A Stopped Clock escrita por Nekoclair


Capítulo 1
Tédio


Notas iniciais do capítulo

Gente, que emoção!! Minha primeira PruAus!! *U*
Bem, não lembro de onde veio essa ideia, apenas surgiu um dia e pus no papel...
Espero que gostem e boa leitura. ^^



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Estou entediado.

O tempo não passa e aquele idiota não chega. A noite já caiu lá fora e, aqui dentro, as lâmpadas estão todas apagadas; com exceção às da sala, que se encontram acesas. O silêncio também se faz presente.

Tento ler um livro, a fim de ver se assim o tempo passava mais depressa, mas não faz muita diferença. Por mais que eu tentasse me concentrar na leitura de uma interessante biografia sobre a vida de Chopin, muitas vezes vi meu olhar direcionar-se à porta, ansioso por qualquer ruído ou movimento.

Por fim, desisto do livro, pousando-o sobre a baixa mesa de centro diante do sofá onde agora eu me encontrava sentado. Levanto, deixando para trás a maciez das almofadas sem qualquer remorso, e, em um gesto impaciente, ponho-me a percorrer toda a extensão da sala, andando em círculos incontáveis vezes. Os meus pensamentos se resumem a arrependimentos e dúvidas, ambos relacionados a uma certa figura em particular: Gilbert Beilshmidt.

O Sol já havia há muito partido e nada dele dar as caras. Onde está aquele idiota? Logo quando eu tenho a bondade de convidá-lo para jantar – para que não tenha que comer sozinho em casa, enquanto seu irmão sai com Feliciano – ele me retribui com descaso.

Não é como se eu desejasse tanto assim vê-lo. Meu convite não passou de um mero ato de generosidade. Todavia, a sua ingratidão e irresponsabilidade me irritam, como sempre irritaram.

Cesso meu movimento – até o som de meu sapato batendo no velho carpete já me irritava – e suspiro. Meus olhos, de um tom lilás impaciente, buscam o relógio pregado acima da lareira; está parado, como sempre. Tenho que lembrar de arrumá-lo... Mas, afinal, de onde foi que surgiu aquele velho objeto? Havia sido um presente de Elizaveta? Não... Quem foi mesmo?... Tento buscar na memória, porém, nada me vem à mente. Bem, não é como se importasse. Nem entendo porque me preocupo com tamanha banalidade.

Deixando de lado o relógio desimportante, volto minha atenção desta vez á porta, que continuava tão parada e silenciosa quanto antes, sem quaisquer sinais do aguardado visitante. Minha inquietação volta a aumentar. Reconhecendo a minha atual necessidade de arrumar alguma distração, sento-me no estreito banco, acolchoado com um tecido preto.

Junto ao meu velho amigo, o piano, inicio uma pequena partitura. Os meus dedos dançam pelas teclas, tocando uma melodia já muito bem conhecida. A música me envolve aos poucos, acalmando-me finalmente os nervos. Terminada a primeira, engato uma segunda, meus dedos se movendo a frente de minha consciência. Enquanto eu tocava, não havia nada em minha mente; tocar, para mim, era tão importante e relaxante quanto é, para um marinheiro, viver no mar. As notas eram como as ondas, indo e vindo num fluxo constante e infinito.

Ouço batidas na porta, as quais vão, aos poucos, se tornando mais e mais pertinentes. Afasto as mãos das teclas e solto um bufo desagradado, o pensamento de ter de largar o querido instrumento e ir receber o visitante agora me fazia pouco feliz. Ainda assim, não era como se eu tivesse escolha. Levanto e ajeito o banco, pondo-o o mais próximo possível do piano, e caminho em direção ao átrio, sem pressa. A essa altura, as batidas na porta já haviam se tornado um barulho alto e irritante. Abro-a, deparando-me com um albino que sorria de maneira convencida.

– Está atrasado – meu tom era calmo, mas minhas palavras, com certeza, transmitiam muito bem a minha insatisfação. Porém, o albino apenas deu de ombros; meu desagrado pouco lhe importava.

Com um suspiro, abro caminho para que ele entre de vez. Antes de fechar a porta, verifico a situação no lado de fora, constatando estar ainda mais escuro do que eu imaginava. Quando enfim dou as costas ao átrio e me junto ao visitante, encontro-o estagnado no meio da sala de estar, me observando.

