Hush-a-ba, Burdie escrita por Uno


Capítulo 1
croon, croon


Notas iniciais do capítulo

Pra minha hobbit. ♥



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Deviam se passar poucos minutos depois da meia-noite, mas o senhor Wright não tinha tido sossego algum até então. Os dias eram corridos e atarefados, então o homem mal tinha também tempo algum para descanso ou lazer, o que deixava tanto ele quanto sua filha frustrados. Estavam em Great Hangleton, na sua residência - Cecilia estava doente fazia uma semana.


Torrence estava muito preocupado. Não conseguia fixar-se em seu trabalho como fazia sempre, dedicando-se e produzindo como seu pai o ensinara a fazer. Pelo contrário, sua presença tanto no escritório quanto nos laboratórios da sede da antiga e respeitada empresa dos Wright, atrapalhava mais do que devia.

Sua vida antes da menina nascer era total e completamente dedicado à mãe dela, o trabalho ficava em segundo lugar. Nunca tinha se apaixonado por uma mulher como que por Irene - e ela por ele.


Mas depois que a mulher tinha falecido, Torrence dedicou-se a fixar a sua vida na filha, tornando-se pai e mãe da menina. Sempre presente, sempre ao seu lado. Via nela um pedaço da esposa e seu juntos, nunca havia sentido amor maior por uma criaturinha tão pequena e frágil.


Esta mesma criaturinha pequena e frágil crescera, virando uma garota bonita e saudável. Torrence se orgulhava dela, porque era esperta e comunicativa, igual a ele. A única diferença marcante era alguma coisa ou outra que a menina fazia, surpreendendo o pai - como quando ela dobrava e insistia em seus argumentos enquanto discutia com alguém, independente de quem fosse.


Agora, o renomado químico e proprietário de uma rede de perfumes conhecida em toda Bretanha, estava sentado, impaciente, em frente à lareira, observando as faíscas de fogo subirem e descerem, dançando. Pensava na filha; Amelia, a babá da menina, tinha dito que estava tudo bem - tinha dito também sobre como a menina passara o dia cuspindo sangue e coisas assim. Também contou sobre um doutor que viera mais cedo, a mando do próprio Torrence, para examinar e medicar a menina; contudo, ela estava melhor.


Wright detestava doenças. Gostava do calor, do verão, da felicidade que isso proporcionava a ele e como gostava de ver a filha brincando com os primos na casa de seus pais. Sentia falta da Escócia, da sua casa e de seus irmãos, mas tinha construído uma vida em Great Hangleton... E morar na Inglaterra não era de todo um mal. Gostava do clima - pois, este, o fazia usar ternos e ter motivos para compra-los - e das pessoas sérias com mentes engenhosas que habitavam o lugar.


Escutou três batidas leves na porta, devia ser Amelia - ou dona Gwen, com chá, mas pela hora deveria estar roncando. Abriu-se e ele ouviu uma voz infantil e delicada sussurrar: “Papai?”

Sr. Wright logo se pôs de pé, indo até a direção da filha, que segurava a porta com as duas mãos, forçando para que não fechasse. Seus olhos estavam entreabertos, sinal de que tinha acabado de acordar. Colocou-a nos braços, dando um beijo em sua testa.


“O que faz aqui, meu amor?” disse, olhando-a nos olhos azuis.


“Tive um pesadelo, papai!” começou, “era um monstro enorme e tinha olhos esbugalhados” ia explicando, enquanto gesticulava com as mãos. “E era verde! Não gosto de verde! Acho que ele sabia que eu não gosto de verde... Você acha, papai?”


“Não sei, querida...” Torrence respondeu-a, franzindo o cenho.


“O que acha de um pedaço de bolo com chá agora, papai?” Cecilia disse, colocando os pés no chão e encarando o pai seriamente.


O mais velho riu, “ótima ideia, Ceci.” “E biscoitos?”


“Eu comi todos os biscoitos, papai...” respondeu, olhando para o chão e sorrindo em seguida. “Mas deve ter mais coisa. Gwen sempre faz mais comida do que o necessário, papai” acrescentou rápido. Não queria que seu pai ficasse com alguma raiva por ter comido todos os biscoitos - mal sabia ela que o pai se alegrava em ver que estava bem e comia bem.


