Acordo de madrugada e me dirijo a cozinha.Estava encharcada de suor.Fico assim sempre no dia da colheita.Claro,não preocupada comigo,eu até acho que teria chances de ganhar,mas fico com Rick.Meu irmão mais novo.De apenas treze anos.

Idade não importa,mas ele não seria um tributo muito resistente.Ele é meio resmungão,como eu,e não é lá muito forte.Também é muito magro,para a altura dele,que,a olho nu,julgo ser em volta de,1,62..Devo estar certa,pois sou muito rápida e inteligente.É estranho pois,ele tem cabelos muito escuros,já eu tenho cabelos ruivos.Tem olhos verdes,eu azuis,ele é..bonitinho.

Tem uma queda por Mell Barsz,filha do prefeito,de treze anos também.Ela é ao contrário de mimada,mas é meio indecisa,é sempre meio “hmmmm” ou “ok...”ou”pode ser”.Não sou assim.Sou precisa.

Dou goles de água intercalados,para olhar o relógio,calculando o tempo que vou ter,daqui a dez minutos, até sair.

Hm...aproximadamente..32 minutos 58 segundos.Descontando o tempo que levarei para arrumar meu quarto,me vestir,arrumar meu cabelo,preparar café para minha mãe e meu irmão,já que meu pai trabalha 22 horas por dia,menos no dia da colheita,mas só poderia aparecer na hora,depois voltar a trabalhar.Trabalha fornecendo energia elétrica a Capital,o que a maioria das pessoas fazem aqui no distrito 5,ganhando miseráveis quantias de dinheiro,para sobreviver,o que,nem todos conseguem.Em um grande centro de pessoas com capacidade,mas que só fazem isso.Patético.

Bom,meus minutos estão se passando. Faço o que tenho que fazer,e vou arrumar meu cabelo.Escovo meus cabelos,os prendo com uma fita preta,no meio do crânio,com meus cachos caindo como uma cascata.

Minha franja é mais lisa,arredondada e longa,mas quase nunca a solto,mas hoje,soltei.

Coloco uma blusa preta,justa,e uma jaqueta preta de couro,uma calça jeans azul,e tênis pretos. Pego minha pequena maleta de ferramentas.

Me sinto,hm,diferente.

Saio de casa,e como é uma das coisas que faço,dou uma olhada na cerca elétrica de meu distrito,está tudo certo.

Sou paga para vigiar a cerca,trabalho 11 horas fornecendo energia,com excessão de sábado e domingo.Hoje é um sábado de colheita.

Faço pequenos serviços,concertando aparelhos eletrônicos,para os de maior poder.Acho que deve ter algo para concertar na mansão do Prefeito Barsz.Toco a campainha,e Mell aparece para me atender.

–Olá! Diz ela.

–Olá Mell...Tem alguma coisa para mim? Pergunto.

–Ãhn...A sim!O aquecedor de meu pai..Por aqui,Bright!Ah,como vai o Rick? Pergunta ela, me levando ao quarto.

–Bem,ele perguntou por você. Digo.

–É..é..mesmo? Ela enrubece.

Olho para ela.Olhos castanhos,cabelos lisos,louros.Ela é muito bonita.

–Sim.Você sabe,ele gosta de você. Respondo.

–Ah..é..é...ele é meu amigo..é... Ela está igual um tomate.

–É,eu sei Mell. Acho que ela tem uma queda por ele também,mas não vou arriscar.

–Bom dia,senhorita Lynel! Cumprimenta o prefeito.

–Bom dia,Prefeito Barsz.Mell me falou de um aquecedor que deixou de funcionar,posso dar uma olhada?

–Ah,sim.Claro,vejo que Mell já iria leva-lá até meu quarto,prosigam.

Mell me indica o aquecedor e começo a trabalhar.

Nada demais,alguns fios queimados,que com minha inteligência,fiz ficarem novos rapidamente.

O prefeito me entregou o dinheiro,e agradeceu.

Fui até em casa,guardei a maletinha,e me certifiquei mais uma vez que a cerca estava ligada.

