1. B.A.P – What the Hell.

Calor era algo que Youngwoon sentia em momentos de adrenalina – um calor sufocante seguido de um frio estranho no estômago – mas tudo bem, ele pensava, era uma sensação que o acompanhava em sua vida toda, como um policial, como alguém cujo o trabalho era manter a ordem e a segurança, se arriscar.

Cercado daquele calor, cercado pelo homem sobre si, Youngwoon deixava cada uma de suas lágrimas caírem de seus olhos até juntarem-se ao suor que escorria por sua pele – ou talvez, quem sabe, as lágrimas e o suor eram de Jungsu, ele não sabia dizer.

A vida era injusta por fazer de Jungsu - seu anjo, a pessoa que lhe havia roubado o coração, seu maldito anjo, fosse também quem ele sabia que deveria matar.

Jungsu não era um anjo. Ele era quem ia contra tudo o que Youngwoon acreditava; era quem conseguia matar sem pensar duas vezes; era quem tinha cometido o erro de se deixar levar pelo coração e ir diretamente aos braços de seu caçador. E foi no calor daquele que Youngwoon julgava perfeito, que ele sussurrou suas últimas palavras, derramou suas últimas lágrimas, e puxou o gatilho.

2. TVXQ! – High Time.

Quando Heechul soube, não era exagero que ele quase tivesse surtado. Ele não podia acreditar que procurava alguém decente todos os dias (nas ruas, nas festas, no trabalho, e por Deus, em boates, se fosse possível), mas saber que tinha acabado de desencalhar dois amigos tinha sido a gota d’água.

Claro que Jungsu estava sendo amigável – ele sempre era amigável; e que Youngwoon estava flertando mais do que nuca – e honestamente, ele flertava com qualquer coisa que respirava – mas havia algo tão absurdo ali, que nem ao menos Kim Heechul conseguia definir.

Era uma balada. Ninguém arranja um namoro sério em uma balada. Ninguém consegue esconder de Kim Heechul por dois malditos meses que está em um relacionamento sério.

Ele se sentia tão traído.

Com Heebum em um braço e o notebook no colo, Heechul percebeu o motivo de Jungsu e Youngwoon terem desaparecido por meia hora naquela noite, e depois terem saído juntos do banheiro. Dor de barriga é uma ova.

3. McFLY - Just My Luck.

Youngwoon não acreditava em destino. Ele não acreditava em sorte, azar, ou qualquer bobagem parecida.

Seu carro tinha quebrado. O gato de Heechul tinha conseguido rasgar sua camiseta preferida. Ele não tinha encontrado seu melhor par de sapatos. Estava chovendo. Ele não tinha guarda-chuva.

Ele não acreditava em destino, sorte ou azar, mas quando finalmente chegou ao trabalho, molhado, mal-humorado e tremendo de frio, viu os olhos do seu companheiro de setor se arregalarem, preocupados, e os cabelos dourados balançando desengonçados enquanto ele corria até Youngwoon - ele sabia que era clichê o suficiente para acreditar em amor.

4. 4minute – Ready Go!

Ser um trainee não era fácil, mas Jungsu sabia que só passava por aquele tipo de dificuldade, quem queria. Ele não era obrigado a estar ali – ele poderia ter desistido como muitos fizeram, mas de qualquer forma, ele queria estar ali.

Jungsu queria ser famoso. Ele gostava da ideia de ser capturado por câmeras, de ter estilistas, cabeleireiros, maquiadores, fãs e patrocínios.

Momentos antes de debutar, ele, como líder, sorria, acalmava os outros, mas percebeu que não tinha mais certezas em sua vida. A partir do momento em que ele pisasse no palco, ele seria Leeteuk. Ele perderia sua privacidade. Ele teria que lidar com o fato de teria que manter uma imagem plástica, perfeita.

Ele bisbilhotou a plateia, e de repente, sentiu vontade de sair correndo. Cambaleou levemente para trás, e sentiu algo quente em sua mão – era acolhedor, o esquentava, o acalmava. Jungsu fechou os olhos e suspirou, apertando a mão que segurava a sua.

O Super Junior era o próximo a entrar no palco. Ele fitou Youngwoon, que sorria, e ganhou um beijo na bochecha, ficando sem-graça. O mais novo sorriu. Jungsu assentiu com a cabeça, sorriu de volta, e pisou no palco, Deixando Jungsu para trás – Agora ele era Leeteuk, e provaria que era especial – mesmo que Youngwoon pensasse dessa forma desde a primeira vez que o viu, anos atrás.

5. Girl’s Day – Twinkle Twinkle.

“Isso é tão ridículo,” Youngwoon balançou a cabeça.

“Deixa de ser ignorante, por favor?” Jungsu deu um tapa em seu braço, rolando os olhos. “É fofo, é contagiante e...”

“Gay,” Youngwoon completou, ganhando um olhar incrédulo de Jungsu.

