- Malfoy? - perguntei assustada

- É, Malfoy. - Scorpius respondeu desconfiado

- Você quer dizer o mesmo Malfoy que...

- Bem, não é um nome muito comum, não é? - ele disse com um sorriso torto

Ao ver que eu não respondia, perguntou:

- Algum problema, Rose?

- Bem, só um. Eu nem deveria estar falando com você. Eu devia te odiar.

- Por quê? - indagou ele, assustado.

- Não percebeu ainda? Cabelos ruivos? Sardas? Sou uma Weasley.

Scorpius ficou mudo. Eu também. Isso não estava certo, Scorpius, apesar da aparência, não parecia nem um pouco com as descrições que meu pai me contava, nas histórias de suas aventuras com minha mãe e Harry. Segundo o meu pai, os Malfoys agiam como se fossem superiores, com expressões frias e desdém na voz. E Scorpius definitivamente não era assim. Se fosse, por que teria me ajudado com o tornozelo?

- Bom, acho que não importa. - Scorpius disse, finalmente - Quero dizer, eram conflitos de nossos pais, não nossos, certo?

- Certo. - respondi meio apreensiva. Depois de algum tempo, pensei direito - Quer saber? Não estou nem aí para o que meu pai pensa sobre você. - queria dizer muito mais para ele, mas não consegui. Queria dizer que estava grata por ele ter me ajudado quando ninguém mais ajudou.

- Conseguiu tirar o sangue? - Scorpius perguntou gentilmente

- Sim, mas meu vestido ainda está rasgado.

- Não tem problema, ficou bem legal - nós rimos

- Quase me esqueci - Scorpius disse, se levantando - você não teve sua dança.

- O quê?

- Você não conseguiu dançar com o seu par nem com esse garoto.

- Ah, sim, não tem problema - na verdade tinha sim.

Ele começou a dançar bem devagar.

- Vai dançar sem música? - perguntei, rindo

- Eu não. Nós vamos.

Pela segunda vez nessa noite, ele me estendeu a mão. Eu não era muito de dançar, mas por ele eu dancei.

Logo, começou a chover, e meu coque se foi de vez. Mas nós não nos importamos, continuamos dançando lentamente na chuva. E o ritmo foi se acelerando até virar uma dança mais agitada e alegre.

Meu cabelo estava solto, e meu vestido enxarcado. Scorpius e eu estávamos rindo muito, e toda a dor que eu sentira, não só nessa noite, mas na minha vida inteira, sumiu. Com ele, tudo era natural, e mesmo tendo acabado de conhecê-lo, parecia que nunca não nos conhecemos. Isso faz sentido? Acho que não. Mas eu não ligava mais.

Quando dei uma virada, nossos rostos estavam muito próximos. Quase nariz com nariz. Eu tinha certeza que ele podia contar minhas sarda. E, lentamente, nós nos beijamos. Foi uma felicidade que eu nunca sentira igual. Scorpius era meu complemento, minha outra metade. Era perfeito. Eu estava encantada.

E eu soube que daquele momento em diante, eu teria alguém para confiar.