Minha Estranha. escrita por Hollow Grave, Shadow Queen
Notas iniciais do capítulo
Espero que gostem.
Depois de um tempo por falta de ar, nos afastamos, vocês não sabem como eu odiei ter que respirar e o oxigênio ser tão importante na minha vida quanto naquele momento. Foi uma coisa automática, sabe quando você está com vergonha e esse sentimento é recíproco? Então, a única coisa que conseguimos fazer no momento foi abaixar a cabeça, e pensar no que falar para o outro.
Ficamos acho que uns 10 minutos calados então eu comecei a falar.
– Foi bom pra você?
– Oi? Hã... Você disse alguma coisa? – ela disse erguendo o olhar e me encarando.
– Eu perguntei se... Hã... Não, não disse nada. – desviei o olhar de seu rosto para uma árvore qualquer em um lugar qualquer. Ela ria baixinho, fiquei confuso mas não iria perguntar novamente.
– Você é muito bobo Andy, é claro que eu gostei e você não precisava disfarçar, e o por que você desviou o olhar para aquela árvore? – ela se levantou parando em minha frente, com as mãos na cintura – Ela é mais interessante que eu? – Eu não agüentei e comecei a rir, de onde veio toda essa coragem na minha ruivinha? Levantei-me e dei um abraço forte nela, não resistir e a beijei novamente.
(...)
Caminhamos até meu apartamento em silêncio, adentramos o local, estava um silêncio perturbador, mais ou menos uns 5 minutos, até que eu criei coragem e iniciei um dialogo:
— Vai ser o que futuramente? Digo, quando crescer?
— Grande, né Andy. — Ela ri.
— Ainda acredita que vai ser alta?
— Tá dizendo que eu sou baixa? – Ela me encarou
— Não, claro que não. Sempre te confundo com um prédio de quinze andares, não sabia?
— Sério?
— Claro, ainda mais na propaganda de Lego, sabe aquela que diz: ” Construa sua própria cidade e sua própria delegacia. ” — Eu comecei a rir. Ela não agüentou e também riu.
— Me humilhou.
— Calma, uma dia você cresce.
— Jura?
— Bom, sabe aquele negócio né. Quem jura mente, então, sim. Juro! - Ela continua a rir.
— Para de ser mal comigo, seu bobo.
— Mas Anabell, você tem o tamanho certo para ser uma coisa.
— Que coisa?
— A minha pequena estranha, sempre. - Ela sorriu, se esticou nas pontas dos seus pés e tentou me beijar. Eu sorri e ia me abaixando, a ajudando chegar até minha boca.
— Viu Anabell? Tem altura até para me beijar.
— Idiota.
— Quer mais o quê?
— Ir na montanha russa. — Ela ri.
— Um degrau de cada vez Anabell, se contente com isso porque montanha russa só usando salto mesmo.
— Idiota.
— Baixinha.
Íamos nos aproximando novamente, para um quase beijo. Mas alguém fez questão de estragar isso.
Era mãe de Anabell batendo na porta, como ela sabia que minha estranha estava aqui? A cada dia que se passa, eu sinto mais medo dessa família.
“ – Anabell, ande saia daí. Eu sei que você está ai, como esse menino vagabundo que não faz nada além de olhar nosso apartamento, e me contar se nenhuma promíscua entrou. –ela bateu mais forte na porta.- Anabell, eu não vou falar de novo. “ Ela me olhou um pouco triste, me abraçou e cochichou em meu ouvido:
– Amanhã eu voltarei, meu amor. – me deu um selinho. Sorri e a respondi.
– Contarei os segundos para isso. – ela me olhou corada e eu continuei. – Um... Dois... Três... Quatro...
Sim, eu comecei a contar os segundos, ela me deu um tapinha de leve no ombro e saiu de meu lar.
Ah, se ela soubesse o quanto o jeito dela me faz bem...
