The Immortal escrita por Laís di Angelo


Capítulo 16
Quase uma rendição


Notas iniciais do capítulo

OoooOi, gente!
Vocês me alegraram tanto com os reviews que eu vim postar o mais rápido que pude! Muuuiiiiitoo obrigada! Vocês são demais!
Será que dá para chegar aos oitenta reviews neste capitulo? *--* Já deu pra perceber que quando vocês mandam bastante eu fico muito inspirada, neh?
*Enjoy*



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Digamos que enquanto me entregava a algo que jamais possa acontecer, me esqueci que podíamos estar sendo seguidos. Fui jogada nas barras de ferro que circundavam o iate e bati com a nuca nela. Por pouco não virei gosma e caí no mar.

Dois feiticeiros lutaram contra Nico enquanto o terceiro veio até mim e me levantou puxando meu cabelo. Eu estava completamente tonta devido a pancada, mas ainda sim tentei lutar com o cara.

Deixe-me descrevê-los. Embora estivesse um lindo Sol na Virginia (o que é estranho porque estamos quase no inverno), os feiticeiros usavam uma capa enorme além de um capuz que tapava metade de seu rosto, de forma que eles estavam sempre com a cabeça meio abaixada para conseguir enxergar tudo. Por baixo desta enorme capa eles vestiam armaduras leves de cores cinza. O único ponto fraco era o pescoço, mas vai tentar atingi-lo!

Coloquei a mão no cinto do homem e arranquei uma de suas adagas. Tentei ataca-lo, mas ele estava sempre desviando. Girei nos calcanhares e subi em cima do acolchoado. Assim que o feiticeiro veio pra cima de mim, eu tirei seu capuz e luz do Sol pareceu queimar seus olhos. Aproveitei sua distração e chutei seu peito fazendo com que ele caísse para trás. Dei um pulo em cima de seu corpo e o joguei para fora do iate. Bolhas começaram a subir no mar e tive a leve impressão de que ele estava morto. Os outros dois nem pareceram notar.

Coloquei minha mão na nuca e senti o sangue. Aquilo só piorou minha tontura. E então, levei uma pancada na parte de trás do joelho, fazendo com que eu caísse ajoelhada. Olhei pra trás a tempo de ver Nico sendo amarrado, inconsciente.

– O que vamos fazer com eles? – Perguntou um dos feiticeiros que sobrou.

– Levaremos para a próxima ilha, antes que Poseidon resolva nos comer vivo. Daremos um jeito neles quando chegarmos lá. Se conseguirmos tirar alguma coisa do garoto talvez ganhemos a admiração de nossas senhoras. – Respondeu o outro, que me pareceu ter bastante autoritário.

Senti meus olhos pesarem e me joguei no chão. Mal conseguia ouvir o que falavam. A adrenalina foi se esvaindo do meu corpo dando lugar a dor e culpa.

– Será que nos deixariam ficar com a garota? – Perguntou o feiticeiro ao seu superior.

– Provavelmente, não. Érebo a quer inteira. – Respondeu. – Mas temos tempo. Agora vamos antes que…

Então, meus olhos giraram, vi tudo escurecer e apaguei.

***

Acho que preferia enquanto aquilo ainda era um sonho. Não por eu estar com uma terrível dor de cabeça, ou em uma “cama” suja e fedorenta, ou por estar morta de frio estando em uma caverna úmida e que estava cheia de insetos. Não… Nada disso me incomodou mais que os gemidos de Nico. Até quando o orgulho dele vai? Será que filhos de Hades não sabem que gritar pode ajudar?

As lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto assim que acordei. Não sei quanto tempo se passou, só sei que foi mais de um dia, já que a luz que entrava na caverna era fraca, como se o Sol estivesse acabando de nascer. Me levantei e fui até as grades do pequena sela onde estava. Minha visão, embora turva, captou tudo.

Nico estava sendo torturado. Seu corpo estava cheio de cortes provocados por facas e tinha marcas de chicotes espalhadas em suas costas nuas. Meu coração pareceu parar e eu quis que ele jamais voltasse a bater. De alguma forma, os feiticeiros o mantinham acordado todo aquele tempo. Ninguém fica desperto (ou vivo) naquele estado. Qualquer pessoa normal já teria desmaiado pra evitar sentir mais dor (ou pela hemorragia, tanto faz). As correntes o levantavam do chão pelo braço, de onde escorria sangue que molhava seus braços até o ombro. O chão abaixo dos seus pés guardava as manchas de sangue da pior tortura que eu já havia visto.