Passei a mão no meu aparelho de música,que ganhei de Natal de meu pai,anos atrás,e me dirijo a praça.

Já estavam quase prontos os palcos.Uma lágrima escorreu de meus olhos.

Todo ano este caos.23 pessoas mortas,para a diversão daqueles idotas,nojentos,asquerosos,da Capital.Crianças de apenas 12 anos.

Desejo aos cidadãos da Capital,uma morte lenta e dolorosa,tão quanto a dos tributos.

Vou mais para a parte “rica” da cidade,tem um lugar com bancos,ao redor de um chafariz,que nunca funcionou.

Avisto um banco sozinho,do outro lado,avisto meu melhor amigo,Ryan.

Ryan Foule,meu melhor amigo.Eu as vezes acho que cinto algo mais por ele,mas não,não..Quer dizer,ele é muito bonito,simpático,engraçado divertido,e eu me importo com ele..Não,somos SOMENTE amigos.Melhores amigos,tanto faz.

Decido não ir lá,porque ele está rodeado de garotas.

Vou para o banco vazio do outro lado,e começo a escutar música.E eu adoro esta música.

Come,lullaby

I can see your eyes

Deep inside

Shining in the dark

You and I

Falling in the stars

Burn Desire

We Will Fight the Night

And all the lies

Riding thru the fire

We’ll be free to fly

Never-ending light….

In the darkest night

You’re reason why!

I don’t wanna die!

Lágrimas rolam de meus olhos ,eu as limpo habilidosamente.

Derrepente,alguém chega por traz de mim,tira meus fones,e da um tapa forte na minha cabeça.Será que é Ryan?

–E aí,Raposa Nerd? Ouço uma voz rouca atraz de mim.

Alan Butfild.Pele morena,cabelos castanhos,olhos da mesma cor,1,70,forte,15 anos,ele e seus “amigos” me atormentam na escola.Filho de um comerciante de alimentos,parte rica da cidade.

Me viro e pergunto irritada:

–O que quer,Butfild?

–Olha,que irritadinha,a Raposinha Nerd. Disse em tom de deboche alto,para os amigos ouvirem,mas acho que a praça inteira ouviu.

–Cala essa boca. Ordeno.

Ele pega o lado esquerdo do meu pescoço com a mão,apertando,sufocando e com certeza deixando hematomas.

–Me solta... Tento dizer,mas estou sufocada.

–O que disse? Pergunta o nojento.

–ELA DISSE PARA VOCÊ SOLTAR! Ouço a voz de Ryan gritando.

E quando vejo,ele está socando Alan.

–Parem! Digo.

Mas eles não param.E Alan,sendo dois anos mais novo,está em desvantagem.

Consigo agarrar os ombros de um Ryan descontrolado,e arrastá-lo um pouco para traz,ele está enfuriecido e se contorce em meus braços.

Alan está ainda no chão,tentando se recompor para acertar Ryan.

–Vai!Corre! Grito para ele.

E ele cambaleia junto com seus amigos para sua casa.

–Me deixa! Diz Ryan,histericamente.

–Calma!Vem cá. Puxo-o a força para o banco.

Ele tem cortes na boca,uns pequenos hematomas na testa,e sangue escorrendo do nariz.

–Droga,Ryan!Escuta aqui,você vai me seguir,comportado,ouviu?

Ele faz meio que um sim com a cabeça,mas com cara de menininho bravo.Isso quase me faz sorrir.

–Bom menino. Falo,como se estivesse falando com um cachorro.

Arrasto ele apoiado em meu ombro até minha casa.

Minha mãe já me espera.

–Minha nossa!O que houve? Indaga ela.

–Depois explico.Ajuda aqui!Ele está pesado demais!

–Rick!Ajude a segurar o Ryan! Chama ela.

–O quê? Diz ele chegando.

– Me ajudar a levar ele para minha cama! Berro.

Ele aje rapidamente e o deitamos na cama.

Minha mãe me manda para tomar banho e me vestir no quarto dela,e assim faço.

Tomo um longo banho retirando a camada de sujeira e sangue do corpo.