Balancei a cabeça na esperança de parar de pensar nela, fui até meu frigobar e peguei uma latinha de cerveja. Me sentei no grande, aconchegante e famoso sofá vermelho e voltei a ler aquele tal livro.
Li algumas páginas seguidas, até que achei uma parte que realmente foi marcante:
Cathy: "Os meus maiores sofrimentos neste mundo têm sido os sofrimentos de Heathcliff; e eu vi e senti cada um deles desde o princípio, a minha grande preocupação na vida é ele. Se tudo mais desaparecesse e ele ficasse, eu continuaria a existir. E se tudo o mais ficasse, e ele fosse aniquilado, eu ficaria só num mundo estranho, incapaz de ter parte dele. O meu amor por ele parece-se com as rochas eternas que ficam debaixo do chão; uma fonte de felicidade pouco visível mas indispensável. Nelly, EU SOU Heathcliff! Ele esta sempre, sempre, na minha cabeça. Não como um prazer - porque eu também não sou um prazer para mim própria - mas como eu mesma. Portanto, não fales outra vez na nossa separação, pois é impossível.."
Heathcliff: "Porque me desprezaste? Porque é que traiste o teu coração, Cathy? Amaste-me; que direito tinhas de me deixar? Porque nem a miséria, nem a degradação, nem a morte, nem nada que Deus ou o demônio pudessem infligir-nos nos teria separado, mas tu fizeste-o de livre vontade! Não fui eu, mas sim tu quem despedaçou o teu coração; e ao fazê-lo destruíste também o meu. Tanto pior para mim, que sou forte. Quero por acaso viver? Que vida será a minha quando...Meu Deus! Gostarias de viver com a tua alma enterrada?"
" Pois faço uma prece, hei de repeti-la até que minha língua endureça; Catherine Earnshaw, que não encontres a paz enquanto eu estiver vivo! Disseste que te matei, assombra-me então! Os mortos costumam assombrar os seus assassinos. Acredito, sei que andam almas penadas pela terra. Fica comigo para sempre, toma a forma que quiseres, enlouquece-me! Mas não me deixes neste abismo onde não te posso encontrar! Oh, meu Deus! É inexprimível! Não posso viver sem a minha vida! Não posso viver sem a minha alma!"
"Não tenho medo, nem esperança de morrer. Contudo não posso continuar assim! Tenho que me lembrar de respirar, de manter o meu coração a bater! A luta tem sido longa e desejo tanto que acabe em breve!"
Estava cansado de ler, e a cerveja já havia esquentado, não iria tomá-la. Não mais. Fui até meu quarto, tirei minhas botas, contei até três e dormi.
Acabei sonhando com Anabell, sonhei que ela me chacoalhava e dizia em meu ouvido: “ Acorde Andy, anda. Acorda. Por favor. “ Eita, que sonho mais sinistro, quase acreditei que era verdade, mas por via das duvidas resolvi abrir os olhos, e me assustei ao me reparar com dois olhos verdes me fitando.
– Não, eu já acordei ó. Já pode ir embora espírito da Anabell, eu estou falando sério. Ó. – me levantei da cama e comecei a fazer polichinelos.- Viu? Se eu estivesse dormindo não iria estar fazendo isso. – o espírito começou a rir, que medo.
– Andy, pare de ser idiota, eu não sou meu espírito. – ela fez cara de confusa – Quer dizer, hm.. Ah, você entendeu, que eu sou a Anabell. Né?
– Claro, só estava te testando, quem acredita em espíritos por aqui? Puff. – Rezarei para que ela tenha acreditado, pois se não serei zoado para a vida toda.
– Eu acredito Andy, eu acredito. – ela tentou não rir, suspirou e continuou. – Então, eu briguei com a vaca da minha mãe, e dessa vez eu decidi sair de casa. Então, eu queria te pedir um favor...
– Diga-me.
– Eu posso passar uns dias aqui com você? Digo, claro que se eu não for incomodar. – Ela sorriu sem humor.
