Tasting Life escrita por LyaraCR


Capítulo 4
03




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Hello! Mais um capítulo de Tasting Life pra todos que estão acompanhando! Hope you like it!

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Tasting Life

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Ajeitou suas coisas. Ele ainda dormia. Já eram altas da noite e pretendia sair de madrugada, antes do nascer do sol. Dormira por algumas horas após falar com Tsunade, ao seu lado, velando seu sono. Teria que acordá-lo.

Aproximou-se de mansinho, tocando os fios loiros, vendo as pálpebras delicadas se mexerem e então, revelarem olhos da cor do céu do meio dia.

— Acorde.

Ele sorriu.

— Ainda é madrugada.

— Ainda não. Falta pouco. E é por isso que eu preciso que se levante.

— Por quê?

Ele se apoiou num cotovelo.

— Porque tem pouco tempo para ajeitar as coisas numas duas malas. Vou te levar pra conhecer o lugar que quiser.

Os olhinhos brilharam por um momento, antes de uma expressão de culpa tomar conta daquele rosto.

— Estamos fugindo?

— Não. Estamos fugindo das coisas ruins, dos problemas.

— Mas e a escola?

— É só uma semana, só o feriado. Mas só vamos se quiser.

Mentiu. Claro que pretendia levar algum tempo a mais, mas só o faria se o garoto realmente quisesse. Naruto sorriu. Logo se levantou e já encontrando o armário aberto e as duas malas ao chão, começou a escolher suas coisas enquanto dialogava com o pai.

— Podemos ir pra qualquer lugar?

— Podemos, contanto que não me faça atravessar o oceano...

Disse, rindo, ajudando-o.

— Tudo bem, não farei. Mamãe sabe que vamos?

— Não. Quer que ela saiba?

O menor ponderou. Alguns instantes em silêncio, sorriu.

— Não. Não quero que ela saiba. Ela não vai deixar se eu ou você disser. Ela vai falar da escola, dos afazeres, da casa...

— Pshhh... — o interrompeu ao ver que aqueles olhos ficavam cada vez menos animados, menos vivos — Não vamos nos lembrar, tudo bem? Temos pouco tempo pra ajeitar tudo isso, quero sair antes do sol nascer. Você quer?

— Claro!

Sorriu. Era fato que em instantes já teria tudo pronto. Separara todas as coisas importantes. Celular, computador, alguns livros, cadernos, as roupas que mais gostava... Teria tudo o que precisasse para qualquer situação. Desde seus pijamas até mesmo suas roupas mais novas, algumas de estampas que sua mãe ainda não o havia permitido usar. Ah, e seus coturnos também.

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Minato colocara as bagagens no porta-malas de seu carro. Ele era grande o bastante para que pudessem dormir confortavelmente, mesmo com todas elas ali. Ainda sobrara bastante espaço. Era fato, que o preço que pagara por ele tinha que valer para alguma coisa, não é mesmo? Os SUV's eram feitos para a família. Pensou, sorrindo. Naruto já estava assentado no banco do carona, esperando, ansioso. Fechou o porta-malas e adentrou o veículo, batendo a porta e sorrindo para o filho.

— Preparado?

— Sim!

Ele exclamou, e então o portão se abriu. Saíram, e nem mesmo tiveram tempo de vê-lo fechar. Já dobravam a esquina. O céu ainda estava escuro, escuro e com muitas estrelas, muitas! Tudo tão lindo! Naruto tinha a face numa expressão de contentamento, que se converteu numa ainda mais bonita quando Minato ligou o som na rádio local. Ambos compartilhavam o mesmo gosto, e o pai não entendia o porque de Kushina jamais ter deixado o garoto escutar suas músicas em paz. Ela dizia que poderia afetar de algum modo a formação de seu caráter. Bom, era o que veria!

As luzes da cidade passavam rápido, os olhos azuis espertos, tudo observavam, até que ao longe surgiu aquele imenso shopping. Naruto sabia, estava fechado, mas podia ver luzes.

— Por que é que ainda está aceso?

Perguntou.

— O hipermercado ainda funciona.

— Por toda a noite?

— Isso mesmo! — Minato viu os olhos do garoto brilharem. Jamais haviam feito compras de madrugada, e dado o fato da viagem, talvez isso pudesse ser um tanto quanto interessante — Vamos, vou te levar pra fazer umas compras!

