Forever With You. escrita por SweetKoori


Capítulo 1
One-Shot


Notas iniciais do capítulo

A fic se passa no período da Guerra da Coreia. Não sei se as datas estão certas, mas enfim. É toda em Onew POV.
Boa leitura ^^~



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19/06/50.


–Kibum, vamos tomar uma raspadinha?


–Claro!


Sorri. Kibum era meu melhor amigo, sempre fora. Naquela época, minha diversão era exclusivamente estar com ele. Somente ver sua face sorrindo, ou contando-me alguma história maluca, ou brigando comigo por qualquer motivo bobo já era motivo para eu sorrir também. Naquela situação tensa, onde as tropas soviéticas rondavam o céu a cada hora, eu não sabia o que esperar do futuro. Mas Kibum não se deixava abater. Dizia que a guerra não aconteceria, que a Guerra Fria não tinha nada a ver com nós.


–Que sabor vai querer? – Perguntei enquanto íamos até um vendedor de raspadinha ambulante.


–Morango. – Ele saltitava ao meu lado.


Pegamos as raspadinhas e eu paguei o senhor. Fomos até o parque da cidade, adentramos o bosque. Lá, ninguém nos veria.


Andamos até uma campina, sentando na grama macia. O sol das quatro da tarde era agradável, a brisa tornava o dia mais refrescante. Tipicamente um domingo de verão.


–Jinki... Por que está tão preocupado com essa coisa de guerra? – Ele me perguntou. Senti a aflição em sua voz, eu também estava aflito.


–Kibum, é uma guerra. Pessoas poderão morrer. Nós poderemos morrer. – Tentei suavizar minhas palavras, porque eu tinha certeza de que eu ia morrer.


–Nós não vamos morrer! – Ele quase gritou, levantando-se. – Não vai ter guerra, ok?! Não vai!


Seu biquinho seria maravilhosamente fofo, se ele não tivesse falado tão seriamente.


Levantei-me também e o abracei. Ficamos ali, nossos corpos colados, por algum tempo. A realidade era dura, e o que eu sentia por ele nunca poderia ser revelado a mais ninguém. Apenas eu e ele sabíamos de nossos sentimentos.


Acariciei levemente os cabelos de Kibum e puxei seu rosto para cima. Seus olhos escuros me fitavam intensamente, quase lacrimejando. Fechei os meus olhos e encontrei nossos lábios.


Amar um homem era proibido. Mas que fosse, eu não deixaria de amá-lo. Nunca.


Nem mesmo quando o deixasse.


–Eu te amo... – Kibum sussurrou. Senti o gosto salgado de suas lágrimas e o doce do morango pairarem sobre meus lábios.


–Eu te amo... – Repeti, unindo nossos lábios novamente.


~//~


24/06/50


–Jinki! – Kibum gritou afoito quando me encontrou, em frente à minha casa. – Jinki, eles vão declarar guerra! Precisamos nos esconder!


–Eu sei. – Sussurrei. – Vamos para sua casa pegar suas coisas, já tenho um esconderijo.


Peguei sua mão e corremos até sua casa, não era muito distante da minha. Chegando lá, Kibum já tinha todas as suas roupas separadas e um estoque de comida e água. Peguei suas malas e sacolas com os suprimentos e corremos até o parque. As pessoas corriam desesperadas pelas ruas, nossa presença era invisível. Eu sabia que ninguém o acharia naquele esconderijo.


Adentramos o bosque, passando até mais do que a campina. Parei quando encontrei a grande árvore que seria um perfeito refúgio.


–Mais uns 20 metros para frente, tem um rio. – Informei enquanto colocava as coisas de Kibum em um buraco em baixo da raiz da grande árvore, onde seria o abrigo. Não era muito fundo nem muito grande, mas seria útil. Eu já o forrara com papelão e deixara grandes galhos da mesma árvore prontos para serem usados como disfarce. Tudo estaria perfeito. – Você pode pegar água lá quando seu estoque acabar. Lembre-se de fervê-la para remover as impurezas, e também tome cuidado com o fogo. Tem muitas árvores frutíferas nessa região, mas cuide para não deixar restos ou vestígios perto do esconderijo.