Pisco duas vezes, encarando-o com um olhar confuso. Ele parecia ter algo a dizer e, por isso, aguardei. Entretanto, nada foi dito e o silêncio continuou até que eu forçasse uma tosse seca e me pronunciasse:

– Você demorou – ajeitei a armação do óculos, gesto desnecessário mas que eu não conseguia evitar de fazer sempre que me sentia desconfortável ou nervoso. – Era para ter chegado antes do Sol se pôr – volto a lembrá-lo do imperdoável atraso, mas ele apenas sorri.

– Ah, vamos. Nem foi tanto assim.

– O suficiente – repliquei, ríspido.

Gilbert ri brevemente e se aproxima. Ele leva seus dedos ao meu cabelo e os bagunça um pouco.

– Desculpe-me. Eu não tinha ideia de que o jovem mestre queria tanto assim me ver – o sorriso que tomava seus lábios se mostrava satisfeito.

Ignoro o comentário feito por ele, ciente de que o contestar não levaria a nada. Viro o rosto e me livro de seu toque ao sentir minha face esquentar indesejavelmente.

– Vamos decidir logo o que será preparado para o nosso jantar, Gilbert…

– Que tal pedirmos uma pizza? – Ele sorri como uma criança ao pedir um brinquedo novo aos pais.

– Você quer pedir comida? – Questiono, a sobrancelha erguida. Tento, inutilmente, seguir sua linha de raciocínio, mas me vejo incapaz disso.

– Eu pago, seu mesquinho! – Eli ri, batendo de leve em meu ombro.

– Não é essa a questão, Gilbert... – Suspiro e me livro novamente de seu toque.

– Ué, então qual o problema?

– Você vir até aqui e me dizer que quer pedir comida.

– Mas, Rod, você sempre causa o caos na cozinha!... Ou será que você que você tem alguma fantasia doida de cozinhar para mim vestido apenas com um avental?! – Seu tom era provocante e forçado.

Em resposta, minha face arde pelo calor que de repente me tomou o rosto. Meus lábios se contraem, assumindo posições desconfortáveis e que não permitiam que as palavras que eu queria tanto queria dizer fossem pronunciadas. Demorou um pouco até que eu me recuperasse.

– Apenas estou tentando dizer que não faz sentido pedirmos comida.

– E eu que não entendo qual a sua implicância com uma simples e inocente pizza

Antes que eu pudesse falar mais alguma coisa, o albino retirou o telefone do gancho e fez o pedido. Por que ele nunca me escuta? Ele volta a pôr o aparelho no gancho e vira em minha direção, as feições vitoriosas.

– Pronto!

– Quanto foi? – Por fim, me rendo, ciente de que nada mais havia a ser feito.

– Ah, não se preocupe. A ideia foi minha, então eu pago.

– Acontece que eu te chamei pra jantar e que, como anfitrião, não posso permitir isso.

– Acontece que eu não me importo nem um pouco.

Fico a encará-lo, sentindo exausto de repente. Mais uma vez, não valia a pena contestá-lo. Era perda de tempo.

– Quanto tempo?

– Entre trinta e cinquenta minutos, mais ou menos.

– Eu realmente devia ter feito a nossa comida... – Resmungo, meus braços cruzados sobre o peito.

– Para de reclamar, Rod. O que vamos fazer até ela chegar? – Ele deita no meu sofá branco, os sapatos ainda calçados.

– Não sei – digo, em um tom cansado. – Mas, por favor, os pés para o chão, Gilbert.

O alemão apenas ri. Entretanto, a piada eu desconhecia. Ele não vê que assim vai sujar meu sofá todo?

– O que foi? Por que está rindo?

– Você está com uma cara engraçada, só isso.

– Não lembro de ter falado algo engraçado.

– É mais a sua cara mesmo. Ela faz parecer que eu cometi alguma grande atrocidade.

– Apenas tire logo os pés do meu sofá.

– Então senta aqui, do meu lado – ele se endireita e aponta para o espaço agora vago no sofá. Seus olhos tinham um brilho distinto, mas não os dei muita importância.

Com um bufo, ocupo o lugar oferecido. Contrariá-lo não era uma opção; não no momento, quando tudo que eu mais queria era que o tempo passasse depressa. Mas foi só quando sentei ao seu lado que percebi o quanto o sofá era pequeno; poucos centímetros separavam-me do albino, mas nossos joelhos ainda assim roçavam.

Uma estranha atmosfera se forma. Silêncio. O que há com ele? Ele não é do tipo que aprecia a quietude. O normal seria ele se gabar de quão incrível ele é, de seus recentes feitos, de seu irmão, coisas assim... Gilbert me parecia estranho, de alguma forma.

O silêncio só é quebrado quando ele solta um longo e forçado bocejo, envolvendo-me pelos ombros e puxando-me para perto dele, abraçando-me. Eu definitivamente não esperava por algo assim. Meu rosto se tinge de vermelho e meu coração bate mais forte.

