White Horse escrita por Ane Viz


Capítulo 4
Capítulo 2:


Notas iniciais do capítulo

No capítulo anterior:
E Ao terminar passou pela porta. Virei meu rosto perguntar o que acontecia, vendo ela se recostar na pia abaixando a cabeça. Caminhei para seu lado, dando um aperto de leve em sua mão, para reconfortar. Seus olhos azuis estavam tristes, perdidos. Minha garganta secou. Era difícil ver Jane Granger para baixo. Algo está errado, e muito. Procurei por seus olhos, porém sempre fugia. Suspirei. É pelo jeito o problema é muito mais grave. Preciso saber para poder ajudar. O que está acontecendo? Parei e reformulei os pensamentos. Ou melhor, o que estão escondendo de mim?
Mãe? Chamei com cuidado.
Boa leitura!



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Capítulo 2:


I'm alone, on my own, and that's all I know
I'll be strong, I'll be wrong, oh but life goes on
Oh I'm just a girl, trying to find a place in this world”(Taylor Swift)


         Algo a incomodava e tinha a certeza que era relacionado ao meu pai. Nesses anos que fiquei sem aparecer conversávamos muito por telefone e de dois anos para cá toda vez que perguntava algumas coisas específicas os dois mudavam de assunto. Parece que realmente queriam me deixar no escuro. Olhei para ela procurando o motivo e sentia que era sobre saúde. Chegou a hora da verdade. Pensei decidida em descobrir de uma vez por todas o que acontecia lá, ou melhor, com o meu pai.

-Sim, filha?

Sua voz soou inocente, porém tinha hesitação. Isso me fez respirar fundo, pronta para o que quer que fosse. Nunca escondiam nada de mim e se estavam agora... Bem, definitivamente era ruim ou preocupante.

-Está tudo bem?

Decidi começar aos pouquinhos. Uma pergunta simples que me deixaria ver a situação de um jeito mais claro, ou pelo menos achei que ajudaria. Conheço bem demais esses dois para saber que sair questionando não resolve nada. Ainda mais se não quiserem contar. Como é o caso. Ela riu, como se esta fosse a pergunta mais sem sentido do mundo. E em outro momento realmente seria, porém com os últimos acontecimentos certamente não. Fato este que nós duas sabíamos muito bem.

-Claro que está! – Afirmou sorrindo. – Nossa filha voltou para casa, e formada. – Abriu mais ainda o sorriso mostrando o orgulho que sentia. – O que mais poderíamos querer?

Suspirei, contudo não desistiria tão fácil. Sua reação foi a que tinha esperado desconversar e agir como se não o houvesse uma razão para o interrogatório. Fique firme. Repeti mentalmente porque sabia que não contaria de primeira. Antes que pudesse controlar soltei a pergunta automaticamente para depois morder o lábio. Droga, não foi uma boa ideia. Já estava completamente arrependida e nem tinha passado nenhum segundo de ter aberto a boca.

-O que está acontecendo?

 Totalmente preocupada questionei num tom mandão. Minhas palavras simplesmente pareceram não ter efeito algum. Segui seus movimentos enquanto prendia uma parte do cabelo que tinha soltado.

-Nada.

Ela se virou para a louça, e tratou de voltar a preparar a comida que estava sobre o balcão da pia.  Não, não está. A confirmação que precisava. Suspirei, além de tudo iria ignorar as perguntas que entrassem neste tema. Maravilha! Debochei de minha sorte. Será que não vou descobrir nada?

-Mãe. - Comecei nervosa com medo do que estava me escondendo e continuei. – Sei que tem algo de errado.

Não tive que esperar muito pela sua resposta mesmo não tendo sido a que queria. Lá vamos nós. Pensei sabendo ser um longo caminho pela frente.

-Bobagem.

Balançou a cabeça. Fechei a boca e coloquei a mão no bolso da calça jeans. O que faço? Puxei uma cadeira e me sentei. E se eu for direto ao assunto?Passei a mão por meu rosto. Não, eu tentei faz pouco e de nada serviu.  Uma tigela bateu contra o mármore da bancada fazendo um ruído alto. Ergui o rosto, ainda perdida em pensamentos enquanto via o trabalho dela para fazer o almoço. Talvez, talvez funcione... Concluí esperançosa.

