In(completo) escrita por NanamiUchiha


Capítulo 1
In(completo)


Notas iniciais do capítulo

Bem, não tenho tido muito tempo para as fics maiores, mas escrevi isto há uns tempos =) Uma one-shotzita para vocês



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– Estou?

– Sou eu…

– Porque é que não paras de me ligar?

– Sakura, por favor, ouve-me só…

– Eu já te ouvi o bastante! Não me voltes a ligar mais, Sasuke, por favor!

– Mas…

O som da chamada a desligar foi tudo o que obtive.

Olhei para o visor do aparelho. Era a terceira chamada que ela me desligava na cara, naquela semana. Antes atendia-me com a voz mais alegre do mundo, quase que podia visualizar o sorriso dela, enquanto falava comigo, mesmo estando longe.

Agora tudo mudara.

Eu mudara.

Eu tinha dado cabo de tudo.

Eu e a Sakura conhecíamo-nos desde bebés, praticamente. Tínhamos crescido juntos, em todos os sentidos. Demos os primeiros passos juntos. Aprendemos as primeiras palavras e as primeiras letras juntos.

Demos o nosso primeiro beijo um ao outro.

Entregamo-nos um ao outro, na primeira vez.

Namorávamos há quase seis anos quando chegou o dia em que estraguei tudo.

Não me lembrava da noite em que a tinha traído. De nada. A minha mente estava em branco. Apenas me lembro das discussões que se seguiram a ela me ter apanhado com outra. Eu nem sabia o nome da ruiva. Nem nunca mais a voltei a ver, depois desse dia.

A bem dizer não tinha visto mais nada desde há três meses atrás.

Não saía de casa. Praticamente não comia. Não conseguia dormir. Passava os dias às voltas no meu quarto, tentando pensar numa maneira de poder ter a minha Sakura de volta.

Ela não queria falar comigo. Muito menos ver-me. Pela janela do meu quarto, vi-a sair todas as manhãs, para ir para a escola. Eu já não ia à escola. Provavelmente já devia ter chumbado por faltas… Ignorando o estatuto de melhor aluno, que me era dado desde que eu sabia juntar duas letras.

Nada mais me interessava.

Só a Sakura, e poder tê-la de novo comigo.

Passava os dias a relembrar os nossos momentos. Todos os momentos, todos os sorrisos, todos os toques, todos os beijos, todos os segredos murmurados ao ouvido… Todos os “amo-te” e todos os “não te quero perder”.

Via todos os vídeos que tínhamos feitos, todas as fotos que tínhamos tirado.

Posso parecer fraco ao chorar perante todas as recordações, mas a verdade é que tenho a sensação que algo em mim morreu. E o buraco que tinha deixado tinha vindo a aprofundar-se a cada hora, a cada dia, a cada mês que ela estava longe de mim.

Passaram-se três meses desde a última vez que eu lhe tinha ligado e ela tinha atendido.

Com o passar das semanas fui ficando cada vez mais depressivo. Tomava agora comprimidos para me manter acordado. Tinha medo de adormecer e de, quando voltasse a acordar, tudo não passasse de um sonho. Tudo o que eu passei com ela não podia ser um sonho. Mas agora…

Agora parecia tudo tão distante…

Quando é que aquilo aconteceu mesmo?

Teria eu imaginado tudo?

Tomei mais uma mão cheia de comprimidos ao sentir a cabeça explodir de dor. Tinha de calar aquelas vozes irritantes, que me faziam duvidar do meu coração.

Passou mais um mês... Acho eu. Os dias pareciam-me todos dolorosamente iguais.

Não aguentei mais…

– Estou?

– Sou eu, outra vez…

– Sasuke…

– Por favor não desligues!

– Que é que queres?

– Por favor, diz-me só se… Diz me só se foi real.

– O que é que foi real?

– Nós. Nós dois. Diz-me que de facto aconteceu.

Houve um longo silêncio em que ouvi somente a respiração dela.

– Não me ligues mais.

– Sakura…

Tutututu…

Passaram seis meses. Vi-a o dia a aproximar-se pelo calendário. Um ano inteiro sem ela. Um ano sem a ver. Um ano sem lhe falar. Sem lhe tocar. Sem a beijar…

Já não a via mais sair de casa. Os meus pais disseram-me que ela se tinha mudado. Ela fugiu para longe de mim. Já não sentia mais a presença dela. Já não sabia mais se ela era real ou apenas um mero produto da minha imaginação.

Não…

Ela existia. Ela tinha de existir. Porque os anjos existiam. Nunca tinha era havido nenhum “nós”. De certeza que era isso. As fotos deviam de ser de mim com outra rapariga, eu é que só a via a ela. Os vídeos eram a mesma coisa. E o dia em que ela me apanhou com a ruiva… Devia ter sido um sonho, uma esperança vã de que um dia eu poderia ter tido algo com ela.

Se fosse isso, eu tinha uma imaginação muito cruel. Masoquista mesmo. Devia gostar de sofrer.

Mas a ilusão era tão agradável. Sentia-me tão bem ao recordar aquilo tudo, tão bem, mas tão bem, que aquilo de certeza que não podia ser um sonho.

