Uma Nova Noite escrita por Sereny Kyle
Notas iniciais do capítulo
como eu estou morrendo de medo de não conseguir postar essa fic aqui amanhã, aqui estou eu, um pouquinho adiantada (mas, como já é seu aniversário no Japão há 9 horas, né, Akira, então eu to em tempo!)
como não homenagear esse baixista, né? Akira, você não é apenas um músico brilhante, vc é a razão pra q todos nós estejamos aqui e cada um de nós deve seus sonhos e seus ideais a vc! Arigato gozaimashita por nos manter unidos por todos esses anos! E otanjoubi omedetou!
espero q gostem e comentem!
boa leitura!
Era realmente tarde da noite quando eu entrei em meu carro e finalmente guiei de volta pra casa. Não importa muito quanto tempo passe ou quantas vezes você repita pra si mesmo que foi a última vez que você foi irresponsável... Uma noite é sempre uma nova noite...
Eu achava esse um ótimo lema pra minha vida... “Uma noite é sempre uma nova noite”... Apenas essa consciência já lhe abre um leque de possibilidades... Uma sensação deliciosa e inebriante de liberdade... Afinal, o que há de errado em descobrir os sabores da vida? O que há de errado em buscar o doce da noite pra se esquecer o azedo e o amargo que pode ser encontrado com certa frequência de dia?
Dizem que à noite todos os gatos são pardos... Que coisa mais idiota de se dizer! A noite é dos gatos! E eles são diferentes um do outro em tantos aspectos quantos anos tem a Terra! Eles são verdes, vermelhos, roxos, rosados, azuis... São gigantescos, pequeninos e...
E eu acho que eu bebi demais essa noite... Mas dirigir de volta pra casa com essa brisa noturna também é tão... Libertador... Tão... Místico...
Eu nunca em minha vida tinha tomado o caminho errado... Não apenas falando sobre escolhas, mas também sobre direção física... Essa era, aparentemente, a primeira vez que eu pegava o caminho errado, porque estranhamente o cenário que se montava a minha frente. Talvez, eu tivesse virado numa rua errada, mas aquele definitivamente não era o caminho pra casa.
Diante de meus olhos surgiu uma pousada, “Pedaço de Lua Enfeitiçado”, e por mais bobo que o nome pudesse ser, alguém ali poderia me colocar na direção certa pra casa, então, guiei o carro pra lá e me aproximei de um senhor que sorria antes mesmo de me ver.
— Sumimasen... – abaixei o vidro e o encarei, mas seus olhos se desviaram para o céu.
— Vem tempestade aí – ele declarou e eu olhei para o céu estrelado e sem nenhuma nuvem desconfiado de que talvez ele não fosse a pessoa mais sensata pra me colocar na direção de casa.
— Eu gostaria de saber onde estou... – expliquei calmamente. – Acho que virei na entrada errada...
— Ah, não... Não era a errada – ele sorriu, se voltando pra mim.
— Como é?
— O senhor está exatamente onde deveria estar – ele respondeu, parecendo bem lunático. – Se quiser, pode estacionar seu carro na garagem e Ana lhe levará até o seu quarto...
Ana? Quem é Ana?
— Quarto? Não! Eu não pretendo ficar aqui! Só quero saber que caminho devo tomar pra casa! – respondi, ficando estressado.
— Não é uma boa ideia dirigir numa tempestade! – ele disse solenemente. – Muitas pessoas morrem em acidentes de carros por dirigirem na chuva, sabia?
— Mas não está...! – não terminei minha frase. Diante de meus olhos, o céu, que estava limpo até o segundo passado, despencava violentamente.
— Não se esqueça de pedir chocolate quente! O da Ana é verdadeiramente divino!
Não respondi, ainda pasmo, guardei meu carro onde o senhor tinha indicado e entrei na pousada.
— Que chuva, não? – uma linda garota de longos cabelos ondulados, numa tonalidade acaju que contrastava com sua pele muito pálida me sorriu, surgindo eu não me lembrava de onde bem diante de mim.