-Como foi a viagem?

A voz dela me trouxe de volta a realidade mudando totalmente de assunto. E apesar da enorme vontade de ignorar sua pergunta e voltar ao ponto que me interessava tive uma ideia. E iria usar para ver se conseguia arrancar qualquer informação que fosse. Só não minta. Instrui a mim mesma nervosa. Sabia que era péssima mentindo e se tentasse ela logo notaria. Vamos, fale logo. Eu me repreendi procurando o que dizer, mas nada bom surgia então responde simplesmente.

-Boa...

Aos poucos a minha voz falhou.

-O que? Está me escondendo algo?

Seus olhos se fixaram nos meus. Procurando por algum motivo para voltar a sua acusação. Neguei prontamente com a cabeça. Mesmo assim continuava a olhar para mim como se desconfiasse de minhas palavras. Quase ri da situação. Sim, teria rido se não estivesse preocupada. Detesto não poder fazer nada.  Era eu quem devia estar fazendo esta pergunta. Querendo acabar com esse clima estranho disse:

-Não, não houve nada até...

Parei dando de ombros. O cansaço que vi por um segundo no rosto do meu pai não seria uma prova concreta. Se ela não queria me contar agora descobriria depois. Essa é a única certeza que tenho. Quem sabe não estão esperando o momento certo?Falei comigo mesma querendo me reconfortar. Ou pode ser algo da minha cabeça. Tentei novamente, mas essa não parecia muito real. Deixa, depois volta a me preocupar com isto. Concluí sem saída.

-Quer ajuda?

Mudei de assunto vendo que não levaria a nada. Hoje minha cabeça ainda estava muito cansada pela viagem. Foram longas horas de ônibus, trem e depois de carro. Só quero um pouco paz.  E nada de útil sairia por enquanto. Ter uma boa conversa ajudaria a clarear as ideias e relaxar meus músculos tensos.

-Não querida, deve estar cansada.

Claro, só eu, não é Dona Granger?Pensei risonha. Quando será que os dois irão se preocupar com eles mesmos? Sempre ajudei, mas sempre em atividades pequenas e que não atrapalhassem os estudos. Esta era a regra que escutava com muita freqüência, ainda mais, quando começava a fazer um serviço que provavelmente iria demorar um bom tempo para terminar.

-Eu aguento. – Disse brincando. – Esqueceu que vivi minha vida inteira trabalhando numa fazenda? – Arqueei a sobrancelha numa atitude zombeteira.

-Que pergunta boba. – Rebateu rindo. – Mas não preciso de ajuda, meu amor. – Abriu um sorriso carinho. – Estou preparando o seu prato favorito. E – levantou o dedo indicador – não posso pedir ajuda porque assim perderia todo o valor comemorativo.

-Ah, mãe. – Falei rindo. – Você sabe que não tem relação nenhuma. Não me importo e nunca me importarei em ajudar.

-Sei disso.

Uma batida de palmas fez com que Jane limpasse a mão rapidamente e saísse para ver o que era. Voltou alguns segundos depois parecendo estar sem jeito. O que houve? Olhou para mim sentada na cozinha vindo para perto. Então, balançou a cabeça dando um sorriso pequeno. Sua expressão era culpada. Ela se apoiou à bancada ajeitando seu coque apontando em direção a porta.

-Era o Neville. – Comentou ao voltar a cozinhar. – Veio avisar que Lucius e Narcisa não almoçaram em casa.

Puxei o ar podendo sentir o delicioso aroma que começou a sair das panelas. Hmm... Finalmente comida caseira! Nada é melhor do que a comida de mãe. Recordei os quatro anos em que cozinhei. Não que tenha ficado ruim. De jeito nenhum. Na verdade minha comida foi bastante elogiada durante as reuniões. Volta para a realidade, Hermione.  Sacudi a cabeça para espantar os pensamentos respondendo ao comentário.

- Ainda não encontrei com ele. Está bem? – Perguntei por meu amigo de infância. - Continua se metendo em muitas encrencas?

Ele era uma das pessoas que mais tinha sentido saudades. Neville e Gina sempre foram os meus portos-seguros. Sem eles não teria aguentado muita coisa. Sorri pensando como ele estaria. Será que seus cabelos negros estão mais compridos encobrindo seus olhos também negros? Ri mentalmente me lembrando do dia em que havia dito para sua avó de brincadeira que iria deixar o cabelo crescer e ver como ficava. Nunca vi a Senhora Longbottom tão assustada e nervosa.