E Nico não desmaiava. Eu queria que isso acontecesse, pelo menos ele não sentiria dor… Mas eu não tive sorte nenhuma. Ele parecia Prometheus. Amarrado em uma pedra, sendo torturado todo dia, mas sempre voltava ao normal para que pudessem continuar a tortura.

– Não! – Eu gritei desesperada. Implorei para os feiticeiros pararem, mas nada. Eles continuavam como se eu não estivesse ali.

– Você se colocou em nosso caminho, filho de Hades. – Um dos homens disse levantando a mão com o chicote. – Diga-nos onde esta!

– Podem continuar me torturando, mas vocês nunca vão descobrir onde ele esta! – Nico reuniu suas forças e conseguiu dizer ao homem. Eu continuei berrando para que o libertassem, mas não estava dando certo.

– Se torturar você não adianta, então, vamos pegá-la.

O olhar que Nico forçava a se manter firme de repente vacilou e ele começou a tremer.

– Não encostem nela! – Ele urrou.

Os dois homens riram.

– Pode deixar que o que vamos fazer pra ela não vai ser tão doloroso quanto o que estamos fazendo com você. – O homem do chicote jogou seu objeto para cima da mesa e andou até a minha cela.

– Parem! – Nico gritou.

– Não. – O outro feiticeiro respondeu. – Se você disser…

Quando o homem tocou no cadeado da minha cela, Nico se rendeu.

– Eu conto.

– Nico! Não faça isso! – Eu gritei desesperada.

Mais lágrimas. Meu coração se apertou e de repente eu nem sentia mais minha dor de cabeça.

– Soltem-na. E eu juro pelo Estige que darei a localização. Mas terão de deixa-la ir em segurança até o Olimpo.

– Nico! Não!

– Eleanor… Não piora as coisas. – Ele fechou os olhos e eu pensei ter visto lágrimas antes dele o fazer.

Minhas pernas cederam e eu caí ajoelhada. A culpa era minha. Eu não devia estar ali… Talvez isso nem tivesse acontecido. Eu sabia que isso aconteceria se viesse… Não, não podia deixa-lo se entregar. Eu já nem sabia mais como controlar meus pensamentos.

– Ótimo. – O feiticeiro falou. – Eu juro pelo Estige que a deixarei ir assim que você nos disser.

Nico bufou. Quando ele piscava seus olhos pareciam pesar toneladas.

– Eu não sou idiota. – Ele revidou. – Sou um filho de Hades, sei que juramentos não valem para os desafiantes do Estige. Mas o meu vale. Deixem-na ir e eu lhes darei a localização.

Os feiticeiros riram e o que estava na porta da minha sela a abriu enquanto o outro injetava alguma coisa no braço de Nico.

– Eleanor! – Ele gritou.

“O colar” Eu pensava. Mas não conseguia me mexer. O homem me levantou pelo cabelo e soltei um grito. Encarei ele com determinação que eu não tinha. Com o rosto sem o capuz, pude ver que ele parecia alguém normal de rosto aristocrático, mas com Nico pendurado atrás dele, qualquer vestígio de normalidade dele se esvai. Eu devia fazer alguma coisa. Ele estava sem sua armadura… Eu devia fazer alguma coisa! Podia atingi-los!

Senti uma raiva repentina e agarrei o colar. O puxei com toda minha força e senti uma dor lancinante quando ele rasgou a pele ferida em minha nuca. Ao perceber o que tinha feito, o outro feiticeiro que estava “cuidando” de Nico andou até a minha cela.

– O colar, seu idiota! – Ele gritou para o companheiro que me segurava. – Pegue o colar!

– Tarde demais. – Falei.

E aí, fiz a coisa mais retardada que já pensei em fazer. Joguei o colar no chão com toda minha força e, como se entendesse o que eu queria, ele explodiu. Os dois feiticeiros a minha frente foram tomados por uma enorme onda elétrica. Tudo o que o colar tinha absorvido eu levei até o corpo daqueles dois homens fazendo com que eles queimassem. Passei por eles enquanto se debatiam e gritavam por suas peles que eram comidas pela eletricidade e deixavam seu corpo direto na carne crua, e me arrastei até Nico, que agora, estava semiconsciente.

– Vai ficar tudo bem, Nico. – Ficava sussurrando enquanto retirava suas correntes.

– Mate-os. – Ele sussurrou com voz fraca.

Olhei para trás e encarei os dois corpos queimados que usavam apenas trapos chamuscados, agora. Semicerrei os olhos e mais uma onda elétrica penetrou o corpo deles. Duvido que até mesmo feiticeiros conseguiriam suportar aquilo.

– Devia ter feito isso antes. – Nico sussurrou.

– Não faz nem quinze minutos que eu acordei! – Me defendi.

