltar um grande berro em meu ouvido, me fazendo ficar tonto por um momento e a deixando cair na cama. Começamos a rir mais ainda. Ela parou de rir e disse:

– Andy, eu estava pensando... – Eu a interrompi

– Já entendi o cheiro de queimado. – Disse rindo, ela pegou e atirou o travesseiro em minha direção e também começou a rir.

– Seu idiota. Então, eu estava pensando...- Ela fez uma pausa, e me encarou esperando eu a zoar novamente, mas fiquei quieto, a surpreendendo. Enfim ela continuou. – O que você acha de pedirmos comida japonesa?

– Tipo... Sushi?

– Sim Andy, sushi. –Ela ri.

– Tudo bem então.


(...)


Terminamos de comer e estávamos exaustos. Então fomos para o meu quarto, aí uma luz do além veio em minha mente e eu me lembrei que, apesar de ter dois quartos aqui só tinha uma cama.

– Anabell, só tem uma cama por aqui, não me importarei de dormir no sofá e deixarei... – Ela me interrompeu.

– Não, não Andy. Eu não me importo de dormir com você. Argh... Quer dizer, você se importaria de dormir comigo?

– Absolutamente. Eu sou macho lembra? – Fiz pose de machão na frente dela

– E daí Andy? – Ela me perguntou rindo. Aí, que linda e ingênua.

– Machos não se importam de dormir com uma ruivinha. – Fiz cara de safado e ela riu mais ainda.

– Para de ser idiota. E me ajuda com as minhas coisas.

Fui até suas coisas, levei para o outro quarto e enfim, nos deitamos. Juntinhos.

Já eram aproximadamente 2 e 30 da manhã e ela começou a se mexer. Então a perguntei:

— Tá tremendo por que?

— Porque tô imitando um despertador, triiiiiiiiiiiiiim. — Ela ri.

— Que grossa, seja mais delicada.

— Desculpa, começa outra vez.

— Eu não. Não sou papagaio, bobona.

— Idiota, fala outra vez. – Ela se virou para mim.

— Tá tremendo por que? — Eu ri.

— Tô com frio.

— Coloca um casaco.

— Pega pra mim?

— Cara, você tem preguiça até de pegar um casaco pra você.

— Para, Andy.

— Eu não, vai se exercitar.

Ela se levantou, foi até o outro quarto e pegou o casaco.

— Satisfeita? – Perguntei a olhando.

— Uhum.

Fiquei em silêncio, até que a vejo novamente tremendo.

— Ainda tá tremendo?

— Mais ou menos, Andy.

— Tá com frio?

— Muito.

— Quer meu casaco?

— Quero.

— Minha meia?

— Também.

— Mais o quê?

— Teu abraço.

— Que linda, romântica ao extremo.

— Não é isso não, é preguiça de levantar pra pegar outro casaco. – Eu ri.

— Amo quando acha que pode tirar uma com a minha cara.

— Ama? Ama mais o quê?

— Esse teu cheirinho de banho.

— Claro, tomo banho sempre.

— Toma, mas prefiro quando vem com cheiro de Natura.

— Gosta?

— Claro.

— Porque?

— Tem cheirinho igual ao da minha vó. – Ela ri.

— Idiota, sou bebezinha.

— É mesmo?

— Sou.

— E quando vai crescer?

— Quando a preguiça for embora.

— Então você vai entrar pro livro dos recordes.

— Por que?

— Porque vai ser: O maior bebê do mundo — Eu ri.

— Cala a boca, Andy. E vai pegar outro casaco.

— Eu não, vem cá que te esquento. - A agarrei, baguncei seu cabelo e a beijei na testa.

— Pronto, quentinha.

E assim então conseguimos dormir.



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Notas finais do capítulo

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