“Oh sim, porque o que nós fazemos quando ninguém vê é extremamente hetero,”

“Não sou eu quem fico por baixo, honestamente,” Youngwoon deu de ombros.

“Bom saber que você já esqueceu semana passada, talvez isso signifique que você está pronto para invertemos as coisas de novo, hum?”

O barulho de vidro quebrando acabou com a conversa. Youngwoon estava sentado à mesa e Jungsu estava à sua frente, as mãos na cintura, e agora ambos olhavam para um Henry horrorizado na porta da cozinha, a boca aberta e os olhos do tamanho de dois pratos; um copo estilhaçado à sua frente.

Mais tarde, Hankyung comentou algo que ele tinha achado extremamente estranho. “Henry chorou, parecia assustado e não parava de dizer que queria voltar para o Canadá... Acho que ele viu algo que não o fez bem,”

Youngwoon e Jungsu se entreolharam. “Isso deve ser porque Heechul se parece assustadoramente com uma mulher,” o mais novo deu de ombros. “Não seria a primeira vez que isso perturbaria o coitado, de qualquer forma,”

Hankyung deu de ombros. “Nah, eu só não entendo o que isso tem a ver com o fato do Henry ter dito algo sobre nunca mais ouvir Girl’s Day na vida.”

Youngwoon engasgou levemente, e enquanto ele tossia, Jungsu bateu em suas costas, suspirando. “Adolescentes hoje em dia são complicados,” e com um quase-soco nas costas de Youngwoon, Jungsu seguiu para o seu quarto, querendo um buraco para esconder sua cara.

6. All Time Low – Break Your Little Heart.

Era engraçado como a vida dava voltas, sinceramente. Jungsu nunca tinha sido alguém vingativo, ele nem ao menos sabia como se vingar de alguém, mas ele achava que Youngwoon tinha passado dos limites. Jungsu não tinha “idiota” escrito na testa, mas ele achava que subestimavam sua inteligência, às vezes, de qualquer forma.

“Como assim, terminar?” Youngwoon deu uma risada nervosa – aquilo não era algo para se brincar na frente de todos os seus amigos. “Para de brincar.”

“Eu não estou brincando,” Jungsu deu de ombros. Levantou-se da cadeira, sentindo os olhos de todos sobre si, e arrumou sua bolsa no ombro. “Depois de ontem, eu decidi que precisava escolher logo o que eu quero da vida,”

“Jungsu-“

“E só pra você saber,” Jungsu riu. “Não é normal acontecer, e não acontece com todos os caras – eu sugiro que você vá a um médico.”

Jungsu saiu andando, o riso arranhando a garganta enquanto ele ouvia gritos raivosos de Youngwoon ficando cada vez mais longe – mesmo se ele voltasse um dia com Youngwoon, tinha valido a pena.

7. Tokio Hotel – On the Edge.

Jungsu sentia o mundo se fechando sobre si. Ele não aguentava mais a pressão, não aguentava mais seus pais – brigas e cobranças. Jungsu não sabia por que apanhava. Jungsu não sabia por que gritavam com ele. Jungsu estava cansado.

Ele não acreditava que fosse chegar a seu limite tão cedo, apenas dezoito anos e nada mais parecia prendê-lo ali. Ele não queria mais estar ali. E ele era a única pessoa que poderia fazer algo para resolver esse problema.

Jungsu se perguntou qual era o motivo de ainda se manter vivo. Ele não sabia ao menos se ainda estava vivo, tudo se misturava como borrões de luz e escuridão, impedindo que ele enxergasse – o peso em seu peito continuava lá, seguido por um barulho irritante, um apito contínuo que se repetia sem parar – Quando abriu os olhos e encontrou Youngwoon ao seu lado, sua mão segurando firmemente a de Jungsu, chorando, ele achava que tinha encontrado a resposta.

Ele só não podia prometer que aquela resposta duraria tempo o suficiente para curar as cicatrizes.

8. Kyuhyun – Puff the Magic Dragon.

Sempre que Youngwoon pensava em tudo o que já tinha passado ao lado de Jungsu, ele se sentia extremamente cansado, alguns anos mais velhos. Não é como se qualquer pessoa na Coreia conseguisse manter um relacionamento homossexual sem ser julgado por isso.

E só Deus sabia o quanto os dois tinham tido que aturar.

No dia em que a carta chegou, Jungsu tremia e Youngwoon fingia não estar nervoso. Com a resposta, veio a alegria, mas logo, também, vieram as noites mal-dormidas, as frustrações sexuais, o stress e o aumento nas despesas.

Mas era só ver Jungsu sentado no chão, os brinquedos espalhados por todo lugar, com o filho deles no colo enquanto lia uma história sobre um dragão e seu melhor amigo, que ele percebia que tudo tinha valido a pena.

(Não é como se Jungsu conseguisse contar a história até o final, no entanto – Youngwoon se perguntava se Donghae tinha algum tipo de problema que não o permitia ficar quieto por mais de cinco minutos.)