“Cecilia...” Sr. Wright sussurrou seu nome, fazendo uma careta assustada. “Isso é uma coisa que uma dama faça?”


“Disso eu não sei, papai...” a menina respondeu de supetão, colocando as mãos na cintura, como a mãe fazia, “se não fazem não sabem o que estão perdendo!”.


“Você tem total razão, querida” Torrence riu, abrindo a porta do escritório e indo até a cozinha com a filha.



Depois de comerem e rirem baixinho porque não gostariam de ver Gwen acordada - Cecilia mantinha uma tese de que a velha empregada dormia com a cabeça enrolada por bobes e grampos, mas nunca fora confirma-la. “Precisa ir um dia,” seu pai disse, rindo com ela e repartindo mais um pedaço do bolo -, Torrence colocou a pequena Wright nos braços, que adormecia aos poucos, mas tentava forçar os olhos a ficarem abertos, porque não queria perder a conversa com o pai.


“Fica comigo um pouco, papai?” pediu, enquanto o outro a colocava na cama, cobrindo-lhe o corpo e sentando-se ao seu lado. Cecilia encostou-se a ele, que já estava sem terno e sem gravata.


Torrence abraçou a menina, apoiando a cabeça dela também no travesseiro. “Hush-a-ba, burdie, croon, croon” Sr. Wright jamais se imaginara quando ainda jovem, estar em uma situação daquelas: cantando cantigas de ninar para Cecilia, que acompanhava, apesar do sono. “The sheep are gane tae the siller wid,” continuou com musicalidade, apesar de cantar baixinho. “An the coos are gane tae the broom, broom!”


“An it’s braw milin the kye, kye” continuava, olhando para menina, procurando ver se esta já dormia. “The birds are singin, the bells are ringin, an the wild deer come gallopin by...” - adorava o sotaque escocês.


Cecilia parara de cantar faziam alguns minutos. Era sinal de que a pequena já dormia - com um belo sorriso no rosto. O loiro levantou-se, apagando a luz do abajur e saindo do cômodo. Olhou mais uma vez para filha e em seguida fechou a porta.


Não havia prazer maior que aquele, pensou. E estava certo.



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Notas finais do capítulo

EXCESSO DE HEADCANON, SIM? Peço desculpas, mas eu amo a Cecilia e a família Wright (que nem aparece nos livros). Se vocês não lembram, Cecilia é a "namorada" do Tom Sr., pai do Tom Jr. (que se tornaria Lord Voldemort depois), que aparece em HBP. Não temos muitas informações sobre ela, quanto à personalidade e aparência, o máximo que aparece faz com que a gente pense que ela é uma dondoca rude e mimada.
Então eu e a Ari (Aribh, Ari_Elric, vasovagalsyncope) procuramos montar uma background story pra Ceci... E daí surgiu o sr. Wright! Quem consegue não amar o sr. Wright?
Pontos que vocês precisam saber e que eu uso/usarei constantemente nas minhas fics com a Ceci, Wright etc:
1) são descendentes de escoceses (ele até canta uma lullaby's song escocesa [mamalisa.com/?t=es&p=775&c=110] e tem no Youtube, só que em versão inglesa) e maior parte da família é bruxa, só o sr. Wright que é um aborto e a Ceci que não tem nenhuma magia.
2) por não ter magia, Torrence (nome dele) herdou do pai uma empresa de perfumes e ela cresceu bastante, fazendo ele ganhar nome no território nacional, o que deixou ele bastante atarefado (vocês veem isso no primeiro e segundo parágrafo, basicamente)
3) a mãe da Cecilia morreu quando ela tinha uns dois ou três anos e deixou o sr. Wright pra cuidar da filha... E é esse sentimento de ser pai/mãe ao mesmo tempo que eu tentei passar pra vocês aí...
4) Hush-a-ba, burdie é o começo da canção de ninar escocesa :3
ME PERDOEM PELO HEADCANON MAIS UMA VEZ, GUYS! Mas a culpa não é minha! JK que não deu valor a importância dos Wright (e dos Riddles também) em HP e me fez fazer tudo isso...
Enfim, espero que tenham gostado e se gostaram mandem um review (se não, mandem também :3)! FAÇAM UMA AUTORA FELIZ sério gente :)
Beijos e até a próxima :B



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