–Entendi. – Ele respondeu. – Você vai trazer suas coisas também?


Fechei os olhos e suspirei.


–Eu vou para a guerra, Kibum.


–Não! Jinki! Você não pode ir! – Ele gritou.


–Eu tenho. - Tentei não demonstrar minha dor. – Fui convocado.


–Jinki! Não, eu não vou conseguir ficar sozinho! – Kibum chorava e acudia meu ombro. – Por favor, não vá!


Larguei-me de seu braço violentamente.


–KIBUM! PARE COM ISSO! VOCÊ VAI CONSEGUIR, OK? FICA CALMO E—


–FICAR CALMO? COMO VOCÊ QUER QUE EU FIQUE CALMO VENDO O AMOR DA MINHA VIDA IR PRA GUERRA??? E SE VOCÊ NÃO VOLTAR??? – Ele gritou, as lágrimas correndo sem parar por seu rosto.


Não pude dizer mais nada. Kibum abaixou a cabeça e saiu correndo.


–Me desculpe por tudo, Kibum... – Sussurrei para as árvores que assistiam meu choro.


~//~


25/06/50


–ATENÇÃO! TODOS OS CONVOCADOS DEVEM COMPARECER À PRAÇA CENTRAL ÀS 10:00! ESTEJAM PREPARADOS PARA SERVIR AO SEU PAÍS! VAMOS PARTIR PARA SEUL AINDA HOJE! – Alguém anunciava pela vizinhança.


Ainda eram 9:40. Eu já vestira minha farda, ou melhor, a de meu falecido pai. Meus suprimentos e equipamentos estavam bem organizados em minha bolsa, minha mãe já havia partido para a escola pública, onde mulheres e crianças seriam abrigados. Os norte-coreanos já haviam invadido a parte sul da Coreia, um dia antes do previsto. Nossa cidade, por ser localizada mais ao sul, ainda não havia sido invadida. Calcei minhas botas e pus minha bolsa nas costas.


Fui até a casa de Kibum.


Seu pai fora grande amigo do meu. Agora ambos estavam juntos, onde quer que estivessem. Nossas mãe também eram amigas, e estariam juntas na escola. A mãe de Kibum havia me pedido para levar seu filho até o esconderijo, visto que ele não havia sido convocado por ser menor de idade, mas com a invasão inesperada, eles pegariam qualquer jovem de menor para ser soldado também. E eu não permitiria que Kibum fosse para a guerra.


Chegando em sua casa, Kibum estava sentado nos fundos, debaixo de uma árvore. Ele nada disse ao me ver. Não havíamos conversado mais.


Peguei sua mão e fomos para o esconderijo. Tomei o cuidado de pegar um caminho mais desconhecido, para não sermos vistos pelos oficiais. Pude ouvir conversas de soldados perto da campina, já dentro da floresta.


Finalmente chegamos ao esconderijo. Mais cedo, eu havia trazido mais coisas e mantimentos, já os escondera. Kibum fitava-me como se não estivesse vivo. Seu olhar era morto.


–10 MINUTOS! – Pude ouvir gritarem do parque.


–Kibum. – Comecei, segurando-o pelos ombros. – Escute, eu vou voltar. Não vai ser tão demorado assim, acredito que não passará de um mês. Ok? Então me espere aqui, e lembre-se das dicas. Se chegarem a invadir a cidade, em hipótese alguma, saia do esconderijo. Tá? Não se preocupe com sua mãe, ela está segura. E se precisar de alguma coisa, invada qualquer casa para pegar. Mas tenha muito cuidado, muito.


–Soldado? – Ele chamou, em tom de pergunta. – Posso falar com o meu Jinki?


Soltei um riso baixo. Seu lado cômico era reconfortante.


–Sim. Seu Jinki, só seu, está te ouvindo. – Sussurrei, beijando-lhe a testa.


–Não quero um esconderijo, suprimentos, preparo. Quero você comigo.


–Kibum... – Me destruía por dentro vê-lo suplicando assim. – Não posso. Tenho que proteger nosso país.


–Fica comigo. – Ele pediu de novo.


Engoli o choro.