– Eu adoraria minha baixinha. Seria mais que um sonho, você, aqui, morando comigo. – Fui até ela, a peguei no colo e a girei, estávamos rindo, até ela bater os pés na minha cama e soltar um grande berro em meu ouvido, me fazendo ficar tonto por um momento e a deixando cair na cama. Começamos a rir mais ainda. Ela parou de rir e disse:
– Andy, eu estava pensando... – Eu a interrompi
– Já entendi o cheiro de queimado. – Disse rindo, ela pegou e atirou o travesseiro em minha direção e também começou a rir.
– Seu idiota. Então, eu estava pensando...- Ela fez uma pausa, e me encarou esperando eu a zoar novamente, mas fiquei quieto, a surpreendendo. Enfim ela continuou. – O que você acha de pedirmos comida japonesa?
– Tipo... Sushi?
– Sim Andy, sushi. –Ela ri.
– Tudo bem então.
(...)
Terminamos de comer e estávamos exaustos. Então fomos para o meu quarto, aí uma luz do além veio em minha mente e eu me lembrei que, apesar de ter dois quartos aqui só tinha uma cama.
– Anabell, só tem uma cama por aqui, não me importarei de dormir no sofá e deixarei... – Ela me interrompeu.
– Não, não Andy. Eu não me importo de dormir com você. Argh... Quer dizer, você se importaria de dormir comigo?
– Absolutamente. Eu sou macho lembra? – Fiz pose de machão na frente dela
– E daí Andy? – Ela me perguntou rindo. Aí, que linda e ingênua.
– Machos não se importam de dormir com uma ruivinha. – Fiz cara de safado e ela riu mais ainda.
– Para de ser idiota. E me ajuda com as minhas coisas.
Fui até suas coisas, levei para o outro quarto e enfim, nos deitamos. Juntinhos.
Já eram aproximadamente 2 e 30 da manhã e ela começou a se mexer. Então a perguntei:
— Tá tremendo por que?
— Porque tô imitando um despertador, triiiiiiiiiiiiiim. — Ela ri.
— Que grossa, seja mais delicada.
— Desculpa, começa outra vez.
— Eu não. Não sou papagaio, bobona.
— Idiota, fala outra vez. – Ela se virou para mim.
— Tá tremendo por que? — Eu ri.
— Tô com frio.
— Coloca um casaco.
— Pega pra mim?
— Cara, você tem preguiça até de pegar um casaco pra você.
— Para, Andy.
— Eu não, vai se exercitar.
Ela se levantou, foi até o outro quarto e pegou o casaco.
— Satisfeita? – Perguntei a olhando.
— Uhum.
Fiquei em silêncio, até que a vejo novamente tremendo.
— Ainda tá tremendo?
— Mais ou menos, Andy.
— Tá com frio?
— Muito.
— Quer meu casaco?
— Quero.
— Minha meia?
— Também.
— Mais o quê?
— Teu abraço.
— Que linda, romântica ao extremo.
— Não é isso não, é preguiça de levantar pra pegar outro casaco. – Eu ri.
— Amo quando acha que pode tirar uma com a minha cara.
— Ama? Ama mais o quê?
— Esse teu cheirinho de banho.
— Claro, tomo banho sempre.
— Toma, mas prefiro quando vem com cheiro de Natura.
— Gosta?
— Claro.
— Porque?
— Tem cheirinho igual ao da minha vó. – Ela ri.
— Idiota, sou bebezinha.
— É mesmo?
— Sou.
— E quando vai crescer?
— Quando a preguiça for embora.
— Então você vai entrar pro livro dos recordes.
— Por que?
— Porque vai ser: O maior bebê do mundo — Eu ri.
— Cala a boca, Andy. E vai pegar outro casaco.
— Eu não, vem cá que te esquento. - A agarrei, baguncei seu cabelo e a beijei na testa.
— Pronto, quentinha.
E assim então conseguimos dormir.
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