A Tale of a Coffee Brewed in Underwear escrita por Venus Noir


Capítulo 1
to bewitch you


Notas iniciais do capítulo

Enredo inspirado nessa música: http://www.youtube.com/watch?v=niGt6fhwMtA



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“Você tá vendo isso, Zhou Mi? Eu não quero parecer chato nem nada, mas isso meio que foi culpa sua.”

O chinês bateu levemente o microfone desligado na bochecha inflada pelo sorriso matreiro que abrira ao escutar o comentário do líder. Ergueu o olhar para onde Leeteuk apontava, avistando Siwon e Eunhyuk abraçados, atravessando o backstage tão juntos quanto uma laranja e sua casca. Onde estaria Donghae a uma hora dessas? Num dos camarins, pensou. Consolando-se com a ajuda gratuita e muito generosa de um dos hyungs mais amados do pop coreano. Lee Sungmin.

O que era muito conveniente para si, é claro. Uma vez que estivesse com Lee Donghae, ajudando-o a se recuperar da dor sofrida ao presenciar o fanservice nada inocente entre seu namorado e Choi Siwon, Lee Sungmin estaria bem longe de Cho Kyuhyun. Beeeem longe.

Oh, não, não o entendam mal! Zhou Mi adorava Lee Sungmin! (E era adorado em troca.) Eles eram deveras simpáticos um com o outro, amigos de verdade. No entanto, meus caros, é como diz o ditado. Amigos a amigos, negócios a parte. Só um deles poderia ter a atenção absoluta do maknae e ela seria, naturalmente, toda de Zhou Mi. Porque Zhou Mi é daqueles que vê competição até onde não existe.

Muito provavelmente, Lee Sungmin estava de namorico com uma das dançarinas da SM. Zhou Mi meio que desconfiava disso, conhecendo a fama do aegyo king. Mesmo assim, era óbvio que havia interação demais entre ele e Kyuhyun. Zhou Mi se chateava; havia muito mais KyuMin shippers do que QMi shippers. E era irônico, porque KyuMin era um couple que acontecia só na mente pervertida dessas fujoshi ociosas. Já QMi... QMi sim era real.

“Eu apenas vim para o Encore. O que de errado eu fiz, ge?”

Zhou Mi deixou escapar uma risada baixa, que prontamente foi abafada por sua mão em concha.

Ao seu lado, Kyuhyun o observava com olhos vidrados. O maknae parecia ter sido encantando por um feitiço de amor e luxúria. Naquele momento, voltando-se a ele, Zhou Mi concluiu que café coado na cueca era sim muito eficaz.

X

Fazer aquilo a bordo de um avião que sobrevoava a terra a 26 mil pés de altura – não tinha certeza se ouvira certo o piloto avisar sobre a altura – não estava sendo nada fácil. Porém, Zhou Mi fazia jus ao seu signo ocidental. Era um ariano dos mais escrotos, que não descansava enquanto não conseguia o que queria. Isso também se devia ao fato de ele ter nascido na cúspide Áries/Touro. Tinha em si muitas características desse outro signo, mas elas não chegavam a sobrepujar suas características de ariano.

Zhou Mi era um viciado em astrologia. Ele até fizera sua sinastria amorosa com Kyuhyun e, como esperado, dera o que ele já estava ruivo de saber: os dois eram almas gêmeas. Eram sim. Estava tudo lá. No mapa astral cruzado que encomendara a uma astróloga muito famosa e experiente que viera diretamente da França para consultar celebridades no circuito China-Coreia-Japão.

Zhou Mi não estava certo de as informações e indicações que se lhe chegaram serem rumores ou se se tratava da mais pura verdade, mas ouvira falar que ela consultara BoA, Elva Hsiao, Kim Jaejoong e três dos cinco membros do Arashi, além de um membro do KAT-TUN, de Miyavi e de vários outros cantores de j-rock.

Essa astróloga não poderia ter melhores precedentes! Sua clientela VIP agora contava com Zhou Mi. Após a consulta, ela lhe mandara fazer aquela simpatia que, entre outros países, era muito famosa e praticada no Brasil.

Zhou Mi seguiu o conselho. Aterrissou no Aeroporto de Incheon com um copo de expresso entre os dedos cobertos por luvas; ele o preparara aos troncos e barrancos dentro do banheiro do avião. E, assim que avistou Kyuhyun, mal disfarçado com um boné e óculos escuros de armação grande, acenou para ele. Logo após abraçá-lo como queria, como desejara por dias a fio em que permaneceram nessa distância filha da puta, estendeu ao maknae o café.

E ele, achando tudo muito lindo e belo, agradecendo ao chinês por, mesmo tendo passado algumas horas no avião, se preocupar em trazer-lhe uma bebida quente e revigorante, bebeu até a última gota.

X

Por algum motivo estranho, Kyuhyun e Sungmin deram para andar um na cola do outro. Era decididamente insuportável. Se não estavam bebendo vinho tinto, estavam jogando ou ensaiando ou conversando sobre isso e aquilo, e, para o azar de Zhou Mi, dentre todas essas coisas, a única que lhe interessava verdadeiramente era a arte de degustar um bom vinho. E, na companhia daqueles dois que não fechavam a matraca nem por um segundo, ele se embriagava diligentemente, e ia dormir aquele sono tranquilo e relaxante que só se tem quando se está muito bêbado.