–Vou voltar, então me espere, meu amor. Quero que fique com isso. – Tirei minha corrente de prata com uma pequena clave de sol como pingente. Coloquei em sua mão e a fechei, sem soltar. – Eu estarei sempre com você, sempre. E quando eu voltar, não vou te abandonar nunca mais, meu Kibum. Porque eu te amo demais.


Selei nossos lábios carinhosamente.


Separei-os, olhando em seus olhos. Um mínimo brilho de vida havia nascido neles.


Beijei-o de novo. E de novo. E de novo.


Beijaria quantas vezes fossem necessárias para vê-lo sorrindo.


–1 MINUTO! – Nosso tempo se esgotara. Abracei Kibum e o beijei o máximo que pude, com intensidade dessa vez. O alarme começara a soar, eu tinha que ir.


–Estou sempre com você, Kibum. Eu te amo. – Sussurrei uma última vez e, morrendo por dentro, soltei-o. – Esconda-se, e me espere, meu amor.


Corri para o parque. Ao me virar, Kibum não havia se mexido. Eu queria voltar e colocá-lo no refúgio, mas não daria tempo.


E esta foi minha despedida.


~//~


3 anos depois


A tranquilidade retornara. A guerra acabou.


As baixas foram incontáveis. A Coreia estava dividida, ainda sem um acordo legal de paz.


Mas nada me importava agora. Só queria voltar para minha cidade, ver meu Kibum.


Meu Kibum.


Peguei todo e qualquer tipo de transporte que consegui para voltar. Levou-me 5 horas, mas finalmente, eu estava em minha cidade natal. Não recebi notícias por estar lutando na capital da República, mas quando cheguei, choquei-me. Havia mudado pouco, as pessoas andavam normalmente pelas estradas. Até mesmo minha casa estava intacta.


Kibum.


Fui até o parque, o parque onde eu havia me separado definitivamente dele. Ali, nada se fazia presente. O lugar parecia marcado como um santuário, onde ninguém deveria pisar.


Adentrei a pequena floresta, passando pelo caminho para ir até o esconderijo. O caminho permanecera intacto, para minha sorte. Ao chegar onde meu amor deveria estar, não encontrei ninguém.


As coisas estavam intocadas dentro dos potes e sacolas. Pareciam nunca ter sido usadas.


–KIBUM! – Gritei. Minha voz ecoou pela floresta, aguardando uma resposta.


–KIBUM!! – Gritei novamente, mais forte. O silêncio estava me enlouquecendo.


–Jinkie? – Ouvi uma voz me chamar.


–Kib— - Pensei ser meu amor, mas era a mãe dele. Curvei-me formalmente. Ela era bonita, bonita como seu filho. Mas em seu rosto, uma expressão preocupada estava estampada.


–Oh, Jinki! – Ela disse, vindo em minha direção e me abraçando. – Ainda bem, meu Deus. Você voltou. Vá ver sua mãe, querido.


–Onde está Kibum? – Perguntei, confuso.


A senhora Kim congelou.


–Senhora, por favor... – Comecei.


–Jinki. Kibum... – Ela sussurrou, contendo as lágrimas.


Meu mundo caíra.


Meu Kibum, meu grande amor, meu amigo.


Eu lutei pelo meu país, mas perdi tudo. Perdi minha razão de viver, meu amor.


Voltei à minha casa lentamente. A cada passo, meu coração doía mais. Não encontrei minha mãe, apenas um jornal em cima da mesa da cozinha.


Uma pequena manchete me chamou a atenção.


“Um jovem de 17 anos fora encontrado sem vida perto ao Parque Central, de onde nossas tropas saíram rumo à Seul. O menino não possuía sinais de morte, nem machucados, mas seu coração não batia mais. Sua morte ficou famosa, pois dizem que ele morreu de amor. Oremos para que sua alma encontre a felicidade nos céus.”


A felicidade nos céus.


–Kibum, estou indo. – Sorri e saquei a arma de meu bolso. Mirei-a contra minha cabeça e puxei o gatilho.


Eu estarei sempre com você, sempre. E quando eu voltar, não vou te abandonar nunca mais, meu Kibum.


Fim.



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Notas finais do capítulo

Triste, né? :/ Reviews? *^*