-Neville está ótimo. – Parou um pouco mexendo nas panelas. – Atrapalhado como sempre. Você sabe.

Concordei sorrindo. Essa resposta não teve nada de surpreendente. Esse é o meu amigo. Desde pequenos parecia que todos os acidentes aconteciam com ele. Durante as atividades sempre se machucava em situações nada comuns. Lembrei de uma vez que estavam jogando basquete e ficou preso na cesta. Ele acaba no meio de confusões que simplesmente não parecem possíveis. Batuquei com os dedos a mesa e reparei ter deixado algo de lado.

-E meus padrinhos, mãe?

-Muito bem. – Sorriu por aparentemente ter chegado onde queria. – E sentindo muitas saudades suas. Seu padrinho falou que tem novidades. –Balançou a cabeça tentando se impedir de rir da cara de espanto. – E sua madrinha quer tirar um dia para vocês fazerem compras.

Olhei horrorizada já sentindo os meus pés cansados. Minha mãe riu da expressão que fiz e mexeu com a mão fazendo pouco caso para o meu drama. Isso porque ela não nos acompanhava aos passeios. Narcisa quando fazia compras perdia a noção do tempo. E não é exagero algum dizer “dia de compras”. É não tem como escapar. Abri a boca, mas voltei a fechar. Queria falar mais com ela, porém agora nada me passava pela cabeça.

- Não quer perguntar mais nada?

Ah... Estava demorando. Suspirei pesarosa. Por que insiste em voltar para isso. Rolei os olhos para a sua provocação. Sei muito bem qual é a sua opinião. E não concordo. Pensei me sentindo incomodada. Toda vez que falamos sobre aquele dia acabávamos discutindo e não me vejo psicologicamente bem para isso. Por favor, não. Quando encontrei seu rosto notei que não seria assim. Neguei olhando desconfiada para ele. Levantei num salto temendo aonde pudesse levar essa conversa. Ainda não estou pronta. Preciso sair daqui.

- Mãe, vou tomar um banho.

Avisei o mais rápido que pude e desapareci pelo corredor. Apressada subi as escadas sem dar tempo de falar comigo, e andei sem fazer ruídos para não atrapalhar meu irmão seguindo para o meu quarto. Entrei fechando a porta em seguida. Girei para dar uma boa olhada. Sorri, me sentindo bem por estar ali. É bom estar em casa. Tudo estava exatamente como tinha deixado. A cama de dossel com rendas brancas, e toda a mobília branca. No canto, ao lado da escrivaninha estavam as malas. A de rodinhas e a bolsa de mão.

- Estou louca por um banho.

Peguei a bolsa de mão, tirei a carteira, o celular colocando dentro da gaveta da minha mesa de cabeceira. Em seguida, abri a mala e tirei as roupas guardando no armário. Agradeci mentalmente por ter lavado todas antes de voltar. Quando tudo estava pronto prendi meus cabelos e fui para o banheiro que tinha no quarto. Tomei um banho relaxante, coloquei uma calça jeans e uma blusa quadriculada branca com azul com um tope azul por baixo. Pronta, fiz um rabo de cavalo e desci me sentindo outra pessoa. 

Desci me sentindo leve. O banho tinha me deixado mais tranquila e tornando muito mais fácil conseguir pensar. Quando apareci recebi um sorriso da minha mãe, que acabara de desligar o fogão. Apontou para a cadeira na mesa, então, reparei que estava posta. Assenti e me sentei ao lado esquerdo do meu pai. Jane e Hugo vieram poucos instantes mais tarde. Ela se sentou a minha frente, e meu irmão ao meu lado. Começamos a comer em silêncio quando escutamos uma batida na porta.


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Notas finais do capítulo

Olá a todos, primeiro, quero agradecer a Lô, Imy e bebelahoahpmc4ever muito obrigada pelo review meninas! Espero ver vocês por aqui de novo. Desculpem pela demora, mas tive uns problemas na hora de postar. Aguardo ansiosa a opinião de vocês.
Beeeeeeeeijos, e até o próximo capítulo!