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Ver o sorriso inocente, quase que sem motivos no rosto do filho, dava a certeza à Minato de que tudo o que pensara faria bem a ele. Ao menos não mantinha aquela expressão pesarosa no rosto jovial, não mais. E pensar que Kushina fizera o que fizera por simples e puro egoísmo... Ah, isso era de indignar qualquer um. Pensar que havia ligado para dizer que estava bem, para gritar impropérios e culpa-lo por tudo, maltratando ainda ao próprio filho... Maldita... Jamais colocaria as mãos sobre ele outra vez. Minato sabia, por mais que Naruto estivesse se fingindo de forte, por dentro ainda continuava desestruturado, devastado. Era tão ruim ver que mesmo com pouca idade ele já sabia fingir tão bem... tão absorto em pensamentos estava, que quando deu por si, ele já havia pegado tudo o que lhes seria necessário; ainda parecia feliz, mas olhava estranhado em sua direção, como se tentasse decifrar o que seu cenho, provavelmente franzido, traduzia de seus pensamentos... Era estranho que não houvesse indagado até agora o motivo...

Deu logo um jeito de tentar parecer mais normal e num instante tudo estava bem outra vez. Conversavam como irmãos. Era como se ele não fosse seu filho, como se não fosse pai dele. Era como se fossem amigos, tamanho o entrosamento. Mas não dava pra ser diferente, não. Sabia que tudo o que Naruto precisava, por mais pai que fosse, ainda não seria o bastante. Nada melhor que um amigo para ouvir, ajudar, desabafar junto, entender...

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— Será que essas coisas vão durar até a próxima cidade?

— Espero que pelo menos o mapa dure!

Respondeu Minato. Ambos sorriram. O céu começava a ganhar um tom de roxo escuro, claro sinal de que, em pouco tempo, teriam o despertar de um novo dia. Dentre doces, músicas, assuntos inúteis e um mapa mais confuso á eles do que qualquer coisa existente, seguiam pela estrada vazia. Iam pelo litoral, nem devagar nem depressa, mas de um modo que pudessem aproveitar tudo, observar, entender que além do momento, aquele era um mundo só deles.

Naruto parecia completamente entrosado com a situação, mas no fundo ainda se questionava sobre o abandono. Seu pai parecia tão legal... Como é que sua mãe poderia ter dito aquelas coisas absurdas ao telefone, e tê-lo trocado por qualquer outro? Não queria entender de todo. A culpa ainda corroía suas entranhas, e era muito, muito doloroso. Preferia tentar se manter afastado, pensamentos dispersos assim como as letras desconexas das músicas que embalavam o olhar cheio de vida de seu pai. Era um recomeço para ele também.

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— Otou-san! Veja!

Gritou. O mais velho quase brecou o carro, mas não o fez. Apenas reduziu o bastante para observar o que o filho dizia.

— O que foi?

Questionou, observando tudo à sua volta e vendo parte da estrada brilhar um pouco. Desatento, continuou escutando o filho.

— Não há nenhuma demarcação no mapa dizendo que aquilo lá é uma lagoa!

O dedo delicado de Naruto apontava na direção escura, refletiva. O que diabos poderia ser aquilo?

— Eu acho que... Não é uma lagoa... Ou ao menos não era.

Ponderou, observando. Ainda não dava pra ver muito bem, mas o mar estava por perto, muito perto, invadindo o que de fato era o percurso da estrada.

— Não venha me dizer que aquilo é...

— Um alagamento! — interrompeu o mais novo, a adrenalina tomando conta — Teremos que passar por lá, acha que conseguimos?

Naruto respirou fundo. Estava com medo.

— Que esse carro valha realmente o preço que pagou por ele... Aquilo não parece raso...

Apontou, preocupado.

— Certo, vamos até certo ponto, vamos um pouco depressa, se não der, bem... Esperamos amanhecer, a maré baixar, secar e então seguimos viajem.

O garoto, apreensivo, sentia seu coração mais disparado que a batida da música. Sua mão estava agarrada à porta, seu corpo tenso contra o banco. E então, cada vez mais próximos, finalmente adentraram a parte alagada da estrada. Era fato que aquilo não havia sido das chuvas. A maré ainda estava ali, podiam ver. Minato estava rindo, e Naruto o fez também quando passaram da metade do percurso. Pouco tempo, e finalmente do outro lado, pôde respirar aliviado. O mais velho parou.

— Malditos relevos incoerentes!

Exclamou, rindo ao lado do filho. Observaram o céu, alaranjado, com tom de fogo, se misturando ao roxo noite e ao preto escuridão absoluta. As nuvens pareciam escuras demais. Não importava. Estava lindo de todo modo. Perfeito em sua natureza.

— Acho que logo terão que fazer uma nova estrada.

— É verdade.

Concordou Minato, enquanto dava partida no carro. Naruto nada disse. Queria mesmo sair dali. Ansiava por quantas outras situações adversas e inesperadas poderia vir a ter.

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Continua...


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