Na manhã seguinte, religiosamente, já despertava aos pulos, se dirigindo às pressas ao banheiro, onde se jogava na direção do aparelho sanitário, vomitando ali tudo o que digerira nas últimas vinte e quatro horas. Era muito penoso para si ter tão pouca atenção! Revirava-lhe o estômago, lhe dava náusea.

Sendo assim, no terceiro dia de porre e de ensaios exaustivos, Zhou Mi pegou sua bolsa Louis Vuitton de dois mil dólares que comprara em sua última viagem aos Estados Unidos, calçou seus sapatos de couro sintético de jacaré, pôs seus óculos Gucci, sua dignidade e seu orgulho e rumou para o shopping mais próximo.

Tinha os três cartões de crédito de Kyuhyun na carteira e aquele sim seria um dia de farra.

X

“Não me leve a mal nem nada, mas você foi o estopim de toda a confusão. Eu concordo com Leeteuk-hyung. Mas não se sinta mal, essas coisas estão sempre acontecendo por aqui. Siwon é terrível, não perdoa ninguém.”

Shindong o impacientava. Sua voz conciliadora lhe soava ainda mais irritante do que os berros de Donghae, que se escondera naquele camarim no qual apenas Sungmin tivera permissão para entrar. A vontade mais vital em si era a de coar mais café e dar a Kyuhyun – aquilo lhe iria acalmar. Imagina viver sem aqueles olhos parcamente marejados que o tempo inteiro estavam voltados para si, como se ele fosse um ímã, uma força tão poderosa da qual Kyuhyun não era capaz de se desviar por nada no mundo? Ele tinha que preparar todo o café do mundo e, para coá-lo, usaria sem reclamar todas as suas cuecas caras, pois sem aquele olhar não poderia viver.

Estava para abraçar ainda mais forte o maknae contra si, entretanto, Shindong o interrompeu, falando que Eunhyuk e Siwon tinham ido embora no mesmo furgão, e que ninguém sabia dizer para onde eles tinham ido.

Era muita amolação pra uma noite só.

“Ah, vá!”, o chinês ralhou, se levantando e dirigindo-se ao camarim que ocupara com Ryeowook e Yesung. Ao bater a porta atrás de si, buscou o pó do café que escondera num compartimento quase secreto de sua manbag.

“É hoje que o Kui Xian tem uma overdose de cafeína!”, Zhou Mi sussurrou, malignamente, já começando a preparar a bebida de propriedades mágicas.

X

“É por isso que você tem tantas haters, Zhou Mi!”, vociferou Donghae, batendo com o punho na mesa do dormitório no qual haviam acabado de adentrar. “Você calculou tudo isso! Você será a nossa ruína!”

“Olha, você não brinque com isso!”, Zhou Mi, com o dedo em riste frente ao rosto de Donghae, tinha os olhos injetados e estava visivelmente alterado. Não tolerava que algo tão difícil e dolorido fosse trazido à tona levianamente por um filho da puta que nem Donghae, que só estava com dor de cotovelo porque o namoradinho, que não perdia uma oportunidade de permitir que Siwon se esfregasse em si, tinha se mandado da casa de show sem nem dar tchau pra ele, escanchado em Siwon, que ninguém duvidava que não fosse boa bisca.

“Hae, toma isso aqui. Se acalma.”, interferiu Kyuhyun, oferecendo o copo grande que tinha nas mãos, o qual transbordava de café quente e preto – o mais delicioso que já provara em sua existência.

Zhou Mi assistiu atemorizado Donghae tomar quase todo o conteúdo numa golada só. Em seguida, Sungmin surgiu no recinto, carregando algumas bolsas que atirara no chão. Ele se aproximou de Donghae, tomou o copo, e bebeu quase tanto quanto o peixinho. Para o seu desespero, Zhou Mi via que, quanto mais eles bebiam, mais aparecia café. Era como mágica.

E ele permaneceu estático, paralisado enquanto cada um dos membros dava o ar de sua graça. Um por um, eles sorveram o café, murmurando entre si o quão gostoso e docinho na medida certa ele era. Até que, em dado instante, todos eles se voltaram a Zhou Mi, indagando num coro diabólico onde ele havia encontrado um expresso tão bom em Seul.

Zhou Mi, apavorado, respondeu, com toda a sinceridade ingênua e impensada que possuía.

“Eu mesmo faço.”

Mas a resposta, óbvio, sequer foi ouvida. Se foi ouvida, não foi raciocinada. Porque nove pares de orbes – Siwon e Eunhyuk já haviam chegado – arregalados lhe fitavam como se ele fosse a criatura mais maravilhosa que já pousara sobre a terra.

Zhou Mi sentia como se estivesse num filme de terror adolescente.

Pelos próximos cinco dias, o pobre chinês teve que tolerar todo o assédio e a insistência dos membros que o perseguiam para onde ele ia. A única coisa boa que aconteceu durante esse período foi que Kyuhyun finalmente se convenceu de que eles deveriam fazer um 69 – ele era meio careta, o maknae. Fora isso, foi tudo um saco.

Ao fim desses dias, Zhou Mi prometeu a si mesmo que nunca mais ia fazer café para Kyuhyun. Não quando houvesse oito caras carentes a sua volta, prontos para atacar uma xícara de expresso à primeira chance que tinham.

Para a sua própria segurança, Zhou Mi decidiu que, a partir de agora, ia levar café na cama pra Kyuhyun. Era mais seguro etc.


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