Quando deu sete da noite comecei a pensar realmente se iria ou não,e cheguei a conclusão que sim,estava na hora de crescer e enfrentar meus problemas de frente,e no momento,Rodrigo era o meu maior problema,ou pelo menos,assim eu pensava.

–Sel ? - Ray entrou abrindo a porta,e atrás dela vinha Lena comendo uma barra de chocolate.

–Oi meninas! -Falei sorrindo.

–Precisamos conversar,faz um bom tempo que não temos uma hora só das meninas. –Elena falou.

–Ok,o que querem conversar ? -Perguntei.

–Sobre a sua visitinha a floresta hoje a noite. – Ray disse olhando nos meus olhos.

–Como vocês...? -Perguntei chocada.

–Ah,fala sério,Celina ! Somos suas melhores amigas e você não ia nos contar ?! Como pode fazer isso ? -Disse Lena.

–Me desculpem... só não queria que ficassem preocupadas a toa, posso resolver isso sozinha. –Falei.

–Não, não pode, por isso iremos com você. –Ray falou.

–Não vão não. –Falei firme.

–Sim, nós vamos. Pare de ser teimosa, te encontramos as oito. –Ray falou e puxou Lena pra fora do chalé. É, eu iria ter que sair um pouquinho antes.

As sete e quarenta eu estava saindo de dentro do chalé e indo em direção a floresta quando Nico surgiu na minha frente.

–Boa tentativa de escapar, Sel. –Ele disse sorrindo de um jeito sacana.

–Nico, por favor, não conta pra ninguém, sério. Eu preciso fazer isso sozinha, e a Lena e a Ray não iriam me deixar a sós com ele nunca ! -Falei e ele fez sua melhor cara de pensativo.

–Faremos o seguinte, você vai ficar sozinha com ele, mas vou ficar por perto, não a uma distancia que dê pra ouvir o que vocês falam, mas a uma distancia que dê pra te ouvir gritando. Feito ? -Ele estendeu a mão para eu apertá-la.

–Feito. E não conte nem pra Ray e nem pra Lena, ok ? -Falei.

–Certo, não falarei.

Nico foi andando em passos largos atrás de mim, e quando chegamos a uma certa distancia da clareira ele parou e sacou sua espada.

–Ficarei aqui, qualquer coisa, grite e eu apareço pra ajudar. –Ele falou e eu concordei.

Fui andando mais a frente, era agora, depois de meses finalmente iria encontrar com Rodrigo de novo, e isso me deixava nervosa, sinceramente.

–Achei que tivesse dito para que viesse sozinha, Sel, e com o Nico.. não é tão sozinha assim, né ? -E la estava ele, os mesmos olhos azuis de antes, mas com um tom mais sombrio,o mesmo cabelo loiro e as mesmas covinhas.

–Isso pode ser uma armadilha, não vou me arriscar. –Falei.

–Fugir da Ray e da Lena é arriscado, e mesmo assim você fez. –Ele disse mostrando um pequeno sorriso.

–Diga logo o que quer, Rodrigo, não veio aqui somente para matar a saudade.

–Eu vim porque quero que você se junta a nós. Mesmo sabendo que é difícil, porque você é fraca, e não trairia o seu querido maridinho, ou o meu querido papai e muito menos o velho e gentil Poseidon. –Ro disse.

–Eu não sou que nem você, Rodrigo, eu não largo as pessoas que amo para trás somente porque é um covarde. –Quando disse isso, Rodrigo pegou sua espada e veio pra cima de mim, peguei minha lança e começamos a lutar, e quando prendi ele em meus braços, alguém veio por trás de mim colocando algo em meu nariz e me proibindo de gritar. Logo depois eu apaguei e a ultima coisa que me lembro foi de ter visto rapidamente o rosto culpado do antigo Ro, aquele que eu amava.

Pov. Nico.

Malditos sejam ! Arranjaram quatro capangas pra me distraírem enquanto Sel falava com o traidor a quem não gosto de lembrar nem mesmo o nome.

Quando consegui matar todos os quatro, fui correndo até o local onde eles estavam, mas ao chegar lá, não havia ninguém, nada, nem mesmo uma gota de sangue. Varri o local com meus olhos e achei um pedaço de papel branco, fui andando até ele e quando peguei, tinha somente uma frase na caligrafia “dele”.

“E que a guerra comece.”

Voltei pro acampamento correndo e encontrei as meninas, Ray, Lena e Rachel entrando na floresta, mas pararam ao me ver todo sujo segurando um papel.

–Nico, o que houve ? -Ray perguntou e veio pro meu lado me apoiando.

–Levaram a Sel. Rodrigo nos traiu novamente, eles a levaram ! Eu estava por perto, e mandaram quatro capangas para me enrolar, quando me livrei deles, fui correndo até onde eles estavam e só tinha esse papel, é a letra de Rodrigo.

–“E que a guerra comece” ? O que ele quis dizer com isso ? -Lena perguntou lendo o papel.

–A filha do céu/

Em cativeiro ficará/

Aguentando a ira do Tempo/

Até que a Guerra se entregue/

Ou por fim, seu falecimento reinará. –Rachel falou com aquela estranha fumaça verde saindo de dentro dela.

–Isso não é bom, não é nada bom. –Ray falou.

–Ok, vamos pensar. A profecia diz sobre a Sel claramente, e que ela ficará nas mãos dele até que a guerra se entregue, será que quer dizer que ela ficará lá até o começo da guerra ? -Falei.

–Não, a profecia quis dizer que ela ficará lá até que eu me entregue no lugar dela. –Ares falou surgindo atrás de mim, me dando um susto.

–Mas você não pode, Ares ! Se você se entregar, vão te torturar até você se juntar a eles. –Rachel disse ainda mole nos braços de Lena.

–Eu tenho que ir, Ferrugem. Ou eu, ou a Sel, eu me entregando, soltam ela. –Ele disse.

–Primeiro: Se me chamar de Ferrugem de novo, eu dou um chute no seu saco, segundo: entregue-se e a Sel vai ficar com raiva de você.

–Ela tem que estar viva pra sentir raiva, e o único jeito dela continuar viva é eu me entregando, então não tem discussão, vou agora mesmo e....

–Você não vai agora mesmo, Ares, temos que ter uma estratégia. –Atena falou quando chegou perto ao lado de Zeus.

–Você é uma chata mesmo, né mega mente ? -O deus da guerra disse.

–Reunião agora na casa grande, precisamos decidir isso de forma segura. –Zeus falou e nos convidou para irmos atrás deles.

Pov. Sel.

Minha cabeça e meu corpo doíam, eu não sabia onde estava e nem conseguia me lembrar o que havia acontecido nas ultimas horas. Quando finalmente consegui abrir meus olhos, vi que estava dentro de um tipo de jaula. Rodrigo estava parado na minha frente, e ao ver seu rosto lembrei que ele havia me sequestrado, e que eu estava provavelmente no meu cativeiro nesse momento.Ele abriu a boca para falar e disse:

–Temos muito o que conversar, Sel.