–Vamos embora? – pediu Nina tremendo de frio – Azula é quente? Aqui ta um frio da porra – ela falou. Rebeca olhou orgulhosa para a amiga.

–Eu não acredito que você falou um palavrão! – falou Rebeca tocando no peito, se fazendo de emocionada.

–Ok, vamos embora – disse Seth constrangido – Mas se vamos embora, vamos para Azula. Ou pelo menos achar um portal vamos ter que achar, né?

–Mas que Mané portal?

–Você realmente não acha que vamos de foguete para Azula, acha?

Juna corou. Seth riu. Nina imaginou todo mundo em um foguete indo para outro planeta e riu também.

–Mas você não vai encontrar nossos guardiões? – perguntou Rebeca.

–Eles devem estar por perto – Seth disse sério – Lutando com algum conterrâneo. Um está morto, só precisamos achar dois.

–Que otimismo – comentou Juna.

–Melhor pensar que vocês estão indo para casa do que vão ter que lutar contra servos d’A Senhora...

–Afinal, quem é Senhora? – perguntou Juna.

–É tipo uma tia que manda em Azula – tentou explicar Seth, tentando ser delicado – E não gosta de concorrentes.

–Tenso – disse Nina esfregando as mãos – Mas como a gente vai abater ela?

–As Lighers geralmente tem poderes MUITO especiais... Vocês deverão desenvolver algum... Não sei quando nem onde.

–Tipo ‘água, terra, fogo e ar’? - perguntou Juna.

–É, tipo ‘os quatro elementos da natureza’.

–Clichê.

–Pode crer.

–Vamos logo então.

Um arbusto se mecheu.

–Você conhece os guardiões? – perguntou Rebeca.

–Só conheço um – Seth disse segurando o ombro de Demetria, que estava muito quieta.

–Como você reconhece um da sua raça?

–Geralmente eles lutam bastante contra os servos d’A Senhora, eu mesmo já tive que lutar pelo menos umas 30 vezes em todos esses anos...

–Sério? – perguntou Demetria, interrompendo seu regime de silencio.

–Você nem sabe quanta coisa poderia ter acontecido com você sem mim.

–Mas porque nunca percebemos isso? – perguntou Nina.

–Nunca vieram com tanta força – Seth desabafou cansado – Agora eles estão mandando realmente uma liga de gente ‘ninja’. Ta ficando difícil pro nosso lado.

Ficaram em silencio, ouvindo o farfalhar das arvores ao redor.

–Quero ir embora hoje mesmo – confessou Juna – Não agüento mais essa pressão, e eu já estava querendo fugir...

–Eu também – Nina disse um pouco nervosa.

–Eu já fugi de casa várias vezes – Rebeca disse de braços cruzados – Vamos embora.

–Eu não quero deixar meus pais!

Demetria nunca pensara em deixar seus pais... Humanos. E sentia um desespero só de pensar. Não queria deixar sua vida, apenas se livrar da tal de Senhora.

–Eles não são seus pais... Nenhuma pessoa que criou vocês são seus pais... – Seth tentou acalmá-la.

–Não quero saber! – Demetria disse se desvencilhando de Seth e olhando-o nos olhos – O que você faria no meu lugar?

–Acho melhor você vir com a gente – uma voz masculina disse atrás do arbusto.

–Mas o quê...

–Meu nome é Luke – a voz se apresentou – Guardião da numero três.

–Traduz, Seth.

–Numero três... A Rebeca?

–Rebeca Willians, dezessete anos, rebelde e uma nata faladora de palavrão.

–Opa, sou eu.

–Olá.

O homem não sai de trás do arbusto. Rebeca esperou para ver seu ‘predestinado’, mas ele não fez nada.

–Podes sair daí, por favor? – pediu Rebeca.

–Não. Sou muito feio, não tentem me ver. Apenas vamos logo achar um portal e chispar daqui, ok?

–Não! Eu quero ver seu rosto! – teimou Rebeca.

–Eu posso ficar invisível – Luke disse. Todos perceberam que ele havia se aproximado, e no caso, estava falando a verdade.

–Ai, pelo amor de Deus, a Demetria está namorando seu guardião, vai que...

Uma densa névoa apareceu a centímetros de Rebeca. Era um rosto, um rosto de um homem de no máximo 20 anos, com tantas cicatrizes que assustavam, olhos verdes escuros, cabelo preto e expressão dura. O que realmente era estranho eram mesmo as cicatrizes, que deixavam seu rosto deformado. Tirando isso, ele poderia ser um garoto muito bonito.

Voltou a desaparecer. Rebeca ficou assustada, olhando para todos os lados procurando por Luke.

–O que você viu – ele disse, sua voz vinha do lado de Seth – Foi por sua causa.

Rebeca arregalou os olhos. As garotas nunca tinham visto ela assim.

–Há um portal perto daqui, mas ele só leva a outro portal e...

–Luke – Seth interrompeu-o – eu não tinha terminado de explicar para as garotas.

–Ah... Enfim, são dez portais até Azula – Luke disse de uma vez.

–DEZ? – falou Demetria indignada.

–Não posso fazer nada – disse Seth em uma tentativa de se desculpar.

–Eu vou pra casa – Juna disse indo embora.

–Espere! Você vai com a gente, né?

–Vou... Mas eu não quero que seja hoje. Nos dê uma noite para nos despedirmos.

–Um dia – disse Demetria finalmente concordando em ir – E irei aonde temos que ir.

–Um dia – Luke concordou, e Rebeca sentiu que ele estava perto dela – Nada mais.

–Você não pode nos obrigar – Nina resmungou.

–Ah, claro, se vocês quiserem que Azula se exploda e a Terra entre em guerra e no final se exploda também, tudo bem – Luke disse ironicamente.

–OK, gente – Demetria disse segurando a mão de Seth – amanhã a noite iremos partir. E Você senhor Seth – ela disse apontando para o namorado – Me explica tudo direito.

–Então tchau – Nina disse correndo para fora da mata, ignorando os outros chamando-a.

–Ela tem que ter cuidado; pode ter sido a guardiã dela assassinada.

–Guardiã assassinada? Seth, não pode ser. Vamos ter que batalhar por dois, nada legal.

–Eu sei, Luke – Seth concordou cutucando o ar para tentar descobrir onde ele estava – Vamos ficar juntos, ou a coisa vai ficar séria.