– Gilbert, o que pensa que está fazendo? – Pergunto, muito seriamente.

– O que parece? Estou abraçando o meu adorável jovem mestre. Achei que seria divertido.

Sinto uma veia pulsar em minha testa, mas mais forte que ela batia meu coração.

– Me solte – tento, inutilmente, afastá-lo, mas os braços que me rodeavam eram muito mais fortes do que eu.

Meu coração acelera ainda mais. O rosto do albino está perigosamente perto do meu. Ele não ousaria, ousaria? Exijo novamente por espaço, recebendo como resposta um pequeno e breve riso por parte de Gilbert. Sinto-o se afastar um pouco, o que me traz alivio por um momento e me faz relaxar. Para meu desespero, ele se põe por cima de mim, jogando-me de costas no sofá.

– Não me dê ordens, Rod, ou você me deixa excitado – diz, ao pé de meu ouvido, causando-me um arrepio.

– Sai de cima, Gilbert! – digo, com desprezo e uma pitada de desespero. – O que pensa que está fazendo?

– Me divertindo um pouco. Vendo se o tempo passa mais depressa.

Ele segura minhas mãos acima de nossas cabeças e começa a lamber e chupar meu pescoço, deixando marcas avermelhadas por toda a extensão. A sensação de sua língua quente contra a minha pele sensível me causa arrepios. Ele leva a mão para minha pelve e acaricia-me por cima das calças, causando-me um gemido indesejado.

– Tem alguém ficando excitado, é? – diz, enquanto sorri satisfeito.

– Gil, me larga!

– Rod…

Ele me beija, enfiando a língua, claro que a força, dentro de minha boca. Com uma mão ágil e habilidosa, ele desabotoa a minha blusa, sem me soltar ou sequer interromper o beijo.

Ele só separou nossos lábios e me permitiu recuperar o fôlego quando decidiu mudar sua ofensiva para meu peito, agora desnudo. A sensação de sua língua causava-me espasmos. Quando ele decidiu que estava na hora de atacar um de meus mamilos, um gemido escapou-me, para meu desespero. Em um momento de distração do albino, liberto minhas mãos e o agarro pelos ombros, forçando-o a se afastar.

Depois de chutá-lo para longe e me ver finalmente livre, encolho-me no canto do sofá; a blusa ainda aberta e meu corpo cheio de marcas denunciavam o ocorrido. Estou quente e meu coração bate acelerado. Sinto-me violado. Eu não conseguia engolir o que havia acabado de me acontecer. Observo Gilbert, tentando entender o porquê de suas ações, mas me vendo incapaz de compreendê-las.

Enquanto isso, o alemão encara-me de volta, levantando-se do chão, onde havia caído. Ele tem a boca semiaberta e os olhos rubros surpresos, descrentes. Ainda assim, nenhuma palavra pronuncia.

Os segundos passaram e se tornaram um minuto, e então dois. Não mais aguentando seu olhar tão pregado ao meu, virei o rosto. Eu não sabia o que sentir: estava bravo, estava confuso e, além de tudo, muito constrangido.

– Estou indo – a voz dele não saiu escandalosa ou convencida como de costume, mas baixa, tanto que nem sei como pude ouví-la. Foi quase um sussurro.

Ele levantou e não se demorou, batendo a porta ao sair. Apesar das milhares de perguntas que eu queria fazer, não tentei impedí-lo. Eu me sentia estranho, conflituado. O que é isso que tanto doí em meu peito? Cerro os meus olhos, mas a resposta não vem.

Decido por fechar os botões da camisa, o frio da noite começando a ficar evidente agora que meu corpo começava a se esfriar. Meus dedos percorrem, trêmulos, o tecido, colocando cada botão em sua casa. Meus olhos traçavam cada marca em minha pele, trazendo à tona as lembranças de há pouco. Mas eu não podia me permitir a isso. Eu tinha de me manter firme, equilibrado. Com um suspiro, passo a mão pelo rosto, surpreendendo-me.

Meus olhos estão úmidos e meu rosto levemente molhado. Lágrimas?


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Notas finais do capítulo

Obrigado aos amores que leram até o final!!
Bem, eu até tenho umas ideias pra continuação, mas não sei se vou ou não publicar... TUDO DEPENDE DE VOCÊS E VOCÊS JÁ SABEM O QUE FAZER!!! Se acham que esa fic merece continuação me mandem um review e eu começarei imediatamente a escrever a continuação! xD
BJJS