Sonho?

Pesadelo?

Realidade?

Fantasia?

Sakura.

Só dela eu tinha a certeza. De nada mais tinha. Nada mais me restava.

Vivia na prisão entre o sonho acordado e o pesadelo do vazio.

Não aguentava mais viver assim.

Peguei novamente no telemóvel.

“Sei o quanto te magoei. Sei o quanto te fiz sofrer. Sei que foste para longe por minha causa. Pensei tanto sobre isto que já não sei se foi sonho ou mera ilusão. De toda a forma desculpa. Se foi sonho, desculpa ter-te perseguido com o discurso de um louco doente. Mas só o mero pensamento de te poder ter na minha vida me fazia sentir bem. Ainda de que de um pensamento não passasse.

Se foi realidade, se tudo o que eu me lembro se passou mesmo… Desculpa por te ter magoado ao mais fundo do teu ser. Não me lembro do que fiz, mas para te ter deixado assim é porque quebrei a tua total confiança em mim. O sonho despedaçou-se. E eu cortei-me com os cacos.

Nunca te quis magoar. Amo-te. Sempre te amei. Sempre hei-de amar. Até nesse vazio que me espera. Irei acolhe-lo de bom grado. Tudo é melhor do que viver na perspectiva de não te poder ter.

Encontro-te um dia, minha flor”

A sms deu pendente. Talvez ela já tivesse mudado de número. Ou então estava em aulas, ela desligava sempre o telemóvel.

Podia ser que recebesse, podia ser que não. De qualquer maneira eu já não ia estar ali para receber uma reacção dela. Se é que ia haver uma.

Olhei o frasco dos comprimidos e vazei-o para a minha mão. Abri a garrafa de álcool que tinha tirado do bar lá da sala. Pus tudo na boca e encostei-me para trás na cama.

Não sei se doeu. Penso que adormeci antes do último sopro de ar me passar pelos pulmões.


*****


O telemóvel tocou. Um som que recebi de bom grado, pois ele não tocava há mais de uma semana. Maldita avaria. Os meus pais quase me tinham dado a maior reprimenda do mundo no dia em que o telemóvel deixara de funcionar. Tinha ido hoje busca-lo à loja.

Tinha muitas coisas atrasadas de amigas minhas, registos de chamadas de pessoas que me tinhas ligado. Meio a medo, abri esse registo. Nem uma chamada dele. Por um lado, fiquei aliviada. Doía de mais quando tinha de falar com ele. As feridas daquele dia voltavam a abrir e sangravam abundantemente.

Por outro fiquei triste. Será que ele já me tinha esquecido? Tinha passado mais de um ano desde aquele dia. Nunca mais o vira desde então, nem tinha notícias dele há já vários meses, desde que ele me tinha tentado ligar pela última vez.

Fui mandando sms a quem me tinha enviado, avisando que o telemóvel já estava de novo operacional. Quando cheguei à última sms por ler, o sorriso deslizou dos meus lábios, ao ver o nome do remetente.

Sasuke

Ele não me tinha esquecido!

Sentindo os lábios forçarem um sorriso que escondia lágrimas, abri a sms.

Mas o meu coração apertava a cada linha que lia.

As lágrimas escorriam pelo meu rosto.

Não… Não, não, não… Ele não podia.

Sasuke!

Corri pelas ruas até à casa dele. Bati à porta, tentando demonstrar o mínimo de calma que conseguia. Engoli em seco quando a mãe dele abriu a porta, completamente vestida de preto.

Não, não, não.

– Boa tarde, Mikoto-sama. O… O Sasuke está?

Ela sorriu, triste.

– Não, querida ele não está. Ele morreu… Ninguém te disse?

– N…ão… - Senti a voz morrer-me na garganta. A culpada era eu. Eu não o aceitara de volta. Sabia que lhe tinham posto algo na bebida naquela noite, mas estava tão magoada por o ter apanhado com outra que nem sequer tinha pensado em como ele se devia sentir.

Eu tinha sido má, insensível… Cruel.

– Ele… Tomou demasiados comprimidos. O médico disse que foi lento, mas que ele provavelmente não sentiu nada. – Senti a mão dela no meu cabelo. Aquilo estava mal. Eu é que a devia estar a reconfortar a ela… - Ele deixou uma coisa para ti.

Levantei a cabeça um pouco.

– Para mim?

– Sim… - Ela procurou no bolso um pequeno papelinho amarrotado, com algo lá dentro.

Abri, sentindo os dedos trémulos.

Era o nosso colar. Ele tinha uma parte do coração, eu tinha outra.

Tentando limpar a minha vista de todas as lágrimas, li o que ele tinha escrito.

Devolvo-te à tua respectiva dona… Talvez assim te sintas completo novamente.

Amo-te flor

Para sempre


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Notas finais do capítulo

Pronto, aí tá, acho que ficou bem forte, mas espero opiniões =). Beijooo =^.^=
Prometo que assim que acabem os meus exames eu volto a escrever na Like a Child e em todas as outras =)



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