— Tem chovido bastante – eu respondi e ela deu uma risadinha.
— É verdade... Venha, vou lhe arranjar um quarto! Temos um muito bom no segundo andar, esperando pelo senhor, Suzuki-san!
— Como sabe meu nome? – perguntei,surpreso, enquanto subíamos as escadas.
— Ora essa – ela tornou a rir. – O senhor me disse logo que entrou – sacudiu os cabelos e continuou a subir e eu forcei a memória pra me lembrar dessa passagem que já tinha me escapado... Eu devia beber menos! Só pra variar...
— Entramos no quarto 2719 e eu fiquei realmente satisfeito por não ter ido pra casa. Era um quarto formidável, sem contar que estava impecavelmente arrumado, ao contrário do meu próprio que me esperava em casa.
— Qualquer coisa que precisar, pode me chamar – a garota linda me sorriu mais uma vez e se direcionou para a porta, para se retirar e me deixar sozinho.
— Posso pedir chocolate quente? – disse, me lembrando da recomendação do estranho senhor da frente da pousada.
Ela se virou, surpresa com meu pedido, mas logo sorriu lindamente e eu fiquei contente ao vê-la assentir. Retirei os sapatos e experimentei a cama: confortável como a infância! Liguei a TV e me senti em casa... Uma noite é sempre uma nova noite!
— Aqui está seu chocolate quente, Suzuki-san! – a garota retornara, com uma caneca fumegante sobre uma bandeja.
— Ah, arigato! – respondi, me endireitando e ela riu ao depositar a caneca sobre a cômoda.
Aproximei a caneca e aspirei o delicioso aroma do chocolate antes de levá-la à boca e descobrir que eu nunca tinha entendido o verdadeiro significado da palavra sabor até aquele momento... Tinha o sabor de um abraço num dia frio, de uma risada prazerosa, o sabor de brincadeiras de inverno, de paixão, de coração acelerado... De primeiro beijo... Tinha o gosto de boas lembranças... E de novos planos... Tinha gosto da aurora e do futuro... Um sabor que me deixou sem fôlego...
— Como...? – balbuciei e ela inclinou a cabeça para o lado, sorrindo.
— O quê?
Eram tantas perguntas que me deixavam tonto... Tantas perguntas que eu não sabia qual delas fazer primeiro e por último... Como ela me explicaria qualquer coisa que eu perguntasse se nenhuma pergunta fazia sentido em minha cabeça?
— Como é gostoso! – declarei, depois de ter passado um longo tempo em silêncio, tentando colocar em palavras o que estava em minha cabeça e não tendo sucesso nenhum...
— Que bom que gostou!
— Muito! – falei só pra continuar falando. – Parece um sonho! – ela sorriu acanhada.
— Ajuda a dormir – declarou e eu me surpreendi, olhando pra caneca em minha mão. – Não se preocupe! – ela se apressou a dizer. – Não tem nenhuma droga ai dentro! Só o bom e velho chocolate mesmo! Não precisa franzir o cenho desse jeito – ela gargalhou.
— É uma noite estranha, me dê o direito de me sentir apreensivo com uma declaração dessas – brinquei, falando com ela com uma naturalidade que me soou estranha e ao mesmo tempo agradável.
— Pensei que fosse um adorador das experiências novas – a garota declarou, novamente me surpreendendo.
— Como sabe disso?
— Sentiu o gosto de sonho do chocolate... Deve ser alguém que busca novas realidades em seus dias – ela deu de ombros, como se fosse uma coisa simples de se deduzir. – Um pedaço de sonho no amanhecer...
Olhei-a, intrigado e seus olhos se desviaram dos meus novamente, corando suas faces numa linda tonalidade rosa.
— E que tipo de sonho existe aqui? – ela riu quando perguntei.
— Uma noite é sempre uma nova noite...
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
mereço reviews?