– Era…

Ele desistiu de falar quando viu que não tinha mais forças. Passei seu braço por meu ombro e o segurei pela cintura o levando para fora dali. Não sei de onde tiramos forças, mas fomos nos arrastando.

Do lado de fora daquela minicaverna avistei o iate parado perto do píer improvisado daquela minúscula ilha. Arrastei Nico até lá enquanto ele tentava se manter acordado. Sentei-o na lateral do barco e corri para liga-lo (o que era apenas apertar um único botão já que aquele aplicativo de Hermes fazia todo o resto do trabalho). Não parei de agradecê-lo mentalmente.

Corri de volta a Nico que estava quase caindo no mar e o levei para dentro do quarto. Retirei a colcha de renda da cama e o deitei cuidadosamente. O que não é muito, já que ele arfou ao ter que se colocar sobre os ferimentos.

– Sim, me desculpa… Mas preciso cuidar desse machucado na sua cabeça primeiro. – Falei com lágrimas nos olhos.

Peguei uma garrafa de agua e despejei delicadamente em seu rosto, passando uma toalha para limpá-lo. Depois joguei um pouco de néctar sobre o machucado e fui até o banheiro tentando achar gaze e algodão. Como aquilo é um barco, não esperava mais que isso, mas acabei encontrando um kit de primeiros socorros. Depois de cuidar do grave ferimento na cabeça, virei Nico e comecei a tratar das chibatadas. O néctar sessou o sangramento e até ajudou a fechar algumas feridas, mas metade das costas de Nico ainda era carne viva.

Comecei a limpar, e os gritos começaram junto. Meu estomago se revirou, mas me obriguei a manter-me firme naquele momento. Lentamente, continuei.

Foi quase uma hora assim. O kit de primeiros socorros foi o que o ajudou no fim, pois na hora de cuidar dos braços, do torax e da perna direita, eu já não podia mais lhe dar néctar ou ambrosia, se não ele explodiria. Fiz cálculos mentais e cheguei a conclusão de que ele teria de ficar na cama por pelo menos mais um dia e meio e que só depois de dois ou três dias se recuperaria por completo, o que é tempo demais na recuperação de um semideus.

Quando acabei os curativos, minhas mãos estavam cheias de sangue, assim como o lençol bege da cama.

– Dorme, Nico. – Eu lhe disse.

– Não imagina o quanto dói. – Ele disse. – Eu quero dormir, mas não consigo.

– Olha, Senhor da Palidez…

– Que coisa sensata…

– É melhor você dormir. Quando acordar estará melhor.

Ele assentiu e fechou os olhos.

Fui até ao banheiro e mergulhei debaixo do chuveiro ficando lá por um bom tempo, pensando na vida.

Que infeliz coincidência aqueles três feiticeiros estarem no mesmo cais que nós. A sorte é que o egoísmo e ambição deles foram ao meu favor, de certa forma, já que eles queriam entregar Nico já tendo a informação. Bando de gente reclusa e estupida. Mas prefiro eles aos outros que provavelmente nos teriam levado direto a Nix e Hécate. Felizmente estamos a salvo agora. Por enquanto. Mesmo o cheiro do Nico estando fora dos padrões comigo por perto, não é 100 por cento certo de que nunca nos acharão. Será mais fácil, óbvio, mas ainda teremos pequenos obstáculos…

Me peguei lembrando dos últimos minutos com ele no barco, antes de sermos capturados. Meu coração bateu mais forte e senti um frio na barriga imaginando o que teria acontecido se não tivessem interrompido. Mas eu ainda continuava com medo… Com medo de seguir padrões, assim como os deuses…

Não, Nico não era como Logan. Definitivamente.

Mas o que me incomodava era o fato de que eu estava sentindo a mesma coisa que senti há anos! E aquilo me irritava, por algum motivo. Me fazia entrar em guerra comigo mesma, porque prometi que jamais transformaria minha vida em um inferno novamente por motivos fúteis!

Suspirei frustrada e comecei a me enxugar. Vesti uma camiseta e um short de malha e saí.

Me sentei na beirada da cama, observando Nico dormir. Finalmente as lágrimas inuteis tinham ido embora e a unica coisa que eu queria fazer era ficar ali... Observando o garoto pelo qual estava dando a vida. Ironicamente, hoje percebi que ele faria o mesmo por mim. E isso me reconfortou pelo resto do dia.




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Notas finais do capítulo

Gostaram? Vomitaram? Mandem reviews!
Será que chegamos a oitenta?? Eu espero que sim! Hehehe!
Se alguem tiver alguma sugestão ou duvida é só me falarem, viu?
Beijinhus, amores e até o próximo!



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